Anne with an e- Corações em j...

By RosanaAparecidaMande

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Anne Shirley Cuthbert foi abandonada ao nascer em um orfanato por sua mãe biológica, mas ela nunca deixou de... More

capítulo 1- Lembranças
capítulo 2- amores do passado
Capítulo 3- sentimentos escondidos
Capítulo 4- Duas almas e um destino
Capítulo 5- Lado a lado com o amor
Capítulo 6- Nestes olhos teus.
Capítulo 7 - Emoções em conflito
Capítulo 8- O amor entre nós
Capítulo 9- Chamas de uma paixão
Capítulo 10- Apenas você
Capítulo 11- Corações apaixonados
Capítulo 12- Esse sonho de amor
Capítulo 13- Quando o coração se apaixona
Capítulo 14- O sentimento que vive em mim
Capítulo 15- Combinação perfeita
Capítulo 16- O que nos separa
Capítulo 17- Revelações
Capítulo 18- Expectativas
Capítulo 19- O que nos une
Capítulo 20- Tudo o que eu quis
Capítulo 21- Tudo o que sonhei
Capítulo 22- Tudo o que somos
Capítulo 23- O que me pertence
Capítulo 24- O tempo é algo relativo
Capítulo 25- O amor que te ofereço
Capítulo 26- Pensamentos proibidos
Capítulo 27- Pensamentos e desejos
Part 28- Provando do pecado
Part 29- O Jogo do amor
Part 30- Caprichos do coração
Part 31- Segredos e Desejos
Capítulo 32- Flertando com o perigo
Capítulo 33- O inesperado
Capítulo 34- Revelando um segredo
Capítulo 35- O incêndio
Capítulo 36- Uma esperança
Capítulo 37- O incêndio parte 2
Capítulo 38- Paraíso particular
Capítulo 39- As duas faces do amor
Capítulo 40- Idas e Vindas
Part 41- O retorno
Capítulo 42- Tudo o que existe entre nós
Capítulo 43- Como no princípio
Capítulo 44- Feliz Aniversário
Capítulo 45- Uma grande surpresa
Capítulo 46- O perigo mora ao lado
Capítulo 47- O inimigo nas sombras
Part 48- Amor e dor
Capítulo 49- As verdades do coração
Capítulo 50- Almas divididas
Capítulo 51- Palavras não ditas.
Part 52- O jardim do Éden
Capítulo 53- Ps: Eu te amo.
Capítulo 54- Eterno amor
Capítulo 55- Sua força em mim
Capítulo 56- Um só coração
Capítulo 57- Sem Regras
Capítulo 58- Sussurros e juras de amor
Capítulo 59- Entre o céu e o inferno
Capítulo 60- Lar
Capítulo 61- A promessa de uma vida
Capítulo 62- Entre as estrelas
Capítulo 63- De corpo e alma
Capítulo 64- Desejo e castigo
Capítulo 65- Ao cair da tarde
Capítulo 66- Vidas entrelaçadas
Capítulo 68- Fogo
Comunicado
Capítulo 70- Sonhos perfeitos
Capítulo 72- Xeque Mate
Capítulo 73- Anjo Ruivo
Capítulo 74- Amor de diamante
Capítulo 75- Para sempre
Capítulo 76- Um Natal para relembrar
Capítulo 77- Tudo o que importa
Capítulo 78- Um grande novo ano
História Nova
Capítulo 79- A segurança dos seus braços
Capítulo 80- Can't take my eyes off you
Capítulo 81- Inesquecível amor
Capítulo 82- O casamento do ano
Capítulo 83- Lua de Mel Havaiana
Capítulo 84- Uma nova vida juntos
Capítulo 85- Inseguranças e Fragilidades
Capítulo 86- Ao nascer do sol
Capítulo 87- O caminho de volta
Capítulo 88- O ingrediente principal
Capítulo 89- Na alegria ou na tristeza.
Capítulo 90- O benefício da dúvida
Capítulo 91- Amor e mágoa
Capítulo 92- Impasse
Capítulo 93- Uma longa noite
Capítulo 94- Sob o mesmo céu
Capítulo 95- Juntos
Capítulo 96- A razão da minha felicidade
Capítulo 97- Alcançando as estrelas
Capítulo 98- Acerto de contas
Capítulo 99- A vida por um fio
Capítulo 100- Garota Extraordinária
Capítulo 101- Na dor
Capítulo 102- A beleza de Vênus
Capítulo 103- The way I love you
Capítulo 104- Reconstruindo sonhos
Capítulo 105- Amor de mãe
Capítulo 106- Um novo tempo
Capítulo 107- Entre a mágoa e o perdão
Capítulo 108- Redescobrindo o passado
Capítulo 109 - Universo particular
Capítulo 110 - Esposa perfeita
Capítulo 111- Paraíso na terra
Capítulo 112- Um futuro cheio de promessas
Capítulo 113- O perdão é a cura da alma
Capítulo 114 - Lucy
Epílogo
Agradecimentos
Prêmios

Capítulo 67- Amor imenso

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By RosanaAparecidaMande


Olá, queridos leitores. Não fiquei completamente satisfeita com esse capítulo, mas, espero que possam pelos menso apreciar a leitura e me deixem seus comentário como incentivo. Muito obrigada, desculpem-me pelos erros ortográficos. Beijos, Rosana.

ANNE

A morte nunca fora algo com a qual Anne tivera que lidar pessoalmente, por isso dizer que sabia como era perder alguém dessa maneira não era verdade. Ela apenas imaginava que a dor deveria ser insuportável e arrasadora, como se um furacão passasse pela alma de alguém devastando tudo, e somente deixando para trás o vazio e corações destruídos pela certeza de que a vida de alguém muito querido fatalmente acabara ali.

Era difícil para ela entender a dimensão de tal sofrimento, porque apesar de ser considerada órfã, ela não fora separada de seus pais pela morte, e sim pela livre e espontânea vontade de sua mãe, que continuava viva, pelo que sua tia Amélia tinha lhe contado. Do pai, ela nunca tivera notícias, porém nunca pensara muito nele. Matthew o substituíra completamente como figura paterna, e nunca deixara Anne sentir falta daquele tipo de amor essencial na vida de qualquer garota. Deste modo, observando as pessoas ali naquele cemitério reunidas em volta de uma lápide que logo seria o lar permanente de Sarah, Anne sentia toda a compaixão do mundo inundá-la.

Seu olhar pousou sobre a mãe da garota com simpatia, sem deixar de notar suas lágrimas abundantes e os braços ao redor de um rapaz que pela semelhança deveria ser o irmão de Sarah. O pai dele se mantinha sentado em um dos bancos colocados ali para esse fim, e tinha o rosto entre as mãos enquanto uma senhora de meia idade lhe dizia palavras de consolo. O peso daquela cena lhe pareceu demais, e ela desviou o olhar, pois se sentia uma intrusa entre pessoas que conheceram Sarah e a amaram, fazendo Anne se sentir completamente fora do lugar.

A ruivinha fechou os olhos e entoou uma prece desejando que onde estivesse, a garota pudesse encontrar paz e descansasse finalmente de todo aquele sofrimento que a consumira em vida por conta de uma doença cruel e injusta. Anne sentiu uma pontada de culpa incomodá-la, pela raiva que sentira quando Gilbert fora embora para Alemanha, perdida em seu total egoísmo que a cegara totalmente para o sacrifício que o noivo estava fazendo para ajudar alguém que precisava desesperadamente de esperança. Em sua cabeça cheia de ciúmes, ela deixara nascer o ódio por aquela garota tão jovem que não tinha culpa de ter adoecido, e a quem Anne massacrou mentalmente sem piedade por ter perdido Gilbert. Agora, a ruivinha pensava no quanto se arrependia por não ter conhecido Sarah melhor, por não ter sido mais solidária pelo que a outra estava passando, e por ter lhe negado sua compaixão.

Ambas amaram o mesmo homem, mas, apenas Sarah tivera desprendimento o suficiente para deixar Gilbert livre para ir em busca de quem amava, enquanto Anne sabia que ela nunca seria assim, jamais abriria mão de seu noivo pelo que quer que fosse, ela não conseguiria, ela não podia, ele era seu sopro de vida e seu alento, e ela era completamente possessiva no que que quer que se relacionasse a Gilbert Blythe.

Como se pressentisse que Anne pensava nele, Gilbert olhou para Anne sem dizer nada, e a dor ali a fez se quebrar internamente. Ele segurava em sua mão e em determinados momentos, a apertava tão forte que Anne teve a impressão que ele lhe partiria todos os ossos tamanha a força que ele empregava naquele gesto. Contudo, ela suportou aquilo bravamente, pois ela sabia que era a maneira de Gilbert demonstrar toda a angústia que lhe ia no coração. Desde que ele recebera a notícia da morte de Sarah, o rapaz não deixara transparecer nenhuma emoção, se fechando completamente naquela máscara de frieza que Anne detestava, porque a mantinha do lado de fora quando tudo o que desejava era compartilhar o sofrimento que ele certamente estava sentindo por ter perdido alguém que tivera um significado profundo em sua vida.

E sim, ela podia finalmente admitir, sem mágoa nenhuma, que Sarah fora uma parte importante na vida de Gilbert, e que nunca seria totalmente esquecida por ele. Ele não a amara da maneira como amava Anne, disso ela tinha certeza, mas ele a estimara como uma amiga querida que o ajudara a passar pelos momentos mais difíceis de sua vida. A perda do pai se tornara mais branda, porque Sarah estivera lá com ele nos anos em que se seguiram essa sua grande perda, e lhe dera amor quando ele pensara que Anne nunca mas retornaria, fazendo-o ter a coragem de seguir em frente quando todo o caos ao seu redor o incitava a desistir. Sarah fora o que Anne deveria ter sido naquela época, um apoio incondicional e forte, e a ruivinha somente tinha que agradecer a ela por ter lhe devolvido um Gilbert inteiro e ainda mais apaixonado por ela.

Por tudo isso, Anne tinha certeza que de todas as pessoas afetadas pela morte de Sarah, Gilbert era que mais estava sofrendo. A garota sabia da enorme batalha que ele travara contra a doença de Sarah, buscando todos os meios possíveis para salvá-la e como ele vira seus esforços sendo um a um vencidos por um mal impiedoso e dificilmente curável. A culpa e a sensação de fracasso deveriam estar pesando nos ombros de Gilbert mais do que antes, e Anne não tinha a menor ideia de como fazê-lo compreender que ele não era responsável pelo avanço da doença de sua amiga.

O olhar de Gilbert perdido sobre o caixão de Sarah, enquanto o pastor proferia palavras de consolo divino não deu a Anne nenhuma única indicação do que ele estava pensando. Seu rosto estava impenetrável e pálido, os lábios cerrados em uma linha de tensão quase furiosa, e olhar era duro como se a raiva crescesse dentro dele sem alívio. Gilbert não derramara uma lágrima sequer, e sua postura assustadoramente rígida estava começando a assustar Anne, pois ela preferiria mil vezes lutar contra uma crise de choro e lamentos do que com aquele silêncio seco e perturbador que a fazia tremer por dentro. Ela nunca o vira assim tão distante, e tão zangado. Era quase como se estivesse duelando consigo mesmo. Anne tentou abraça-lo para dar-lhe o calor que ele precisava naquele momento, mas, Gilbert manteve os braços ao lado do corpo sem sequer lhe dirigir um olhar, fazendo-a se sentir terrivelmente rejeitada pela gélida recusa dele em abraçá-la de volta.

Finalmente, o serviço religioso chego a fim, e com preces de despedida o pastor deu ao corpo e a alma de Sarah suas últimas bênçãos. Uma chuva fina começara a cair, no momento em que o caixão fora coberto por uma camada grossa de terra, dando aquele instante um aspecto ainda mais desolador. Anne se protegeu com uma sombrinha que trouxera consigo e tentou fazer o mesmo com Gilbert que recusou friamente seu cuidado, magoando Anne duplamente naquele dia. Ela fez um esforço para relevar, pois sabia que ele estava agindo assim por não saber lidar com sua perda a qual não era a primeira pela qual ele passava na vida, e entendia que todo aquele cenário fúnebre devia lembrá-lo de seu pai cuja morte ele nunca se recuperara totalmente, e cuja doença seguira o mesmo caminho destruidor e doloroso da de Sarah, mas, será que ele não via que tudo que o afetava, a atingia diretamente? Ela esperava que, Gilbert voltasse a razão rapidamente, e pudesse desabafar o que o estava corroendo, caso contrário ele poderia cair gravemente doente, e isso era o que mais preocupava Anne.

Assim que o funeral se encerrou, todas as pessoas ali presentes começaram a se dispersar. Anne e Gilbert caminharam lado a lado até o portão de saída, e quando se dirigiam para o carro de Gilbert a poucos metros dali, uma voz chamando o nome dele os fez parar.

- Dr. Blythe. Eu queria agradecer imensamente tudo o que o senhor fez por minha irmã, e quero eu saiba que ela o estimava muito. - Anne viu os lábios de Gilbert tremerem, mas, ele apenas balançou a cabeça concordando.

- Antes de morrer a Sarah me pediu para lhe entregar isso. - o rapaz estendeu um envelope para Gilbert para o qual, o jovem médico fixou seu olhar por um segundo, quase como se tivesse medo do que ele pudesse conter, depois pegou-o e o colocou no bolso do casaco murmurando um muito obrigado quase inaudível.

- Vocês ficarão para os serviços religiosos em nossa casa? - o rapaz perguntou e Anne ia responder, mas, Gilbert interrompeu rispidamente dizendo:

- Não, precisamos voltar para Nova Iorque imediatamente. - Anne o olhou espantada, pensando na loucura que seria Gilbert voltar dirigindo naquele mesmo dia em que fizera todo o trajeto até ali. Ela insistira para que viessem para Charlotte Town de avião, mas, Gilbert não lhe dera ouvidos. E agora ele tinha decidido fazer a mesma coisa sem consultá-la. Embora chateada, ela não disse nada. Não estava a fim de discutir com ele por causa de algo tão banal, justamente em dia tão difícil com aquele. Talvez pudesse revezar com Gilbert no volante se ele se sentisse exausto pelo caminho.

- Então, espero que façam uma boa viagem. - o rapaz disse apertando a mão de Gilbert e deixando-o sozinho com Anne quase em seguida.

- Quer comer alguma coisa? - ele perguntou assim que entraram no carro.

- Somente se você quiser. - ela respondeu com cuidado.

- Vou parar em uma lanchonete no centro da cidade, assim podemos comer algo antes de voltarmos para Nova Iorque. - ele disse sem olhar para ela, e essa falta de contato visual com Gilbert a estava deixando deprimida. Era quase como se ele e a estivesse evitando deliberadamente, e esse comportamento dele tão atípico não estava fazendo nenhum bem ao seu ânimo.

Eles foram a uma lanchonete no bastante popular em Charlottetown, e pediram um sanduíche e suco para ambos. O clima silencioso entre eles perdurou durante todo o tempo em que estiveram lanchando, e o ar pesado deixou Anne tão aborrecida que ela se limitou a beliscar a comida sem apetite nenhum. Ela até tentou conversar sobre assuntos amenos, mas Gilbert apenas respondia por monossílabos, como se sua mente estivesse em outro lugar, abandonando sua noiva naquele espaço onde estavam para mergulhar em seu próprio humor negro. Assim ela desistiu, tentando não levar tudo aquilo para o lado pessoal, mas estava difícil ignorar o comportamento estranho de Gilbert, sua secura nas pouquíssima vezes que falara com Anne naquele dia, e seu distanciamento físico e espiritual dela.

Voltaram para Nova Iorque uma hora depois, envolvidos pelo mesmo clima de momentos antes, e durante todo percurso, Anne sentia sua garganta apertada pelo choro que ela não queria deixar sair de dentro dela. Ela sentia como se estivesse sendo punida por algo que não sabia bem o que era, e Gilbert parecia estar empenhado em fazê-la passar por aquela experiência da pior forma possível, enquanto ela se perguntava por que ele a estava tratando com todo aquele ressentimento, aquele tom de voz que em nada se assemelhava ao homem que a pedira em casamento, a tratava com respeito e cuidado, e dera a ela seu coração selando um compromisso para uma vida inteira.

Anne o olhou meio de canto, tentando evitar que ele percebesse sua preocupação. Gilbert estava concentrado na estrada, a testa franzida e o maxilar tão travado que Anne quase podia sentir a tensão instalada em todos os músculos dele. Ela queria tanto esticar a mão e tocar o rosto dele, mas tinha medo que Gilbert rejeitasse seus carinhos também, e com certeza ela ficaria arrasada se ele o fizesse.

Deste modo, ela refreou seus impulsos e fixou seu olhar na estrada, sem realmente conseguir admirar os lugares pelos quais estavam passando, seu passatempo favorito quando estava viajando dentro de um carro. Sua mente estava ligada demais em Gilbert para se permitir esse prazer.

Havia algo acontecendo dentro dele, e pelo que podia perceber não era nada bom. Ela nunca o vira daquela maneira tão alheio ao mundo ao seu redor como se nada que estivesse acontecendo lhe importasse a não ser sua solidão interior fria. Os olhos dele também se mantinham gelados, e mesmo quando a olhava em um momento qualquer, o espaço vazio que enxergava lá no fundo lhe dava calafrios. Gilbert estava lhe apresentando um lado dele totalmente desconhecido, e Anne se perguntava se fora assim que ele se sentira quando o pai morrera, porque se fora, ali estava mais um motivo para ele se deixar arrastar pelo seu pesar, e era mais um elo que que o ligava a Sarah.

Anne sentiu os próprios olhos marejarem. Ela não suportava vê-lo se afastar dela assim, mesmo ele tendo um motivo válido para isso. Porém, ela não admitia que Gilbert ficasse longe emocionalmente dela dessa maneira, não depois de tudo o que viveram juntos, e da forma como se amavam. Como ela queria que ele se abrisse e se permitisse chorar pela amiga que perdera. Como Anne desejava que ele deixasse que ela cuidasse de sua ferida aberta até que cicatrizasse. Ela estava com ele de corpo me alma, e lhe daria todo o carinho do mundo se ele deixasse, mas, Gilbert parecia determinado a se fechar como uma ostra e não aceitar que nenhuma pequena brisa entrasse por suas camadas trancadas a sete chaves, e lhe desse o alivio que ele necessitava, porque Gilbert se decidira a sofrer sozinho, deixando que a mulher que o amava desde sempre ficasse fora de seu coração naquele momento sombrio.

Anne suspirou baixinho, encostando a cabeça no banco do carro e fechando os olhos. Ela estava exausta de tantas emoções conflitantes naquele dia, e pensar que um dia antes, ela e Gilbert estavam fazendo planos para o bebê que tanto desejavam, felizes e cheios de esperanças de um futuro lado a lado infinitamente apaixonados. Mas, então uma sombra descera sobre eles, roubando-lhes esse momento perfeito para lançá-los naquela tristeza silenciosa, que seu noivo não queria de forma alguma partilhar com ela. Aquilo a feria mais do que qualquer coisa, mais do que qualquer palavra dura que ele já lhe dissera no passado. Ela tornou a abrir os olhos e observou a fisionomia cansada de Gilbert, assim, ela arriscou:

- Quer que eu dirija um pouco? Assim você pode descansar por algum tempo, antes de chegarmos a Nova Iorque.

- Não obrigado. Eu dou conta. - ele respondeu secamente novamente sem olhá-la, e Anne decidiu que seria a última vez que tentaria ser amável e compreensiva com ele naquele dia. O rapaz a estava magoando de graça, e ela não queria sentir raiva de Gilbert justamente em um momento daqueles.

Assim, o restante da viagem até Nova Iorque foi feita praticamente em silêncio, porque Anne também se fechou em seu mundo particular, tentando não deixar que Gilbert percebesse o quanto a frieza dele a atingia no coração. Ao chegarem na grande metrópole, ao invés de irem para o apartamento de Anne, Gilbert estacionou o carro na frente do dele, e embora estivesse surpresa por aquela súbita mudança de planos, Anne se absteve de qualquer comentário. Gilbert já tinha excedido sua cota de comportamento estranho naquele dia, e Anne estava cansada demais para tentar entender o que tudo aquilo significava.

Após arrancar os sapatos, e deixar sua bolsa sobre o sofá da sala, Anne foi até a cozinha preparar um pouco de café, imaginando que Gilbert precisasse de algo quente e estimulante tanto quanto ela. Ele não a seguiu até lá e muito menos se ofereceu para ajudá-la como normalmente faria, mas, diante das circunstâncias, a ruivinha não esperava mais amabilidade da parte de Gilbert do que ele tivera com ela durante o enterro de Sarah.

Quando a bebida ficou pronta, ela colocou algumas torradas, manteiga, geleia, algumas fatias de bolo de cenoura, e duas xícaras limpas em uma bandeja, e levou tudo par a sala onde encontrou Gilbert deitado no sofá de olhos fechados. Ele continuava lindo, apesar das linhas de exaustão em volta de seus olhos e a palidez da pele realçada pelos seus cabelos escuros. O olhar de Anne se fixou nos lábios vermelhos do rapaz que ela não beijava desde o dia anterior, e sentiu sua garganta secar de vontade de colar suas bocas por uma hora inteira. No entanto, seu bom senso prevaleceu, e ela apenas se aproximou e tocou o braço dele de leve, o que o fez abrir os olhos de repente.

- Eu preparei café. Achei que estava precisando, depois de dirigir todo o caminho de Charlotte Town até aqui. - ela disse, vendo Gilbert esfregar os olhos e passar as mãos pelos cabelos quase que seguidamente. Logo, ele se sentou no sofá e aceitou a xicara de café que ela lhe entregava e disse:

- Obrigado. - aquele jeito polido dele falar acabou com a paciência de Anne. Ele praticamente a tinha ignorado aquele dia inteiro, e agora a tratava como se fossem apenas dois conhecidos. Foi uma raiva cega que a fez dizer:

- Quando vai parar de me tratar como um babaca, Gil? - as mãos dela estavam na cintura, e ela tinha se levantado, pois não conseguia ficar tão perto dele daquele jeito quando estava tão magoada.

- O que quer dizer com isso? - ele perguntou encarando-a com seu rosto fechado em uma máscara séria.

-Você mal falou comigo o dia todo, e agora continua me tratando feito uma estranha. Qual é o seu problema? -

- Qual é o seu problema, sua senhorita mimada? Será que até em um momento assim você não é capaz de pensar em mais ninguém que não seja você? - ele não podia estar falando sério, Anne pensou. Gilbert estava dizendo tudo aquilo somente porque estava machucado e sofrendo. Mas nem por isso, ela deixou de dizer:

- Eu não acredito que está 'dizendo tudo isso para mim. - ela jogou os longos cabelos para trás enquanto caminhava descalça pela sala.

- Será que você não entende que perdi alguém importante para mim? Por que não deixa uma pouco seu auto ego de lado e sinta um pouco de empatia pelo meu sofrimento?

- Seu sofrimento? Você não é a única pessoa que está sofrendo nessa história, Dr. Blythe. - Anne respondeu com a voz no mesmo tom que a dele.

- Não venha me dizer que está sofrendo por Sarah, Anne. Você mal a conhecia. – Gilbert disse colocando a xícara de café do lado, os olhos cheios de fúria como uma tempestade anunciada no horizonte.

- Eu realmente não a conhecia muito bem. - Anne admitiu e Gilbert respondeu

- Na verdade, você nunca quis conhecê-la. Apenas alimentou contra ela um despeito infantil, e sequer conseguiu enxergar a pessoa incrível que ela era. - a voz dele soou fria, cortante e cruel. Anne quis responder mas a dureza daquelas palavras a atingiu como uma bala, e ela já estava sangrando antes mesmo de revidar. Lentamente ela pegou seu sapatos, os vestiu, agarrando sua bolsa como se fosse um escudo de proteção contra a ferida que Gilbert estava lhe causando, e com toda calma que conseguiu reunir ela disse;

- Eu posso entender que está sofrendo e está com raiva, mas não vou admitir que deduza quais são os meus sentimentos nessa situação, e com isso te dê o direito de me magoar. Eu vou para casa e te deixar sozinho, como parece que é o seu desejo, e só me procure novamente quando tiver recobrado sua razão. Tenha uma boa noite, Dr. Blythe.

Desta foram, ela caminhou para a porta, sem perder tempo esperando pelo elevador. Anne desceu as escadas rapidamente, e a passos largos caminhou até seu apartamento. A garganta doía com o choro contido, e ela se sentia ofegante como se tivesse corrido muitos quilômetros. Foi somente quando colocou os pés dentro de seu apartamento que se deixou desmoronar, e chorou até adormecer de exaustão.

-

GILBERT

Gilbert ouviu Anne bater a porta e estremeceu. Não pretendia magoá-la, mas foi exatamente o que fez com seu comportamento completamente insuportável e irreconhecível até para si mesmo.

Desde que soubera da morte de Sarah, ele começara a se sentir assim, fora de uma realidade que não era a sua. O rapaz vinha se preparando para aquilo a semanas, mas, não pudera impedir seu coração de se partir assim que aquele simples telefonema destruíra sua última esperança de ver sua amiga pelo menos mais uma vez.

Era duro admitir que fracassara em sua missão de salvá-la. Era duro ter que aceitar suas limitações e compreender que o puder da vida e da morte nunca estivera em suas mãos, e que não havia como lutar contra o destino quando ele decidia por puro capricho ceifar a vida de alguém E por isso ele se sentira um tolo, apenas um joguete nas mãos do tempo que não tivera compaixão e nem piedade de seus esforços e de seus sacrifícios. Ele rira na sua cara, mostrando o quão impotente e frágil Gilbert era contra algo tão grandioso o qual ele nunca tivera ou teria controle.

Gilbert Blythe era apenas um mortal vaidoso o bastante por achar que podia vencer uma batalha que já estava fadada a ser perdida desde o início. A morte era caprichosa, escolhia suas vítimas como e quando queria, e se divertia vendo homens como ele tentando lubridiá-la com seus conhecimentos precários.

De repente, o jovem médico se sentia no chão, assim como todos os seus diplomas, cursos e experiências no exterior. De que valiam agora se Sarah fora enterrada após a inaptidão de Gilbert de acabar com o mal que a afligira?

Por esta razão, durante todo o ritual funerário ele quisera desaparecer, se esconder por que estava envergonhado demais por não ter cumprido sua promessa, e tal fato, também o impedira de olhar nos olhos de Anne o dia todo, porque sentia culpa, sentia frustração e sentia vergonha por sua noiva ver quanta incompetência ele possuía ao vestir um jaleco com seu nome gravado nele, e brincar com vidas que ele não poderia salvar. Não era raiva dela que o fizera mantê-la a distância, mas sim sua fúria contra si mesmo, seu sentimento de impotência e sua decepção consigo mesmo, transformando tudo aqui em palavras amargas que magoaram Anne com sua força, mesmo não sendo sinceras.

Na verdade, tudo o que ele quer ia era abraçá-la, e sentir a maciez daquela mulher que era seu ponto de apoio e equilíbrio, mas não se permitiu, pois no exato momento em que ela o tocasse, ele se partiria em tantos pedaços que não seria capaz de juntar um a um depois. E assim, ele fora mesquinho, não poupando Anne de sua dor obscura. Ele vira o amor dela por ele brilhando em seus olhos dia todo, assim como sua infelicidade por ele não deixá-la se aproximar, mas como fazê-la compreender que ele precisava se agarrar à aquela postura fria para conseguir chegar até o fim do dia sem sucumbir ao seu desespero? Será que ela poderia perdoá-lo por ser tão fraco e tão malditamente humano?

Gilbert colocou a mão no bolso e se deparou com o envelope da carta de Sarah. Ele o segurou em suas mãos sem coragem de ler. Talvez fizesse isso mais tarde, pois no momento não estava bem emocionalmente o suficiente para lidar com as palavras contidas ali.

Ele foi para o quarto se sentindo exausto, mas sabia que não seria capaz de dormir se não ouvisse a voz de Anne. Por isso, ele pegou o telefone nas mãos pensando no que diria para se desculpar por ter sido tão estúpido com ela. O rapaz tomou coragem e discou o número da ruivinha, ouvindo o celular tocar até cair na caixa postal. Talvez ela estivesse descansando ou simplesmente não quisera atender ao ver quem era ela. Gilbert não a culpava. Ele fora terrivelmente injusto com a garota que ele amava mais do que tudo. O que ele estava pensando quando a chamara de egoísta e mimada?

A questão era que ele estava se sentindo tão miserável que precisava de uma válvula de escape para fugir daquele sentimento, e acabara despejando sobre Anne sua fúria sem raciocinar que estava passando dos limites. Agora era tarde para desfazer todas as suas ações do dia, e restava apenas ir para a cama e tentar descansar, porque procurar Anne no apartamento dela àquela altura não estava certo, e se a conhecia como pensava, ela bateria com a porta na cara dele.

Gilbert custou a dormir naquela noite, e quando a sonolência o pegou veio cheia de sonhos irracionais. com seu pai, com Sarah, e com Anne e assim que acordou não conseguia se recordar de quase nada, a única coisa que o marcara durante os sonho, fora a imagem de Anne chorando por algo que ele não tivera tempo de descobrir.

Ele foi para o trabalho rezando mentalmente para que seu dia fosse cheio, e não tivesse tempo de imaginar o que Anne deveria estar fazendo enquanto ela não atendia uma de dezenas de ligações desesperadas.

No momento em que pisou na recepção Gilbert já tinha perdido a conta de quantas vezes tinha ligado com esperanças de que ela atendesse, mas, no fundo já sabendo que tinha feito besteira, e se arrependendo de cada palavra dura que dissera a ela.

Deus! Ele era um idiota, grosso e sem noção. Era sempre assim que agia quando se sentia pressionado, triste ou com raiva. Ele se refugiava no silêncio, se fechava para o mundo, e não deixava que ninguém o alcançasse em sua batalha interna. Era frustrante não conseguir colocar para fora o que estava sentindo. Era terrivelmente sofrido não saber o que dizer para que a intensidade de sua mágoa diminuísse. Gilbert precisava de Anne ali com ele naquele momento para sentir que estava tudo bem, que ele podia seguir em frente porque fora completamente perdoado no plano divino por seu fracasso.

O rapaz entrou em seu consultório aliviado por não te e encontrado nenhum de seus colegas pelos corredores. Ele naõ tinha vontade de falar, mas se obrigou a trabalhar naquele dia, pois se ficasse em seu apartamento sozinho com certeza entraria em um processo de depressão com a qual não saberia lidar.

A primeira coisa que viu sobre a mesa foi o retrato de Anne que ele mandara emoldurar, para que a tivesse sempre próxima dele mesmo quando não pudessem se falar. Ele se sentou em sua mesa e pegou o retrato nas mãos, sem conseguir desviar os olhos daquele rosto. Seus dedos descendo pelo retrato acompanhando o movimento do seu olhar

Ela era perfeita em todos os sentidos, desde os cabelos maravilhosamente ruivos até a as sardas na ponta do seu nariz que ela disfarçava com maquiagem, porque não lhe agradava aquelas manchinhas ali. Anne seria uma mãe incrível para seu filho ou filha, pois para ele não importava o que viesse, desde que fosse com ela.

Gilbert sorriu feito bobo ao pensar que isso pudesse acontecer em breve, ele andava sonhando com isso desde que Anne o mencionara a alguns dias, e agora mal podia esperar para que acontecesse, principalmente naquele momento em que ele precisava tanto de um raio de luz, uma alegria repentina, uma felicidade sem igual que mudaria sua vida, e lhe daria novo ânimo e lhe abriria as portas de um mundo onde ele nunca transitara antes, mas, estava louco para experimentar. Anne tinha razão, não precisavam esperar, pois de repente todas as razões para negar-se aquele prazer antes não eram mais válidas.

Quem sabe o que poderia acontecer no próximo minuto? Quem poderia afirmar com certeza por quanto tempo viveriam naquele mundo totalmente físico? O amanhã nunca fora uma certeza, porque ele se esbarrava em muitos "se", "talvez", "quem sabe". O que tinham de concreto era o hoje, e o hoje lhe dizia que era o momento de ele agarrar todas as oportunidades antes que fosse tarde, antes que a vida passasse em branco e ele perdesse o melhor dela, e para ele Anne era o melhor de tudo, e faria o impossível para consertar a situação que ele mesmo criara. Gilbert amava Anne profundamente, mais do que se lembrava ter amado algo na vida, e era esse amor que o mantinha firme em uma profissão da qual pensara desistir muitas vezes, porque havia tristezas demais, dores demais, milhares de lágrimas para se enxugar todos os dias, e muito pouca esperança por trás daquelas paredes brancas do hospital pintadas especialmente assim para dar conforto a quem olhasse através delas.

Quando ele era criança, o rapaz costumava romantizar a profissão, achando fascinante o mundo das cirurgias e bulas de remédio, mas, depois de certo tempo dentro daquele ambiente, Gilbert perdera quase todas as suas ilusões, e o que era uma paixão acabava se tornando muitas vezes um fardo, fazendo-o se perguntar se estava no caminho certo, e agora com a morte de Sarah, ele voltava a esse questionamento. Será que valia a pena tanto degaste emocional para no fim se sentir tão esgotado e frustrado?

Ainda pensava sobre isso, quando a porta se abriu e Gabriela apareceu em seu consultório. Em um único olhar, ela compreendeu como ele estava se sentindo naquele momento. Gilbert sempre se surpreendia como um médico se reconhecia no outro, justamente por viverem realidades semelhantes todos os dias, somente eles sabiam como a perda de um paciente afetava cada um deles mesmo que de maneiras diferentes,

- Sinto muito pela Sarah. Você está bem? - Gabriela disse com uma nota de preocupação em sua voz.

- Não, mas, estou tentando. – ele respondeu com um suspiro profundo.

- E a Anne? Eu imagino que tudo isso esteja sendo difícil para ela também. - Gabriela disse encarando Gilbert que se mexeu na cadeira desconfortável.

- Talvez mais do que deveria. Eu acabei tornando tudo pior. - ele confessou tristemente.

- O que quer dizer? - Gabriela franziu a testa preocupada.

- Eu a magoei com palavras duras, e agora estou terrivelmente arrependido.

- E por que fez isso?

- Porque eu estava me sentindo péssimo, completamente fracassado, e Anne me disse algo que me irritou, e eu acabei dizendo coisas que não devia, mas, juro que todas eram endereçadas a mim e não a ela. Eu sou um estúpido e insensível. - ele disse com a voz extremamente cansada.

- E um pedido de desculpas não adiantaria? - Gabriela perguntou, tentando fazer Gilbert encontrar uma saída para seu problema amoroso.

- Eu já tentei, mas, ela não atende o telefone. Acho que ela não quer falar comigo nesse momento. - Gilbert cruzou as mãos sobre a mesa, seu olhar perdido na foto de Anne.

- Talvez ela não se recuse a falar com você se for até lá pessoalmente. - Gabriela sugeriu.

- É o que pretendo fazer assim que sair daqui. - ele passou as mãos pelos cabelos e disse:- Estávamos tão bem, como eu pude estragar tudo?

- Um relacionamento não é perfeito sempre, Gilbert, mesmo quando se ama alguém como você ama a Anne. Desentendimentos são normais, pois nos mostram onde estamos errando e nos dá a chance de melhorar sempre. O que você tem que se lembrar é que ser sincero e manter-se aberto ao diálogo é sempre importante.

- Espero que Anne me perdoe, principalmente agora que ela quer tanto um filho. - ele disse e Gabriela o olhou espantada.

- O que disse?

-- Anne decidiu que quer um filho nosso logo. - ele contou e Gabriela sorriu ao ouvir aquilo.

- Meu Deus, Gilbert. Que notícia maravilhosa. E você, o que pensa dessa novidade?

- Eu confesso que não vejo a hora de vê-la grávida. - ele disse sorrindo.

- Então quer dizer que teremos um bebezinho a caminho em breve? - Gabriela estava encantada demais com a notícia para disfarçar a satisfação estampada em seu rosto.

- Eu espero que sim, se ela conseguir me deixar chegar perto dela novamente para tentarmos. - ele disse com o ar preocupado.

- E você acha que ela não vai permitir? Gilbert, Anne pode estar magoada, mas, ela ama você e vai te perdoar com tempo e paciência. Agora, quanto a parte sexual, eu nem preciso dizer que vocês se incendeiam literalmente quando estão juntos. Basta ver como se olham, então, convencer Anne a te aceitar de volta na cama dela não vai ser nada difícil. - Gabriela disse maliciosamente.

- Gabriela, você me espanta com toda essa franqueza. - Gilbert disse encabulado com maneira direta de Gabriela falar sobre seu relacionamento íntimo com Anne.

- Somos dois adultos, Blythes, e não precisamos fingir que somos ingênuos nessa questão. Soaria ridículo demais.

- Eu sei, mas, é que nunca me senti à vontade para falar disso abertamente com alguém. - ele disse com sinceridade.

- Você sabe que pode falar comigo sobre o que quiser.

- Vou me lembrar disso. - Gilbert disse sentindo uma onda de afeição por aquela mulher especial à sua frente.

- Posso te dar um conselho? Quando for para casa hoje, converse com Anne, depois a arraste para a cama e faça quantos bebezinhos tiver vontade. - ela disse rindo com vontade.

- Eu estava pensando um começar com apenas um. – Gilbert respondeu em tom de brincadeira.

- Que seja, desde que me traga um sobrinho logo, é o que importa.

- Pode ser menina. - Gilbert tornou a brincar.

- Vou adorar ter uma sobrinha também. Aliás por que não gêmeos? Já pensou em dois Blythes ou duas Annes soltos por ai?

- Você não sabe o que está dizendo, mulher. Eu não era nem um pouco comportadinho na minha infância, e posso te garantir que a Anne também não era. Nós deixávamos nossos pais de cabeça em pé quando resolvíamos aprontar juntos. - Gilbert começou a rir sozinho quando as lembranças daquele tempo o alcançaram

- É como eu disse. Vocês são perfeitos um para o outro desde de criança. - Gilbert pensou nas palavras de Gabriela. Ele ouvira a adolescência toda a mesma coisa de seu pai, e agora ele podia dizer com todas as letras que ele estava certo.

Ele trabalhou o resto do dia com os olhos no relógio. A imagem de Anne enchia seu coração e sua mente. Ele queria vê-la, estar perto dela, assegurar que a amava e que sentia muito por tudo o que a fizera passar naquele dia. Sua ruivinha merecia ser adorada e não hostilizada como ele fizera parecer naquele dia, e ele faria qualquer coisa para que ela tirasse de suas lembranças aquele dia infeliz que começara completamente errado. Quando aquele dia pesaroso finalmente chegara ao fim, ele estava mais do que disposto a voltar para casa. Ele pendurou o jaleco no armário do seu consultório, pegou sua maleta e quando ia finalmente sair seus olhos pousaram na carta de Sarah, e ele sentiu o mesmo aperto no peito que tivera durante o funeral. Ele pensou em deixar a tarefa de lê-la para outro dia, mas, seu cérebro gritou alto em sua cabeça que ele deveria lê-la naquele momento, e encerrar de uma vez aquele capítulo de sua vida.

Sem tirar os olhos do envelope, Gilbert a abriu rapidamente antes que perdesse a coragem, desdobrando a folha escrita com capricho que havia dentro dele. Ele respirou um segundo antes de começar a ler e então seu olhar deslizou pelas primeiras linhas que diziam:

Querido, Gilbert,

Espero que esta carta te encontre bem e que você possa aceitar finalmente o que o destino impôs para nós, e assim prosseguia com sua vida da maneira como desejar.

Eu não tenho como lhe agradecer tudo o que você fez por mim. Nunca em minha vida, eu tive um pessoa tão dedicada a lutar por minha vida. Você é um homem muito especial, Dr. Blythe, nunca se esqueça disso, e continue a ser esse médico incrível que sempre coloca o bem-estar de seus pacientes em primeiro lugar.

Quero que saiba que parto dessa vida com o coração leve, e sem nenhuma mágoa ou revolta. Eu tive uma vida boa, pais maravilhosos, amigos fiéis que me apoiaram em tudo, e uma profissão a qual amei desempenhar todo o tempo que me foi possível. Não quero que se lembre de mim como alguém que sofreu e perdeu a luta para uma doença terrível. Quero que pense em mim como alguém que viveu plenamente cada dia como se fosse o último, e que parte agora para um outro plano para iniciar uma nova jornada de evolução.

Cada dia foi um presente, cada segundo foi mais do que mereci, e cada despertar foi uma nova oportunidade de me tornar alguém melhor do que o dia anterior. Não me arrependo de nada, e espero que entenda que você fez o melhor que pôde, e que se não me salvou foi porque meu destino já estava selado quando eu nasci e assim sigo tranquila para o meu descanso astral.

Não exija demais de si mesmo e não se frustre. Certas batalhas não foram feitas para serem ganhas, mas, mesmo na derrota sempre podemos aprender algo de positivo para nossas vidas, por isso, tudo o que desejo é que seja feliz, Gilbert, com a mulher que escolheu para partilhar sua vida, e se posso te confessar algo agora antes que minhas palavras se percam no tempo, é que eu tentei odiá-la por tirá-lo de mim, mas, com o tempo percebi que odiar alguém demanda muito tempo e esforço que eu não dispunha, e assim optei por conhecê-la melhor e não me arrependo, por que eu percebi que ela sempre foi a mulher certa para você, eu apenas preenchi um espaço vazio por um tempo, que sempre pertenceu a ela.

Anne é uma garota incrível e te ama de verdade, não estrague tudo com sua insegurança, pois sei o quanto isso te atormenta até hoje. Dê a ela todo o amor que Anne merece por uma história como a de vocês é rara demais para ser tratada com displicência, e aproveite cada segundo desse amor ao lado dela, pois a vida é curta e nunca sabemos o que o dia seguinte nos trará. Aproveito esse instante para te dizer o quanto eu te amei, primeiro como homem, depois como amigo, e por último como um irmão muito querido que mesmo não sendo de sangue me tratou como se eu fosse de sua própria família, cuidando de mim nos piores momentos, e me dando esperanças quando sabia lá no fundo que meus passos estavam contatos.

Com minha alma em pleno voo, eu me despeço aqui, e posso lhe garantir que essa viagem será a mais incrível de todas, porque deixo nessa terra um corpo doente e cansado para me tornar um pássaro livre de qualquer amarras e dor. Não direi adeus, mas um até breve, pois acredito no fundo do coração que nos encontraremos de novo um dia.

Com amor, Sarah.

Gilbert terminou a carta com lágrimas rolando pelo seu rosto, Soluços incontroláveis escaparam de seus lábios, e pela primeira vez desde que soubera da morte de Sarah ele chorou de verdade. Era um choro cheio de dor, de pesar, mas também de libertação de toda a angústia presa em sua alma durante todos aquele dia, levando embora a escuridão e o gosto amargo da impotência e do fracasso que ao assombraram desde que sua luta contara a enfermidade de Sarah começara. Essa crise emocional durou cerca de dez minutos e quando ele finalmente conseguiu parar de chorar, o alivio o envolveu como se o aconchegasse em braços macios e suaves, e então ele pensou, "Anne", e sem perder mais um segundo, ele pegou seu carro no estacionamento e foi correndo para casa.

GILBERT E ANNE

Anne não sabia quantas horas tinha dormido, mas quando acordara naquele domingo já estava perto do almoço, e ela percebeu espantada que tinha dormido a noite toda e metade da manhã

Seu estado emocional não estava melhor que antes, e ainda sentia as palavras de Gilbert machucando-a por dentro. Ainda assim, ela queria vê-lo e saber se estava bem, pois a maneira como ele se comportara naquele dia não lhe parecera nem um pouco normal, e apesar de ter sentido a secura dele na pele, ela sabia que Gilbert estava no meio de uma crise que poderia facilmente levá-lo por um caminho destrutivo, e Anne queria apenas ajudá-lo a recobrar seu equilíbrio para que pudessem continuar suas vidas de onde tinham parado.

Ele podia não ter lhe contado, mas Anne sabia como a cabeça dele funcionava. Conhecê-lo a vida toda lhe dava essa vantagem, mesmo que os sete anos que passaram separados o tivessem modificado em algumas partes, certos sentimentos e pensamentos permaneciam os mesmo.

Gilbert odiava perder, principalmente no que se referia a sua profissão. Ele se tornaria médico porque queria salvar vidas, e deixá-las escapar por conta de uma doença não estava nos seus planos, e fazê-lo entender que ele não tinha que viver sobre a lâmina de uma espada cada vez que se deparava com um caso de difícil solução. Era insano querer ser mais do que humano, e se magoar nesse processo. Ela entendia seu dilema, só não achava justo que Gilbert acabasse destruindo todas as coisas maravilhosas que tinha conseguido realizar por conta de seu talento extraordinário como médico, por causa de vidas perdidas que já estavam condenadas a ser assim.

Sua campainha começou a tocar, no momento em que Anne se levantou da cama. Ela pensou em ignorar, pois não estava com humor para visitas, mas, pensou que talvez pudesse ser Gilbert e correu para atender, mas ficou espantada ao ver que era Cole que a olhou de cima embaixo em jeito bastante característico cheio de dramaticidade.

- Meu Deus, Anne! Eu não sabia que você era tão amiga da ex do Gil para ficar destruída desse jeito. – Ele examinou seus olhos inchados pelo choro, pois cabelos desarrumados, e a roupa amassada que ela não tirara no dia anterior porque passara tanto tempo chorando e adormeceu vestida mesmo.

- Embora eu realmente tenha sentido muito pelo que aconteceu com a Sarah, não é por causa dela que estou assim- Anne respondeu cansada.

- O que aconteceu, Anne? - Cole abraçou-a pelo ombro e a guiou até o sofá onde esperou pacientemente que a ruivinha lhe contasse o que havia acontecido.

- É complicado e nem sei como começar a te falar sobre algo que eu mesma não entendi até agora. - Anne balançou a cabeça confusa.

- Conte-me o que a está afligindo, e depois tentaremos entender o que aconteceu juntos. - assim com o incentivo de Cole, Anne contou tudo o que se passou desde o momento que receberam a notícia do falecimento de Sarah até os último momentos no apartamento de Gilbert. Quando terminou, ela estava enxugando lágrimas teimosas que surgiram de repente sem seu consentimento.

- Anne não fique assim.- Cole disse, passando a mão pelo rosto de Anne com carinho. - Você sabe do amor que Gilbert sente por você. E se ele te disse algo assim é porque alguma coisa não está certa dentro dele, e você precisa ajudá-lo a colocar para fora.

- É aí que está o problema. Ele não me deixa chegar perto. Gilbert tem essa mania irritante de carregar o mundo trancado em sua alma. Eu odeio quando ele faz isso, porque é como se ele se colocasse em um patamar que não consigo alcançar. - ela reclamou deitando a cabeça no ombro do amigo.

- Ele é cabeça dura, mas, vai acabar cedendo. Vai precisar ter uma dose extra de paciência dessa vez. - Cole disse, e Anne concordou. Estava se preparando para isso, pois se tinha uma coisa que não faria era desistir do seu homem. Ia vencê-lo pelo cansaço ou não se chamava Anne Shirley Cuthbert.

- Querida, eu não gosto de te ver assim, e não queria incomodá-la com uma dúvida minha, mas, já que estou aqui eu preciso te perguntar uma coisa. Você sabia que a Monique tem dois irmãos, um mais jovem e um outro mais velho? - Anne balançou a cabeça sem entender por que aquilo era importante.

- Eu sei que parece maluquice da minha cabeça, mas, eu sinto que tem algo estranho nessa garota, e vou descobrir, Anne. Agora, meu amor, espero que converse com Gilbert e coloquem as cartas na mesa. Não vá dormir sem falar com ele. Se uma coisa que minha mãe me ensinou é que nunca devemos deitar na cama com nossos corações magoados. Ela me contou que em trinta anos de casamento com meu pai jamais dormiu brigada com ele, sempre resolveram suas pendências antes, pois o quarto de um casal é seu templo sagrado. Deve ser cuidado com amor e muito zelo, por isso, eu lhe digo não deixe para amanhã a conversa que precisa ter com Gilbert. - ele disse se levantando.

- Obrigada, querido. Vou pensar nisso. - Anne disse, seguindo-o até a porta e se despedindo dele com um beijo no rosto.

Depois que Cole partiu, Anne resolveu tomar um banho quente, e enquanto a água relaxava seus músculos doloridos, ela pensava nas palavras de Cole. Será que deveria falar com Gilbert ainda naquele dia ou será' que era melhor esperar pelo dia seguinte? Ela estava sentindo falta dele, e pensara em ligar, mas depois desistira e desde o dia anterior desligara o telefone para não cair em tentação. E se ele fosse ríspido com ela de novo? Será que iria ser forte o bastante para não se deixar atingir pela frieza gratuita dele?

As dúvidas ainda estavam em sua cabeça quando terminou de se enxugar, e por isso resolveu ir até o apartamento dele no dia seguinte, pois estaria com a cabeça mais fria e melhor preparada para o que viesse. Gilbert precisava que ela estivesse firme em seu propósito para arrancá-lo daquela tristeza que o estava deixando amargurado. Então, ela vestiu uma camisola preta e curta e um robe por cima, e foi até a cozinha preparar uma sopa, pois estava faminta.

Sua campainha tocou novamente naquela noite, assim que Anne desligou o fogão e foi caminhando até a porta, e ao abri-la deu de cara com Gilbert que a olhou da cabeças aos pés dando-se conta de como estava vestida. O olhar de Gilbert ficou hipnotizado pela figura de Anne à sua frente, vestindo uma camisola transparente que deixava bem pouco para sua imaginação. Caramba, ela estava incrivelmente sexy, completamente sem maquiagem, os cabelos soltos pelas costas, e por um momento que demorou mais do que deveria ele esqueceu o que viera fazer ali, seu corpo reagindo à deusa a sua frente que ocupara os seus pensamentos o dia todo, e só recuperando a razão quando ela disse:

- Precisa de alguma coisa, Gilbert? - ela tentou parecer neutra e controlada, mas seu cérebro já a empurrava em direção à ele. Anne cruzou os braços para se impedi-los de se pendurarem no pescoço dele e arrastá-lo para o sofá. Santo Deus, parecia uma gata no cio quando tinha a sua frente aquela delicia de homem. Já imaginava tudo que gostaria de fazer com ele, para fazer Gilbert pagar por tê-la mandado embora no dia anterior. Mas, não podia esquecer as circunstâncias de sua vinda para casa sozinha, e não devia deixar Gilbert saber o quanto era fácil para ela perdoá-lo porque estava terrivelmente apaixonada.

- Será que nós podemos conversar, Anne? - Gilbert perguntou tentando clarear as ideias meio enevoadas pelos seus desejos puramente carnais naquele momento.

- Você já jantou? Estava preparando uma sopa. Gostaria de me acompanhar? - ela disse já sem apetite nenhum porque sua vontade era outra no momento deixando sua necessidade por comida em segundo plano, mas, procurou focar sua mente e se mostrar um tanto indiferente à ele quando na verdade estava fervendo por dentro diante dos olhares que ele lançava para o seu corpo, porém, Anne não fez nenhum esforço em se cobrir, pois queria deixá-lo sofrer um pouco, e desejá-la sem poder de fato tocá-la ainda.

Gilbert aceitou seu convite, e assim a seguiu até a cozinha onde comeram em silêncio sem deixarem de se encarar. Quando terminaram, Anne se levantou, pegando os pratos vazios e ia levá-los para a pia, porém, Gilbert segurou em seu pulso dizendo:

- Deixa isso para depois. Eu quero conversar com você. - Anne assentiu, e assim voltaram para a sala onde se sentaram no sofá a uma certa distância um do outro, como se soubessem que se estivessem muito próximos aquela conversa seria outra.

- Anne, eu queria me desculpar pela maneira como te tratei ontem. Nada do que eu disse era verdade, e sei que não justifica, mas eu estava terrivelmente frustrado e com raiva de mim mesmo e te falei coisas que você não merecia ouvir.

- Você me magoou, Gil. - Anne disse. Ela não ia facilitar as coisas para ele, pois Gilbert tinha que entender que apesar de amá-lo muito, ela não permitiria que ele passasse por cima dos sentimentos dela toda vez que algo o tivesse incomodando.

- Eu sei, amor. - ele chegou um pouco mais perto, pois não conseguiria manter distância por muito tempo.- Eu juro que não queria te magoar, mas eu o fiz e sei que você tem todo o direito de querer me ver longe daqui, mas eu espero de todo o coração que reconsidere.- Anne não respondeu, e ele se aproximou mais segurando as mãos dela e perguntou com a voz em um sussurro:- Você quer que eu vá embora?- a mão dele subira, para o seu ombro, e Anne sentiu o polegar dele acariciando a pele macia e distribuindo arrepios por todo o local. Ela o olhou e viu seu desejo naquela imensidão castanha, e respirou fundo tentando não se deixar levar pela sua vontade de sentir as mãos dele em seu corpo, pois precisavam resolver aquilo antes de qualquer coisa.

- Gil, eu entendo que você estava em um momento ruim, mas, isso não lhe dá o direito de me dizer o que quiser e achar que devo aceitar e esquecer rapidamente. Eu sou sua noiva e espero que me trate como tal. - ela tirou a mão dele de seu ombro e se levantou. Precisava se afastar, pois sua mente agitada já mandava mensagens para seu cérebro que não tinha deixado de registrar cada detalhe da aparência dele atraente naquela noite. Era impressão sua, ou Gilbert tinha ficado mais bonito após um dia inteiro sem vê-lo?

- Querida, eu apenas quero que entenda que a maneira como eu estava me comportando não tinha nada a ver com você. - ele se levantou também e ficou a dois passos dela. Quanto tempo ela ia resistir aqueles lábios vermelhos que Gilbert umedecia cada vez que encarava seu rosto? Anne pensou inquieta, tentando se focar no que estavam discutindo.

- E por que não me conta como está se sentindo, Gilbert? Será que não vê que é isso que me magoa? Você se afasta de mim e coloca uma barreira de gelo tão grande entre a gente que fica difícil para mim passar por ela. Se quer que esse relacionamento dê certo, você vai ter que aprender a confiar em mim e me falar sobre os seus sentimentos, sejam eles quais forem. - ela disse tudo quase sem respirar e quando terminou, Gilbert apenas assentiu e falou depois de respirar fundo duas vezes:

- Tudo bem, Anne. Eu queria te poupar desse meu lado pessimista, mas, já que quer saber, eu vou te contar. Eu estava me sentindo um fracasso, Anne, e fiquei com vergonha de você ver o fiasco que sou como médico. Eu achei que salvaria a Sarah, e realmente acreditei que encontraria uma forma milagrosa de curá-la de um mal terrível, e a morte dela me mostrou o quanto patético eu sou e me pergunto se deveria continuar em uma profissão onde a cada dia só me faz perceber que não tenho o talento necessário para exercê-la. - Gilbert abaixou a cabeça naquele ponto, pois se continuasse desmoronaria, e Anne não merecia vê-lo daquela maneira.

- Gil, que besteira é essa que está em dizendo? Você nasceu para ser médico e sabe disso, e eu sou extremamente orgulhosa do tremendo profissional que você se tornou. Perder um paciente faz parte disso tudo também, pois, por mais que odeie essa ideia, você não tem super poderes. Eu imagino que a morte de Sarah tenha pesado mais do que todas as outras que você já teve que enfrentar em sua carreira médica, contudo, isso não muda o fato de que você é incrível no que faz porque se importa, e poucos médicos são como você. - ela deu um passo na direção dele, jogou os braços ao redor do pescoço de Gilbert e disse com o rosto próximo do dele; - Eu nunca vou sentir vergonha de você, Gil. Você é o homem que escolhi para ser meu companheiro, meu amante, meu marido e pai do meu filho. Eu te amo, Dr, Blythe, para sempre. - Gilbert a olhou um instante emocionado com suas palavras. O que mais ele poderia dizer para aquela mulher fenomenal ali na sua frente que dava o seu melhor para fazê-lo se sentir bem, mesmo depois de tudo que ele dissera para ela no dia anterior? Ele podia apenas demonstrar com seu coração como se sentia em relação a ela a cada minuto de seu dia. Deste modo, ele a enlaçou pela cintura, e a empurrou devagar até que Anne estivesse com as costas na parede atrás dela, e falou com a voz carregada de sensualidade:

- Você é que é incrível. E eu nunca conheci alguém que reunisse tantas qualidades juntas. Anne, você é tão inteligente, engraçada, sensível. - ele beijou a ponta do nariz dela, e depois deixou que suas mãos deslizassem pelo tecido fino da camisola, sentindo o calor da pele dela em seus dedos, e se aproximando do ouvido dela ele continuou:- E meu lado pervertido vai ter que dizer isso, você está gostosa demais nessa camisola, e vai ficar mais deliciosa sem ela. – antes que Anne pudesse responder, ele já tinha tirado seu robe e camisola juntos.

Instintivamente, ela rodeou a cintura dele com suas longas pernas, sentindo a excitação de Gilbert bem abaixo de sua intimidade coberta apenas por uma calcinha de seda fina. Ele prensou-a na parede enquanto beijava o pescoço dela, e Anne puxou a camisa dele com tanta força que arrancou alguns botões no processo, mas, sequer notou, pois estava louca para sentir a pele dele contra a sua, e assim, quando suas mãos puderam tocar o que tanto desejava, Anne deixou suas unhas arranhá-lo por todo o peito até o abdómen, ouvindo-o gemer contra o seu ouvido. Ela se moveu sobre ele, deixando-o louco, e ainda mais excitado, por isso, a carregou para o quarto, colocando-a na cama, e antes de se juntar a ela, Gilbert já estava completamente nu. A calcinha dela foi retirada em algum momento, e Anne só percebeu que não havia mais nenhuma peça de roupa a separá-los, quando sentiu Gilbert se acomodar entre suas coxas e o corpo dele inteiro pulsar contra o seu. Ela puxou-o para mais perto, seus lábios se chocando em um beijo que era mais quente que mil verões juntos. As mãos dele estavam em seus seios, deixando-os rígidos ao seu toque, e logo, a ruivinha arqueou o corpo, implorando por mais contato, e Gilbert lhe deu exatamente o que queria. Sua boca explorou cada curva que o enlouquecia com sua perfeição, maciez e sensualidade. Anne era a própria luxúria na qual ele mergulhava completamente envolvido pelo fogo dela, seus desejo e sua maneira de se entregar a ele sem censura.

Seus corpos se encaixaram perfeitamente e de um jeito louco que os estimulava ainda mais a ter e dar mais prazer um ao outro. Anne se ondulava toda cada vez que sentia os lábios de Gilbert tocá-la mais ousadamente, e ela o fez gemer muitas vezes ao esculpir cada músculo dele com suas mãos suaves. Não havia regras, nem limites, não havia segredos ou vontades ocultas. Eram apenas um homem e uma mulher em um ato de amor mais antigo do mundo. Eles sorriam entre beijos, sussurravam palavras ousadas aumentando assim seu grau de desejo que foi se tornando cada vez mais incontrolável quando se aproximavam de seu ápice, e Anne foi a primeira a chegar lá seguida por Gilbert que disse com seus olhos pregados nos dela:

- Eu te amo mais a cada segundo, e quero que reconheça em sua pele a força do que sinto por você. - ela sentiu cada fibra de seu corpo vibrar com aquelas palavras e se entregou finalmente àquela pressão em seu ventre que a fazia se mover cada vez mais rápido até alcançar o infinito maravilhoso de sua paixão por Gilbert voando com ele por todas as nuvens dos seus sentidos conquistados e satisfeitos pelo único homem capaz de fazê-la se sentir completamente amada de todas as formas possíveis,

Antes de adormecerem àquela noite, Anne acariciou a própria barriga, desejando que uma sementinha de Gilbert tivesse sido plantada ali, e logo pudesse crescer e se tornar o bebezinho que tanto queriam, e assim, ela se permitiu sonhar com outro par de olhos castanhos que não era do homem que amava, mas sim de uma outra parte dele que os uniria ainda mais naquele amor imenso que sempre brilharia no fundo de seus corações.

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