Capítulo 4: Tempestade.

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As engrenagens do meu cérebro simplesmente pararam de funcionar nesse momento. Eu comecei a caminhar pela calçada, enquanto meus olhos encaravam o acidente. Os outros carros começaram a frear para evitar bater nos dois carros e aquilo foi o suficiente para meu coração começar a acelerar. Um imenso zumbido no meu ouvido me impedia de ouvir qualquer outra coisa.

Então veio a dor insuportável no peito. Seguido pela falta de ar e então o desespero e a ansiedade. Caminhei até a parede de vidro de um um restaurante e encostei meu corpo contra ela, enquanto meus olhos estavam focados no acidente. Vidros quebrados, carros freando e a lataria do carro amassando.

Cada puxada de ar parecia doer mais do que qualquer outro movimento. Eu sentia que meu coração ia parar de bater a cada momento. O zumbido incessante nos meus ouvidos me impedia de ouvir a voz do rapaz ao meu lado. Eu podia ver sua boca se mexer, enquanto ele tentava chamar minha atenção. Suas mãos vieram para meus ombros e ele me sacudiu levemente.

Eu abri a boca para falar algo, mas não consegui emitir som algum. Eu só escutava as batidas irregulares do meu coração e o zumbido no meu ouvido. Então o corpo dele parou em frente ao acidente, me impedindo de ver o que estava acontecendo. Suas mãos envolveram meu rosto e então ele me fez encarar seus olhos azuis. No segundo seguinte eu ouvi sua voz soar e despertar todos os meus sentidos.

—Senhorita, olhe para mim. —Eu encarei seu rosto com meus olhos arregalados. O simples som do meu nome saindo pelos lábios dele me despertou. —O que você está sentindo?

—Eu não... —Comecei a murmurar, enquanto percebia o que estava acontecendo. Tentei me afastar dele e ele segurou meu rosto com mais força.

—Fale comigo. —Encarei seus olhos azuis, sentindo meu peito subir e descer com dificuldade. —O que foi?

—Acidente de carro... —Sussurrei com a voz meio engasgada pela súbita vontade de chorar. —Acidente... Eu não consigo respirar.

Minha garganta e boca pareciam subitamente secas e eu sentia meus pulmões falhando pela falta de ar. Movi minha cabeça para olhar por cima do ombro dele, mas ele me puxou e começou a caminhar comigo para longe daquilo tudo.

—Apenas respire, está bem? —Pediu, enquanto sua mão segurava meu braço. —Não olhe para trás.

Eu obedeci o que ele disse e encarei o chão, enquanto ele me guiava pela rua movimentada. Eu podia ouvir o som das sirenes se aproximando.

—Vou chamar um táxi. —Meus pés congelaram no chão com aquela pequena frase e eu comecei a balançar minha cabeça negativamente.

—Não... —Ele me encarou. —Tudo menos um carro. Um carro não.

Ele assentiu e levou a mão que segurava meu braço até as minhas costas e voltou a me guiar pela rua. Quarenta minutos depois eu estava no meu apartamento. Joguei a bolsa e os sapatos em um canto qualquer, enquanto ele fechava a porta. Katie não estava ali, como eu esperava que estivesse.

Simplesmente me joguei na cama, me encolhendo enquanto as primeiras lágrimas começaram a sair dos meus olhos. Os olhos azuis dele me fitaram da porta. Eu pude ver que seu rosto estava confuso e ele parecia pensar no que fazer.

—Precisa que eu faça algo para você? —Eu o encarei, seu rosto estava calmo enquanto ele esperava uma resposta. —Não precisa me contar se não quiser. Mas eu gostaria de poder fazer algo por você.

—Meu celular. —Ele aguardou, esperando eu pedir mais alguma coisa. —Só isso.

Ele me encarou com uma expressão de dúvida e então caminhou de volta para a sala, voltando de lá com meu celular. Eu peguei ele rapidamente, abrindo o chat de mensagens com Katie.

A Dimensão Das Estrelas / Vol. 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora