Capítulo 30: Convite de casamento.

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Maisie encarou o príncipe por alguns segundos, antes de se recompor e passar as mãos no cabelo, voltando a sorrir como um anjo, que eu sabia muito bem que ela não era.

—Você está bem, alteza? —A rainha Rose indagou, olhando para Maisie com um misto de horror, surpresa  e curiosidade. —Não se machucou?

—Ah, não, eu estou ótima. Foi uma quedinha de nada, majestade. —Maisie olhou para nossa mãe e depois pra mim, arregalando  um pouco os olhos quando percebeu que eu estava me segurando para não rir.

—Bem... —Minha mãe coçou a garganta, ainda muito vermelha, claramente se segurando para não  brigar com Maisie na frente de todos. —Príncipe Christian, essa é minha filha, Maisie. Lamento pela forma que ela se apresentou. Maisie não costuma se apresentar sempre assim.

—É um prazer, vossa alteza. —O príncipe fez uma reverência contida e Maisie o acompanhou. —Espero que não tenha se machucado.

—Estou bem. —Maisie recusou o comentário dele com um aceno de mão, fazendo o príncipe arquear as sobrancelhas. —Se me permitem, preciso me trocar. —Maisie se voltou pra mim, com os ombros tensos. —Pode me acompanhar, irmão?

Estendi o braço pra ela, pedindo licença a todos antes de me retirar da sala junto com Maisie. Percorremos o corredor em silêncio, até chegarmos às escadarias, longe dos ouvidos dos dois convidados.

—Andou rolando na terra? —Questionei, soltando uma risada quando Maisie se virou pra mim e mostrou a língua. —Eu tinha certeza que iria aprontar algo. Mas não estava esperando por isso.

—Uma princesa precisa usar as armas que tem para fugir de um casamento arranjado. —Afirmou, dando de ombros. —O que pode ser pior do  que aparecer toda suja de terra e descabelada?

—O príncipe não é um bicho de sete cabeças, Maisie. Você mesma pareceu surpresa ao vê-lo. —Comentei, abrindo um sorriso. —E o príncipe pareceu bem encantado  pela  sua versão suja e descabelada.

—Não seja idiota! —Chiou, me fazendo rir, enquanto parava de andar, já que estávamos na frente da porta dos seus aposentos. —Ele estava horrorizado, isso sim.

—Claro, claro... horrorizado. —Murmurei, ganhando um soco no ombro.  —Isso sim o deixaria horrorizado.

—Não importa. Esse noivado não vai acontecer. Precisa achar a princesa e amenizar as coisas com Velará. Isso fará nossos pais sossegarem. —Ela apontou o dedo para o meu peito.  —Isso vai facilitar até pra você e Sophia.

—Não sei do que está falando. —Rebati, ganhando uma revirada de olhos de Maisie.

—Está na cara que você está se apaixonando por ela. —Maisie entrou nos seus aposentos, me obrigando a segui-la. —E pelo que eu me lembro, eles também queriam casá-la com aquela princesa mimada.

—Crystal, a herdeira de Thoreau. —Gemi, encolhendo os ombros ao lembrar das poucas vezes que nos encontramos. Foi terrível de tantas formas. —Eu iria enlouquecer se me casasse com ela.

—Você não negou. —Afirmou, com os olhos brilhando. Só então percebi que realmente não havia negado. Porque não era mentira. Sophia estava tomando conta  de cada pensamento meu. Percebi, um pouco tarde demais, que a estava desejando de  uma forma que não tinha volta.

No início, quando ainda estávamos em Londres, era apenas um sentimento de carinho, pela forma como ela agia comigo, como olhava pra mim e me deixava conhecê-la um pouco mais a cada instante. Mas quando viemos pra cá, isso cresceu e se tornou algo forte e poderoso dentro de mim. Eu a queria de muitas formas e maneiras.

Mas Sophia queria ir embora. Ela quer voltar para Londres e vai fazer isso na primeira oportunidade. Então o que quer que eu esteja sentindo, não importa, porque ele não é suficiente para que ela fique aqui. E eu não posso pedir isso a ela, quando sou o único a sentir alguma coisa.

—Tenho que voltar para a sala. Nossa mãe já deve estar infeliz o suficiente. —Afirmei, querendo fugir do assunto. E antes que Maisie insistisse, eu já havia saído dos seus aposentos.

[...]

Quando a rainha e o príncipe de Altadena foram embora, minha mãe se dirigiu como um furacão para os aposentos de Maisie. Eu iria até lá para evitar uma catástrofe muito grande, mas meu pai achou que esse era o momento certo para solicitar minha presença no escritório.

—Temos um convite de casamento do príncipe de Alfreton. —Ele me estendeu o convite, se curvando na mesa de madeira, já que eu estava sentado do lado oposto. —Como previsto, ele vai mesmo se casar com aquela súdita.

—Mamãe vai ficar horrorizada quando souber. Quando o noivado foi anunciado ela ficou falando sobre a importância dos títulos da realeza.  —Comentei, sabendo que a pobre senhorita Catharina D'Avilla não possuía nenhum título, o que era suficiente para os seguidores rigorosos das tradições caírem matando em cima dela.

—Sua mãe cresceu em meio a uma família que dava valor às tradições. Não podemos julgá-la por não aprovar esse casamento. —Meu pai se ajeitou na poltrona. —Você e Maisie irão nesse casamento, representando Del Mar. —Ele puxou outra carta e me estendeu. —Essa é do príncipe James. Ele está solicitando um encontro com você.

Abri a carta, encontrando um lugar, um dia e uma hora, com a assinatura de James e o carimbo do reino de Velará. Isso me fez engolir em seco. Tudo que eu menos precisava agora era deixar  essa tensão entre nós maior ainda.

Continua...

A Dimensão Das Estrelas / Vol. 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora