A Dimensão Das Estrelas / Vol. 1

Capítulo 24: Estilhaçados.

Não tinha certeza se estava vendo coisas ou se Kate realmente estava lá, correndo na minha direção, enquanto Harry me puxava para longe de todo aquele caos. Puxei o braço de Harry, tentando chamar a atenção dele, vendo que havia alguém com Katie.

—Harry! —Exclamei, vendo ele soltar um palavrão quando eu o belisquei. —É a Katie!

Ele olhou para trás, parecendo ficar subitamente surpreso. Ah sim, eu não estava vendo coisas. Ela estava mesmo lá. Ele também estava vendo ela, assim como eu. Isso me fez sentir uma sensação de euforia ao mesmo tempo que o medo tomava conta de mim.

Harry me tirou do meio da confusão, entrando dentro de uma construção que parecia ser uma pequena lojinha, já que haviam potes de vidro cheio de comida em conserva pelas prateleiras e caídos no chão, quebrados e estilhaçados. Harry me empurrou para trás do balcão, me prendendo contra ele antes de me encarar.

—Vou encontrá-los. Fique aqui, está bem? —Pediu, apertando minhas bochechas. —Eu já volto. Não saia daqui.

Balancei a cabeça em concordância, vendo ele parar me um segundo de hesitação, antes de correr e desaparecer. Me encolhi contra o balcão, vendo a claridade das chamas tomar conta das janelas, enquanto os gritos continuavam do lado de fora. Abracei meus próprios joelhos, sentindo meu coração acelerar com o barulho de janelas sendo quebradas em algum lugar por ali, assim como o choro de desespero.

Meu corpo estremeceu e minha garganta pareceu se fechar, impossibilitando a minha respiração. Um zumbindo invadiu minha cabeça, enquanto as batidas do meu coração aumentavam, martelando na minha cabeça.

Levei minha mão ao peito, sentindo meu coração apertar e apertar, como se estivesse pronto para explodir lá dentro, criando uma onda de dor, fazendo a falta de ar aumentar ainda mais. Meus olhos pararam nos cacos que vidro no chão, estilhaçados como os vidros de um carro.

Fechei meus olhos com a luz no farol do carro que haviam acabado de passar por nós. Meus olhos estavam pesados. Tentei ajeitar o urso de pelúcia no meu colo, tentando deitar a cabeça no bando e dormir.

—Josh, podemos parar pra descansar? Sua reunião é só amanhã. Não precisamos chegar na cidade essa noite. —Minha mãe murmurou no banco da frente, se voltando para trás e ajeitando o edredom sobre minhas pernas. —Sophia está morrendo de sono e eu também.

—Querida, nós já estamos chegando. —Meu pai resmungou, parecendo estressado. —Ela pode dormir no banco.

—É desconfortável. Você sabe. —Minha mãe rebateu, se voltando pra mim com um sorriso. —Já estamos chegando, amor.

Balancei a cabeça e fechei meus olhos de novo, ouvindo o som dos pneus passando pelo asfalto úmido.

—Não deveríamos ter saído de madrugada. Era totalmente desnecessário. —Minha mãe afirmou, soando cansada. —Suas viagens estão se tornando mais frequentes.

—Eu sei. E você não gosta que eu passe tanto tempo fora de casa. Agora vocês estão comigo aqui. Não é bom? —Meu pai respondeu, olhando de relance pra ela.

—Eu não disse que é ruim. Só que estamos cansadas, Josh. Ficar sentada no carro por horas seguidas é desconfortável. Eu só queria que você parasse em algum lugar para que pudéssemos descansar como pessoas normais. —Afirmou. —Isso melhor até pra você.

—O melhor é chegar a cidade hoje. —Rebateu.

—Ah, meu Deus, você não consegue nem ouvir uma sugestão? —Minha mãe soltou uma respiração pesada, parecendo frustrada. —Amanhã você vai estar cansado no meio da reunião. Aí vai entender o que eu quero dizer.