Capítulo 16: Acidente de carro.

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Eu estava morrendo de fome. Não fazia ideia de quanto tempo estávamos presos ali. Ninguém havia aparecido para nos ver, ou saber se precisávamos de alguma coisa. Mas eu estava com fome. E cansada de ficar sentada naquele chão duro.

Olhei para Harry, vendo que ele estava sentado no canto da cela, com uma expressão pensativa. Parecia estar muito longe dali. Me perguntei por alguns segundos, o que aconteceria se eles aceitassem o acordo, dependendo do que fossem pedir. Eu voltaria pra casa e então nunca mais o veria. Não é como se fôssemos de cidades diferentes no final das contas.

—O que foi? —Ele ergueu os olhos até mim, como se notasse que eu o estava observando. Senti minhas bochechas corarem e desviei os olhos na mesma hora.

—Só estou pensando. —Dei de ombros. —Você é um príncipe. Quer dizer, existem príncipes em Londres. Mas não estava esperando conhecer um de outra dimensão.

—Surpresa. —Murmurou, me fazendo rir. Ergui os olhos até ele de novo, vendo que o mesmo me observava, com um sorriso pequeno nos lábios. —Isso muda algo pra você? Eu ser um príncipe.

—Não. Você ainda é o Harry que eu conheci no elevador, quando estava em um péssimo estado e morrendo de vergonha. —Afirmei, e ele soltou uma risada, negando com a cabeça.

—Por isso que eu gosto de você, Sophia. Você não liga pra um título idiota. Você fala comigo como se eu fosse uma pessoa qualquer. —Declarou, me deixando surpresa com a simples revelação de que gostava de mim.

Abaixei meu rosto, me sentindo subitamente tímida. Ele não era uma pessoa qualquer. Mas eu também não me importava com o fato de ser um príncipe. Ainda o via como o mesmo Harry que encontrei na rua algumas vezes, que me ajudou quando eu estava tendo ataque de pânico. Ele era diferente pra mim. Mas não do jeito que imaginava.

—Você tem uma irmã, não é? Lembro que me falou o nome dela. —Murmurei, tentando desviar do assunto. —Maisie.

—Ah, sim. Ela é incrível, sabia? Vive aprontando coisas e batendo de frente com a nossa mãe. Quer tomar as próprias decisões. —Harry abriu um sorriso, como se estivesse pensando longe. —Sinto saudades dela. Fazíamos muita coisa juntos. Como nossos pais estão quase sempre ocupados, sempre fui eu a tomar conta dela. Passava algumas noites ao lado dela, quando a mesma não conseguia dormir. E passava longas horas no quarto dela, penteando seus cabelos, enquanto ela me contava alguma coisa nova que havia feito pra irritar nossos pais.

—Isso é fofo. —Sussurrei, sem deixar que ele ouvisse.

—Não tenho dúvidas de que Noah está cuidando dela agora que estou longe. Ele também é como um irmão pra ela. —Concluiu, fechando os olhos e escorando a cabeça nas grades atrás de si.

—O mestiço? Ele é filho de uma humana com um bruxo? —Indaguei, e ele assentiu.

—A mãe dele era uma bruxa. O pai era um súdito de Del Mar. —Harry explicou. —Bruxas não são bem vistas no continente. Acho que não preciso dizer o porquê. Meus pais não gostam muito de Noah. Mas, ele é como um braço direito meu. Confio nele de olhos fechados, independente de quem seja sua mãe.

—Agora entendo o porque disse que ele iria gostar de livros com bruxas. —Comentei, vendo ele sorrir, abrindo os olhos para me fitar. Abri um sorriso também, vendo Harry olhar pra mim com uma expressão calma, como se estivesse observando um simples por do sol. Ou até mesmo as estrelas no céu.

Engoli em seco, sentindo meu coração acelerar mais a medida que eu pensava no que dizer a ele. Trouxe meus joelhos até meu peito, abraçando-os com meus braços, até colocar meu queixo nos meus joelhos.

A Dimensão Das Estrelas / Vol. 1Where stories live. Discover now