Capítulo 28: Marca de nascença.

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—O que? Ela ficou super irritada. Maisie não é a favor de casamentos arranjados e muito menos por aliança entre reinos. —Katie afirmou, arrancando uma risada de mim.

—Quem diria que estaríamos em um lugar como esse, falando sobre uma princesa que não quer se casar por obrigação. —Murmurei, ainda anotando coisas na agenda. Isso chamou a atenção de Katie, que se curvou para ver o que eu fazia. —É o meu livro. Consegui inspiração para escreve-lo.

—Fico feliz com isso, meu bem. Você andava preocupada demais com esse livro quando estávamos em Londres. —Comentou, se deitando na cama. —O que achou da família do Harry?

—Maisie parece adorável. —Pressionei meus lábios. —Os pais dele são... rei e rainha.

—Seus futuros sogro e sogra. —Zombou, fazendo meu rosto pegar fogo. —Sophia, todo mundo  percebeu a troca de olhares na mesa. Maisie já está até fazendo planos para o casamento de vocês dois.

—Meu Deus, Katie! —Soltei o ar com força. —Não vamos nos casar. De onde vocês tiraram isso? Nos somos só... amigos.

—Ninguém aqui é cego, tá legal? Está bem na cara o que está rolando. —Katie se sentou, apontando pra mim. —Até a rainha percebeu.

—Aposto que ela não está nem um pouco feliz. —Afirmei, engolindo em seco, sentindo um pouco de desanimo ao pensar no fato. —Eles querem casa-lo com alguma princesa.

—Ah, merda. —Katie fez uma careta. —Qual o problema dessa gente que não se importa com o desejo dos outros?

Dei de ombros, com um suspiro frustrado. Katie ficou em silencio, o que me fez voltar a atenção para a agenda nas minhas mãos, mesmo que meus pensamentos estivessem em Harry.

[...]

Segui Joseph pelos corredores do castelo, já que havia me perdido depois de ter tentado encontrar Noah. Katie se recusou a vir comigo, alegando que iria matar Noah se ouvisse ele a chamando de bruxinha de novo.

Se ela acha que está rolando algo entre eu e Harry. É evidente que algo está rolando entre ela e Noah.

—Aqui, senhorita. —Joseph indicou a porta, abrindo um sorriso fraco. —Precisando de algo, pode me encontrar lá embaixo.

Ele começou a se afastar, enquanto eu me perguntava onde seria ''lá embaixo''.

—Ah, Joseph? —Chamei, vendo-o se virar e arquear as sobrancelhas, com um sorriso gentil. —Você teria como me arranjar papel e lápis? Um caderno ou agenda.

—É claro. Vou pedir para alguém deixar no seu quarto, senhorita. —Afirmou, arrancando um sorriso muito grande de mim.

—Fico grata. —Murmurei, me voltando para a porta, enquanto ele se afastava. Dei duas batidinhas, ouvindo a voz de Noah lá dentro. Empurrei a porta, engolindo em seco ao observar o quarto de Noah.

A cama estava desorganizada, perto da varanda. Haviam dois armários de madeira, uma estante cheia de livros, plantas e ervas. Outra cheia de frascos e vidros com líquidos de cores claras e opacas. Perto de uma estante havia uma gaiola pendurada com uma coruja. Ela estava encolhida no poleiro e me observava com os grandes olhos.

Noah estava sentado em frente a uma mesa enorme, que estava cheia de frascos e vidros cheios de coisas completamente estranhas.
Eram líquidos de cores variadas e aspectos estranhos. No canto no quarto havia outra mesinha. Essa possuía um minúsculo caldeirão fumegante.

Certo, o Noah não é normal. Ou melhor dizendo, era um normal diferente do que eu estava acostumada. Um bruxo que estava me deixando muito curiosa. Dei um passo para trás quando a coruja piou e acidentalmente bati numa mesinha e derrubei um vaso no chão.

Noah se virou rapidamente e sorriu assim que me viu.

—Me desculpa, Noah. Eu... eu... —Me abaixei no chão e comecei a juntar os pedaços do vaso quebrado.

—Está tudo bem, Sophia. —Ele soltou uma risada se levantando e vindo até mim. —Deixa que eu faço isso. —Ele se ajoelhou e começou a limpar o estrago que eu tinha feito.

—Me desculpe. Eu sou desastrada. —Falei me levantando e Noah balançou a cabeça negativamente.

—Não tem problema. Relaxa. —Ele se levantou e jogou o amontoado de pedaços do vaso dentro de uma caixa de madeira, voltando a se sentar na cadeira em frente a mesa. —Precisa de algo?

—Ah... —Mordi o lábio, olhando para a coruja de olhos imensos. —O que está fazendo com ela? Ela leva cartas pra você?

Noah se virou pra mim, arqueando as sobrancelhas com um sorriso divertido.

—Ela deveria fazer isso pra mim? —Indagou, e eu senti vontade de rir. Se ele tivesse lido Harry Potter entenderia o que eu queria dizer. —Estou fazendo uma poção de cura pra ela. Ela apareceu aqui a algumas horas. Pensei que estava em busca de um abrigo pra dormir. Mas então percebi que estava ferida.

—E você pode ajudá-la? —Questionei, me aproximando da gaiola que estava aberta, erguendo a mão e acariciando as penas da coruja, no topo da sua cabeça.

—Posso sim. Só preciso de alguns minutos e os ingredientes certos. —Afirmou, misturando algumas coisas em um vidrinho. Me aproximei dele, observando o que ele fazia com atenção.

—Eu peguei uma agenda sua lá na sua casa nas terras bruxas. Espero que não se importe. —Murmurei, um pouco constrangida. —Eu só queria escrever algumas coisas e...

—Como assim? —Ele olhou pra mim, parecendo curiosos.

—Eu sou escritora. —Abri um sorriso, dando de ombros. —Preciso escrever um livro novo e estava na estaca zero. Mas depois que vim pra cá fiquei inspirada.

—Que legal, Sophia. Eu sou apaixonado por livros. —Afirmou, abrindo um sorriso. —O que você escreve?

—Fantasia.

—Ah, então você está maravilhada com esse mundo novo, não é? —Afirmou, me fazendo rir. —Não me incomodo. Não precisa se preocupar.

—Bem, vou devolvê-la pra você em breve. Já pedi uma pro Joseph e vou passar tudo a limpo e te devolvê-la. —Esclareci, enquanto a atenção dele voltava para aquelas ervas e vidros na sua frente. —Era a agenda com anotações sobre a princesa perdida. —Noah olhou pra mim, sem demonstrar nada. —Eu não trouxe ela aqui, mas... tinha um desenho em uma das folhas. O que é?

Ele fez uma careta, parecendo pensar na minha pergunta.

—Hm, sim, é uma marca de nascença. Soubemos por alguns informantes de Velará que a rainha possui uma marca como aquela na parte de trás do ombro. —Afirmou, enquanto meus olhos se arregalavam. —Pelo que parece, a bebê tinha a mesma marca de nascença. É a única coisa que temos que pode confirmar que é ela.

Noah parou, franzindo a testa ao olhar pra mim.

—Sophia, você está bem? —Indagou, ficando de pé e segurando meu rosto. —Está pálida. Está se sentindo mal? Sophia?

Eu não estava passando mal. Pelo menos achava que não. Mas eu sabia de onde conhecia aquele desenho agora.



Continua...

A Dimensão Das Estrelas / Vol. 1Where stories live. Discover now