Capítulo 51: Noiva de mentira.

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Maisie

Quando a carruagem parou, me remexi no banco, tentando me  preparar para o que estava por vir. Esperei que alguém abrisse a porta e então aceitei a mão que me auxiliou a descer. Assim que ergui os olhos, engoli em seco ao ver o príncipe e seus dois irmãos mais novos, gêmeos, ao lado dele.

Pensei que teria que enfrentar não só ele, como seu irmão que parecia uma versão de 15 anos do príncipe Christian, e a garota, que tinha cabelos mais claros, porém com a mesma expressão irredutível deles. Mas assim que comecei a subir as escadas, os dois murmuram coisas ao irmão mais velho e se retiraram, sem hesitar.

—Vossa alteza! —O príncipe fez uma reverencia assim que eu me aproximei, subindo os degraus. —Não estava esperando uma visita da senhorita. —Ele olhou para a carruagem atrás de mim. —Estava esperando seu irmão, na verdade.

—Meu irmão está um pouco ocupado. —Parei na frente dele, umedecendo meus lábios com a língua para conseguir falar. —O assunto acho que é do seu conhecimento, e é por causa dele que eu também estou aqui.

Ele me encarou por alguns segundos e então fez um movimento com a cabeça para que eu o seguisse. O castelo de Altadena era similar ao de Del Mar. Mas as estátuas de reis antigos que governaram aquelas terras estavam por quase todos os cantos, como uma lembrança para cada um que já esteve ali.

Os corredores silenciosos eram um pouco desconfortáveis pra mim, já que eu estava nervosa demais. Eu sabia que o reino precisava que eu fizesse isso. Harry precisava de mim e eu não iria decepciona-lo.

—Meu rei provavelmente vai querer falar com a senhorita quando souber que está aqui. Ele tem ideias muito interessantes sobre o que ouvimos de Thoreau. —O príncipe abriu a porta, indicando que eu entrasse no que era uma pequena biblioteca, com as paredes repletas de livros, um sofá e uma pequena e confortável poltrona onde me sentei.

—Certo... —Me remexi, vendo ele se sentar no sofá do outro lado, olhando pra mim com as sobrancelhas erguidas. —Não vou perguntar o que Thoreau disse, porque já imagino o que seja. Mas você, assim como eu, ouviu a conversa da princesa daquelas terras no baile, antes do caos se iniciar por conta de... bem, você sabe. Sendo assim, eu espero realmente que entenda que não temos nenhum pretenção de deixar as bruxas entrarem aqui, já que naquele diálogo que ouvimos, ficou claro que Thoreau está em contato com as bruxas e não o meu reino.

Olhei pra ele, esperando que ele falasse qualquer coisa que revelasse que concorda comigo, que não acredita neles. Mas ele apenas me encarou, soltando uma respiração pesada, antes de passar as mãos nos cabelos.

—Alteza? —Indaguei, me remexendo ainda mais desconfortável ali.

—Eu lembro do que ouvindo. Não tenho dúvidas de que as acusações de Thoreau não são verdadeiras, apesar dos pesares. —A última parte saiu muito lentamente dos seus lábios e eu sabia que ele se referia a Noah e Sophia. Mas para minha surpresa, o tom de voz não veio repleto de nojo, como normalmente a realeza tratava as bruxas. —Mas o assunto foi tratado com o meu pai, princesa. E como eu disse, ele tem suas próprias ideias sobre isso.

—O que quer dizer? —Ergui uma das sobrancelhas, vendo os lábios dele se curvarem em resignação. —Você contou a ele sobre a conversa que ouvimos no baile?

—Sim, eu contei. Mais uma coisa é algo que eu disse a ele que vi e outra coisa é o que ele viu com os próprios olhos. —O príncipe Christian se curvou no sofá, para mais perto de mim. Involuntariamente me encolhi na poltrona, sentindo meu rosto esquentar. —E ele viu a sua amiga bruxa no meio do baile, assim como viu você dançando com o senhor Burckley.

—O nome dela é Sophia. —Falei, muito lentamente, erguendo o queixo. —E eu não sei o que há de errado nisso, se ambos são parte da corte de Del Mar.

A Dimensão Das Estrelas / Vol. 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora