Anne with an e- Corações em j...

By RosanaAparecidaMande

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Anne Shirley Cuthbert foi abandonada ao nascer em um orfanato por sua mãe biológica, mas ela nunca deixou de... More

capítulo 1- Lembranças
capítulo 2- amores do passado
Capítulo 3- sentimentos escondidos
Capítulo 4- Duas almas e um destino
Capítulo 5- Lado a lado com o amor
Capítulo 6- Nestes olhos teus.
Capítulo 7 - Emoções em conflito
Capítulo 8- O amor entre nós
Capítulo 9- Chamas de uma paixão
Capítulo 10- Apenas você
Capítulo 11- Corações apaixonados
Capítulo 12- Esse sonho de amor
Capítulo 13- Quando o coração se apaixona
Capítulo 14- O sentimento que vive em mim
Capítulo 15- Combinação perfeita
Capítulo 16- O que nos separa
Capítulo 17- Revelações
Capítulo 18- Expectativas
Capítulo 19- O que nos une
Capítulo 20- Tudo o que eu quis
Capítulo 21- Tudo o que sonhei
Capítulo 22- Tudo o que somos
Capítulo 23- O que me pertence
Capítulo 24- O tempo é algo relativo
Capítulo 25- O amor que te ofereço
Capítulo 26- Pensamentos proibidos
Capítulo 27- Pensamentos e desejos
Part 28- Provando do pecado
Part 29- O Jogo do amor
Part 30- Caprichos do coração
Part 31- Segredos e Desejos
Capítulo 32- Flertando com o perigo
Capítulo 33- O inesperado
Capítulo 34- Revelando um segredo
Capítulo 35- O incêndio
Capítulo 36- Uma esperança
Capítulo 37- O incêndio parte 2
Capítulo 38- Paraíso particular
Capítulo 39- As duas faces do amor
Capítulo 40- Idas e Vindas
Part 41- O retorno
Capítulo 42- Tudo o que existe entre nós
Capítulo 43- Como no princípio
Capítulo 44- Feliz Aniversário
Capítulo 45- Uma grande surpresa
Capítulo 46- O perigo mora ao lado
Capítulo 47- O inimigo nas sombras
Part 48- Amor e dor
Capítulo 49- As verdades do coração
Capítulo 50- Almas divididas
Capítulo 51- Palavras não ditas.
Part 52- O jardim do Éden
Capítulo 53- Ps: Eu te amo.
Capítulo 54- Eterno amor
Capítulo 55- Sua força em mim
Capítulo 56- Um só coração
Capítulo 57- Sem Regras
Capítulo 58- Sussurros e juras de amor
Capítulo 59- Entre o céu e o inferno
Capítulo 60- Lar
Capítulo 61- A promessa de uma vida
Capítulo 63- De corpo e alma
Capítulo 64- Desejo e castigo
Capítulo 65- Ao cair da tarde
Capítulo 66- Vidas entrelaçadas
Capítulo 67- Amor imenso
Capítulo 68- Fogo
Comunicado
Capítulo 70- Sonhos perfeitos
Capítulo 72- Xeque Mate
Capítulo 73- Anjo Ruivo
Capítulo 74- Amor de diamante
Capítulo 75- Para sempre
Capítulo 76- Um Natal para relembrar
Capítulo 77- Tudo o que importa
Capítulo 78- Um grande novo ano
História Nova
Capítulo 79- A segurança dos seus braços
Capítulo 80- Can't take my eyes off you
Capítulo 81- Inesquecível amor
Capítulo 82- O casamento do ano
Capítulo 83- Lua de Mel Havaiana
Capítulo 84- Uma nova vida juntos
Capítulo 85- Inseguranças e Fragilidades
Capítulo 86- Ao nascer do sol
Capítulo 87- O caminho de volta
Capítulo 88- O ingrediente principal
Capítulo 89- Na alegria ou na tristeza.
Capítulo 90- O benefício da dúvida
Capítulo 91- Amor e mágoa
Capítulo 92- Impasse
Capítulo 93- Uma longa noite
Capítulo 94- Sob o mesmo céu
Capítulo 95- Juntos
Capítulo 96- A razão da minha felicidade
Capítulo 97- Alcançando as estrelas
Capítulo 98- Acerto de contas
Capítulo 99- A vida por um fio
Capítulo 100- Garota Extraordinária
Capítulo 101- Na dor
Capítulo 102- A beleza de Vênus
Capítulo 103- The way I love you
Capítulo 104- Reconstruindo sonhos
Capítulo 105- Amor de mãe
Capítulo 106- Um novo tempo
Capítulo 107- Entre a mágoa e o perdão
Capítulo 108- Redescobrindo o passado
Capítulo 109 - Universo particular
Capítulo 110 - Esposa perfeita
Capítulo 111- Paraíso na terra
Capítulo 112- Um futuro cheio de promessas
Capítulo 113- O perdão é a cura da alma
Capítulo 114 - Lucy
Epílogo
Agradecimentos
Prêmios

Capítulo 62- Entre as estrelas

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By RosanaAparecidaMande


Olá, queridos leitores. Espero que gostem deste capítulo, embora ele não tenha ficado como eu gostaria. Estou tendo uma semana não muito boa, por isso, eu fico muito crítica com minha escrita, e nada me agrada, assim espero de todo coração que vocês se sintam motivados a comentar apesar de tudo. Desculpem-me se caso ficarem decepcionados. Vou tentar fazer melhor na próxima vez, e também me perdoem pelos erros ortográficos. Muito obrigada por tudo.


ANNE

Os dois dançavam na sala do apartamento de Anne uma música lenta e sensual. Ela enlaçava Gilbert pelo pescoço, enquanto ele agarrava a cintura dela, deixando que seus dedos um tanto atrevidos escapassem de seu controle desavisadamente, e corressem soltos por partes do corpo de Anne que a faziam se segurar mais a ele, colando seus corpos completamente, que se fundiriam se não fosse a barreira das roupas que mantinha suas peles minimamente separadas.

Ela suspirou ao sentir a boca de Gilbert mordiscando seu pescoço, e enroscou suas pernas no meio das dele, fazendo seu vestido subir um pouco. Gilbert gemeu deliciosamente em seu ouvido, e Anne sorriu ao perceber que seu noivo estava ficando cada vez mais excitado, e ainda estavam no início da noite.

Ele girou com ela pela sala, e Anne aproveitou para observar-lhe o rosto. Ele mantinha os olhos fechados, mas as expressões de suas feições eram indiscutivelmente cheias de um prazer crescente que ia aumentando conforme seus corpos se chocavam durante a dança. Gilbert estava lindo daquele jeito, e ela sentiu uma necessidade enorme de tocar-lhe o rosto, e foi exatamente o que fez, imaginando que perderia a cabeça se ele não a beijasse logo.

Nesse instante Gilbert abriu os olhos, e sorriu ao ver Anne olhando -o com seus olhos azuis profundos, e disse com aquela voz que somente ela conhecia o tom:

- O que quer que eu faça, meu amor? Isso? - ele beijou-lhe a face macia. – Isso? - ele beijou a ponta do nariz dela, mordiscando-o de leve, e Anne agarrou o tecido da camisa dele ansiosa pelo que viria. - Ou isso? - os lábios dele alcançaram os dela macios e inebriantes, e o gosto deles era sempre divinos, por que continham todo o desejo e o amor que Gilbert sentia por ela.

Enquanto o beijo prosseguia, Anne mexeu seu corpo sugestivamente contra o dele, fazendo Gilbert gemer novamente entre seus lábios A música tinha acabado, mas, eles continuavam dançando de um jeito que nada tinha a ver com a melodia que ouviam antes. Eles andaram pela sala até o corpo dela se chocar com a mesa de canto que havia por ali. Gilbert a sentou sobre ela, ao mesmo tempo em que suas mãos iam parar na barra do vestido de Anne, subindo até a cintura. As mãos dele se insinuaram pelas suas coxas, parando no elástico da calcinha. Anne aprofundou o beijo, dando permissão a Gilbert para fazer o que quisesse, assim, ele a fez circular a cintura dele com suas pernas e a levou para o quarto.

Uma hora depois eles ainda se beijavam, seus corpos saciados pelos momentos de amor que tiveram minutos antes. Seus lábios se separaram e Gilbert puxou a cabeça dela para seu peito, e Anne disse com sua voz ainda um pouco rouca:

- Foi uma ótima dança, Dr. Blythe.

- E um excelente jantar também. – Gilbert disse provocante fazendo Anne gargalhar.

- Ambos estamos ficando viciados nisso. - ela disse correndo a mão sobre  os pelos macios e escuros do peito dele.

- Eu sou completamente viciado em você - ele respondeu, seu dedo indicador subindo pela linha da coluna dela.

- Adoro tudo isso com você, e sei que vou amar ainda mais quando formos casados.

- Está ansiosa para marcar a data? - ele perguntou sorridente.

- Sim, mas quero que possamos decidir isso juntos. - ela disse levantando a cabeça para olhar para ele.

- O que acha daqui a seis meses? Creio que é um tempo razoável para que você organize tudo como deseja. - Anne ficou em silêncio e Gilbert perguntou:- algum problema, Anne?

- Não, é só que esperei tanto por isso, e agora que está realmente acontecendo, eu tenho medo de descobrir que é apenas um sonho. - Anne disse segurando a mão dele nas suas.

- Mas, isso é real. Nós dois aqui, nosso amor, nossos sonhos. Tudo isso é realmente verdade. Acredite em mim. - ele disse acariciando-lhe o pulso suavemente.

- Eu acredito. Eu só estou feliz demais e temerosa ao mesmo tempo de perder tudo isso. - ela disse se aconchegado mais a ele.

- Não deve pensar assim, amor. Você não vai perder nada se depender de mim. - Gilbert disse e Anne pensou que o problema era exatamente aquele. Não dependia somente dele e ambos sabiam.

- Eu quero viver uma vida plena com você, Gil. Demoramos tanto para chegarmos a isso, e não quero que nada ofusque o brilho do nosso amor. - Anne deitou a cabeça no ombro dele, e o odor masculino dele invadiu suas narinas, fazendo com que ela apurasse ainda mais o seu olfato para sentir aquele aroma maravilhoso que pertencia apenas a ele, e se espalhava por todos os cantos daquele quarto, e até mesmo na sua pele.

- Eu sei que está preocupada. Eu também estou, mas, não vamos deixar que essas ameaças nos impeçam de seguir em frente com nossos planos. Gilbert disse, enrolando as mechas dos cabelos de Anne em seus dedos.

- Posso te fazer uma pergunta? - Anne disse meio tímida.

- O que quer saber? – Gilbert perguntou estreitando o abraço.

- Por que mudou de ideia sobre o casamento? Você disse que queria esperar até estar com sua vida e trabalho organizados.

- Depois de tudo o que tem acontecido, eu percebi que a vida é frágil e curta demais, e não quero perder um minuto sem você. Acho que podemos lutar juntos para conseguirmos tudo o que queremos. – Ele olhou-a demoradamente por um segundo e disse:- Você está feliz? Não acha que foi precipitado? Não quero pressioná-la a nada. Tudo o que quero é te dar o meu sobrenome e o meu amor.

- Se eu estou feliz? Eu estou transbordando de felicidade. Eu esperei sete anos para ter você, e confesso que se tivesse me pedido em casamento no primeiro dia em que ficamos juntos, eu teria aceitado sem pensar no assunto. Você é o meu sonho de amor e não pretendo deixá-lo escapar nunca mais. – Anne colou seus lábios no de Gilbert, e assim trocaram um beijo caloroso e cheio de amor. Quando se separaram, Gilbert segurou seu rosto entre as mãos e disse:

- Eu sempre quis você, Anne, e não me arrependo de tudo o que fiz para tê-la de volta. Nós dois nos magoamos, nos afastamos e nos juntamos novamente. Não consigo conceber a ideia de uma vida sem ter você nela. Você também é meu sonho de amor.

Anne podia sentir as palavras de Gilbert inundando seu coração de luz. Ela também não se arrependia de nada que fizeram e faziam juntos, Ela não se arrependia de ter esperado por ele por tantos anos, mesmo que fingisse que estava sozinha porque não queria se amarrar a ninguém, ela não se arrependia de ter feito de Gilbert seu primeiro homem e único, e ela não se arrependia de ter se entregado a ele por amor, de ter confessado seus sentimentos mais íntimos, assim como tinha certeza de que nunca se arrependeria de tê-lo como esposo e pai de seus filhos. Quase podia imaginar a si mesma naquele apartamento, esperando Gilbert chegar do trabalho com seus bebezinho no colo cantando canções de ninar. Ele então, abriria a porta, e lhe daria um daqueles sorrisos iluminados, a beijaria com carinho enquanto seus rosto se desmancharia de ternura ao olhar para o bebê deles, dividindo com ela a beleza daquele momento que os encantaria para sempre.

- Por que está sorrindo assim, Anne? - Gilbert perguntou, e ela se virou para ele com seus olhos ainda sonhadores e respondeu:

- Eu estava pensando em nosso filho.

- Nosso filho? - Gilbert disse espantando.

- Sim, você gostaria de ter um menino ou uma menina? – Anne perguntou passando as mãos pelos cabelos em desalinhos, esparramados pelo peito de Gilbert, fazendo um contraste interessante com a pele morena dele.

- Eu ficarei igualmente feliz se tivermos um menino ou uma menina. Mas, confesso que adoraria uma garotinha ruiva como você, com esses mesmos olhos azuis, e aquela carinha de sapeca da qual me lembro quando te conheci.

- Eu também ia amar ter um menininho com esses olhos castanhos que eu amo e que muda de cor conforme o seu humor, os cabelos cacheados, e esse ar inteligente que conquistou meu coração aos nove anos.

- Que tal se tivéssemos dois filhos então, um menino e uma menina? Acha que daria conta? - Gilbert disse desenhando com a ponta do dedo indicador a sobrancelha dela.

- É claro que eu daria conta. Eu ia amar ter dois bebês com você. Eu nunca tive uma família de verdade até conhecer Matthew e Marilla, e sempre sonhei em ter irmãos, e quando penso que posso construir uma família de verdade com você eu não consigo caber em mim de felicidade. - os olhos dela marejavam ao imaginar aquilo tudo com Gilbert, o único homem que ela amara toda a vida, seu melhor amigo e em breve seu marido. Ela tinha que se beliscar várias vezes para acreditar que ganhara aquele presente maravilhoso do destino.

- Eu quero te dar tudo o que te falta, Anne. Quero ser tudo o que você precisa, e juro que irei até o infinito para fazê-la a mulher mais feliz do mundo. - Gilbert disse traçando cada linha do rosto dela com as mãos, parando no contorno dos lábios dela.

- Você não precisa ir tão longe para me fazer feliz, Gil. Eu já sou muito feliz com você. As melhores coisas da minha vida somente importam por sua causa. Ninguém poderia me fazer feliz como você me faz.- Anne se levantou e o abraçou, sentindo o coração dele batendo contra o seu.

- Você não sabe o quanto eu esperei para ouvir você dizendo que me ama. Eu sei que eu resisti bastante, e que te magoei e até te fiz provar que o que me dizia era verdade, mas, eu não queria dar o braço a torcer que sempre foi você a dona do meu coração. Eu te amo, Anne. Nunca mais duvide disso.

- Eu não duvido. Como poderia? Você me prova todos os dias essa verdade com palavras, ações e com todos esses momentos nos quais compartilhamos nossas emoções. Eu já te disse o quanto adoro fazer amor com você? Eu me sinto tão viva e cada vez apaixonada por você, meu lindo doutor. - os braços ela estavam em volta do pescoço dele, e de onde estava podia ver claramente cada detalhe do rosto de Gilbert que capturara sua atenção a todo momento. Aquele homem era uma obra de arte, olhar para ele era como estar admirando uma daquelas telas do Museu do Louvre que visitara algumas vezes em Paris. Ele exercia sobre ela o mesmo fascínio que aqueles quadros de artistas renomados e famosos um dia a deixaram encantada, só que agora era melhor, porque ela tinha Gilbert em carne e osso ao seu alcance, e não imortalizado em uma tela.

- Fazer amor com você é a melhor parte do meu dia. E não é somente pelo prazer do sexo em si. Tocar você e ver em seus olhos o quanto me ama me dá a certeza de que você é a mulher perfeita para mim. Adoro torná-la minha, amo saber que por trás desse rosto lindo existe uma mulher maravilhosa que se transforma em meus braços na mais incrível amante de todas. Eu não tive muitas experiências assim em minha vida, pois meu currículo acadêmico sempre ocupou a maior parte do meu tempo e do meu pensamento, e depois o meu trabalho quase se tornou a minha religião, mas, posso dizer com certeza que nunca vivi nada parecido com o que tenho com você, é como se fôssemos um e não dois corações batendo separados. - Gilbert a puxou para ele, e mais uma vez Anne teve o prazer de sentir sua pele se arrepiando ao reconhecer o toque do homem que sabia como fazê-la vibrar. Era espantoso como seu corpo se adaptara ao dele tão rapidamente, e como ganhava viva em contato com o calor dele. Devia ser assim quando duas almas se pertenciam, essa familiaridade que não tinha explicação, a naturalidade com que suas formas se encaixavam, e como se sentia à vontade daquele jeito nos braços de Gilbert como se já tivesse nascido assim.

- Nós somos um, meu amor. Desde o primeiro momento estamos ligados por algo cósmico talvez, ou por nossas energias que se atraem desde sempre. Nada disso seria especial se não fosse com você. – seus rostos estavam perto agora, e Anne podia sentir o hálito suave de Gilbert em seus cabelos, se aproximasse mais o rosto já estariam se beijando, mas, ela quis prolongar aquele momento em que podia mergulhar naqueles olhos e ler dentro deles tudo o que a fazia amar Gilbert mais ainda.

- Você é uma mulher incrível. Perfeita demais em todos os sentidos. Eu poderia amá-la assim por toda a eternidade, mas, o que sinto por você é tão imenso que até a eternidade seria um tempo curto para nós dois. Você é tudo para mim, Anne, e sempre virá em primeiro lugar em qualquer situação. Me perdoe se um dia eu te fiz se sentir a segunda opção, eu prometo que isso nunca mais irá acontecer. - Gilbert estava completamente romântico naquela noite, e Anne estava adorando. Ella nunca imaginaria, depois de conhecê-lo tão bem, que ele lhe diria coisas tão lindas atingindo seu coração em cheio.

- Quanta poesia em uma só noite, meu amor. O que foi que te deu para te deixar assim tão romântico?

- Você acreditaria que a mulher que tenho em meus braços é a principal causa disso? Você é minha musa inspiradora, somente você consegue arrancar de mim tantas palavras em uma só noite. Nem eu mesmo consigo acreditar que isso seja possível, talvez, seja apenas meu coração falando por mim. - ele mordeu o lábios inferior enquanto se aproximava mais um pouco. Estavam quase se beijando, e apesar de querer aquela boca contra a sua, Anne adorava essa expectativa, esse pequeno segundo em que se encaravam antes de tudo acontecer. Era como se buscassem um no outro aquele brilho que tornava aquele momento especial para ambos, quase como se expusessem para si mesmos a intensidade do que um simples roçar de lábios significava para ambos.

- Eu te amo. - Anne disse simplesmente, sabendo que aquelas palavras eram tão verdadeiras quanto aquelas ditas por Gilbert naquela noite. E então o beijou, com suas mãos enterradas na nuca dele, seu corpo roçando o dele, implorando por mais um pouco do amor que ele queria e podia lhe dar.

Assim atravessaram a noite trocando carinhos intensos, confessando com palavras e olhares tudo o que seus corações mantiveram guardados por anos em uma redoma de cristal, protegida do mundo e das dores que tais revelações poderiam lhes causar, e descobrindo naquele instante quanto tempo perderam entre o medo e o orgulho. Felizmente tinham tempo para consertar tudo aquilo e deixar vir à luz mais sentimentos não revelados, ou assim eles pensavam.

Quando Gilbert acordou naquela manhã, Anne já tinha se levantado à horas. Ela não sabia bem o que a fizera perder o sono, contudo, não conseguira mais dormir após despertar de madrugada. Ela fez para si mesma uma xícara de chocolate quente com canela, e foi bebê-la na sacada, vendo mais um dia nascer na grande cidade de Nova Iorque.

Ela gostava desses momentos consigo mesma pois lhe davam um tempo para pensar em coisas que lhe escapavam quando estava com Gilbert. Ela nunca pensava com clareza quando ele estava por perto, pois sua atenção era facilmente desviada para ele, talvez por que já tivesse perdido tanto tempo sem ele, que agora que estavam juntos ela não permitia que nada se interpusesse entre os dois. Porém, naquele instante em que sua única companhia era o ar fresco que soprava, ela conseguia avaliar com certeza como estava se sentindo a respeito do casamento.

Ela fora pega de surpresa, não podia negar. Não imaginara que seria pedida em casamento por Gilbert assim de repente. Era verdade que estavam noivos, e isso aos olhos de algumas pessoas já era meio caminho andado para o casamento, mas, não era assim que Anne via tudo aquilo. Um pedido de casamento era tão especial, pois era o momento em que duas pessoas davam um grande  passo  rumo ao compromisso mais importante de suas vidas, e Gilbert ter feito aquele pedido em um instante tão intenso para os dois não deixara dúvidas à Anne que estavam prontos para embarcarem em mais aquela aventura juntos. Ele lhe dera seis meses, um tempo razoável para avisar Marilla sobre o vestido, preparar a festa, mandar os convites, encontrar um igreja, e enfim se tornar a Sra. Blythe. Porém, será que Gilbert acharia que ela era louca se dissesse que dispensaria tudo aquilo, e iria para o cartório mais próximo no fim de semana seguinte e se casaria com ele sem alarde ou aviso prévio? Ela sempre sonhara em se casar de noiva, entre amigos, tendo Matthew como seu pai adotivo levando-a até o altar onde Gilbert estaria esperando por ela, mas, de repente, diante de tudo que estavam vivendo ela não achava que isso seria tão importante. A única coisa que queria era que estreitassem os laços que sempre tiveram entre eles, se tornassem marido e mulher, e fossem felizes para todo o sempre, pelo menos, era com isso que ela sonhava.

- Anne, o que está fazendo aqui fora à essa hora? - Gilbert lhe perguntou sentando-se a seu lado.

- Não consegui dormir e resolvi me sentar aqui para pensar. - ela disse sorrindo para Gilbert, não sem notar antes os cabelos encantadoramente bagunçados dele.

- O que foi? Teve outro pesadelo? - ele segurou a mão dela preocupado.

- Não. Eu estava pensando sobre o nosso casamento. - ela confessou baixinho.

- Por que? Está arrependida de ter aceitado? Amor, eu te disse se não quiser isso agora, a gente pode esperar mais um pouco. Eu sei que tudo isso foi no mínimo inesperado, e não vou ficar chateado se me disser que não quer se casar nesse momento.

- Está louco? É claro que quero me casar com você, e até me casaria amanhã se me pedisse. É exatamente nisso que estava pensando antes de você chegar.

- Estava pensando em se casar amanhã? - ele disse sorrindo

- Se você assim o desejasse, eu não pensaria duas vezes. - Anne respondeu sustentando o olhar de Gilbert que a olhava surpreso.

- Mas, e suas amigas, Marilla e Matthew? Não acha que ficariam decepcionados?

- Talvez, mas, tenho certeza de que entenderiam. Eu não preciso de nada além de você, e não quero nada mais além de você. - tudo o que dizia era verdade. Depois de estar vivendo o sonho mais lindo de sua vida, Anne descobriu que realmente não precisava de coisas grandiosas. Amava o que era simples e sem complicações, e queria que seu casamento fosse exatamente assim, lindo, encantador, porém simples.

- Então, me diga, meu amor. O que quer fazer? Se não quer nada sofisticado, como pensa organizar nosso casamento? - ele segurou nas mãos dela, acariciando-lhe a palma enquanto esperava pela resposta dela.

- Não sei ainda. Eu estava pensando em me casar em Green Gables com apenas nosso amigos mais íntimos como convidados em uma festa simples. E depois poderíamos viajar em nossa lua de mel. O que acha? - ela perguntou cruzando as pernas.

- Adorei a ideia. Mas, para onde quer viajar?

- Havaí. Eu simplesmente amo aquele lugar paradisíaco, e adoraria explorá-lo com você.

- Seus gostos são caros, Srta. Cuthbert, mas, o Havaí não deixa de ter o seu charme. - Gilbert disse em tom de brincadeira, mas, Anne não percebeu e perguntou:

- Acha que estou exagerando? Podemos ir para outro lugar. Não sei, talvez Montana ou Vermont estejam mais dentro do nosso orçamento. São lugares incríveis também. - ela tinha dinheiro de sobra para irem para o Havaí, mas, Gilbert jamais permitiria que ela pagasse pela viagem de lua de mel. Ela o conhecia, e ele era orgulhoso até o último fio de cabelo, desde de garotinho, e ele não parecia ter mudado muito com os anos.

- Amor, eu estava brincando. Se quer ir para o Havaí, é para lá que iremos. - ele disse acariciando o rosto dela.

- Tem certeza? Não quero que tenha mais despesas que o necessário. - Anne disse preocupada.

- Anne, meu salário de cirurgião em um grande hospital de Nova Iorque paga bem pelos meus serviços, por isso, não se preocupe, meu amor. Eu posso pagar pela nossa lua de mel. - de repente, Anne se lembrou de algo e disse:

- Isso me lembra uma coisa. Espere um instante. - ela disse a Gilbert, e correu para o quarto, voltando em seguida com um envelope nas mãos.

- Isso é seu. - ela estendeu o envelope, e Gilbert o pegou, e ao abri-lo, ele olhou para ela surpreso.

- O que é isso, Anne?

- É o dinheiro que recebi pela venda do apartamento. Você se lembra que prometi doá-lo para suas pesquisas? Então, é seu.

- Mas, Anne. Isso é uma fortuna. Eu não posso aceitar. - Gilbert disse balançando a cabeça.

- Por favor, querido. Aceite. Eu não preciso desse dinheiro. Aceite como um presente meu. Eu sei que vai ajudá-lo e muito em suas pesquisas. Pense em quantas pessoas poderá salvar com suas descobertas. - Gilbert olhou para ela como se não pudesse acreditar que Anne estivesse mesmo fazendo aquilo.

- Você é maravilhosa, sabia disso? Muito obrigado. Eu nem sei o que dizer.

- Não diga nada apenas faça bom uso dele, e cure mais pessoas que puder. - Anne disse reprimindo um bocejo.

- Que tal se voltássemos para a cama? Ainda é cedo, e pelo jeito você está' com sono de novo. - Gilbert disse, se levantando e puxando Anne pela mão.

- Sim. Acho que tem razão. - ela respondeu, reprimindo outro bocejo.

- Eu estava pensando. Por que não fazemos um jantar aqui em casa amanhã à noite? Podemos convidar Daniel e Gabriela. Aqueles dois estão precisando de um empurrãozinho para engatar em um romance de vez. - Gilbert disse enquanto se encaminhavam para o quarto.

- Ela continua dando gelo nele? - Anne perguntou se deitando na cama.

- Sim.

- Pobre, Daniel. - Anne disse com pena do amigo de Gilbert.

- Podemos dar uma mãozinha na reconciliação deles. - Gilbert sugeriu.

- Posso convidar Cole e um amigo dele? - Anne perguntou, enquanto entrava debaixo das cobertas abraçada com Gilbert.

- Claro- ele respondeu.

- Acho uma boa ideia. - ela disse e em cinco minutos estava dormindo.

GILBERT

Quando Gilbert acordou, já passava das nove da manhã. Normalmente, ele acordava bem cedo, mas, estava de folga e por isso se permitiu ficar na cama por mais tempo. O dia tinha amanhecido frio, e o calor que vinha do corpo de Anne encostado no seu era bem mais convidativo do que sua corrida matinal.

Ela ainda dormia, e ele não pretendia acordá-la. Ela precisava recuperar o sono que lhe fora roubado por suas preocupações de madrugada, e assim deixaria que o próprio sistema fisiológico dela decidisse qual hora seria a mais adequada para que ela despertasse. Enquanto isso, ele aproveitaria para observá-la mais um pouco, como fazia todas as manhãs, e era um dos seus momentos favoritos porque era quando podia ver o lado todo natural dela, que ela tendia disfarçar quando sabia que Gilbert a olhava com atenção.

O rapaz afastou uma mecha de cabelo que caia sobre o rosto dela, seguindo com o polegar a pele lisa da testa, deixando que ele corresse devagar pela bochecha e seguisse até o queixo delicado. Anne se mexeu um pouco, mas não chegou a abrir os olhos. As pálpebras tremeram, e ela se virou de lado, fazendo com que a coberta escorregasse um pouco deixando à mostra seu colo macio e um pedacinho dos seios, que capturaram a atenção de Gilbert imediatamente. Ele mordeu os lábios com força controlando seu impulso de beijar aquele ponto específico que mexia com seus hormônios naquele momento.

Gilbert afastou as mãos do rosto dela, evitando assim que ela fosse tirada de seu momento de descanso profundo. Era quase irresistível para ele ficar longe assim dela, principalmente porque aquele corpo divino era o principal objeto de sua obsessão por Anne, além de várias coisas que a tornavam especialmente diferente de todas as outras mulheres. Ele não podia acreditar que Anne seria sua esposa em breve. Era mais um sonho que realizava, pois desde a sua adolescência quando por fim assumira seus sentimentos por ela, Gilbert desejara aquilo.

Ele não planejara pedi-la em casamento tão cedo. O rapaz tinha pensado em esperar por pelo menos mais dois anos, quando sabia que estaria estabilizado em sua profissão, e poderia dar a Anne tudo o que achava que ela precisava, mas, de repente, seus sentimentos mudaram, e seus planos também. Na eminência de perdê-la para todas aquelas coisas terríveis que vinham abalando o psicológico de sua ruivinha, ao mesmo tempo em que percebia que Anne estava recuando e se afastando dele, deixando que o medo sugasse seu bom senso, e fazendo com que ela acreditasse que ir para o mais longe possível seria a solução para aquela situação toda, o fizera entender que não podia esperar tanto. Não fazia sentido perder a mulher que amava por conta de um orgulho machista bobo. Eles podiam ter uma vida boa juntos com conforto e sem grandes dificuldades. Ambos podiam conquistar o que quisessem, pois possuíam a mesma força de vontade e os ideais similares, e se pudessem fazer isso de mãos dadas seria perfeito.

No dia em que Anne quase partira, Gilbert percebera que estava agindo como se fosse um ponto de honra dar uma vida a Anne semelhante ao que ela tinha agora, e a tolice daquele pensamento o fez compreender que o que sua linda namorada precisava era de um homem que a amasse de todo o coração, e que bens materiais não substituiriam nenhum sentimento que carregava dentro dele por ela. Anne precisava de seu apoio, de seu abraço quando as coisas se tornassem difíceis demais para suportar. Ela precisava se sentir segura e confiante de que ele estaria lá por ela em todos os momentos possíveis, e se ela tropeçasse e caísse, seria a mão firme dele que a ajudaria a se levantar. E isso nem todo o dinheiro ou conforto do mundo poderia garantir que aconteceria.

Por essa razão, ele deixara de lado qualquer receio de estar dando um passo maior do que deveria, e a pedira em casamento, e para a sua felicidade interior e exterior também ela aceitara, e depois de ter resolvido todos os impasses de sua mente, a certeza absoluta de que era exatamente aquilo que deveria ter feito chegara com uma velocidade incrível. E ver a alegria no rosto de Anne com o seu pedido o deixar a em êxtase. Ela seria legalmente sua, assim como emocionalmente já era, e tudo o que Gilbert já desejara na vida finalmente se realizara no momento em que Anne dissera sim, e seus corações se juntaram para sempre.

Gilbert se levantou de uma vez, tomou um banho bem rápido, tomou café mais rápido ainda, vestindo seu moletom de corrida e saiu para rua. O dia estava agradável naquela sexta-feira, e muitas pessoas pareciam ter tido a mesma ideia que ele, e se exercitavam ao ar livre aproveitando a atmosfera prazerosa que Nova Iorque tinha a oferecer naquela manhã calma e tranquila.

Gilbert seguiu seu caminho costumeiro, enquanto mais pensamentos lhe chegavam assim como a adrenalina ia aumentando em seu organismo conforme ele intensificava seus movimentos, e assim, ele se lembrou de parte da conversa que tivera com Anne de madrugada.

Ele ficara surpreso por encontrá-la na sacada do seu escritório com uma xícara de chocolate na mão enquanto parecia estar em uma profunda reflexão consigo mesma, e quando ele lhe perguntara o motivo de sua insônia, ela respondera que estava pensando no casamento deles.

Gilbert não podia descrever o medo que tivera de que talvez ela tivesse pensado melhor, e mudado de ideia. Ele já tinha se acostumado com a imagem dela como sua esposa em sua mente, e pensar que Anne não quisesse mais o mesmo que ele, quase fez seu mundo desabar, e ele se viu prendendo a respiração até que ela o libertou daquela tensão dizendo que não queria um casamento cheio de pompa, e que preferia casar em. Green Gables, o lugar onde ela construíra boa parte de sua história de vida.

Mais uma surpresa vinda de sua ruivinha. Como toda mulher, ele imaginara que ela gostaria de ter um casamento tradicional, porém, ela lhe provara porque era uma mulher singular, e porque ele se apaixonara perdidamente daquela maneira.

Casar em Green Gables seria o cenário perfeito para coroar um amor que nascera naquelas terras, e que se transformara naquela corrente forte de sentimentos inesquecíveis e duradouros. Ele jamais imaginaria outro lugar para subir com Anne ao altar, embora estivesse disposto a entrar em qualquer igreja ali em Nova Iorque, que ela escolhesse, e a esperaria com a mesma ansiedade e com o mesmo olhar emocionado ao vê-la vestida de noiva para se tornar sua mulher.

Mas, Green Gables tinha um significado especial para ambos , pois fora lá que tudo começara, fora lá que Gilbert a perdera e a tivera de volta, fora naquelas terras magníficas que ele pudera viver seu amor por ela pela primeira vez, e fora em meio a magia da Fazenda dos Cuthberts que eles tinham criado uma conexão imensa entre suas almas, que nem o espaço, o tempo, as direções que tomaram separadas puderam destruir o amor que era o alimento de sua existência feliz ao lado da mulher da sua vida.

O cansaço começou a dominá-lo depois de uma hora de corrida, e Gilbert passou as mãos pela testa para enxugar o suor que começava a brotar por ali, escorrendo pelo seu rosto. O jovem médico comprou uma garrafa de água mineral no parque, e voltou para cada caminhando e se refrescando com ela.

Antes de chegar no apartamento, ele passou no supermercado e comprou os ingredientes para o jantar daquela noite, que ele fazia questão de preparar. Era raro quando tinha tempo para exibir seus dotes culinários, mas sempre que tinha uma oportunidade, Gilbert gostava de cozinhar, especialmente se fosse receber amigos.

Ele decidiu que o jantar seria realizado em seu apartamento, onde se sentia mais à vontade com suas próprias coisas, e sabia exatamente onde cada coisa estava guardada, pois, apesar de adorar o apartamento de Anne, ainda não conhecia muito do espaço todo uma vez que sempre passava a noite com ela, mas raramente ia para cozinha ou preparava jantares para ambos. Anne sempre fazia questão de ser ela a surpreendê-lo com as refeições que aprendera cozinhar com Marilla, ou quando não estava disposta ou não tinha tempo, ela acabava comprando algo pronto mesmo. Mas, o jantar daquela noite, Gilbert fazia questão que fosse por sua conta, por isso o seu aparamento era o lugar ideal para isso.

Ele deixou o supermercado com várias sacolas de compra, e então se lembrou que teria que ligar para Daniel e Gabriela, e convidá-los para jantarem com ele e Anne no apartamento dele. Desta forma, ele discou o número do amigo, que depois de tocar várias vezes caiu na caixa postal, o mesmo ocorreu com Gabriela, e então Gilbert se lembrou que ambos estavam de plantão naquele dia, por isso, teria que ir até o hospital formalizar o convite. Assim, ele guardou o telefone no bolso da sua calça de moletom, e como estava próximo do apartamento, ele retirou a camisa, pois o sol estava mais quente do que horas antes quando ele começara a sua corrida.

Logo, ele entrou no elevador que estava completamente vazio, e desceu no terceiro andar, tentando equilibrar toadas as suas sacolas de compras, e abrir a porta da sala. Dentro do apartamento, ele encontrou Anne sentada no sofá da sala com uma revista de moda na mão, enquanto o olhava espantada.

- O que é tudo isso, Gilbert? - ela apontou para as sacolas, as quais ele colocou cuidadosamente sobre a mesinha da sala, e se aproximou dela, que tinha o cabelo ruivo molhado, e um perfume suave de sabonete de jasmim exalando de sua pele, fazendo com que Gilbert se abaixasse, passasse a ponta do nariz pelo pescoço dela, e dissesse:

- Umm... que delícia. Você tomou banho antes de eu chegar. Não quis me esperar dessa vez?

- Não sabia onde tinha ido, e nem a que horas voltaria. Por que não me acordou antes de sair de casa? - ela perguntou de olhos fechados, pois Gilbert continuava a provocar a pele do seu pescoço com a ponta do nariz, fazendo-a suspirar pelas vibrações que aquilo causava em seu corpo.

- Não me apareceu justo despertá-la, uma vez que passou a madrugada acordada. Eu fui correr um pouco, e depois decidi passar no supermercado e comprar os ingredientes do jantar de hoje à noite. A propósito, eu vou ser o cozinheiro do nosso jantar, e pensei que fosse melhor fazê-lo em meu apartamento. - Gilbert explicou, afastando alguns fios molhados que tinham se grudado na testa dela

- Quer dizer que saiu para correr? E decidiu que faria isso sem camisa, é? - Gilbert olhou para Anne e deu uma gargalhada gostosa ao perceber que ela estava com ciúmes.

- De tudo isso que te falei, a única coisa a qual ouviu foi que sai para correr, e reparou que voltei sem camisa?

- É lógico. Você não pode sair desfilando por aí esse peito musculoso, amor. Não quero que nenhuma mulher tenha a oportunidade de apreciar o que é somente meu. - Anne, o abraçou pelo pescoço.

- Minha ruivinha, ciumenta. - ele disse beijando-a no rosto.

- Sou mesmo, e eu já te disse que a culpa é sua. Por que tem que ser tão lindo? Que espetáculo e tanto deve ter sido ver você correndo por ai em pleno centro de Nova Iorque sem camisa. - ela disse olhando-o nos olhos.

- Eu não corri sem camisa, eu apenas a tirei quando estava perto daqui porque o sol estava muito quente e eu estava sentindo calor.- ele disse ainda rindo da crise de ciúmes de Anne.

- Não importa. Com certeza alguma abusada deve ter tido a visão do paraíso com o meu amor semidespido assim.- Anne disse passando o dedo indicador por todos os músculos do peito dele.

- Se isso aconteceu eu não reparei, como nunca mais olhei para mulher nenhuma depois que você voltou para minha vida. Eu só quero você, querida. – a boca dele procurou a dela, e logo ele sentiu Anne se inflamar com aquele beijo. Ela entreabriu os lábios e o manteve prisioneiro sob eles, torturando-o com sua textura aveludada, intoxicando-o, provocando-o, deixando-o perto de perder o controle. Anne terminou o beijo, e falou mordiscando os lábios dele bem devagar:

- Você é meu. Nenhuma outra mulher tem o direito de vê-lo assim, entendeu Dr, Blythe? - ele sorriu e então respondeu.

- Perfeitamente, Srta. Cuthbert.

- Agora vai me dizer o que são essas sacolas? - Gilbert riu de novo e disse:

- São para o nosso jantar. Como te disse antes, mas, você não ouviu, porque estava mais preocupada em olhar para o meu peito nu. Eu pensei em fazê-lo em meu apartamento. Você se importa? - Gilbert perguntou segurando-a pela cintura.

- Não, mas, prefere mesmo cozinhar? Poderíamos ligar para um restaurante e pedir comida pronta. - Anne sugeriu.

- Não, eu mesmo quero cozinhar. É um dos meus passatempos favoritos, você sabe.

- Está bem, então. - Anne concordou, soltando o pescoço dele, e se sentando no sofá novamente.

- Vou tomar um banho, e depois vou deixar tudo isso no meu apartamento, e logo em seguida, vou até o hospital convidar Gabriela e Daniel para o jantar, pois, tentei ligar antes, mas ele não atenderam, então me lembrei que nesse horário eles estão de plantão.

- Tudo bem. Tenho que ligar para Cole também. - ele ouviu Anne dizer enquanto caminhava para o chuveiro.

Dez minutos foi o tempo que ele gastou para banhar o seu corpo suado e se arrumar para ir até o hospital. Quando passou pela sala, Anne estava entretida assistindo sua série favorita, ele lhe deu um beijo nos lábios e saiu novamente. Gilbert foi até o estacionamento do edifício de Anne, e pegou seu carro que tinha ficado pronto naquela semana, e dirigiu até o hospital. Ao caminhar até a recepção, foi atendido por Joanne, a telefonista que abriu um sorriso quando o viu e perguntou:

- Dr. Blythe! O senhor não está de folga hoje?

- Sim, Joanne. Eu precisava falar com Gabriela. Você sabe se ela está no consultório dela agora?

- Está, sim. Eu a vi entrando lá nesse instante.

- Obrigado. Vou falar com ela, então. - ele caminhou a passos largo até o consultório de Gabriela, e bateu na porta discretamente, ouvindo a voz dela suave pedindo-lhe que entrasse.

- Gilbert! Não deveria estar com a Anne? - Gabriela disse beijando-o no rosto.

- Eu estava com ela até agora, mas, eu precisava vir até aqui te fazer um convite. - ele disse se sentando na cadeira do paciente para falar com ela.

- Um convite? - ela o olhou interessada.

- Sim. Eu vou preparar um jantar em meu apartamento essa noite, e queria te convidar para participar da comemoração.

- O que estaremos comemorando? - Gabriela perguntou curiosa.

- Eu pedi a Anne em casamento. - o sorriso dele se expandiu tanto ao dizer isso, que Gabriela disse admirada.

- É mesmo? Enfim tomou coragem? Já não era sem tempo. - ela disse sorridente.

- Na verdade, eu adiantei um pouco os meus planos. Eu tinha combinado com a Anne que nos casaríamos em dois anos, mas, de repente, percebi que não fazia sentido esperarmos mais. Nós no amamos, é isso que importa. - ele nunca pensou que se sentiria tão feliz ao dizer aquelas palavras, e permitiu que essa sensação tão boa se espalhasse por todo o seu corpo lhe fazendo um bem enorme a todo o seu sistema, principalmente ao seu coração.

- E quando será o casamento?

- Em acredito que será em seis meses, talvez menos, ainda não sei. Anne não quer que seja nada muito pomposo, então, ainda estamos decidindo os detalhes.

- Você parece estar realmente feliz, Gilbert. Anne tem te feito muito bem. - Gabriela disse ajeitando seu jaleco na barra.

- Sim, ela me faz mais feliz do que mereço. Eu sonhei a vida toda com isso, e agora posso dizer que sou um homem realizado. - Os olhos dele brilhavam e Gabriela comentou genuinamente feliz om a notícia.

- Vocês merecem isso, Gilbert. Por toda a história que viveram juntos. Eu sempre admirei vocês por isso.

- Obrigado. Gabriela, por torcer por nós dois – ele hesitou um instante, antes de dizer o que precisava, não tendo muita certeza de que ela aprovaria, mas enfim, ele resolveu falar logo sem perder mais tempo. - Espero que não se importe, mas, vou convidar o Daniel também para o jantar. - Gabriela ficou visivelmente tensa, porém ela deu seu melhor sorriso a Gilbert e respondeu:

- Você tem todo o direito de convidá-lo, afinal, ele é seu amigo antes de você ser o meu, portanto, não se preocupe com isso.

- Eu somente não gostaria que se sentisse desconfortável com isso.

- Não me sentirei. E o que eu disse à algum tempo a você está valendo. Eu quero ser a madrinha de casamento de você e da Anne. - ela disse com um meio sorriso.

- É claro que aceito. Eu valorizo muito a nossa amizade.

- Eu também. - Gabriela disse tocando a mão dele brevemente com carinho.

- Bem, vou deixá-la trabalhar. O jantar será às oito em meu apartamento. - Gilbert disse se levantando e se encaminhando para a porta.

- Estarei lá-. Gabriela disse antes de Gilbert deixá-la e ir em direção ao consultório de Daniel, mas, no meio do caminho o encontrou, com sua maleta na mão e pronto para ir para casa.

- Olá, Gilbert Aconteceu alguma coisa? Não esperava vê-lo aqui em seu dia de folga.

- Eu vim até aqui para falar com você, mas, pelo jeito já terminou seu turno. Quer uma carona ou está de carro? - Gilbert disse caminhando ao lado de Daniel.

- Na verdade, eu ia pegar um táxi, pois meu carro está no mecânico. - Daniele explicou indo de encontro a porta de saída do hospital.

- Posso te dar uma carona, assim podemos ir conversando pelo caminho. - Gilbert sugeriu.

- Aceito. - Daniel respondeu, e logo estavam no carro de Gilbert, e o jovem médico dirigia calmamente pelo centro da cidade, ultrapassando os poucos carros que transitavam por ali naquele momento.

- E então, o que queria me dizer? - Daniel perguntou olhando para Gilbert,

- Eu vou fazer um jantar especial no meu apartamento hoje, e gostaria que você comparecesse.

- É mesmo? E qual é a ocasião?

- Eu pedi a Anne em casamento, e ela aceitou.- Gilbert disse sorrindo para o amigo.

- Que felicidade em saber disso, Gilbert. Você merece, meu amigo. - Daniel disse batendo de leve no ombro de Gilbert com afeição.

- Obrigado. Posso contar com sua presença?

- Claro.

- A Gabriela também vai. - Gilbert viu o rosto de Daniel se crispar um pouco e ele perguntou:

- Ela sabe que estarei lá?

- Sim, e ela me disse que não se importa. - Daniel respirou aliviado e seu rosto se suavizou. - Quem sabe essa não seja a oportunidade que você está esperando para falar com ela sobre o que aconteceu.

- Duvido que ela vá me ouvir, mas, não custa tentar, não é? - Daniel disse parecendo desanimado. - Gilbert não disse nada, pois não queria prolongar o sofrimento do amigo fazendo-o falar de algo que definitivamente não lhe agradava. Eles ficaram um pouco em silêncio, e quando Gilbert fez uma manobra, Daniel disse:

- Ei, Gilbert, aquela não é a Anne? - o rapaz olhou para onde Daniel apontava, e ele viu um pôster com a foto de Anne em um dos prédio do centro da cidade. Ela estava maravilhosa, como os cabelos jogados para trás com as mãos nos quadris e vestindo um biquíni preto minúsculo que mal escondia suas formas, ela sorria como se guardasse um grande segredo, e parecia tão real que Gilbert quase podia ouvir a voz dela falando com ele.

Gilbert parou o carro a meio fio por um instante para vê-la melhor, e constatou assombrado quanto talento ela tinha para a profissão que escolhera. Ela teria sido uma professora incrível também, porém, observando Anne daquele jeito, Gilbert tinha que concordar que ela fora feita para modelar e teria sido perda de tempo ela ter enterrado sua habilidade em encantar multidões em todas as passarela do mundo para se esconder atrás de óculos de grau e pilhas de exercícios para corrigir. Ela estava onde deveria estar.

- Ela está linda, não? - Daniel perguntou, e Gilbert respondeu:

- Sim.

- Não tem ciúmes, Blythe, que todos possam vê-la assim?

- Talvez no passado, eu tivesse dificuldade para entender esse lado da profissão de Anne, mas, hoje tudo o que posso dizer é que ela é tremendamente talentosa, e eu tenho muito orgulho dela. - Gilbert disse com sinceridade e Daniel apenas balançou a cabeça concordando com o que ele dissera.

-Bem, Daniel. Vou deixá-lo em casa, e depois cuidarei dos preparativos do nosso jantar.

Assim. Daniel desceu do carro no minuto em que Gilbert estacionou em frente de seu prédio, e disse em tom de agradecimento.

- Obrigado, meu amigo. Nos encontramos no jantar então. Até mais tarde.

- Até mais tarde, Gilbert respondeu. E assim ele esperou até que o amigo entrasse no edifico, para se dirigir para casa, e durante todo o trajeto de volta, ele pensou a proximidade de seu casamento com Anne e não pôde deixar de sorrir.

ANNE E GILBERT

Anne bocejou enquanto se espreguiçava deitada no sofá da sala onde passara as duas últimas horas entre um cochilo e outro na frente da TV. Ela estava realmente cansada, as noites com Gilbert estavam cada vez mais intensas, e embora sempre conseguisse dormir feito um bebê depois, na noite anterior ela tivera problemas para conciliar o sono. Felizmente a conversa que tivera com Gilbert a fizera se sentir melhor, e a tensão que a impedira de dormir normalmente, se fora e ela pudera voltar para a cama em companhia do seu amor, mas ainda assim, ela se sentia sonolenta, por isso, prolongara o máximo de tempo seu descanso naquela manhã.

Mas, como tinha algumas coisas para organizar, logo se pôs de pé e abandonou o conforto de seu sofá de couro macio, para ir até a cozinha tomar um copo de suco de laranja preparado por Gilbert e comer torrada. Ainda bem que ele não estava por ali, ou ela ouviria outro sermão de como comia mal na principal refeição do dia.

Em seguida, ela voltou para a sala, tornou a sentar-se e discou o número novo de Cole que tinha adquirido um novo aparelho, depois que o seu antigo fora roubado.

- Alô, ela ouviu-o dizer do outro lado.

- Olá, Cole. Como você se sente nessa gloriosa manhã?

- Me sinto esplêndido. E você? - ele perguntou com seu entusiasmo evidente.

- Me sinto a mulher mais feliz do mundo. - Anne disse radiante.

- Nossa. E a que se deve toda essa felicidade? Suas noitadas com Gilbert Blythe estão lhe rendendo essa alegria sem limites? Posso bem imaginar, ainda mais com aquele deus. - Cole disse suspirando e Anne riu mais ainda ao imaginar a cara de exagero que ele fazia nesses momentos.

- Eu tenho algo a lhe contar. - Anne disse fazendo suspense.

- Não vai me dizer que é o que estou pensando? Eu vou finalmente ter um sobrinho? – Ele disse aquilo com tanto entusiasmo que Anne sentiu pena em decepcioná-lo.

-Não, querido não estou grávida. Mas tenho uma notícia igualmente maravilhosa. - Anne disse indo para a sacada do apartamento.

- É mesmo? Então, me conte logo. Todo esse suspense está me matando. Você sabe que não sou bom em controlar a ansiedade. - Cole disse parecendo afito, por isso, Anne contou logo, livrando-o de ter uma síncope por causa nervosismo.

-Gilbert me pediu em casamento!

- Jura? Como foi isso? - Cole parecia mais animado ainda que minutos atrás quando começaram aquela chamada telefônica.

- Depois de toda a tensão que o acidente dele causou, Gilbert me pediu para casar com ele, e eu aceitei. Eu não poderia ter dado outra resposta.ao pedido dele. Você sabe o quanto esperei por isso. - Anne disse observando o movimento da rua enquanto falava com Cole no celular.

-. Ah, querida. Fico tão feliz. Mas, eu achei que ele tivesse dito que deveriam esperar um tempo.

- Sim, mas, ele mudou de ideia. Acho que ficou assustado com tudo isso que tem nos acontecido, e não quer perder mais tempo, assim como eu. - Anne disse sorrindo de leve.

- E quando será o casamento afinal? - Cole perguntou com curiosidade.

- Ele me deu seis meses para organizar tudo, mas, eu disse que não quero nada demais. Vou ficar feliz em me casar em Green Gables tendo como convidados somente meus amigos mais íntimos. Não preciso nada mais do que isso.

- Eu achei que você ia querer anunciar ao mundo todo o casamento do ano. - Cole disse em tom de brincadeira.

- Você sabe que não sou assim, Cole. Eu prefiro que tudo aconteça de maneira discreta e junto de pessoas que realmente se importam com Gilbert e eu. O mundo não precisa fazer parte disso. – Anne respondeu voltando para a sala novamente.

- Eu sei, meu amor. Também penso como você.

- Cole, o Gilbert está preparando um jantar especial para hoje à noite para comemorarmos esse nosso momento. Não quer vir? Você pode trazer o Jordan.

- Não posso, querida, tenho outro compromisso inadiável, sinto muito.

- Ah, Cole, queria tanto que você viesse. - Anne disse se lamentando pela falta que o amigo faria naquele dia.

- Não fique triste, meu amor. Eu tenho uma ideia. O que está fazendo agora?

- Nada de muito importante. - Anne respondeu.

- O que acha se eu aparecesse aí e saíssemos para tomar um sorvete? Poderíamos conversar um pouco enquanto fazemos uma caminhada. - Cole sugeriu.

- Está bem. Gostei da ideia.

- Chego aí em quinze minutos. - Cole disse antes de desligar.

Assim, Anne foi até o quarto, colocou uma calça jeans, uma blusa creme de mangas compridas, e se maquiou de leve. Quando Cole chegou, ela já estava pronta.

- Você está linda. O que a felicidade não faz, não é? - Cole disse beijando-a no rosto.

- Obrigada. Você está muito bonito como sempre. - Anne comentou, observando a calça preta que o amigo usava fazendo uma ótima combinação com a camisa azul marinho que realçava seus cabelos muito loiros.

- Eu agradeço pelo elogio. Vamos descer? - ele sugeriu, e a ruivinha abanou a cabeça concordando.

Eles foram até uma sorveteria perto do apartamento de Anne, e depois se sentaram debaixo de uma árvore onde um banco solitário e convidativo os esperava. Não havia muitas pessoas circulando por ali, por isso, Anne se sentia mais confortável em ficar assim ao ar livre, pois assim podia ver com clareza quem passava por eles. Ultimamente ela não se sentia muito bem em meio a multidões. Isso lhe causava um medo estranho de estar sendo observada. Gerando uma insegurança interna de não saber como se defender de um inimigo invisível. Era bom estar ali com Cole, jogando conversa fora, e observando o movimento sem estar escondida por trás da cortina na janela de seu apartamento.

- Faz tempo que não faço um programa assim. Eu estava com saudades de estar sentada assim, sentindo a brisa tocando o meu rosto. – Anne confessou a Cole.

- Eu sei que deve ser difícil para você, mas, o que deve ter em mente é que não pode se isolar assim do mundo. Eu entendo sua necessidade de seu proteger e proteger o Gilbert, mas, se esconder não vai mudar em nada a situação. - Cole aconselhou.

- Eu sei, mas, não consigo agir diferente. Gilbert me disse a mesma coisa que você. Quem sabe eu não me acostume com o tempo a viver sobre pressão, e volte a fazer as coisas que sempre me deram prazer antes desse maluco resolver fazer de mim seu alvo principal. – ela continuou falando, e só percebeu que Cole tinha ficado quieto quando ele não respondeu a uma pergunta que ela tinha acabado de fazer. - O que foi, Cole? - ela disse observando que o olhar dele estava fixo em algum lugar não muito longe dali.

- Anne, aquele não é o Billy Andrews? - Anne olhou na direção em que Cole apontava e gelou ao ver seu desafeto mais antigo próximo dela de novo, e para seu espanto ele estava acompanhado de Monique.

- Você conhece aquela moça que está conversando com ele? - Cole perguntou ao ver o olhar dela cheio de espanto observando a cena.

- Sim, conheço, e isso me faz imaginar o que uma mulher como ela teria a ver como um cara grosso como Billy? Essa não é a primeira vez que os vejo juntos. E tem mais. Quando eu estava noiva de Francesco, sempre que nos encontrávamos, ela fazia questão de tecer certos comentários sobre ele nada agradáveis, e outro dia os vi jantando juntos no centro da cidade, e pareciam bem íntimos. - Anne comentou.

- Isso me parece tão suspeito. O que você acha? - Cole perguntou, e Anne não sabia o que responder. Aquilo tudo era tão confuso para ela que fazia sua cabeça dar tantas voltas a ponto de deixá-la completamente zonza, por isso, respondeu simplesmente:

- Não sei o que pensar. Tenho tentado entender, e fazer certas ligações em minha cabeça, mas tudo que consigo é chegar em um beco sem saída, Cole.

- Não sei porque ver esses dois juntos não me parece um bom sinal.

- Você acha que Billy pode estar por trás dessas ameaças que recebo? .- Anne perguntou espantada. Nunca, em sã consciência pensaria em algo assim.

- Não sei, Anne. É somente um pensamento que me passou pela minha cabeça. - Cole disse com um olhar estranho.

- Mas, isso não faria sentido. Por que Billy me ameaçaria? Nunca aconteceu nenhum incidente entre a gente que justificasse uma ameaça por parte dele.- Anne disse incrédula.

- Não estou afirmando que ele esteja envolvido em tudo isso . É somente uma intuição. Deixe-me investigar um pouco, e quando eu tiver algo de concreto, a gente volta a conversar sobre isso. Como é o nome da moça?

- Monique. Ela é uma atriz bastante conhecida no meio artístico. Mas, como pretende investigar, Cole?

- Eu tenho meus meios, não se preocupe. - Cole disse com um sorriso.

- Por favor, não se arrisque. Eu quero meu amigo inteiro. - Anne disse apertando a mão dele com ansiedade.

- Fique tranquila, meu amor, não pretendo me arriscar mais que o necessário. - de repente, ele olhou para o relógio, e disse:- Nossa, preciso, ir.

- Não pode ficar mais um pouco? - Anne perguntou ao vê-lo se levantar apressado.

- Não. Tenho que ir, ou estarei atrasado para meu compromisso. .

Desta forma, eles caminharam de volta para o apartamento de Anne, onde Cole se despediu dizendo:

- Tenha um bom jantar. Eu te ligo assim que puder.

- Vou ficar esperando. Tenha cuidado. - Anne disse, vendo-o se afastar em direção ao próprio carro.

A ruivinha entrou em seu apartamento, sentindo-se um tanto ansiosa com tudo o que acontecera em seu passeio com Cole. Apesar de Billy Andrews ser uma pessoa desagradável, Anne não conseguia imaginá-lo por trás de toda aquela trama a qual vinha atormentando a vida dela. Ele era bronco demais para arquitetar algo tão mirabolante assim. A pessoa que era responsável pelas ameaças era alguém que sabia o que estava fazendo, e tinha planejado aquilo meticulosamente, e conhecendo Billy como ela conhecia, Anne tinha certeza que ele não teria toda essa paciência, e acabaria metendo os pés pelas mãos.

Ela passou o resto do dia com aquilo na cabeça, e quando a noite caiu, ela desistiu de ficar pensando naquele assunto. Precisava se arrumar, pois Gilbert a esperava no apartamento dele para o jantar, e Anne não queria deixá-lo esperando. Aquela noite era para festejar, e não para se perder em perguntas que não trariam respostas satisfatórias para as suas dúvidas.

Por esta razão, ela tomou um banho demorado, lavou os cabelos, e se perfumou com a colônia de pêssego que Gilbert adorava. Em seguida, ela escolheu um vestido lilás que era justo do busto até a cintura, e depois a saia caía rodada até no meio das coxas. Ela secou os cabelos e deixou que caíssem soltos pelo ombro e calçou sandálias de salto médio, e para terminar o look da noite, ela se maquiou de maneira bem sutil, pois queria deixar que sua pele ficasse bem natural, sem necessidade de algo mais pesado que realçasse os contornos de seu rosto.

Assim, que ficou pronta, ela vestiu um casaco comprido para protegê-la do frio da noite, e foi andando até o apartamento de Gilbert que era apenas uma curta caminhada de onde ela morava. Ao tocar a campainha do apartamento dele, Anne sentiu um frio na barriga, e se admirou com isso. Era engraçado se sentir assim, quando ela e Gilbert já  tinham passado a muito tempo do início do namoro, onde reações assim eram mais comuns. Eles estavam a ponto de se casar e ela ainda se sentia como se fosse a primeira vez que iam se ver em uma ambiente mais íntimo. E quando, Gilbert abriu a porta, e a olhou com admiração, Anne não pôde deixar de pensar como conseguiria passar as horas seguintes na mesma sala que ele sem poder tocá-lo como queria, pois teriam convidados, e ela precisaria deixar seus desejos e pensamentos trancados a sete chaves se não quisesse que ninguém notasse os pensamentos indecorosos que passavam por sua mente ao ver seu futuro marido tão terrivelmente desejável em seu jeans desbotado, e camisa preta aberta no peito. Aquele homem não se cansava de ser obscenamente maravilhoso?

Gilbert a puxou para seus braços, e enterrou seu nariz no pescoço dela dizendo:

- Tão cheirosa como sempre, meu amor. - Anne se agarrou ao pescoço dele, tentando controlar o impulso de empurrá-lo para o sofá e protagonizar uma cena quente de carícias ousadas antes que seus convidados chegassem, mas, ela sabia que não teriam tempo para mais nada a não ser alguns beijos comportados.

- Que droga, Gil. Por que tem que me provocar desse jeito? Não podia ter pelo menos abotoado a camisa? Vou passar o jantar todo querendo arrancar essa camisa do seu corpo. - ela confessou, fazendo Gilbert gargalhar.

- Calma, tigresa. Vamos ter bastante tempo para isso mais tarde.

- O problema é que mais tarde vai demorar um bocado, e o que você quer é me ver subindo pelas paredes. - ela reclamou, olhando para os olhos castanhos dele que naquele momento tinham um brilho sacana encantador.

- Você nem imagina o que está se passando em minha cabeça ao vê-la nesse vestido tentador. - Gilbert disse fazendo-a se arrepiar com seu tom de voz sensual.

- Por que não me conta? - ela perguntou, mordiscando o pescoço masculino devagar, observando com prazer o rosto de Gilbert se alterar um pouco. Quando ela ia repetir o gesto, ele disse:

- Tenha paciência, meu amor. Prometo que mais tarde vou te recompensar. - ele acariciou o rosto dela com carinho ao vê-la lançar-lhe um olhar frustrado. Antes que Anne pudesse responder, a campainha tocou, e Gilbert foi abrir a porta, observando surpreso Gabriela e Daniel chegarem juntos. Ele olhou interrogativamente para ao amigo que respondeu:

- Eu liguei para Gabriela e perguntei se ela queria uma carona, uma vez que veríamos para o mesmo lugar e ela aceitou. Foi somente, isso Blythe.

- Quer dizer que fizeram as pazes?

- Nós nunca brigamos de fato Gilbert, somente estabelecemos certos limites. Daniel sempre foi meu amigo e vai continuar sendo independente de qualquer coisa. - Gilbert assentiu, imaginando que Daniel desejava bem mais do que amizade com Gabriela, mas, já estava bom para começar. A uma semana eles quase nem se falavam e agora pareciam ali juntos. Talvez tivesse esperança para aquele relacionamento afinal, somente precisavam de tempo para recuperarem o que havia se perdido com a distância, assim como havia acontecido com ele e Anne.

- Olá, Anne. Como você está? - Gabriela disse ao ver a ruivinha parada atrás de Gilbert.

- Estou muito bem. E você? - Anne disse cumprimentando-a com um beijo no rosto.

- Estou ótima. Queria parabeniza-la pelo casamento. Finalmente conseguiu fazer Gilbert ouvir o chamado do coração. - Gabriela disse rindo.

- Acho que nós dois criamos juízo e resolvemos parar de fugir um do outro. – Anne respondeu apertando a mão de Gilbert.

Também estou feliz por vocês dois, Anne. Parabéns. - Daniel disse abraçando-a com carinho.

- Obrigada, Daniel.

- Bem, se todos estiverem de acordo, vou servir o jantar. - Gilbert disse sorridente.

Assim, Anne levou o casal de amigos para a mesa enquanto Gilbert trazia o jantar, o qual começou servir seus convidados. Ele tinha preparado suflê de abóbora, berinjela recheada e batatas gratinadas. De sobremesa, Gilbert serviu torta gelada de chocolate.

- Meu Deus, Blythe! Eu não sabia desses seus dotes culinários, Você tirou a sorte grande, Anne. Um homem que cozinha tão bem é uma raridade. - Gabriela disse com humor na voz.

- Daniel também é um ótimo cozinheiro. Você precisar provar a costela recheada assada que ele prepara. – Gilbert disse elogiando o amigo que não disse nada, pois ficara tímido com o que Gilbert dissera na frente de Gabriela.

- Talvez eu prove algum dia—Gabriela disse, olhando para Daniel de um jeito significativo que não passou despercebido a Anne e Gilbert.

O resto da noite foi bastante agradável. Os dois casai conversaram bastante, jogaram cartas, beberam vinho, e quando Daniel e Gabriela decidiram que era hora de ir, já era de madrugada. Anne ajudou Gilbert a dar um jeito na louça suja, e depois sentou-se no sofá da sala com uma taça de vinho nas mãos para a qual ela olhava com muita atenção. Gilbert colocou mais lenha na lareira para manter o ambiente aquecido, se sentou ao lado de Anne no sofá e perguntou:

- Por que está olhando tanto para essa taça, amor?

- Você sabe o que dizem sobre o vinho, Dr, Blythe? - ela perguntou sem olhar para ele.

- Não. - Gilbert respondeu tentando decifrar a expressão de Anne.

- Bem...- ela começou, se aproximando mais dele. – Dizem que é a bebida dos deuses- ela se avançou mais um pouco até estar sentada no colo dele, enquanto Gilbert a observava fascinado. - e que também é um afrodisíaco poderoso. - ela continuou enquanto desabotoava a camisa dele.

- E por que está me contando isso? - Gilbert perguntou, já sentindo o impacto do corpo de Anne perto do seu.

- Por que talvez eu queira provar meu noivo regado a vinho esta noite. - E sem esperar pela resposta de Gilbert, ela atirou a camisa dele ao chão, fazendo-o se deitar no sofá devagar. Em seguida, ela aproximou a taça de vinho de Gilbert, e despejou o que restava dele sobre o peito dele. Devagarinho ela secou cada gota com seus lábios enquanto Gilbert suspirava embaixo dela pelo toque de sua língua e a bebida sobre a sua pele. Ele nunca imaginara que ela fizesse algo tão ousado, e estava adorando cada segundo. Anne continuou explorando o corpo de Gilbert como se possuísse mil mistérios ali que ela ansiava por desvendar. Suas mãos ajudaram-no a se livrar da calça jeans e do resto da roupa íntima que havia embaixo dela, observando aquele monumento masculino deitado maravilhosamente nu no sofá da sala e totalmente a sua disposição. Neste ponto, Gilbert já ardia como se brasa quente queimasse sobre sua pele, e sua febre aumentou ao ver Anne retirar o próprio vestido, a lingerie minúscula e rendada que ela usava, e deitar seu corpo perfeitamente modelado sobre o dele. Ela brincou mais um pouco com os desejos do rapaz, explorando o pescoço, um pouco mais do peito que ainda tinha gosto de vinho, o abdómen musculoso que a deixava completamente excitada, enroscando as pernas no meio das dele, deixando que suas intimidades ficassem perigosamente próximas. Não aguentando mais apenas deixá-la tocá-lo, Gilbert inverteu as posições, ficando por cima dela. Seus dedos desceram pelo corpo da ruivinha sem cerimônia, enquanto sua boca procurava a dela desesperadamente. Trocaram beijos de tirar o fôlego, e provaram um do outro sem limitar seus desejos. Cada vez que os lábios de Gilbert ultrapassavam um limite, Anne gemia o nome dele sem conseguir se controlar. A paixão que sentia por ele era insana, aquele calor que a consumia inteira a deixava cada vez mais sedenta por ele, pelo toque dele, pelo seu jeito de beijá-la até que o mundo todo rodasse em um caleidoscópio gigante, fazendo-a se esquecer completamente de onde estava, deixando-a apenas consciente da loucura que era fazer amor com o homem que era o centro do seu mundo. Gilbert tocou-a intimamente tantas vezes, que Anne pensou que derreteria no calor das mãos dele que sabiam como deixa-la dominada pelo prazer que somente ele conseguia provocar em seu corpo. Gilbert estava no mesmo estado de excitação que ela, e mais um pouco explodiria de tanto desejo por aquela mulher incrivelmente sensual. O amor que faziam juntos era como uma onda de luxúria que os carregava juntos para um mar de sensações que fazia de seus corpos o que queria. Eles eram duas chamas juntas, duas formas que se encaixavam perfeitamente, duas estrelas que brilhavam juntas, duas energias que se alimentavam uma da outra, dois corpos que se completavam, e dois amores que se apaixonavam um pelo outro mais uma vez. O limite naquela noite não existia, e por isso, suas fantasias se igualavam em ousadia e intensidade, e como uma canção composta em uma única nota eles alcançaram o prazer máximo, a satisfação divina, e o horizonte naquele instante era pouco para tanta felicidade que invadiu o coração de Anne quando despertou de toda aquela loucura nos braços de Gilbert.

- Você nunca deixa de me surpreender, Srta. Cuthbert. É por isso que te amo imensamente. - Gilbert disse, olhando para ela todo lindo e suado com seus olhos brilhando apaixonados.

- Você também me surpreende, Dr, Blythe, a cada dia mais. Eu te amo agora e sempre. – Anne disse bocejando, se agarrando a ele, e adormecendo em seguida.

Logo, Gilbert se juntou a ela, e antes de adormecer, ele não pôde deixar de pensar no quanto a vida era maravilhosa por ter lhe dado a chance de encontrar aquela mulher tão linda por dentro e por fora e fazer dela sua companheira de ideais ainda por realizar. E ele não tinha dúvidas de que quando o futuro chegasse com mais desafios a serem conquistados, ela ainda estaria ali a seu lado, e caminhariam assim juntos pelo tempo que lhes restasse naquele mundo, indo em rumo ao infinito de suas esperanças e sonhos, onde seu amor tão imenso como era brilharia para sempre entre as estrelas.

-r tudo, Rosana.

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