A Dimensão Das Estrelas / Vol. 1

Capítulo 2: Romance.

Passei pelas portas da editora, recebendo um olhar confuso de Lily. Sim, eu estava encharcada. Mas eu não pedi pra aquele carro passar em cima de uma poça e jogar a água toda em mim. Katie teve a sorte de poder ir pra casa. Mas eu não podia.

Corri para o elevador, sentindo meus pés reprovarem a corrida por conta do salto. A porta começou a se fechar e eu gritei para a pessoa que estava lá dentro.

—Segura o elevador, por favor! —Uma mão rapidamente segurou a porta. Suspirei aliviada e entrei no elevador, dando de cara com um rapaz que eu nunca tinha visto. Ele tinha cabelos loiros, muito, muito bagunçados e olhos azuis mais claros que o céu da manhã.

—Obrigada! —Abri um sorriso sem graça, sentindo minha timidez dar um "olá". Cliquei no botão do meu andar, vendo que era o mesmo que ele iria descer. Me virei, vendo ele analisar meu estado.

—Perdoe-me a curiosidade, senhorita. Mas posso saber o que aconteceu? —Ele olhou diretamente para os meus olhos e eu pensei ter perdido a capacidade de falar.

—Ah, é... um... um carro passou por cima de uma poça e jogou a água toda em mim. —Expliquei, engolindo em seco e desviando os olhos dele.

—Sinto muito. Deveria ir pra casa. Pode ficar gripada se ficar molhada dessa forma. —Comentou com uma voz educada e calma. Virei o rosto para olhá-lo, com a curiosidade falando mais alto que a timidez.

—Eu vou falar com o meu chefe. Desculpa, eu não conheço você. —Falei, e ele sorriu como se tivesse se dado conta de algo.

—Ah, que falta de educação a minha. Meu nome é Harry. —Ele estendeu a mão e eu fiz uma careta, apertando minhas mãos molhadas na camisa.

—Desculpa, minha mão está... —Abri um sorriso sem graça. Deus, eu tenho sempre que passar uma vergonha! —Sophia, é um prazer.

—Não tem problema, senhorita. —Ele me lançou um sorriso de compreensão e eu prendi o ar por alguns segundos, sentindo o cabelo grudar na minha testa. —Trabalha para o Dominic?

—Sim, ele é meu chefe. Você o conhece? —Questionei, e ele balançou a cabeça afirmativamente.

—Ele é meu tio. —Explicou, me deixando totalmente surpresa. Olhei pra ele e depois desviei os olhos, vendo que ele me observava. Senti minhas bochechas corarem e tentei parecer menos afetada do que estava.

—Então o senhor é a visita que ele estava aguardando ansiosamente. —Comentei e ele pareceu surpreso, tombando a cabeça para o lado.

—Nós não nos vemos a um bom tempo. É natural ele estar assim. —Ele sorriu, finalmente desviando os olhos de mim para os números do elevador, que parecia não chegar nunca ao nosso destino.

—Veio matar a saudade então? —Indaguei, tentando não deixar um silêncio desagradável surgir.

—Na verdade, não. Estou procurando uma pessoa aqui em Londres. Aproveitei para visitá-ló. —Esclareceu e eu olhei pra ele, no mesmo instante que ele olhava pra mim. Sorri sem graça e desviei os olhos assim como ele.

—Você não é de Londres então. —Comentei e ele assentiu com a cabeça.

—Sou de longe. Muito longe. —Afirmou, me fazendo virar o rosto para encara-lo de novo. Dessa vez nenhum de nós dois desviou os olhos. Eu estava prestes a perguntar de onde ele era, mas o elevador se abriu e eu sabia que era a hora de sair. —Damas primeiro.