A Dimensão Das Estrelas / Vol. 1

Capítulo 44: Sinto muito!

Katie

Me sentei em um dos bancos do jardim, erguendo os olhos para o céu estrelado, antes de soltar um suspiro lento ao ver a silhueta dele se aproximando, até se sentar ao meu lado. De início, nenhum de nós dois disse absolutamente nada, ficamos absorvendo a presença um do outro. Mas eu sabia que se ele ainda tinha alguma dúvida sobre mim, ela tinha desaparecido quando ele me viu no casamento.

Passei parte da minha vida desejando encontrar minha família. E outra parte, a que tinha medo da verdade, desejava nunca encontrá-los. Nunca tive certeza sobre ter sido abandonada ou não. Mas eu me considerava uma azarada, por não ter sido sequer adotada, quando ainda era só um bebê. Mas agora, acho que isso só era um sinal de que minha família me queria de verdade.

Não lembro do que senti quando Sophia me contou. Acho que fiquei desacreditada por alguns segundos, antes de pensar em todas as coincidências que faziam a história ter sentido. Mas aqui estou eu, em outra dimensão, sentada ao lado de um cara que é meu irmão mais velho.

—Você se parece com... —Ele tomou fôlego, olhando para o céu estrelado, como eu. —Você se parece com a mamãe. Acho que estou um pouco assustado com isso. Estava esperando uma completa estranha. Mas você é... familiar.

Pressionei meus lábios, sentindo uma variedade de sentimentos dentro de mim. Com o canto dos olhos, pude ver a sombra de Noah, do outro lado do jardim, caminhando tranquilamente, antes de se escorar em uma das paredes do castelo e observar o baile por uma janela. Meu coração se aqueceu por alguns segundos, com a sensação de segurança.

Ele estava nos dando espaço, ao mesmo tempo que estava deixando claro que estava ali, para o que eu precisasse. A irritação que eu normalmente sentia por ele, sofreu uma pequena rachadura, com a preocupação dele.

—Como ela é? —Indaguei, segurando a saia do vestido. —Os dois... como são?

—Ela é incrível, amorosa, gentil... uma força delicada que mantém nosso reino de pé. —James girou a cabeça pra me encarar, parecendo tenso. —Ele está doente. Já faz algum tempo. Pensei que se eu a encontrasse, isso daria algo mais a ele para lutar.

Mordi o lábio e olhei pra ele também, encontrando aquele par de olhos que era exatamente igual aos meus, com uma pitada de determinação que também existia em mim. A determinação que me levou até a dimensão das estrelas, por Sophia e talvez... para encontrá-los.

—Me conte algo sobre você, por favor. —Pediu, em um tom suplicante que me fez concordar na mesma hora.

Apesar de achar que ele já havia ouvido minha história pela boca de Sophia, comecei a contar cada coisa que lembrava. O orfanato, a faculdade, o primeiro apartamento que comprei, meu trabalho, minha amizade com Sophia, meus aniversários malucos, que eu sempre passava em alguma boate ao lado de Sophia e Andrei.

—Eles a queriam. —Foi a resposta dele, depois de absorver cada palavra minha. —A queriam e ainda a querem. Você sempre foi parte da família, mesmo quando não sabíamos onde estava. —Ele me encarou, estendendo a mão até segurar a minha, fazendo meu peito se aquecer. Ele era um desconhecido, que eu parecia conhecer a anos, se é que isso fazia sentido. —Quero que venha comigo pra Velará. Pra casa. Quero que conheça eles.

—Agora? —Acho que ele notou o tom de hesitação, o que o fez apertar minha mão com mais força e cuidado.

—Quando você estiver segura pra fazer isso. —Ele abriu um sorriso fraco e carinhoso. —Pode levar Sophia com você. Deixou claro que ela era sua família em Londres e ela será bem vinda sem Velará. Só quero... só quero que tenhamos a oportunidade de aproveitar a chance que temos agora.