Capítulo 57: Bruxa velha.

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Katie

Desci da carruagem sem esperar que James me ajudasse. Ele parecia entender o meu nervosismo e a minha impaciência, enquanto caminhava a passos pesados para dentro do castelo. Maisie estava esperando no topo da escadaria, observando meus movimentos até eu estar na sua frente, enquanto James e Noah subiam as escadas logo atrás.

—Onde ela está? —Indaguei, sem me preocupar em soar no mínimo educada.

—Nós não sabemos, Katie. Houve uma briga com a nossa mãe. Ela falou coisas sobre a Sophia e ela saiu da sala correndo e não a encontramos mais. —Maisie explicou, enquanto eu sentia meu coração martelando no peito. —As bruxas estavam na cidade, nos as vimos um pouco antes de voltarmos para o castelo.

—Vocês não fazem ideia de pra onde ela foi depois que saiu da sala? —Noah indagou, parecendo tão preocupado quanto eu.

—Joseph disse que ela tinha ido na direção do seu quarto. Mas nós não a encontramos em lugar nenhum! —Maisie afirmou, fazendo as sobrancelhas de Noah se erguerem. —O que foi?

—Preciso checar uma coisa. —Noah passou por nós, disparando castelo a dentro, sem dar qualquer outra explicação.

James segurou minha mão, percebendo o quão rápido eu respirava e o quão nervosa eu estava. Era a segunda vez que Sophia desaparecia e eu esperava, para o bem das bruxas, que isso não tivesse dedo delas no meio.

—Onde Harry está? —Questionei, vendo os lábios de Maisie tremerem antes de responder.

—No escritório do rei, junto com nossos pais. Estão organizando os guardas para continuar as busca pelo território e...

Eu passei por ela, marchando indignada até aquele escritório. A carta de Maisie tinha sido bem específica. Sophia havia sumido a alguns dias, depois de uma briga com a rainha. Sempre ela. Desde o início o problema foi a rainha e não a Sophia. Sempre, sempre, sempre. Quando recebemos a carta, Noah estava montando em seu cavalo para ir embora. Mas agora estávamos todos ali e de novo Sophia havia sumido.

Não lembro de ter percorrido todos os corredores. Só lembro de estar na frente da porta do escritório, abrindo-a sem me preocupar em bater. Harry estava curvado sobre uma mapa em cima da mesa, com vários guardas ao redor. O rei e a rainha observavam  tudo, parecendo atentos ao que o filho falava.

Todos pararam, erguendo os olhos na minha direção quando me viram entrar pela porta como um furacão. Ignorei a expressão preocupada e cansada de Harry, enquanto caminhava até a rainha e erguia o dedo para apontar pra ela.

—Qual a droga do seu problema? —Exclamei, vendo todos os guardas que estavam ali arquejarem e segurarem a respiração.

—O que? —A rainha engasgou, ficando vermelha. —Você perdeu o juízo, senhorinha?

—Eu perdi? Quem estava por aí falando horrores de alguém que nem conhece foi você, vossa majestade! —Zombei, com o meu rosto quente. —Você não conhece a Sophia e simplesmente se acha no direito de julgá-la por ser uma bruxa, só por causa de uma droga de coroa que usa na cabeça. Quer saber? Vou pegar essa sua coroa de merda e jogar no lixo, porque ela não vale de nada, porque você é uma péssima pessoa e uma péssima rainha! —Afirmei, demonstrando toda minha raiva naquelas palavras. —Ela sumiu porque você resolveu se achar no direito de ser uma pessoa horrível com ela! Porque você se achou no direito de inferioriza-lá, quando na verdade você deveria cuidar da sua própria vida!

—Cuidado! —Ela alertou, mais vermelha que um tomate, soltei uma risada afetada, exibindo minha pior expressão sarcástica.

—Você não gosta da Sophia? Pois bem, eu não gosto de você, sua grande bruxa velha! —Exclamei, erguendo o queixo para enfrentá-la. —Da próxima vez, pense bem antes de querer dar uma de superior pra cima da minha melhor amiga. Você pode ser a rainha da porra do mundo todo, mas não merece o mínimo de respeito de ninguém, por ser tão preconceituosa e escrota!

Ergui os ombros e me virei para Harry, vendo que ele estava pálido, assim como todo mundo naquela sala. A rainha, por sorte ou azar, parecia chocada demais para abrir a boca, assim como o rei. Engoli em seco quando encontrei os olhos de James, mas preferi não saber o que significava a forma que ele me olhava.

Por sorte, antes que qualquer um tentasse quebrar o silêncio, Noah passou pela porta, sem saber o que eu havia acabado de fazer ali, já que parecia ofegante e pouco preocupado com a tensão no ar.

—Eu sei onde ela está. —Afirmou, fazendo a raiva se dissipar no meu corpo.

—Onde? —Eu e Harry trocamos olhares, quando ambos falamos ao mesmo tempo.

—Alguém foi até Londres procurá-la? —Noah indagou, fazendo o ar se tornar quase impossível de se respirar.

—Não... é claro que não. Ela precisaria de uma pedra dimensional. E ela não voltaria para Londres assim. —Harry afirmou, com muita convicção. Mas então seus ombros caíram, enquanto ele soltava uma respiração entrecortada ao ver as sobrancelhas erguidas de Noah.

—Ela pegou uma pedra dimensional no meu quarto. —Noah murmurou, enquanto Harry ficava pálido, sem expressão, com os ombros caídos em surpresa, negação e decepção. —Ela voltou pra Londres. Vocês deveriam ter checado de primeira.

—Eu não... —Harry encarou um ponto fixo no chão, completamente sem reação. —Eu achei que ela não faria isso. Achei que ela não voltaria... Achei que ela tinha mudado de ideia sobre voltar.

—Isso foi antes de sua mãe dar uma de sem noção. —Afirmei, falando alto o suficiente para que a bruxa velha ouvisse.

Harry ainda estava sem reação, pressionando os lábios com os ombros caídos e uma respiração baixa. Ele parecia muito mais do que derrotado. Mas a culpa não era dele, era da rainha, sua mãe.

—Perdão, senhores, senhoritas. —Joseph entrou na sala, parecendo extremamente sem graça por atrapalhar o momento. Eu podia jurar que havia uma ruga de preocupação nele também.

—O que aconteceu, Joseph? —O rei indagou, parecendo ter recuperado a fala, depois de toda aquela tensão gritante no ar.

—Uma carta, majestade. —Ele atravessou o escritório e estendeu a carta ao rei. —Das bruxas.



Continua...

A Dimensão Das Estrelas / Vol. 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora