A Dimensão Das Estrelas / Vol. 1

Capítulo 27: Fadinhas.

—O que foi? —Harry sussurrou, sem deixar de notar a minha mudança.

—Por que Noah não está comendo com a gente? —Indaguei, tentando fugir do motivo que havia levado minha animação embora.

—Ah... —Harry engoliu em seco, parecendo envergonhado. —Ele não se dá bem com meus pais e os últimos dias pioraram isso. Além do mais, ele sempre preferiu comer sozinho no quarto.

—Me parece um pouco solitário demais. —Afirmei, observando os lábios dele se curvarem em um sorriso. —Ter que comer sozinho, sem ninguém pra conversar.

—Normalmente todos comem em silêncio, como pode ter percebido. —Zombou, em fazendo olhar ao redor, abaixando a cabeça para encarar meu prato quando percebi que nós dois estavam sussurrando um com o outro de uma forma nada discreta. Harry sorriu ainda mais, se divertindo com a situação. —Não se preocupe com Noah. Ele normalmente está ocupado com alguma poção mirabolante de bruxa.

—Não vai me dizer que ele tem todas aquelas coisas doídas de bruxas que eu vi quando estávamos nas terras delas? —Soltei uma respiração chocada, ouvindo ele rir baixinho.

—Noah tem muitas coisas. Posso te levar até onde ele normalmente trabalha se quiser. —Ele olhou pra mim, parecendo avaliar meu rosto. —Pensei que depois do que aconteceu, você não fosse querer ver bruxas tão cedo.

—Está brincando? Eu sou apaixonada por fantasia. É claro que eu quero. Esse seu mundo só está me deixando mais curiosa ainda. —Afirmei, vendo os lábios dele se curvarem em um sorriso muito, muito grande, que foi difícil não corar mais ainda.

—Posso te contar sobre as outras dimensões. Quer dizer... não temos conhecimento sobre todas. Mas algumas são bem famosas. —Comentou, enquanto voltava a comer, me deixando ainda mais curiosa.

—Tipo? —Murmurei, desejando que ele continuasse a falar.

—Dimensão Escarlate. —Ele ergueu os olhos até mim, como se quisesse ver minha reação. —É de vampiros.

Meu queixo caiu.

Sim, literalmente caiu.

—Sério? —Indaguei, sem acreditar, falando um pouco mais alto do que deveria, já que todos olharam pra mim, me fazendo encolher de vergonha. Todos estavam bem cientes de que estávamos conversando. Mas estava fácil ignorar, enquanto eu não falava alto demais. —Perdão.

Harry mordeu o lábio para não rir, enquanto eu me encolhia mais ainda de vergonha.

[...]

Havia muitas coisas que eu estava curiosa pra saber sobre aquele mundo e sobre os outros. Enquanto Katie tinha a atenção roubada pelos vestidos brilhantes de princesa que Maisie usava, eu estava agarrando qualquer oportunidade para conhecer mais daquele lugar.

—Por aqui. —Harry deixou que eu subisse as escadas na frente, na que a passagem era bem estreita, até chegarmos a uma porta de madeira, que parecia antiga. Estávamos em uma parte alta do castelo, já que havíamos subido várias escadas até estar ali, passando por vários corredores e mais corredores.

Harry abriu a porta e estendeu a mão pra que eu entrasse primeiro. Definitivamente aquilo não era um conto de fadas, mas poderia muito bem ser. O local em que Harry havia me levado era uma sala onde duas das paredes eram de vidro, deixando que o sol entrasse e tocasse todas as flores e plantas que estavam por ali. O teto em formato abobadado hexagonal também de vidro, revelando o céu azul repleto de nuvens brancas que pareciam algodão.

—É lindo aqui. —Afirmei, abrindo um sorriso maravilhado, vendo algumas borboletas voando entre as plantas que cresciam por ali. —É da rainha?

—Ah, não. Os gostos da minha mãe passam longe de plantas. —Murmurou, fazendo uma careta. —Era da minha avó. Ainda mantemos preservado pela memória dela. E também, porque eu gosto muito desse lugar. Achei que ia gostar também.

—Eu amei. —Afirmei, caminhado por entre as fileiras de plantas floridas. —Vocês tem uma biblioteca também?

Dei um passo para trás quando parei em frente a uma roseira, levando um susto quando algo se moveu nela. Acabei pisando no pé de Harry e batendo minhas costas contra o peito dele. Olhei pra ele por cima do ombro, sentindo meu rosto esquentar quando ele segurou minha cintura, me impedindo de me afastar.

—Sim, temos uma biblioteca. —Afirmou, com os olhos fixos nos meus, me fazendo engolir em seco. —Posso te mostrar mais tarde. —Ele apertou minha cintura, aproximando o rosto do meu, enquanto fazia um sinal para que eu olhasse pra frente. —São fadinhas. Pequenas, brilhantes e um pouco medrosas.

Olhei para a roseira, vendo a pequena criaturinha sair de trás das flores e folhas, parecendo incerta. Harry tocou minha mão, enquanto mantinha a outra na minha cintura, fazendo-me erguê-la com a palma virada pra cima. A fadinha de asas violetas se aproximou no mesmo instante, virando a cabeça para me observar, como se estivesse me avaliando.

Ela pousou na minha mão, murmurando alguma coisa baixa e incompreensível. No mesmo instante outras fadinhas apareceram, falando umas com as outras e me assustando, já que eu me encostei em Harry de novo, vendo o corpo dele balançar em uma risada.

—Devo avisar que elas são um pouco grudentas quando perdem o medo. —Afirmou, quando elas rodearam nos dois, pegando nos meus cabelos, sem parar de sussurrar coisas e rir.

—Eu não entendo o que elas falam. —Resmunguei, fazendo uma careta ao vê-las se sentando no topo da minha cabeça e nos meus ombros.

—Ninguém entende, Sophia. —Ele balançou a mão, espantando todas elas, que pareciam estar rindo. —Elas são um pouco irritantes depois de um tempo.

—Eu achei elas adoráveis. —Falei, soltando uma risada, enquanto me virava para Harry. —Vai me contar sobre as dimensões agora?

Continua...