A Dimensão Das Estrelas / Vol. 1

Capítulo 13: Estrelas.

Katie

Olhei para o rapaz na minha frente, que agora eu sabia se chamar Noah. Estávamos na sala de Dominic. Ele estava sentado na sua cadeira estofada atrás da mesa de madeira. Noah estava parado no meio da sala, com os braços cruzados e os olhos em mim, sentada no sofá com as pernas cruzadas.

—Você está de sacanagem com a minha cara? —Indaguei, erguendo uma das sobrancelhas. Noah fechou os olhos e suspirou. —Eu estou preocupada com a Sophia que simplesmente sumiu e você me vem com uma história fantasiosa de bruxas e dimensões alternativas? —Indaguei, me colocando de pé e cerrando os punhos. —Eu tenho cara de idiota?

—Idiota não. Mas atrevida... —Soltei um barulho de indignação com a boca e ele parou de falar, erguendo as mãos em rendição. —Eu disse que você não ia acreditar.

—Ah, jura? —Coloquei as mãos na cintura. —Por que será, né, gênio?

—Srta Jonhson, por favor, se acalme. Sei que está preocupada e nós também estamos. Mas o que o senhor Burckley contou é verdade. —Dominic murmurou, me fazendo fechar os olhos com força e encolher os ombros, enquanto negava com a cabeça.

—Certo, eu vou ligar pra polícia. —Afirmei, puxando meu celular.

—Eles nunca vão achá-la. —Noah retrucou. —Sério, senhorita, eu não estou tentando brincar com você nem nada do tipo. O que eu contei é verdade. Infelizmente elas chegaram aqui antes de mim e levaram a sua amiga e o Harry também. Sinto muito por isso.

—E você espera que eu acredite nisso tudo mesmo? Tem noção do quanto isso não faz o menor sentido? —Indaguei, soltando uma risada nervosa. —Você usa drogas por acaso?

—Srta Jonhson... —Dominic se colocou de pé, erguendo as mãos para me pedir calma de novo.

—Não! —Estendi minha mão pra ele, impedindo que ele falasse. —Sinceramente, não! Não quero saber sobre bruxas, príncipes, pedras mágicas ou dimensões alternativas, tá legal? Eu preciso achar a Sophia e se não vão me ajudar, então não venham me encher com essa história idiota que vocês tiraram de algum livro de fantasia idiota!

—Vamos adicionar irritadinha na lista. —Noah soltou, com a voz baixa. Mas ainda sim ouvi. Cerrei os olhos em direção a ele, sentindo minhas bochechas queimarem de raiva.

—Você é ridículo! —Exclamei, vendo ele rir e negar com a cabeça.

—Já ma chamaram de coisas muito piores. —Afirmou, soando irônico. —Quer uma prova então? Pra acreditar no que eu disse?

—Vai puxar uma varinha mágica por acaso? —Indaguei, vendo ele arquear as sobrancelhas e abrir um sorriso zombeteiro com o canto da boca. Comprimi os lábios em negação, sentindo uma onda de vergonha pelo tom que aquilo soou.

—Quem sabe quando você estiver mais calminha? —Provocou, me fazendo revirar os olhos. Ele enfiou a mão no bolso e puxou uma pedrinha de tom branco. —Pedra dimensional. Serve para viajarmos para outras dimensões. —Arqueei as sobrancelhas de novo e ele sorriu. —Agora observe.

E então ele sumiu. Simplesmente sumiu. Olhei pela sala, vendo Dominic negar com a cabeça enquanto olhava para o lugar que Noah estava segundos antes. Ele surgiu segundos depois, bem na minha frente. Dei um passo para trás e caí sentada no sofá, erguendo a cabeça para encara-lo.

—Acredita agora? —Indagou, soando um pouco presunçoso. Me coloquei de pé, com os olhos arregalados e um pouco chocada demais para falar. Olhei para Dominic e ele me lançou um olhar calmo, de quem entendia perfeitamente meu espanto. —Você está bem? Precisa de uma água com açúcar?

Olhei para Noah de novo, vendo que ele estava tentando não rir. Ergui minha mão e coloquei a ponta do dedo no peito dele.

—Você vai me levar junto! —Declarei, vendo o sorriso dele morrer, enquanto piscava várias vezes.

—Desculpa, o que disse? —Ele arqueou a cabeça pra frente.

—Você vai me levar junto! —Repeti, pegando o pulso dele, erguendo seu braço e balançando a mão dele que segurava aquela pedrinha estranha. —Eles a levaram, não foi o que disse? Então, você vai me levar junto pra esse lugar... dimensão ou o que quer que seja.

—Que? Não posso fazer isso. Não vou enfia-la no meio disso tudo. —Afirmou, se afastando. —É perigoso. Sua amiga estar envolvida nisso já é um problemão.

—Eu não tô nem aí. Se ela foi pra outra... —Ele arqueou as sobrancelhas e eu fechei os olhos com força. —Dimensão, então eu vou até lá buscar ela, isso sendo perigoso ou não.

—Você não está entendendo. —Murmurou, me fazendo abrir um sorriso muito grande. Me aproximei dele e coloquei a mão no seu casaco, fingindo ajeitá-lo.

—Você é que não está entendendo. Eu não estou pedindo a sua permissão, okay? Estou afirmando que vou junto. Se der merda, tudo bem, quem está escolhendo isso foi eu. Tenho certeza que você vai ficar mais do que feliz em recitar um "eu avisei", certo? —Ele me encarou, com uma expressão divertida no rosto. —Agora pode adicionar determinada na sua lista também, viu? Porque se a Sophia foi pra outro lugar, não vai ser você que vai me impedir de ir atrás dela.

—Hm, certo. —Ele soltou uma respiração pesada, parecendo surpreso. —Tudo bem, você quer ir junto? Okay. Vou te lavar. Mas já vou avisando, isso não é um passeio por um parque temático, entendeu? É literalmente outro mundo, outros povos...

—Sei, sei, sei... —O cortei. —Eu só quero a Sophia de volta. Então a gente pode ir logo?

Ele olhou para Dominic, com uma expressão surpresa no rosto. Dominic apenas balançou a cabeça negativamente.

—Leve-a já que ela quer ir. Não a nada que proíba isso mesmo. —Dominic afirmou, com um suspiro pesado. —Vou tentar resolver as coisas por aqui. Só... me avise se alguma coisa sair muito errada, entendeu?

—Pode deixar. —Noah se voltou para mim. —Tem certeza?

Tombei a cabeça de lado, arqueando as sobrancelhas. Eu ele soltou um suspiro pesado e estendeu a mão pra mim. A segurei a contragosto, sabendo que só podia estar ficando louca por acreditar nele.

—Quer pegar algo antes de irmos? —Indagou, e eu prontamente neguei com a cabeça. Não havia nada importante na minha vida, que não pudesse esperar. Sophia era mais importante. Noah olhou pra mim por alguns segundos e então tudo mudou ao nosso redor.

Me afastei dele, completamente surpresa. Estávamos na sala de uma casa. Parecia aquelas casinhas antigas feitas de pedra, com a cozinha e a sala juntas. Tudo parecia antigo, como se eu estivesse dentro de um livro de época.

—Srta. Jonhson? —Noah chamou, me fazendo voltar para ele, já que eu não parava de observar a casa. —Olhe pela janela.

Fiz o que ele mandou, um pouco confusa. Me debrucei sobre o sofá e puxei as cortinas claras. Meu queixo caiu quando vi a pequena rua onde carruagens passavam. Todas as casas eram feitas de pedra, assim como as ruas. Haviam árvores floridas percorrendo tudo. Mulheres andavam com vestidos e cestos nas mãos. Os homens usavam casacos finos e alguns roupas azuis iguais, com uma espada na cintura, que eu imaginava ser parte da guarda do rei que Noah comentou existir.

Estava escurecendo já. Ergui meus olhos para o céu, soltando um suspiro de surpresa ao ver o céu estrelado. Nada de pontinhos de luz. Mas constelações inteiras pintando o céu.

—A Sophia vai amar esse lugar! —Afirmei, abrindo um sorriso. —É... mágico.

Continua...