Anne with an e- Corações em j...

By RosanaAparecidaMande

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Anne Shirley Cuthbert foi abandonada ao nascer em um orfanato por sua mãe biológica, mas ela nunca deixou de... More

capítulo 1- Lembranças
capítulo 2- amores do passado
Capítulo 3- sentimentos escondidos
Capítulo 4- Duas almas e um destino
Capítulo 5- Lado a lado com o amor
Capítulo 6- Nestes olhos teus.
Capítulo 7 - Emoções em conflito
Capítulo 8- O amor entre nós
Capítulo 9- Chamas de uma paixão
Capítulo 10- Apenas você
Capítulo 11- Corações apaixonados
Capítulo 12- Esse sonho de amor
Capítulo 13- Quando o coração se apaixona
Capítulo 14- O sentimento que vive em mim
Capítulo 15- Combinação perfeita
Capítulo 16- O que nos separa
Capítulo 17- Revelações
Capítulo 18- Expectativas
Capítulo 19- O que nos une
Capítulo 20- Tudo o que eu quis
Capítulo 21- Tudo o que sonhei
Capítulo 22- Tudo o que somos
Capítulo 23- O que me pertence
Capítulo 24- O tempo é algo relativo
Capítulo 25- O amor que te ofereço
Capítulo 26- Pensamentos proibidos
Capítulo 27- Pensamentos e desejos
Part 28- Provando do pecado
Part 29- O Jogo do amor
Part 30- Caprichos do coração
Part 31- Segredos e Desejos
Capítulo 32- Flertando com o perigo
Capítulo 33- O inesperado
Capítulo 34- Revelando um segredo
Capítulo 35- O incêndio
Capítulo 36- Uma esperança
Capítulo 37- O incêndio parte 2
Capítulo 38- Paraíso particular
Capítulo 39- As duas faces do amor
Capítulo 40- Idas e Vindas
Part 41- O retorno
Capítulo 42- Tudo o que existe entre nós
Capítulo 43- Como no princípio
Capítulo 44- Feliz Aniversário
Capítulo 45- Uma grande surpresa
Capítulo 46- O perigo mora ao lado
Capítulo 47- O inimigo nas sombras
Part 48- Amor e dor
Capítulo 49- As verdades do coração
Capítulo 50- Almas divididas
Capítulo 51- Palavras não ditas.
Part 52- O jardim do Éden
Capítulo 53- Ps: Eu te amo.
Capítulo 54- Eterno amor
Capítulo 55- Sua força em mim
Capítulo 56- Um só coração
Capítulo 57- Sem Regras
Capítulo 58- Sussurros e juras de amor
Capítulo 59- Entre o céu e o inferno
Capítulo 60- Lar
Capítulo 61- A promessa de uma vida
Capítulo 62- Entre as estrelas
Capítulo 63- De corpo e alma
Capítulo 65- Ao cair da tarde
Capítulo 66- Vidas entrelaçadas
Capítulo 67- Amor imenso
Capítulo 68- Fogo
Comunicado
Capítulo 70- Sonhos perfeitos
Capítulo 72- Xeque Mate
Capítulo 73- Anjo Ruivo
Capítulo 74- Amor de diamante
Capítulo 75- Para sempre
Capítulo 76- Um Natal para relembrar
Capítulo 77- Tudo o que importa
Capítulo 78- Um grande novo ano
História Nova
Capítulo 79- A segurança dos seus braços
Capítulo 80- Can't take my eyes off you
Capítulo 81- Inesquecível amor
Capítulo 82- O casamento do ano
Capítulo 83- Lua de Mel Havaiana
Capítulo 84- Uma nova vida juntos
Capítulo 85- Inseguranças e Fragilidades
Capítulo 86- Ao nascer do sol
Capítulo 87- O caminho de volta
Capítulo 88- O ingrediente principal
Capítulo 89- Na alegria ou na tristeza.
Capítulo 90- O benefício da dúvida
Capítulo 91- Amor e mágoa
Capítulo 92- Impasse
Capítulo 93- Uma longa noite
Capítulo 94- Sob o mesmo céu
Capítulo 95- Juntos
Capítulo 96- A razão da minha felicidade
Capítulo 97- Alcançando as estrelas
Capítulo 98- Acerto de contas
Capítulo 99- A vida por um fio
Capítulo 100- Garota Extraordinária
Capítulo 101- Na dor
Capítulo 102- A beleza de Vênus
Capítulo 103- The way I love you
Capítulo 104- Reconstruindo sonhos
Capítulo 105- Amor de mãe
Capítulo 106- Um novo tempo
Capítulo 107- Entre a mágoa e o perdão
Capítulo 108- Redescobrindo o passado
Capítulo 109 - Universo particular
Capítulo 110 - Esposa perfeita
Capítulo 111- Paraíso na terra
Capítulo 112- Um futuro cheio de promessas
Capítulo 113- O perdão é a cura da alma
Capítulo 114 - Lucy
Epílogo
Agradecimentos
Prêmios

Capítulo 64- Desejo e castigo

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By RosanaAparecidaMande



Olá, pessoal. Estou conseguindo postar o capítulo mais cedo do nosso casal que está cada vez mais hot. Espero que ainda gostem da história o bastante para comentá-la e que não esteja muito cansativa por conta dos capítulos imensos que ando escrevendo. Bem. seu feedback é muito importante, porque quando os comentários ficam escassos, fico na dúvida se estão gostando o não, e isso me desanima um pouco, principalmente por conta do meu perfeccionismo exagerado. De qualquer forma, aqui está, para quem aprecia o casal Anne e Gilbert no século 21, mais moderninhos do que nunca. Muito obrigada. beijos. Rosana. Desculpem-me pelos erros ortográficos.


ANNE

Cavalgar nunca fora uma atividade que Anne realmente apreciasse quando menina, porque ela nunca conseguira conquistar a elegância de uma amazona para fazê-lo, além de achar extremamente desconfortável aquele trotar inconstante dos cavalos que a jogavam de um lado para outro deixando seu corpo extremamente dolorido no dia seguinte, porém, naquela manhã de domingo, ela estava inclinada a mudar de opinião a respeito daquele assunto, pois encontrara uma maneira prazerosa de participar de algo que seu noivo claramente amava fazer quando estava em sua fazenda, ou em lugares que lhe proporcionavam a oportunidade de estar em cima de um cavalo aproveitando de tudo que a natureza tinha a lhe oferecer.

Encostada no peito de Gilbert, enquanto suas mãos a seguravam firmemente pela cintura, enquanto faziam uma pequena excursão pelo hotel Fazenda em cima de um alazão de dois anos de idade, Anne sorria alegremente. Eles tinham concordado que cavalgariam assim em apenas um cavalo, depois de Anne ter tentando várias vezes naquela manhã montar em um, mas seu medo fora maior, e ela acabou desistindo.

Gilbert a olhara divertido enquanto ela bufava, seus olhos azuis escuros e intempestivos o fitavam em fúria, inconformada por não conseguir desempenhar algo tão simples, ao passo que ele não tivera nenhuma dificuldade em subir naquele cavalo, e parecia muito confortável em cima da sela do animal que escolhera para aquele passeio.

- Vem. – ele dissera, estendendo-lhe a mão, e Anne viu sua ira se desfazer ao se perder naquele sorriso brilhante que dançava no rosto maravilhoso de seu noivo, respondeu:

- Tem certeza de que quer me carregar o caminho todo?

- Nada me daria mais prazer do que tê-la comigo o tempo todo do passeio. - ele disse continuando a sorrir para ela do seu jeito charmoso.

- Eu posso ser pesada. - Anne disse fitando-o diretamente nos olhos castanhos caramelo.

- Eu acho que dou conta. - Gilbert riu dando-lhe uma piscada, que a fez sorrir e em seguida, ela segurou na mão dele, e com facilidade subiu no cavalo e se aninhou em seus braços.

Fazia exatamente meia hora que estavam assim, cavalgando juntos naquele lugar mágico e Anne estava adorando ter Gilbert como apoio contra seu corpo enquanto ela observava cada detalhe da paisagem local. De vez enquanto, ela arriscava uma olhada para ele, admirando-lhe a expressão relaxada e pensando o quanto ele parecia à vontade naquele cenário rural, tão diferente de sua realidade nova iorquina diária.

Gilbert podia ser um cirurgião talentoso, mas estava claro para ela, como Cole mesmo dissera a pouco tempo, que Gilbert tinha uma alma de fazendeiro, e Santo Deus! Como ele ficava atraente daquele jeito, os fios escuros caindo em sua testa, a calça jeans apertada, e aquela expressão indecifrável que a deixava curiosa por descobrir no que exatamente ele estava pensando. Anne pensara que não tinha como Gilbert surpreendê-la mais com sua beleza, e que já o tinha visto de todas as formas imagináveis, e então ela descobria mais uma nova para apreciar.

Ela estava tão imersa em seus pensamentos a respeito de seu noivo, que quase deu um pulo quando sentiu ele dizer próximo ao seu pescoço:

- O que está achando da vista, Srta. Cuthbert?

- Quer que eu minta ou seja extremamente sincera, Dr. Blythe? - ela disse apoiando ainda mais seu corpo sobre o dele.

- A sinceridade é sempre a melhor escolha, Srta. Cuthbert. - ele disse com seu hálito brincando em seu ouvido.

- Bom, do ponto de vista turístico, a vista de cima desse cavalo é incrivelmente prazerosa, Dr. Blythe. - Anne respondeu sugestiva.

- E do ponto de vista cultural? - Gilbert perguntou puxando o corpo dela contra o seu.

- Do ponto de vista cultural, o passeio está sendo bastante instrutivo. - ela respondeu descendo as mãos pela coxa musculosa que o jeans destacava ainda mais.

- Parece que tenho uma pequena provocadora em meus braços. – Gilbert disse, subindo as mãos da cintura para o abdômen de Anne coberto pela camisa jeans que ela vestira pela manhã.

- Eu tenho um excelente professor. - Anne respondeu olhando-o divertida.

Assim, ele a cavalgaram mais um pouco, e quando chegaram ao lago que tornava aquele pedaço de terra ainda mais encantador, Gilbert fez o cavalo parar, o prendeu em uma cerca, ajudou Anne a descer dele e disse, puxando-a para seus braços:

- Acho que podemos continuar nossa lição do dia.

A boca dele encontrou a sua em um espaço de um segundo, e ambos se entregaram a magia do momento se deliciando mutuamente com o sabor um do outro. Seus corpos se procuraram sem que eles tivessem sequer pensado nisso como se fossem atraídos pelo seu próprio calor. Anne sentiu Gilbert apertando-a contra si, e ela suspirou de prazer ao senti-lo tão perto, ao mesmo tempo em que se lamentava silenciosamente pela distância que suas roupas e o lugar se impunha entre eles.

Tocar a pele de Gilbert tinha-se tornado seu prazer mais proibido, assim como enroscar seu corpo no dele enquanto dormiam se tornara seu hábito diário. Tudo entre eles era intenso demais, e por isso, aquela troca de carinho que acontecia entre os dois naquela bela manhã de domingo era um de seus momentos mais especiais, pois era o amor sendo descrito por meio de beijos, era o desejo sendo desenhado em sua forma mais explícita, desafiando-os a resistir a atração gigantesca que puxava um de encontro ao outro.

Eles por fim se separaram, sendo derrotados pela falta de ar que os obrigou a desgrudarem seus lábios, mas, nem por isso pararam de se olhar. Hipnotizada pelos contornos incrivelmente bem feitos do rosto de seu noivo, Anne os traçava com as mãos, enquanto sorria para ele encantada.

- Amo o seu sorriso. - ela disse com os dedos nos lábios dele.

- E eu amo você. – Gilbert respondeu sem que seus olhos abandonassem os dela fazendo o peito de Anne gritar de felicidade sentindo como se fosse a primeira vez que Gilbert lhe fazia aquela declaração.

Ficaram nesse namoro jovial por alguns instantes, e então, puxando-a pela mão, Gilbert se sentou no chão, o corpo encostado no tronco de uma árvore, e ficou de frente para o lago com Anne entre seus braços.

- Esse lugar é realmente lindo. - Anne disse observando as águas claras que se agitavam minimamente dentro do lago, e as borboletas que pousavam docemente sobre alguns girassóis que se mantinham viçosos a sua margem.

- Sim. É um lugar realmente maravilhoso para se visitar. Obrigado por me proporcionar esse aniversário incrível. – Gilbert disse tocando-lhe o queixo com o polegar.

- Você merece, meu amor, por ser esse homem lindo, generoso e altruísta. Se eu pudesse de daria o mundo como presente. - Anne disse, observando a brisa balançar os cachos de Gilbert lhe dando aquele ar de garotinho sapeca que ela simplesmente achava adorável.

- Eu é quem deveria estar preocupado em dar-lhe o mundo. - Gilbert respondeu com grandes mechas dos cabelos de Anne entre seus dedos.

- Você já é o meu mundo. Eu não preciso de mais nada além disso. - Anne disse com.um sorriso apaixonado estampado em seus lábios. Ela nunca conseguia deixar de se derreter quando estavam assim nesse momento a dois. Era tão íntimo e aconchegante. Tudo ao seu redor podia deixar de existir que ela nem perceberia.

- Eu já te disse o quanto você é linda hoje. - Gilbert perguntou com as mãos em seu rosto.

- Não que eu me lembre. - Anne disse endireitando o corpo para vê-lo melhor. Gilbert a puxou para mais perto e disse:

- Você é a mulher mais linda que eu já conheci, excitante, toda macia, e muito sexy. – Ele disse com seus lábios se aproximando dos dela, enquanto Anne agarrava a gola de sua camisa e o puxava para ela.

- Eu poderia dizer o mesmo de você, doutor. Só acrescentaria uma coisa.

- O que? - Gilbert riu ao imaginar o que seria.

- Você fica mais gostoso a cada minuto que passa. - Anne respondeu beijando-o com vontade, no que foi correspondida prontamente.

Assim que se separaram, Gilbert deu-lhe um abraço aconchegante do qual ela não queria mais se soltar, e ficou desapontada quando ele deixou que ela ficasse livre de seus braços e voltasse a posição anterior.

Deste modo, eles ficaram em silêncio absortos pela paisagem, o som dos passarinhos que vez ou outra passavam por eles em uma sonora revoada, e depois se aquietavam entre os ramos das árvores que haviam por ali. Anne, então se lembrou da proposta de sua agente, e decidiu que aquele era o melhor momento para abordar o assunto.

- Gilbert, eu gostaria de te fazer uma pergunta.

- Uma pergunta? - Gilbert disse intrigado.

- Sim. Na verdade, é mais uma proposta. - Anne disse meio sem jeito.

- Que tipo de proposta? - Gilbert perguntou parecendo desconfiado, e Anne começou a se sentir desconfortável com a maneira penetrante que ele a estava olhando.

- Bem, este mês haverá uma campanha na agência na qual trabalho, e o tema envolve casamento. - Anne disse fazendo uma pausa para estudar o rosto de Gilbert que parecia impenetrável, contudo, decidiu ir até o fim já que tinha começado a falar. - Minha agente me pediu para te perguntar se você faria o ensaio comigo.

- Anne, você sabe o que penso sobre o assunto. - ele pareceu contrariado e ela ralhou consigo mesma por estragar o momento entre os dois, deixando-o chateado por conta de algo tão banal.

- Eu sei, amor. Eu disse isso a ela, mas, ela me disse que o dinheiro do cachê poderia ser doado ao hospital onde você trabalha. - Anne disse esperançosa. De repente, ela percebeu o quanto desejava que ele aceitasse. Não era pelo dinheiro, e nem pela campanha. Era simplesmente porque aquele tema tinha um significado especial para ela no momento, devido ao sonho que estava vivendo de casar com o homem de sua vida, e por isso, fazer aquele ensaio com Gilbert tornava tudo incrivelmente real a seus olhos. Talvez fosse algo tolo de se pensar ou desejar, mas para ela era importante. No entanto, ela não o confessaria a Gilbert, porque não queria que ele aceitasse apenas para agradá-la, queria que ele sentisse o mesmo prazer que ela sentiria em realizarem aquilo juntos.

- Isso me parece suborno, Anne. - Gilbert disse zangado.

- Não é suborno, Gilbert. É um convite, você pode aceitar ou não.- Anne disse começando a se chatear pela intransigência de seu noivo que estava transformando o que ela dissera em algo maior do que realmente era.

- Não, sua agente está tentando me convencer com essa conversar de doar o dinheiro para o hospital.

- É não seria bom? Eles poderiam usar o dinheiro para fazer alguma melhoria no hospital. - Anne disse casa vez mais aborrecida pelo tom que Gilbert usava para falar daquele assunto.

- Amor, ela poderia doar o dinheiro para o hospital sem usar minha imagem para isso. Eu sou um médico, e não modelo.

- Já entendi, Gilbert. Não precisa ficar bravo por causa de algo sem importância. – Anne disse deixando seu olhar se fixar no lago. Não queria que ele soubesse que a tinha magoado.

- Eu não estou bravo, Anne. Apenas estou defendendo meu ponto de vista.

- Não foi o que pareceu. - ela respondeu sem conseguir esconder seu aborrecimento.

- Anne, eu não quis te deixar chateada. Você sabe que respeito muito o seu trabalho, só acho que não devemos misturar as coisas. - Gilbert disse puxando o queixo dela para ele com o polegar.

- Podemos mudar de assunto? Não quero mais falar sobre isso. – ela disse se recusando a olhar para ele.

- Querida, olha para mim. Não fica magoada desse jeito. Só me diz uma coisa. Esse trabalho é importante para você? - ela pensou em confessar o que estava sentindo a respeito de fazerem o ensaio juntos, e como aquilo a deixaria feliz, mas seu orgulho falou mais alto e ela se limitou a dizer:

- Não, eu só achei que seria uma boa ideia para você conseguir um dinheiro extra para o hospital. - ela mentiu.

- Amor, acredite. Eles não precisam de mim para isso. - Anne apenas assentiu. De repente, ela se sentia cansada de discutir aquele assunto. Eles tinham vindo até ali para relaxarem, e em questão de segundos estavam discutindo por bobagens. Aquilo não fazia nenhum sentido.

Gilbert tentou beijá-la, mas Anne não cedeu, e o rapaz não insistiu, respeitando seu momento de contrariedade. Ele se levantou de onde estava, a puxou pela mão, e a levou para caminhar com ele, explorando um pouco mais a beleza natural do lugar. Quando voltaram para a fazenda, eles já conversavam normalmente, porém, Anne ainda não tinha voltado a sorrir para ele como no início da manhã, e Gilbert, sensível a todas as suas mudanças de humor tinha percebido isso com facilidade.

Por esta razão, ele tentara arrancar alguma gargalhada dela com suas histórias bem humoradas, mas não obteve o sucesso que desejara

Naquela noite, quando entrou no chuveiro para o banho, Anne ainda continuava chateada com a conversa que tiveram à tarde. Ela não queria que Gilbert se sentisse obrigado a fazer algo com o qual ele realmente não se sentia à vontade, mas, a maneira ríspida com a qual ele falara daquele trabalho com ela a deixara se sentindo péssima e magoada. Ele lhe dera a impressão que tudo era apenas questão de dinheiro e que estavam apenas querendo usá-lo para proveito próprio. Ela se lembrava de cada palavra que ele dissera, e embora, ele não tivesse sido explicitamente sincero, e nem mencionara o nome dela, Anne tivera a nítida impressão de que ele insinuara mesmo que sutilmente, que ela estava envolvida no convite, e isso a deixara muito zangada com ele.

Ela estendeu a mão e pegou o shampoo para lavar os cabelos, e então ouviu Gilbert dizer atrás dela:

- Deixe que eu faço isso. - em seguida, ele a encostou em seu peito, pegou com delicadeza o shampoo de suas mãos, e espalhou o líquido cheiroso pelo seu couro cabeludo, massageando-o indo até as pontas.

O toque dele em seus fios, a fez fechar os olhos e suspirar. Não era para ser nada sensual, mas tudo com Gilbert acabava se tornando assim. Eles começavam com algo inocente, e de repente, aquilo pegava fogo como se fosse fósforo sobre gasolina. Anne apertou os lábios tentando controlar seus suspiros, mas era difícil demais não sentir nada quando as mãos dele estavam sobre sua pele. Gilbert a virou de frente, e com a esponja de banho cheia de sabonete líquido ensaboou o corpo de Anne devagar como se ela fosse algo precioso que precisasse ser cuidado com todo carinho do mundo.

A ruivinha entendeu que era o jeito dele de lhe pedir desculpas pelo que dissera antes, mas, ela não estava muito disposta a fazer as pazes com ele naquele dia, pois estava se sentindo injustiçada por ele, assim ela resistiu o quanto pôde a masculinidade latente ali à sua frente, mas Gilbert sabia jogar com suas emoções, e não estava disposto a sair perdedor daquela vez. Assim, ele a encostou na parede do box do banheiro, e a prendeu com seu corpo quente, impedindo-a de escapar de seus braços. Os lábios dele estavam em seu pescoço, e com a ponta da língua ele traçava círculos por toda extensão da pele corada fazendo com que Anne se agarrasse a cintura dele para não cair, pois suas pernas estavam sem forças. Então, ela ouviu a voz dele em um tom baixo que a deixava arrepiada dizendo;

- Diz que me perdoa...- ela fechou os olhos, tentando controlar seu corpo que se movimentava sem que ela desejasse. Ela mentalmente ordenava a si mesma que não sentisse nada, que não correspondesses, que não deixasse Gilbert vencer sua raiva, porque ele não merecia que ela o desculpasse tão rápido. Ele foi mais longe, e desceu pelo seu colo até alcançar seus seios que se ofereciam para ele sem pudor quase como se implorassem para serem tocados, por aquelas mãos e lábios que sabiam bem o que fazer com eles. Gilbert acariciou seu seio direito, depois brincou com o esquerdo, e Anne tentou reprimir um gemido que escapou involuntário pelos seus lábios.

- Vamos, amor. Diz que me perdoa...- as mãos dele desceram por suas costas e pararam na linha do quadril, o qual ele fez questão de apertar contra os seus. Aquilo era uma tortura, Anne se sentiu derretendo, mais quente que a água do chuveiro que caía sobre os dois. Ela queria dizer não, sua cabeça dizia não, mas seus sentidos estavam sendo seduzidos pelo homem que brincava com sua pele como queria, deixando-a fraca, incapaz de pensar ou raciocinar. Anne sentiu cada parte de si latejar, gritando pelo homem a sua frente, querendo-o mais do que tudo, o desejo sendo maior que a mágoa que estava dentro dela. Ela sabia que não devia, lá no fundo, ela sabia que não podia, mas já tinha chegado no limite de sua resistência, e quando mais uma vez ele disse com a voz mais baixa ainda, quase um murmúrio, rouca, deliciosa;

- Diz que me perdoa, querida. - seu corpo respondeu por ela, e abandonando qualquer pensamento contrário, Anne enroscou suas pernas na cintura dele em um sim silencioso.

Eles estavam deitados na cama, horas depois de se amarem, famintos um pelo outro, e Anne se sentia tão saciada que não tinha vontade de sair daquela cama tão cedo. Gilbert brincava com os dedos de suas mãos, beijando um a um, entrelaçando-os nos seus, e logo, olhou para ela de seu jeito maroto de quem jogara e conseguira exatamente o que queria e perguntou:

- Então, eu estou perdoado?

- Talvez. - ela respondeu, e ele arqueou uma sobrancelha, olhando para ela interrogativamente:

- O que mais tenho que fazer para ser perdoado completamente? - - as mãos dele subiram pela coxa dela sugestivamente, e Anne as segurou impedindo que seguissem seu caminho.

- Vou pensar em um castigo apropriado. - ela sorriu divertida.

- E que tipo de castigo tem em mente? '

- Vou te deixar descobrir sozinho. - ela respondeu se aninhado nos braços fortes dele, sentindo o sono chegar devagar, e antes que adormecesse completamente, ela sentiu Gilbert beijar sua testa e dizer:

- Eu te amo.

- Eu também amo você.

Eles retornaram para casa na manhã de segunda-feira. O plantão de Gilbert começaria ao meio-dia, e Anne não teria sessão de fotos aquele dia, por isso ela resolveu organizar algumas coisas em seu armário, e continuar de ler um livro que tinha começado há algumas semanas, mas, ainda não tivera a oportunidade de terminar. Ela estava completamente entretida na leitura quando o seu telefone tocou, e ela sorriu com o prazer que sentiu ao ver que era Cole.

- E como foi o fim-de-semana especial? - ele perguntou com seu costumeiro humor irônico.

- Foi maravilhoso. - Anne respondeu. Apesar do pequeno desentendimento com Gilbert no dia anterior tudo tinha sido melhor que imaginara, e mesmo ainda um pouco magoada com ele, Anne não podia dizer que o dia não acabara de um jeito incrível.

- E minha encomenda, está a caminho? - Cole perguntou malicioso.

- Cole, você sabe que tomo pílula anticoncepcional, e além do mais, Gilbert e eu nos protegemos, portanto, sua encomenda ainda vai demorar um pouco.

- Não custa ter esperanças, não é? - ele continuou brincando, e Anne sorriu com pensando que o amigo seria um ótimo tio postiço para os filhos que teria com Gilbert.

- Um dia, não agora, você terá todos os sobrinhos que merece.

- Deus te ouça! - ele disse como se estivesse realmente em prece. - Desculpe-me a brincadeira, mas, te liguei por outro motivo. Eu tenho novidades sobre aquele nosso assunto que te disse que iria investigar.

- Você descobriu alguma coisa? - Anne de repente se sentiu tensa.

- Sim, mas, eu queria falar sobre isso pessoalmente. Posso ir até a sua casa?

- Sim. Hoje, estou de folga. - Anne respondeu sentindo sua tensão aumentar.

- Então, me espere que chego daqui a pouco.

- Está bem. – ela respondeu, desligando em seguida, respirando fundo e esperando por fim a chegada do amigo.

GILBERT

Gilbert fazia sua ronda diária no hospital, e enquanto andava pelos corredores movimentados àquela tarde, seus pensamentos viajavam de volta ao fim de semana adorável que tivera com Anne. Sua noiva era uma caixinha de surpresas, e o surpreendia a cada dia, ele nunca sabia o que ela estava planejando até ver com os seus próprios olhos. Monotonia não fazia parte do vocabulário de Anne, pois ela sempre parecia estar às voltas com alguma novidade, principalmente se fosse para deixá-lo maluco quando faziam amor.

Ela o provocava com seus olhares maliciosos, seu sorriso sedutor, e o jeito que reagia a cada toque seu. Ela era quente, apaixonada e sem pudor algum, muito embora, em alguns momentos quando não estavam sozinhos ela deixava vir à tona uma certa timidez incomum para quem tirava fotos e se exibia em trajes tão minúsculos que faria qualquer mulher comum corar. Porém, uma vez que Gilbert lhe perguntara sobre isso, Anne lhe explicara que quando estava em frente a uma câmera ela era apenas uma atriz representando o papel que era esperado dela, mas, assim que se despia das vestes de modelo, ela voltava a ser apenas Anne Shirley Cuthbert, a ruivinha que vivera em um orfanato até os nove anos e fora adotada por um casal de irmãos. Sua alma pertencia a Green Gables, e por isso, ela continuava sendo apenas uma camponesa simples que amava sua família e amigos acima de tudo. Ser modelo em uma agência importante não mudava a essência de quem ela era, e se tivesse que escolher entre o glamour e o anonimato, ela sempre preferiria a simplicidade.

E então, ele pensava, como não amar uma mulher assim? Que tinha o mundo em suas mãos, mas abdicava dele para viver ao lado de um simples cirurgião e fazendeiro de coração. Ela poderia ter o marido que quisesse, viver onde quisesse, ter mais fortunas do que Gilbert poderia um dia lhe dar, e ela ainda estava ali, provando-lhe seu amor todos os dias em que dividiam suas vidas dentro de um apartamento onde o sentimento de ambos se fortalecia a cada segundo. Anne não tinha amarras que a prendessem em lugar algum, seu espirito sempre fora livre, e pelos anos que Gilbert viera ao lado dela antes de Anne se mudar para Nova Iorque, ele sempre soubera que essa liberdade a levaria longe, e assim acontecera, e iria ainda mais longe se ela não tivesse cruzado com Gilbert e se apaixonado, e por isso, ele se perguntava se tinha o direito de podar as suas asas em um casamento que limitaria seus passos. Não que ele pretendesse impedi-la de fazer o que quer que fosse, mas, ele conhecia sua ruivinha, e sabia que uma vez que ela estivesse inserida em uma vida familiar, ela deixaria todos os seus outros sonhos de lado para ser a melhor esposa e mãe que pudesse ser. Ele não achava justo que um cérebro tão primoroso e criativo deixasse de voar cada vez mais alto, ao mesmo tempo, ele sabia que era egoísta o bastante para não deixar que ela o fizesse sozinha. Ele queria que ela continuasse trilhando o caminho do sucesso desde que ele pudesse estar com ela a cada passo.

Amar alguém da maneira como amava Anne o ensinara tanta coisa. Ele sempre fora um homem de princípios, mas, sempre vivera para si mesmo. Talvez porque depois da morte de seu pai, ele tivera que se acostumar com uma vida de uma pessoa só, depois, de ter vivido anos ao lado daquele homem que fora um exemplo de ser humano para ele, e partilhar seu espaço, seus sentimentos e emoções se tornou um ato quase impossível para ele, e nem mesmo com Sarah ele fora capaz de se abrir de verdade. No entanto, bastou Anne entrar de novo em sua vida para lançar sobre ele uma espécie de luz encantada que o fizera sair das sombras e deixar que seu coração fosse exposto de um jeito que nunca fora antes, e assim, ele descobrira que o fardo se tornava menor e a alegria maior se pudesse ser dividida com quem se ama, e Anne fora a pessoa que o transformara dessa maneira, e por isso, ela se tornara a inspiração de sua vida.

- Dr. Blythe? - ele ergueu o olhar para a senhora simpática deitada em seu leito de hospital, deixando suas divagações um pouco de lado para ouvir o que ela tinha a lhe dizer.

- Sim, Sra. Smith?

- O senhor parece radiante hoje. Teve um bom fim de semana?

- Tive sim, obrigado. - ele respondeu sorrindo. Ela sempre reparava em seus estados de humor, e comentava todos eles. A Sra. Smith era uma pessoa adorável, e Gilbert imaginava que se sua mãe tivesse tido uma personalidade como a dela, ele simplesmente teria amado.

- Está com cara de apaixonado. Desculpe-me perguntar, mas, o senhor tem namorada?

- Na verdade, eu tenho uma noiva. - ele disse orgulhoso.

- É mesmo? Quantos anos o senhor tem?

- Acabo de fazer vinte e cinco.

- Ainda tão jovem. Conte-me como é sua noiva. - ela quis saber.

- Eu vou mostrar a senhora uma foto, pois qualquer descrição minha não fará jus a sua real beleza. - ele pegou seu celular, e encontrei a foto que mais amava de Anne, e então a mostrou à sua paciente que a olhou encantada.

- Como ela é linda! Um verdadeiro anjo, Dr. Blythe.

- Sim, ela é meu anjo ruivo. - ele disse sorrindo um tanto sonhador.

- Vocês vão se casar logo? - a boa senhora perguntou.

- O mais rápido possível. - ele disse medindo-lhe a pressão arterial e depois checando-lhe os batimentos cardíacos.

- Ah, o senhor me lembra tanto o meu George. Tão bonito e inteligente. O senhor acredita que vamos comemorar cinquenta anos de casados no próximo mês? E depois de todo esse tempo, eu ainda sinto meu coração bater mais forte toda vez que o vejo. Ele sempre foi o meu único e verdadeiro amor. - ela lhe contou com os olhos brilhando, e Gilbert se sentiu tocado por aquela história tão linda. Era assim que ele imaginava que seu amor e de Anne seria, tão forte que sobreviveria ao tempo, pois em seu coração ele sabia que os anos poderiam passar, mas, ele sempre sentiria por ela o que sentiu a primeira vez que a viu chegando em Green Gables, completamente e eternamente apaixonado.

- Bem. Sra. Smith. Tenho boas notícias. Sua pressão já está normal. E sua diabetes está controlada. Espero que a senhora escute minhas orientações dessa vez e siga a dieta que recomendei. - Gilbert disse tomando de volta sua postura de médico sério que tinha abandonado um pouquinho ao começar a falar com sua paciente sobre Anne. Ele gostava desse contato informal, que além de aproximá-lo de seus pacientes, também mudava a visão deles de que médicos eram como deuses inatingíveis. A interação amigável entre médico e paciente era muito importante, porque os deixava mais à vontade para falarem sobre si mesmos e sobre suas doenças de maneira mais natural. Gilbert sabia que por trás de cada uma daquelas pessoas a quem ele visitava todos os dias em diversas alas do hospital tinham uma história por trás de seus prontuários médicos, e saber um pouco sobre elas, lhe dava uma ideia exata sobre a razão de seus comportamentos em relação ao tratamento ao qual eram submetidas, e isso de alguma forma as aproximava de uma cura possível.

- Minha Júlia está lhe dando um pouco de trabalho, doutor? - Gilbert se virou para ver quem acabava de entrar naquele quarto, e deu de cara com um homem baixo, de cabelos escuros e grisalhos nas têmporas, usando óculos de graus e dono de um sorriso simpático, e pela maneira como a Sra. Smith o olhava, Gilbert teve certeza de que era seu marido

- Na verdade, ela não tem dado nenhum trabalho. É uma paciente muito obediente e simpática. – Gilbert disse também sorrindo.

- E quando ela poderá ir para casa? - ele perguntou parecendo ansioso, enquanto segurava na mão de sua esposa com carinho.

- Vou mantê-la aqui por mais uma noite, e poderá ter alta amanhã. A única coisa é que ela deve cuidar melhor de sua dieta a qual andou negligenciando. Isso é muito importante para o controle de sua pressão arterial e diabetes.

- Pode deixar. Eu mesmo vou cuidar da dieta dela pessoalmente. - ele respondeu, abraçando-a pelo ombro enquanto a Sra. Smith o olhava com adoração.

- Bem, vou deixá-los a sós para que tenham um pouco mais de privacidade. - Gilbert disse, recolhendo seu estetoscópio, e se preparando para sair do quarto.

- Obrigada, Dr. Blythe. - a Sra. Smith lhe disse.

- Por nada, querida. - o jovem médico respondeu, deixando-a em companhia de seu marido e voltando para o seu consultório.

Ele se serviu de um pouco de café e se sentou em sua mesa pensando em Anne. Ela ainda estava chateada com ele, apesar de todos o seu empenho da noite anterior em fazê-la perdoá-lo. Ela preparara um fim de semana fantástico para ele, e Gilbert acabara aborrecendo-a sem querer. Ele precisava fazer alguma coisa para se redimir de uma forma melhor com ela, pois não queria que nenhum mal-entendido ficasse entre os dois, e acabasse estragando aquele relacionamento intenso que estavam experimentando, depois de tanto tempo vivendo às turras.

Gilbert conseguia admitir que fora injusto com ela, e descarregara seu aborrecimento em cima dela sem razão. O convite de posar para as fotos não partira dela, e sim de sua agente, mas, ele falara com sua noiva como se ela tivesse participação ativa nisso quando na verdade ela somente lhe passara um recado. Ele detestava a sensação e que estava sendo manipulado por algum motivo, e naquele caso era isso que acontecera, pois a seus olhos, a agente de Anne queria de alguma forma convencê-lo a posara para uma campanha com a qual ela teria muito lucro com certeza se ele aceitasse. Que ela quisesse usar a imagem de Anne para isso não era nenhum problema, porque sua noiva trabalhava para isso, porém, ele era apenas um médico, e não via sentido em posar como modelo para trabalho de agência nenhuma. A ideia lhe parecia sem propósito nenhum, por isso ele ficara irritado e acabara descontando em Anne que se ofendera muito com o que ele fizera.

O que precisava fazer para que ela esquecesse aquele assunto e o perdoasse? Ele não gostava daquela sensação de que a tinha decepcionado mais uma vez. Quem sabe se ele preparasse um jantar especial a dois, ela pudesse voltar a sorrir para ele sem aquela frieza no olhar com o qual o fitara naquela manhã. Ele sabia que ela tinha razão, que a culpa daquele desentendimento tinha sido dele, pois pisara feio na bola com ela, por isso, daria um jeito de consertar aquilo o mais rápido possível.

Seus pensamentos foram interrompidos pelo toque de seu celular, e quando o atendeu foi surpreendido pela voz de Sarah do outro lado da linha:

Boa tarde, Gilbert. - a voz dela parecia bastante cansada, mas, de alguma forma soava feliz ao seus ouvidos.

- Boa tarde, Sarah. Como está a viagem? Já está retornando? - ele perguntou ansioso.

- Em três semanas, ainda há tanto para ver. – Sarah estava animada, Gilbert podia sentir, mas, mesmo assim se preocupava por ela estar se esforçando tanto no estágio final de sua doença.

- Como está se sentindo? Não está se esforçando demais, Sarah?

- Não se preocupe, eu estou bem, e garanto que estou tomando a medicação que me passou direitinho. A viagem está maravilhosa, Gilbert. Portugal é um lugar lindo. Você iria gostar de estar aqui. - Sarah parecia mesmo estar bem, mas, Gilbert sabia o quão enganoso aquilo poderia ser.

- Talvez eu visite Portugal um dia com Anne. Eu tenho uma novidade. Nós vamos nos casar. - ele disse alegre, e a ouviu vibrara do outro lado com a notícia.

- É mesmo, que incrível, Gilbert. E para quando é o casamento.? - ela perguntou curiosa.

- Em seis meses. - ele respondeu sentindo a voz dela murchar um pouquinho com a notícia.

- Que pena. Queria muito assistir a cerimônia, mas, talvez eu não tenha tempo. - ao ouvir as palavras tristonhas dela, Gilbert sentiu uma fisgada em seu coração. Ele evitava pensar na morte de Sarah, mesmo sabendo que poderia acontecer a qualquer momento. Era algo idiota de se fazer, dada as circunstâncias, mas, não conseguia evitar de agir assim. Ele precisava de alguma forma lidar com aquela perda antes mesmo que acontecesse, ou ele não seria mais grande coisa como médico. Em uma situação assim, todos sofriam, porque envolvia sentimentos humanos difíceis de lidar. Ninguém estava preparado para perder, por mais que o espírito fosse condicionado a isso no minuto que cada pessoa nascia. Contudo, isso era sempre esperado para bem mais tarde, e ele desejava que fosse proibido se despedir de alguém ainda tão jovem, mas, não havia como modificar as leis da evolução humana ou o destino de alguém.

Perder Sarah iria ser doloroso como fora com seu pai, e por isso, ele não queria pensar naquilo antes de acontecer, porque lhe era mais fácil imaginar que um milagre poderia de repente mudar o destino injusto de sua amiga, e fazê-la viver naquela terra por muito mais tempo do que ele previra. Era uma esperança vã, mas, que mal faria se ele pudesse sonhar com aquela possibilidade?

- Não devia falar assim, Sarah, quem sabe o que pode acontecer?

- Não tente me dar esperanças quando nós dois sabemos que ela não existe mais. Eu não quero me desgastar com isso, pois meu tempo está acabando, e quero aproveitá-lo ao máximo possível. Aceite o inevitável, Dr. Blythe e pare de brincar de Deus, achando que pode salvar todo mundo. - ela parecia ter ficado alterada com o que ele dissera, e por isso, ele começou a dizer:

- Sarah, eu sinto muito. Não quis aborrecê-la.

- Você não aborreceu. Eu sei que tem dificuldade de lidar com suas perdas pessoais, mas, tem que parar de sofrer demais toda vez que isso acontece. Como médico, você deveria ser o primeiro a entender isso.

- Eu não sei como fazer isso. - ele disse angustiado.

- Então aprenda. Não existe meio termo nessa situação, e quando, mais cedo compreender isso, mais fácil será me deixar partir. - ela disse com a voz firme.

- Está bem. Vou tentar ser mais racional nesse caso, mas, confesso que não será fácil.

- Apenas respire, e viva um dia de cada vez. Não é isso que costuma dizer aos seus pacientes? - Sarah disse e Gilbert ficou surpreso por ela se lembrar daquilo. Era uma frase que sempre usava quando um paciente em tratamento lhe dizia que não conseguia superar sua doença ou seguir alguma prescrição que ele tivesse passado. Mas, naquele caso era mais fácil dizer do que fazer

- Prometo que vou tentar.

- Tentar não é o bastante, me diga que vai superar qualquer obstáculo sentimental que o impeça de seguir em frente quando eu não estiver mais aqui. Somos amigos, Gilbert, e eu o amo, não quero que sofra por mim. Não seria justo.

Tudo bem, Sarah. – Aquilo foi a única coisa que conseguir dizer.

-= Agora preciso desligar. Mamãe está me esperando para o chá da tarde. -Ela disse antes de se despedir.

- Claro. Se divertia em Portugal por mim. - Gilbert disse tentando parecer alegre. Não queria deixar que Sarah visse o quanto aquela conversa o abalara.

- Pode deixar. - ela disse finalmente desligando.

Gilbert ficou em silêncio por alguns instantes, tentando afastar a sensação de perda que aquela conversa deixara na boca de seu estômago. Estava na hora de desapegar, ele sabia, mas como se fazia isso?

Deixando aqueles pensamentos pesados de lado, ele resolveu fazer uma pausa para o seu café, do qual ele retornaria meia hora depois quando seu expediente começaria novamente. Assim, ele tirou o seu jaleco deixando-o no braço de uma cadeira, saiu do consultório fechando a porta atrás de si.

-

ANNE E GILBERT

Anne caminhava pelo apartamento impaciente esperando por Cole. Ele lhe dissera que tinha novidades sobre suas investigações, e depois disso ela não conseguira mais se concentrar em nada. Estava tensa, e com medo, e essa sensação desagradável a fazia sentir um frio interno que a congelada por dentro.

A ruivinha foi até a janela observando o movimento calmo das pessoas que andavam por ali, e tudo parecia normal. Nenhuma presença suspeita chamou sua atenção, e isso a fez respirar com mais facilidade, mas, não diminuiu o bolo que havia em seu estômago e nem a dor de cabeça que começara incomodar suas têmporas.

.Ela foi até a cozinha e tomou um copo de água, desejando que tivesse feito chá de hortelã quando chegara de viagem, pois o líquido adocicado sempre acalmava os seus nervos . Ela estava aprendendo com Gilbert a consumir menos açúcar, mas naquele instante tinha uma necessidade extrema de quilos de glicose em sua corrente sanguínea para aguentar aquela espera, e com certeza, o que o amigo tinha a lhe dizer.

A campainha tocando a fez pular assustada, e correu para atender, tentando manter a mão firme enquanto girava a maçaneta da poeta, para por fim encontrar Cole do outro lado esperando por ela. Ela o convidou para entrar, e assim que o amigo se acomodou na sala, ela perguntou:

- E então Cole. O que descobriu de tão importante que tinha que me contar? - ela segurou as duas mãos juntas enquanto esperava pela resposta dele.

- Bem, o que tenho a contar é o que averiguei de fontes seguras. O que sabe sobre a tal Monique, Anne? - ele perguntou calmamente, cruzando as pernas e segurando os joelhos com as mãos.

- Eu sei que ela é uma atriz muito conhecida, e que tem feito muito sucesso com seus trabalhos nos últimos anos.

- E onde a conheceu?

- Em uma corrida de cavalo com Francesco. Eu estava sentada sozinha esperando por uma bebida que Francesco tinha ido comprar para mim, e então, ela se aproximou e se apresentou.

- E você não tem nenhuma suspeita do por que ela fez isso?

- De fato eu estranhei um pouco, principalmente quando ela me disse algumas coisas nada agradáveis sobre Francesco. Não foram acusações explícitas, mas insinuações sutis que me fizeram desconfiar dele por um bom tempo. Por que? - aquele interrogatório de Cole estava lhe dando nos nervos.

- O que tenho a lhe contar é o seguinte. Monique e Francesco tiveram um compromisso por mais ou menos dois anos, e todos pensavam que ambos iriam se casar, mas sem um motivo aparente eles romperam, e pelo que me contaram foi por iniciativa dele. A moça ficou bastante arrasada e sumiu por um bom tempo da mídia. Parece que viajou para longe ou alguma coisa parecida, e somente voltou a aparecer quase dois anos depois e retomou a carreira que tinha abandonado com o fim do romance. - Anne ficou chocada com as informações que acabara de ouvir de Cole, nunca poderia imaginar que Monique e Francesco tivessem tido algo no passado. A moça nunca mostrara nenhuma simpatia pelo ex-noivo de Anne, e agora ela sabia o motivo. Pelo que Cole lhe contara, ela imaginava que Francesco magoara a moça. Por quais motivos, Anne não teria como saber, mas, o que tudo aquilo tinha a ver com as ameaças que vinha recebendo? Não fazia sentido nenhum. Quando fez essa pergunta a Cole, ele respondeu:

- Se tem alguma ligação eu não sei, mas, você não acha estranho que essa moça tenha se aproximado de você do nada? Justamente quando você era noiva de Francesco?

- Você está 'pensando que ela é a autora das ameaças? - por mais que tudo aquilo fosse estranho, Anne não conseguia imaginar Monique naquele papel, embora pudesse se lembrar bem de todas as vezes em que se encontraram de maneira estranha, ainda assim não podia acreditar nisso.

- Eu ainda não sei, mas, pode ser que ela tenha se enfurecido por você estar noiva do homem que ela amou por tanto tempo. - Cole disse dando de ombro.

- Cole, mas, eu não sou mais noiva de Francesco e todo mundo sabe disso, então, por que as ameaças ainda continuam? – Anne parecia confusa enquanto olhava para Cole esperando que ele pudesse lhe explicar o que tudo aquilo significava.

- Eu não sei como responder a essa pergunta, Anne, mas, juro que vou descobrir. - Cole garantiu à amiga.

- E onde Billy Andrews entra nisso tudo? - Anne perguntou, sentindo um arrepio desagradável em sua nuca ao pronunciar aquele nome cujo dono era tão nojento quanto ele.

- São muitas peças soltas para que eu possa encaixar nesse quebra cabeça, mas, eu vou conseguir fazer isso em breve. – Cole prometeu. Anne apenas balançou a cabeça concordando. Aquela história estava cada vez mais confusa, e toda aquela conversa a deixara inquieta, e tinha certeza de que não conseguiria dormi. Gilbert passaria a noite no hospital por conta de seu plantão, o que somente piorava a situação. Ela precisava dele ali do seu lado para mantê-la calma, para mantê-la no controle de si mesma, para ajudá-la a fugir do fantasmas em seus pensamentos que a faziam tremer de medo, mas, Gilbert não estava ali para segurar em sua mão e dizer que tudo iria ficar bem, portanto, ela teria que achar um jeito de se manter bem por conta própria.

Anne se remexeu a noite inteira na cama, sua cabeça não parava de remoer tudo o que Cole havia lhe contado sobre Monique e Francesco, ainda assim ela não via ligação entre aquilo e as ameaças que vinha sofrendo, porém Cole disse que continuaria investigando, então, a única coisa que lhe restava era esperar. A manhã veio encontrá-la cansada, depois da noite mal dormida e agitada que tivera, e um leve sentimento de ansiedade tomava conta de seu peito. Ela tomou banho, se vestiu rapidamente e tomou apenas uma xícara de chá, pois estava nervosa demais para comer qualquer coisa.

Logo, ela saiu para o trabalho, e a velha paranoia de sentir que estava sendo observada tomou conta dela, e assim que o táxi chegou, ela se escondeu dentro dele como se estivesse sendo perseguida pelas sombras. Assim que chegou no trabalho, sua agente veio falar com ela sobre a proposta que fizera a Gilbert e Anne respondeu:

- Gilbert pediu para agradecer, mas, realmente, ele não se sente bem em posar para fotos como modelo. - Anne disse sorrindo sem jeito, e sua agente respondeu:

- Que pena, querida. Eu estava contando tanto com vocês dois para essa campanha. Bem, não podemos ter tudo o que queremos, não é? De qualquer forma, eu já acertei sua participação na campanha, e como ainda não tinha uma resposta concreta de seu noivo, eu chamei vários modelos aqui hoje para fazerem par com você. Faremos várias fotos, analisaremos cada uma delas, e depois escolheremos o melhor modelo para esse trabalho.

- Está bem. - Anne concordou não se sentindo muito animada. Em parte por causa de sua mente ocupada demais com preocupações urgentes, e também por que depois que Gilbert se recusara a fotografar com ela, a magia que a envolvia desde que sua agente falara sobre a campanha tinha perdido totalmente o brilho, e se tornara mais uma obrigação do que um prazer fazer aquelas fotos. Mas, como era uma profissional responsável, ela daria o melhor de si para que a campanha fosse um sucesso, mesmo que dentro de si, não se importasse em absoluto com isso.

- Vou te explicar como faremos. A campanha será dividida em três partes. Primeiro vamos fotografar você e seu par no momento em que o rapaz pede sua mão em noivado, e daremos destaque às alianças. Segundo, faremos fotos de vocês vestidos para o casamento, focando nas vestimentas, e por último vocês serão fotografados na lua de mel, mais precisamente em uma praia paradisíaca imaginária, cujo elemento principal será as roupas de banho. - Anne prestou atenção em cada palavra, tentando imaginar em sua cabeça toda a cena, e quais poses seriam mais adequadas para o cenário descrito por sua agente.

Em seguida, seu trabalho começou, e antes de cada sessão, ela era apresentada aos modelos que seriam seu par como o noivo. Assim, nas três horas seguintes, ela trabalhou arduamente, trocando de roupas várias vezes, e fazendo milhares de poses diferentes. Por fim, a última sessão de fotos chegou, e quando ela foi apresentada ao último modelo daquela série, sua sobrancelha se arqueou em surpresa ao observar o rapaz atlético à sua frente.

- Peter! - ela disse sem querer

- Olá, baby. - como ela odiava aquele apelido, principalmente por sair dos lábios daquele rapaz arrogante. Anne se lembrava bem de quando o conhecera aos dezoito anos em um outro trabalho com aquele. Naquele tempo ainda era uma garota ingênua, inserida em um mundo novo do qual não conhecia quase nada, e fora presa fácil para aquele rapaz atraente que se aproximara dela com uma única intenção que ela não soubera qual era a princípio, mas, que quando descobrira se sentira terrivelmente humilhada. Ele apostara com alguns amigos que a cortejaria, sairia com ela e seria o primeiro rapaz a levá-la para cama. Fora dessa maneira cruel que descobrira que sua virgindade tinha se tornado um desafio para rapazes inconsequentes como Peter, que consideravam um troféu a primeira vez de uma garota ruiva, e tímida, vinda de um vilarejo provinciano que sabia muito pouco da vida libertina que eles levavam em Nova Iorque, Marylin a salvara daquele constrangimento quando descobrira as reais intenções de Peter e contara a Anne o que ele pretendia. A ruivinha terminara o namoro que mal tinha começado, no instante em que soubera daquela infâmia, e nunca mais falara com o rapaz, prometendo a si mesma nunca mais acreditar na lábia de homens bonitos como ele. E observando- o naquele instante, ela podia ver claramente que ele continuava atraente. Seus cabelos muito loiros, e seus olhos verdes faziam um lindo contraste com sua pele bronzeada e corpo musculoso, porém, por mais bonito que ele fosse, Peter não chegava aos pés de Gilbert, pois nem seu sorriso infantil tinha o charme que seu noivo esbanjava de sobra, e nem o corpo masculino que o rapaz tinha tanto orgulho em exibir tinha metade da beleza que o corpo forte e moreno de Gilbert possuía. Anne estava feliz por perceber que ela se tornara imune a rapazes cafajestes como aquele que usavam seu carisma para seduzir mocinhas desavisadas e deslumbradas por sua masculinidade. Gilbert a curara para sempre desse mal. Pois ao se apaixonar por um homem de verdade, ela descobrira que todos os outros perderam o encanto para ela.

- Olá Peter. - ela respondeu, educadamente, encerrando a conversa por ali.

Infelizmente teria que suportar a presença daquele rapaz de ego inflamado por mais de uma hora, mas, esperava que ele fosse tão profissional quanto ela para que terminassem logo aquele trabalho que de repente se tornara algo totalmente indesejado e inapropriado pra Anne.

Naquele instante, Gilbert chegava em casa cansado demais e morrendo de vontade de tomar um banho e um a xícara de café quente. Assim que abriu a porta, ele foi para o quarto, pois imaginava que àquela hora Anne ainda estaria dormindo, e queria surpreendê-la, despertando-a com seus beijos. Contudo, assim que adentrou pela porta que estava apenas encostada, descobriu desapontado que a cama estava vazia, e que ela tinha ido para o trabalho mais cedo por meio de um bilhete deixado sobre o criado mudo. O bilhete também lhe avisava a hora que ela terminaria suas sessões de foto, e pelos cálculos de Gilbert isso aconteceria em mais ou menos uma hora.

Por esta razão, ele tomou uma ducha rápida, se vestiu com roupas casuais e engoliu uma xícara de café preto sem açúcar para espantar a sonolência da noite em claro que passara trabalhando, e saíra novamente para buscar Anne no trabalho

Como da outra vez, ele fora recepcionado pela atendente simpática e de sorriso largo. No momento em que o viu, ela o olhou fixamente e disse:

- Bom dia, Dr. Blythe. A Anne está no estúdio cinco hoje.

- Obrigado. - Gilbert disse, e enquanto caminhava para a escada, ele sorriu ao ouvi-la dizer baixinho "Que homem, meu Deus".

Logo que ele colocou os pés no estúdio de fotos, a primeira coisa que viu foi um rapaz loiro agarrado a cintura de sua noiva que vestia um biquíni azul bastante revelador. Uma veia começou a pulsar em sua têmpora, denunciando sua contrariedade com a cena, e se tornou maior ao ver o rapaz deslizar uma mão sutilmente pela coxa de Anne. O ciúme chegou queimando em seu íntimo, fazendo os olhos de Gilbert brilharem perigosamente enquanto ele fechava suas mãos em punho ao lado do corpo, tentando  controlar a raiva que estava apertando sua garganta. A gota d'água foi quando ele ouviu o fotografo dizer:

- Ok, Anne. Por favor, agora você deve virar de frente para Peter, colocar seus braços ao redor do pescoço dele, enquanto você, Peter  segura na cintura dela. Se olhem como se realmente tivessem apaixonados um pelo outro para que o efeito da foto fique melhor.

Anne fez exatamente o que o rapaz pedira, e Gilbert sentiu ganas de socar o modelo que tocava a cintura de sua garota, e tinha o olhar fixo nos lábios dela como se fosse beijá-la. Foi naquele instante que ele percebeu que tinha que tomar uma atitude se não quisesse morrer de raiva até o fim da sessão de fotos. Não importava que aquilo fosse uma encenação. Ele iria acabar com aquilo naquele exato momento.

Somente nos minutos finais foi que Anne percebeu a presença de Gilbert no estúdio, e franziu a testa quando o viu conversando com sua agente e apertando a mão ela como se selassem um acordo. Ela saiu do cenário das fotos sem sequer olhar para Peter que abrira a boca como se fosse lhe falar algo, vestiu um robe sobre o biquíni, e caminhou em direção a Gilbert ainda intrigada pela cena que vira momentos antes.

- Você não me avisou que vinha. Pensei que a essa hora estaria em casa dormindo.

- Por que? Não gostou da surpresa? - ele disse em um tom seco que Anne não entendeu.

- O que foi, Gil? Está de mau humor? – ela lhe examinou as feições para tentar entender o que estava se passando e descobrir a procedência de sua carranca.

- Estou apenas cansado, não é nada demais. Você já terminou aqui? - ele perguntou mudando rapidamente de assunto.

- Sim, vou apenas me trocar e podemos ir para casa.

- Tudo bem, eu te espero. - ele disse beijando-a de leve nos lábios, observando sobre o ombro dela que o tal modelo atrevido da sessão de fotos não tirava o olho de Anne.

A ruivinha deixou Gilbert por um momento, vestiu o mesmo jeans e camiseta com os quais chegara ali pela manhã, e voltou quase que imediatamente para perto de Gilbert, que colocou suas mãos na cintura dela e a guiou para a porta da saída. No caminho, encontraram a agente de Anne que lhe disse:

- Nos vemos na sexta-feira, Dr. Blythe. Tenha um bom dia.

- Obrigado. - Gilbert respondeu enquanto Anne perguntava:

- O que vai acontecer sexta-feira?

- Eu te explico no caminho. - ele respondeu evasivo, deixando-a mais curiosa.

Eles entraram no carro, e Anne, sentindo que não aguentaria segura e a pergunta que queimava sua garganta, ela disse logo.

- Não vai me contar o que estava combinando tão alegremente com minha agente?

- Você, não pode esperar até que cheguemos em casa para discutirmos sobre isso? - ele disse sério e Anne se irritou com o tom de voz seco que ele estava usando naquele dia para falar com ela. -

- Não, eu não posso esperar, por isso quero que me diga agora o que está aprontando sem meu consentimento. - ela perguntou no mesmo tom.

- Está bem, já que está tão curiosa eu vou te dizer. -ele respondeu fazendo uma curva com cuidado, e depois olhou para Anne e respondeu:

- Resolvi fazer o ensaio com você.

- O quê? - ela perguntou achando que não tinha ouvido muito bem o que ele acabar a devo lhe dizer.

- Eu disse que vou fazer as fotos com você. – ele repetiu impaciente

- O que te fez mudar de ideia? - Ela perguntou intrigada enquanto observava Gilbert girar a direção do carro com habilidade.

- Nada. Me deu vontade de fazer as fotos. - ele disse sem encará-la, e Anne balançou a cabeça incrédula. - Quem era o cara que estava fazendo as fotos com você? 

- O nome dele é Peter. Por que?- Anne perguntou com cautela.

- Só curiosidade. Vocês pareciam ter tanta intimidade que achei que já se conheciam a bastante tempo. - Gilbert disse tentando mascarar seu interesse naquele assunto, ainda morrendo de ciúmes do rapaz que vira fotografando com Anne.

- De fato nos conhecemos a bastante tempo. - Anne respondeu tentando descobrir onde Gilbert queria chegar com aquela conversa.

- E vocês se conhecem de onde? - Outra pergunta direta, a mente de Anne já começara a trabalhar nas hipóteses sobre o interesse de Gilbert naquele assunto.

- Fizemos alguns trabalhos juntos e quase namoramos. - ela respondeu para testar uma ideia que se formara na cabeça dela.

- Quase ou namoraram de verdade? - Anne começou a rir por dentro, ao ver que estava descobrindo a resposta que esperava para provar o que estava pensando. O maxilar de Gilbert estava travado, evidenciando seu aborrecimento, e Anne estava achando uma delícia tortura-lo um pouquinho.

- Tivemos alguns encontros casuais.

- Só isso? - Gilbert apertou as mãos no volante e Anne soube que ele estava realmente com ciúmes.

- Por que o interrogatório, Gilbert? - ela perguntou e ele respondeu:

- Não é um interrogatório. Eu só quero conhecer um pouco mais sobre sua vida de antes como modelo.

- Que desculpa ruim, Dr. Blythe. Por que não diz logo que está com ciúmes? - ela disse divertida.

- Isso não é verdade. - ele tentou disfarçar, porém seu rosto o denunciou fazendo Anne gargalhar. Ela não disse mais nada até chegarem no apartamento. Uma vez lá dentro, ela encarou Gilbert e disse:

- Eu não acredito que você aceitou fazer as fotos por ciúme, Gilbert.

- E se for? – Gilbert perguntou olhando-a em desafio. -

- Eu acho isso fofo. - ela disse se aproximando dele.- Lembre-me de usar essa tática quando quiser tirar algo de você. - ela disse mais uma vez brincando com a carranca dele, e se virou para ir até a cozinha, mas, ele segurou em seu pulso e disse entre dentes:

- Isso não é fofo coisa nenhuma. Eu detestei o fato de outro cara tocar em você – Gilbert disse puxando-a para mais perto. Ela espalmou a mão no peito dele, assim como ele segurava fortemente em sua cintura.

- Por que? - ela disse provocando-o. com o olhar.

- Porque você é só minha. – ele ia beijá-la, mas Anne o impediu.

- Hora do seu castigo, Dr. Blythe. - ela o puxou o para o quarto, enquanto chegaram lá Anne o empurrou para a cama, enquanto ele a olhava em expectativa.

Anne se dirigiu até uma gaveta de seu guarda roupa, de lá retirou dois lenços de seda, e voltou para onde Gilbert estava de disse:

- Agora o garotinho vai pagar por ter me deixado zangada - ela disse maliciosa, e Gilbert continuou em silêncio, olhando-a com o desejo evidente em sua orbe castanha.

Cuidadosamente, ela amarrou os pulsos dele na cabeceira da cama e sorriu. Em seguida, tirou a blusa e a calça jeans que usava, vendo com prazer os olhos dele se escurecem sem perder um único movimento dela. Ela se sentou na cama somente de lingerie, e começou a abrir a camisa de Gilbert, beijando-lhe o peito a cada botão que deixava livre, ouvindo o coração de Gilbert bater mais rápido, e acelerar.

- Qual é a sensação, Dr Blythe de olhar e não poder tocar? - ele não respondeu, mordendo o lábio inferior com força, dando a resposta que Anne queria. Ela continuou tocando-o com seus lábios e mãos até chegar a faixa escura de pelos em seu abdómen, onde ela parou um instante para olhá-lo de novo sentindo a pele dele se arrepiar por inteiro

- Você sabe o que é tremendamente sexy, Dr. Blythe? Esse seu abdómen é uma perdição de tão perfeito- ela arranhou de leve vendo-o estremecer. Neste momento ela terminou de despi-lo olhando com luxúria para o homem magnífico deitado em sua cama e completamente sobre o seu controle.

Ela se levantou, e acabou de tirar as peças de roupa que ainda estavam sobre seu corpo sob o olhar atento de Gilbert que a engolia inteira, enquanto seu peito subia e descia deixando Anne perceber sua excitação, seu quase descontrole, sua paixão por ela.

Gilbert sentia seu corpo todo arder em uma vontade insana de tocá-la, mas suas mãos amarradas não conseguiam alcançá-la. .Ele fechou e abriu os olhos várias vezes tentando fazer sua respiração se normalizar, mas a visão da mulher maravilhosamente nua à sua frente não facilitava nada. Ao mesmo tempo em que estava adorando o jogo erótico que se desenrolava naquele quarto, ele agonizava por não poder participar dele ativamente. Suas mãos formigavam pela vontade de sentir Anne em seu braços, seu corpo pedindo por ela de um jeito que o deixava faminto, louco, quase sem fôlego.

Anne se deitou sobre ele, seus longos cabelos descendo pela pele dele enquanto ela o acariciava por inteiro intensificando ainda mais todas as sensações que o invadiam de forma violenta. Ela aproximou os lábios dos dele, mas não o beijou, apenas o encarou com seus olhos azuis brilhantes, o rosto suave bem próximo do dele, e ela disse sussurrando:

- O que está achando do seu castigo especial, Dr. Blythe. Acha que já foi o bastante ou devo ser um pouco mais malvada? – Ele fechou os olhos novamente e Anne riu baixinho ao responder:

- Foi o que pensei. - ela estendeu as mãos e soltou os lenços de seda que prendiam os pulsos dele, e no mesmo instante os braços dele a envolveram, ao mesmo tempo em que Gilbert chocava sua boca com a dela em um beijo sedento, ardente, sensual. As mãos dele deslizaram pelo corpo dela em toques desesperados, cheios de uma volúpia insana. Eles separaram os lábios um instante, ofegantes, e Gilbert disse:

- Não deveria provocar um homem além do seu limite, Srta Cuthbert. - Anne umedeceu os lábios ao responder:

- Vai me castigar também, Dr. Blythe? - ele lançou-lhe um olhar que a queimou inteiro ao responder:

- Não, mas eu vou levá-la ao paraíso.

Assim, a paixão em seus corpos os fez arder em uma explosão de sentimentos que combinados juntos intensificaram as emoções que os faziam agir completamente dominados por seus instintos femininos e masculinos, se misturando, se oferecendo, cedendo, entre toques que nunca eram suficientes para aplacar seu desejo, entre beijos que eram pouco para o fogo intenso que se alastrava pelo seu sangue naquela febre que fazia a ambos quererem um ao outro cada vez mais.

Quando seus corpos se uniram, Anne sentiu como se naufragasse naquele mar de desejo que somente Gilbert era capaz de fazê-la sentir, assim como Gilbert tinha a sensação de estar alcançando o pico mais alto de todas as sensações que não paravam de invadi-lo um minuto sequer. Eles entrelaçaram seus dedos, assim como enroscaram seus corpos naquela canção mágica que compunham juntos em uma declaração de amor eterna.

Assim, que se soltou de Gilbert, Anne sentiu os dedos dele tocarem sua testa suada, e depois os lábios dele que a beijaram com ternura. Ela suspirou amando ainda mais estar naqueles braços que era seu lugar favorito, seu abrigo, e seu lar, adormecendo em seguida com um sorriso nos lábios.

No meio da noite ela acordou com seu celular tocando. Ela se levantou ainda zonza de sono procurando pelo aparelho que estava dentro da sua bolsa. Assim que o atendeu, seus sentidos despertaram totalmente ao ouvir a voz de Diana que chorava do outro lado da linha dizendo:

-Anne, por favor me ajude. A Laura desapareceu.

-

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