A Dimensão Das Estrelas / Vol. 1

Capítulo 50: Pedra dimensional.

—Por que você acha que elas foram embora e não voltaram mais? —Indaguei, fazendo uma careta para os escritos no livro, que pareciam mais uma receita para criar uma bomba atômica e não uma poção mágica.

—Eu não sei. Tem muitas teorias sobre isso, Sophia. —Noah deu de ombros, enquanto esmagava algumas ervas. —Alguns dizem que elas se cansaram de conviver com os humanos e as bruxas. Outros que elas estavam cansadas de usar sua magia pra ficar realizando desejos tolos. —Ele olhou pra mim, erguendo as sobrancelhas. —E claro, existe aqueles que dizem que elas foram embora por conta de nós bruxas.

—Então é assim que funciona, somos sempre as culpadas? —Ele riu e assentiu, parecendo não muito feliz com a situação. —No livro dizia que quando alguém queria que seu desejo fosse realizado, precisava encontrar uma coisa chamada Lágrima de Sangue.

—É uma flor. —Noah afirmou, parecendo ler a confusão nos meus olhos. —Nasce em condições adversas, com a magia mais pura que você pode desejar. São raras e extremamente poderosas. Quem encontra uma, com certeza tem muita sorte. —Ele parou, me auxiliado quando quase misturei algo errado no pequeno caldeirão na minha frente. —Alguns escritos antigos dizem que a flor, dependendo de como for usada, pode deixar a pessoa mais jovem e mais bela, por conta da magia pura. Na época que as estrelas visitavam os reinos dos humanos, era mais fácil encontrar uma. Mas depois que elas foram embora, as flores pareceram sumir também.

—Ninguém encontrou uma desde então? —Indaguei, curiosa.

—Hm... bem, não que a gente tenha certeza. Uma vez, uns anos atrás, ouvi sobre um cara que encontrou uma nas montanhas perto do reino de Velará. Mas não sei se é verdade ou não. —Ele deu de ombros. —Espero que se for verdade, ele tenha feito um pedido que valesse a pena. Acho que eu pensaria muito antes de fazer um desejo as estrelas. Uma vez feito, não pode ser desfeito.

—Então essa flor... é tipo o pagamento das estrelas pra realizar o desejo? —Noah sorriu, parecendo se divertir com a minha pergunta é curiosidade.

—Olha, sinceramente, não faço ideia como isso funciona. Imagino que elas precisem da flor pra realizar o desejo. —Ele esfregou a mão na testa, apontando para a poção quase pronta na minha frente. —Assim como nós precisamos de ervas para criar poções.

—Faz sentido. —Concordei, arrancando uma risada de Noah. —Então, qual a teoria das estrelas com as bruxas?

—Desejávamos a magia pura das estrelas, essa baboseira de sempre. —Noah soltou uma respiração pesada. —Gostaria de saber porque elas nunca mais voltaram. Quando eu era criança, ficava olhando para as estrelas no céu e pensando se o que diziam sobre elas era verdade. Olhos de diamantes, asas brancas como anjos, iluminadas como a lua... —Ele negou com a cabeça. —Acho que vou morrer e elas não terão voltado. O que quer que tenha acontecido pra não voltarem, deve ter sido sério.

Fiquei em silêncio, pensando nas coisas que havia lido sobre as estrelas. Eram como o sexto reino da dimensão das estrelas. Suas terras eram belas e ricas em magia. Seus palácios brilhantes como diamantes e elas possuíam o coração puro e gentil, realizando desejos de quem quer que fosse.

Me perguntei por um tempo o que eu pediria se um dia pudesse fazer um desejo as estrelas. Mas quando mais penso, mais sinto que jamais saberia o que pedir. Como Noah disse e como eu havia lido, uma vez desejado, não pode ser desfeito.

—Acha que elas ficariam do nosso lado em uma guerra contra as bruxas? —Indaguei, vendo Noah erguer os olhos e me fitar por alguns segundos.

—Acho que pelo que sabemos delas, elas provavelmente não se envolveriam nisso. —Afirmou, umedecendo os lábios com a língua. —Mas eu posso estar errado, assim como as histórias sobre elas também. Faz tanto tempo, que as vezes acho que a maioria das coisas não passam de lendas.

—Gostaria de conhecer uma. —Falei com sinceridade, imaginando como elas deveriam ser.

Noah apenas sorriu, como se dissesse que também gostaria de conhecê-las. Me afastei da mesa para pegar um vidro de ervas sobre a estante e acabei esbarrando em uma caixa, que caiu no chão e espalhou as coisas no mesmo instante. Olhei envergonhada para Noah, antes de me abaixar e começar a juntar tudo.

Enfiei tudo dentro da caixa de novo, parando para observar a pedra branca e brilhante que havia quicado para baixo da mesa. Juntei a mesma, observando os contornos e o brilho único.

—Noah? —Mostrei a pedra pra ele. —O que é isso?

—Uma pedra dimensional. —Ele pegou a mesma da minha mão, enquanto eu ficava de pé. —Não havia visto uma ainda? Harry tem algumas escondidas no quarto dele, que eu lhe dei. —Quando neguei com a cabeça, ele jogou a pedra para minhas mãos. —É nossa passagem para outras dimensões, Sophia. Só precisa imaginar pra onde quer ir e pronto, mundo diferente.

Deslizei o polegar pela pedra, observando a forma como se encaixava na minha mão. Pensei em Londres por alguns segundos, lembrando de tudo que havia lá. Então, com um suspiro pesado, joguei a pedra de volta na caixa e me ocupei em ajudar Noah.

Continua...