Anne with an e- Corações em j...

By RosanaAparecidaMande

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Anne Shirley Cuthbert foi abandonada ao nascer em um orfanato por sua mãe biológica, mas ela nunca deixou de... More

capítulo 1- Lembranças
capítulo 2- amores do passado
Capítulo 3- sentimentos escondidos
Capítulo 4- Duas almas e um destino
Capítulo 5- Lado a lado com o amor
Capítulo 6- Nestes olhos teus.
Capítulo 7 - Emoções em conflito
Capítulo 8- O amor entre nós
Capítulo 9- Chamas de uma paixão
Capítulo 10- Apenas você
Capítulo 11- Corações apaixonados
Capítulo 12- Esse sonho de amor
Capítulo 13- Quando o coração se apaixona
Capítulo 14- O sentimento que vive em mim
Capítulo 15- Combinação perfeita
Capítulo 16- O que nos separa
Capítulo 17- Revelações
Capítulo 18- Expectativas
Capítulo 19- O que nos une
Capítulo 20- Tudo o que eu quis
Capítulo 21- Tudo o que sonhei
Capítulo 22- Tudo o que somos
Capítulo 23- O que me pertence
Capítulo 24- O tempo é algo relativo
Capítulo 25- O amor que te ofereço
Capítulo 26- Pensamentos proibidos
Capítulo 27- Pensamentos e desejos
Part 28- Provando do pecado
Part 29- O Jogo do amor
Part 30- Caprichos do coração
Part 31- Segredos e Desejos
Capítulo 32- Flertando com o perigo
Capítulo 33- O inesperado
Capítulo 34- Revelando um segredo
Capítulo 35- O incêndio
Capítulo 36- Uma esperança
Capítulo 37- O incêndio parte 2
Capítulo 38- Paraíso particular
Capítulo 39- As duas faces do amor
Capítulo 40- Idas e Vindas
Part 41- O retorno
Capítulo 42- Tudo o que existe entre nós
Capítulo 43- Como no princípio
Capítulo 44- Feliz Aniversário
Capítulo 45- Uma grande surpresa
Capítulo 46- O perigo mora ao lado
Capítulo 47- O inimigo nas sombras
Part 48- Amor e dor
Capítulo 49- As verdades do coração
Capítulo 50- Almas divididas
Capítulo 51- Palavras não ditas.
Part 52- O jardim do Éden
Capítulo 53- Ps: Eu te amo.
Capítulo 54- Eterno amor
Capítulo 55- Sua força em mim
Capítulo 56- Um só coração
Capítulo 58- Sussurros e juras de amor
Capítulo 59- Entre o céu e o inferno
Capítulo 60- Lar
Capítulo 61- A promessa de uma vida
Capítulo 62- Entre as estrelas
Capítulo 63- De corpo e alma
Capítulo 64- Desejo e castigo
Capítulo 65- Ao cair da tarde
Capítulo 66- Vidas entrelaçadas
Capítulo 67- Amor imenso
Capítulo 68- Fogo
Comunicado
Capítulo 70- Sonhos perfeitos
Capítulo 72- Xeque Mate
Capítulo 73- Anjo Ruivo
Capítulo 74- Amor de diamante
Capítulo 75- Para sempre
Capítulo 76- Um Natal para relembrar
Capítulo 77- Tudo o que importa
Capítulo 78- Um grande novo ano
História Nova
Capítulo 79- A segurança dos seus braços
Capítulo 80- Can't take my eyes off you
Capítulo 81- Inesquecível amor
Capítulo 82- O casamento do ano
Capítulo 83- Lua de Mel Havaiana
Capítulo 84- Uma nova vida juntos
Capítulo 85- Inseguranças e Fragilidades
Capítulo 86- Ao nascer do sol
Capítulo 87- O caminho de volta
Capítulo 88- O ingrediente principal
Capítulo 89- Na alegria ou na tristeza.
Capítulo 90- O benefício da dúvida
Capítulo 91- Amor e mágoa
Capítulo 92- Impasse
Capítulo 93- Uma longa noite
Capítulo 94- Sob o mesmo céu
Capítulo 95- Juntos
Capítulo 96- A razão da minha felicidade
Capítulo 97- Alcançando as estrelas
Capítulo 98- Acerto de contas
Capítulo 99- A vida por um fio
Capítulo 100- Garota Extraordinária
Capítulo 101- Na dor
Capítulo 102- A beleza de Vênus
Capítulo 103- The way I love you
Capítulo 104- Reconstruindo sonhos
Capítulo 105- Amor de mãe
Capítulo 106- Um novo tempo
Capítulo 107- Entre a mágoa e o perdão
Capítulo 108- Redescobrindo o passado
Capítulo 109 - Universo particular
Capítulo 110 - Esposa perfeita
Capítulo 111- Paraíso na terra
Capítulo 112- Um futuro cheio de promessas
Capítulo 113- O perdão é a cura da alma
Capítulo 114 - Lucy
Epílogo
Agradecimentos
Prêmios

Capítulo 57- Sem Regras

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By RosanaAparecidaMande


Olá, queridos leitores. Escrevi mais um capítulo dessa história que amo, e espero que agrade a vocês. Eu deixei os momentos mais quentes do casal um pouco mais picante que das outras vezes, mas, não explicito ou vulgar, porque detesto esse tipo de coisa. Esses momentos para mim são importantes, porque mostram exatamente o quanto o amor deles é intenso, e verdadeiro, por isso é que tento mostrá-los pela minha ótica romântica. Espero pelos comentários que sempre me incentivam e também quero saber se o momento hot do casal tem agradado a todos. Muito obrigada. Desculpem-me por qualquer erro ortográfico. Beijos.


ANNE

De todas as manhãs incríveis que Anne já tivera desde que começara a namorar Gilbert, ela poderia dizer que aquela com certeza era esplendorosa. O céu estava todo azul, as árvores mesmo perdendo suas folhas por conta do outono e do inverno que se aproximava, exibiam uma beleza graciosa, e o sol brilhava encantadoramente emprestando à aquele dia uma magia especial, completando o cenário digno de ser retratado por um artista.

Mas, não era a beleza do dia que prendia a atenção de Anne, e sim o anel de noivado que ganhara de Gilbert na noite anterior. Ele era simples e delicado, e ao mesmo tempo sofisticado, porém o valor dele não estava nas pedras de brilhante azul, e sim no significado que ele tinha ali em seu dedo. Ser noiva de Gilbert Blythe era um sonho que se realizava, mas, por mais que tivesse desejado isso, ela não conseguia acreditar que realmente acontecera, e como tinha uma imaginação bastante progressiva, ela tinha que se beliscar a todo momento para ter certeza de que não estava dando asas demais aos seus pensamentos.

Anne continuou admirando a beleza do anel, e sorrindo feito boba. Ela tinha impressão que não conseguiria mais parar de rir daquela maneira, pois parecia que a felicidade tinha se instalado em seu coração e nunca mais iria abandoná-lo. Era um pensamento otimista demais, ela disse a si mesma, pois uma felicidade plena assim seria possível nesse mundo? Mas então, como uma garota que acabara de ser pedida em casamento pelo homem que amava devia se sentir? Será que deveria ser mais cautelosa e dosar sua animação para não cair das nuvens a qualquer momento?

Anne tinha medo do que poderia acontecer quando votassem a Nova Iorque. Ela tinha um perseguidor, e não podia se esquecer disso. Era muito fácil se deixar levar pela euforia dos últimos dias, e cair na tentação de se esquecer de tudo para viver aquele momento maravilhoso amparada pelo amor de Gilbert que literalmente a deixava em estado de graça, porém, e se todo aquele sonho durasse apenas aquele fim de semana inesquecível? E se aquela felicidade tivesse prazo de validade? E se tudo aquilo que estava sentindo fosse tirado dela de um momento para outro?

De repente, Anne percebeu o que estava pensando, e se censurou mentalmente. Por que estava tentando se sabotar daquela maneira? Se Cole estivesse ali, ele diria que ela estava se sentindo culpada por estar feliz, e colocando obstáculos bobos que a fizessem acreditar que não tinha direito à felicidade que o pedido de Gilbert tinha lhe proporcionado.

E no fundo sabia que não tinha razão para isso. Não estava ofendendo ou magoando ninguém com seu noivado, então por que não deveria aproveitar cada minuto daquela emoção que deixava seu dia ainda mais colorido? Por que não podia gritar ao mundo que amava e era amada pelo homem mais incrível que já conhecera? Era tão bom ter aquela sensação de que tinha finalmente encontrado seu porto seguro, e que não precisava mais buscar razões para esconder o que seu coração tão abertamente deixava escrito em seus olhos.

Assim como os pensamentos negativos surgiram em sua mente, eles desapareceram no exato momento em que Gilbert apareceu em seu campo de visão. Ela estava sentada na varanda da fazenda dos Blythes, e Gilbert estava chegando com Sebastian depois de cavalgarem pela fazenda novamente, e ao vê-lo descer do cavalo com aquele seu sorriso preguiçoso nos lábios, Anne já sabia o estrago que aquela visão faria para seu autocontrole.

Gilbert vestido de fazendeiro tinha o mesmo charme do que quando usando suas roupas brancas de médico, porém a atração que sentia por vê-lo usando roupas tão casuais destacando todas as suas formas masculinas era dez vezes maior. O magnetismo dele flutuava pelo ar como a brisa que soprava e beijava seus cachos escuros, e era impossível desviar o olhar quando ele caminhava com aquela agilidade que a fazia se lembrar de um felino fascinante e misterioso.

Ele se virou para Sebastian e riu de algo que o amigo dissera, e o som de sua risada chegou aos ouvidos de Anne em sons graves e excitantes, assim como acontecia quando ele falava coisas lindas em seu ouvido, e ela se sentiu arrepiar inteira com aquela lembrança, enquanto seus olhos continuavam a examiná-lo com uma curiosidade quase compulsiva.

A camisa que ele usava era de mangas compridas, que ele dobrara até os cotovelos deixando os músculos dos braços evidentes daquela região. Ele levou as mãos à cabeça tirando o chapéu de couro marrom, que protegia sua cabeça do sol forte, e ajeitou os cabelos com um gesto charmoso deixando Anne hipnotizada pelos contornos perfeitos de seu maxilar brilhando à luz do sol. Gilbert então parou de andar por um momento, e seu olhar cruzou com o de Anne que o observava indisfarçadamente. Ele nem lhe sorriu ou acenou, mas a expressão de seu rosto demonstrava o prazer que estava tendo de vê-la sentada ali em sua varanda. Ele mordiscou o lábio inferior, sem tirar os olhos dela como se analisasse uma questão muito importante, e Anne pensou que daria qualquer coisa para saber o que se passava na cabeça de seu noivo naquele momento.

Ele entregou as rédeas de seu cavalo para Sebastian, e caminhou em direção à Anne que sentia sua respiração falhar a cada passo que ele dava, já acostumada com sua dificuldade de respirar quando Gilbert estava por perto. Aquela beleza toda em um único homem era uma afronta para o resto da população masculina, ela pensou divertida. Ele se aproximou dela e só quando estava bem perto, ele deixou que um sorriso enfeitasse seus lábios carnudos. Gilbert lhe estendeu a mão, e Anne a segurou firmemente entre a sua, e em seguida, ele a puxou para ele com delicadeza, mas isso não impediu que ela se chocasse com aquela parede de músculos do peitoral dele. Gilbert afastou a massa de cabelos ruivos da testa de Anne, e baixou a cabeça até alcançar os lábios dela. De início foi somente um selinho, mas, depois ela deixou que a língua dele invadisse sua boca, e o enlaçou pela cintura suspirando com o gosto delicioso dos lábios masculinos sobre os seus.

Eles se separaram devagar, e Gilbert deu um beijo na testa de Anne com carinho e disse sorrindo de lado:

- Adorei a recepção calorosa.

- Você saiu tão cedo essa manhã que não pude me despedir. - Anne respondeu admirando a cor castanha dos olhos dele.

- Não achei justo te acordar tão cedo quando está aqui para relaxar. - Gilbert se sentou na grande poltrona da varanda e fez Anne se sentar ao seu lado, apoiando a cabeça em seu peito.

- Eu teria adorado passear a cavalo com você. Por que não me acordou? - ela perguntou, enroscando seus dedos nas mãos grandes dele.

- Se bem me lembro, andar a cavalo nunca foi uma de suas atividades rurais favoritas. Você está querendo dizer que depois de todos esses anos vivendo uma vida cosmopolita em Nova Iorque, seus gostos mudaram? - O sorriso que ele lhe deu indicava que ele não acreditava muito naquilo que ela dissera.

- Talvez eu queira ter mais coisas em comum com o meu noivo, e assim passar todo o tempo livre com ele. - Anne disse olhando carinhosamente para Gilbert que retribuiu na mesma intensidade.

- Eu adoraria ter você como companhia em minhas andanças pela fazenda, mas, não tenho certeza se isso te agradaria. Ele a virou em seus braços, fazendo com que ela ficasse e uma posição que o permitisse ver o rosto dela enquanto conversavam um com o outro.

- Já disse que adoro tudo o que fazemos juntos, e quero partilhar tudo com você em nossa vida diária;

- Está bem. Da próxima vez eu prometo que te acordo e você vai comigo. – ele a puxou para seus braços e Anne encostou a cabeça em seu ombro. O olhar dela pousou sobre o anel em seu dedo novamente, e ela ficou observando-o pensativa por alguns minutos.

- Admirando seu anel de noivado, Srta. Cuthbert? – Gilbert perguntou com suavidade.

- Ele é tão lindo. Eu não me canso de olhar para ele. - Anne respondeu suspirando.

- Eu queria te dar um diamante, mas não encontrei nenhum da cor dos seus olhos. Essas pedrinhas delicadas tem a cor azul exata que eu procurava. - Gilbert olhou-a nos olhos e Anne sorriu com suas palavras.

- A escolha foi perfeita. - Anne disse sem conseguir tirar seus olhos do rosto de Gilbert. A luz que batia na varanda realçava cada linha ali lindamente desenhada fazendo Anne suspirar sem perceber.

- O que está pensando, Anne? – Gilbert perguntou intrigado pela expressão sonhadora nos rosto dela:

- Eu estava pensando no quanto o meu noivo é um gato. - A risada de Gilbert inundou o ambiente, enquanto ele pendia o corpo para trás deixando seu tronco relaxar sobre o encosto da poltrona.

- Você realmente não é nada sutil quando se trata de me deixar sem graça, não é, Anne?

- Eu apenas disse a verdade. Não é possível que você nunca tenha ouvido ninguém elogiar sua beleza. - Anne perguntou com as mãos espalmadas no peito de Gilbert.

- Algumas vezes, mas, nunca dei importância para isso. Meus interesses sempre foram outros, e o mais importante deles era em uma pessoa em particular

- É mesmo? E quem seria essa pessoa em particular? - Anne perguntou sabendo de antemão qual era a resposta, mas, querendo ouvi-la mesmo assim. Fazia-lhe bem ao ego ouvir Gilbert dizer que sempre pensara nela, e pelos sete anos que não se viram ela continuou fazendo parte da vida dele como ele fizera da dela. Dava-lhe uma sensação de proximidade, compromisso, e algo que deveria durar para sempre.

- Sempre foi você, anjo ruivo. Você sempre esteve em minha cabeça, em meu coração e nas profundezas da minha alma. Jamais pude amar outra mulher, como eu amo você, porque você sempre teve tudo de mim. - aqueles lábios próximos dos dela enquanto falavam a deixavam louca. Ela precisava urgentemente beijá-los e foi o que fez. As mãos dele a puxaram para seu colo, e Anne o envolveu completamente pelo pescoço, enquanto mordiscava a carne macia dos lábios dele inúmeras vezes, sentindo que Gilbert começava a pegar fogo com aquele gesto dela. Ele desceu as mãos dos quadris para o bumbum de Anne, apertando-o com força, fazendo-a ofegar. Anne aprofundou o beijo, sentindo as carícias de Gilbert em suas costas, e ela deslizou seus dedos para a fenda semiaberta da camisa dele, sentindo um enorme prazer com a pele quente de Gilbert pulsando em suas mãos. Ela ia abrir mais um botão, e prolongar aqueles instantes quando ouviram uma vozinha infantil que dizia:

- Tio Gilbert, vamos brincar de cavalinho? - eles se separaram no mesmo segundo, e Anne escondeu o rosto no peito de Gilbert tentando reprimir o riso, enquanto seu noivo ainda ofegante tentava dar um tom de normalidade à sua voz enquanto falava com Delfina que olhava para ambos com seu rosto inocente:

- É claro, meu amor. Você pode me esperar lá dentro somente um pouquinho? Eu preciso falar com a tia Anne.

- Sim. - Delfina respondeu feliz, entrando saltitante pela porta da sala.

- Eu te disse que devíamos tomar mais cuidado. - Anne disse ainda rindo do rosto corado de Gilbert.

- Eu esqueci que não estávamos sozinhos. Por Deus, Anne. Você me faz perder a cabeça. - Gilbert disse tentando acalmar seus hormônios que gritavam em suas veia por mais daquela loucura que estavam experimentando antes de Delfina chegar.

- Eu posso dizer o mesmo de você, Dr. Blythe. Acho que devemos controlar mais nossos instintos, ou vamos acabar em mais situações embaraçosas como esta enquanto estivermos por aqui.

- É algo difícil de fazer quando eu tenho você sentada em meu colo desse jeito. - a voz dele soou rouca e Anne viu os olhos castanhos começarem a escurecer, por isso, interrompeu aquele momento antes que os dois acabassem se agarrando de novo ali na varanda.

- Acho melhor você entrar e fazer o que prometeu a Delfina. Não quero que a menina volte aqui à sua procura, e fique traumatizada pelas ideias libertinas de seu tio. - ela disse com um risadinha.

- Você também não é nem um pouco inocente nisso tudo, Srta. Cuthbert. - Gilbert respondeu fingindo-se de sério.

- Eu sei. - Anne riu, e Gilbert acabou gargalhando de novo, mostrando a Anne o quanto ele estava se divertindo com aquela situação toda. Era uma alegria vê-lo rir despreocupadamente como antes, depois de toda a história de Sarah ter lhe afetado o humor nos últimos dias.

Ambos se levantaram e entraram em casa. Enquanto Gilbert ia em busca de Delfina, Anne achou que era um bom momento para ligar para Cole. Ele a fizera prometer que ligaria se tivesse alguma novidade para lhe contar, e a notícia do seu noivado com certeza era algo bom de ser contado para seu querido amigo que sempre torcera por sua felicidade, principalmente agora que ela e Gilbert estavam realmente juntos.

Ela discou o número dele em Nova Iorque, e Cole demorou um pouco para atender. Sua voz sempre alegre chegou aos seus ouvidos depois do terceiro toque, e quando ele soube que era Anne, sua animação pareceu se intensificar.

- Meu amor, que alegria ouvir sua voz. Eu fui visitá-la em seu novo apartamento, mas, o sindico me disse que você tinha ido viajar.

- Sim, Estou em Avonlea, na fazenda de Gilbert. Chegamos aqui na quinta feira. Ele precisou visitar Sarah em Charlotte Town, e eu resolvi vir com ele. - Anne se sentou com as pernas cruzadas no sofá, enquanto ouvia a algazarra de Gilbert e Delfina no outro cômodo da sala.

- E como ela está? Da última vez que falei com Gilbert sobre isso, ele não me pareceu muito animado sobre o caso dela. -

- Ela não está nada bem. - e Anne passou os próximos quinze minutos contando a Cole o motivo repentino de Gilbert de vir para Avonlea naquele fim de semana.

- Gilbert deve estar arrasado com toda esta história. – Cole comentou penalizado com a situação de Sarah.

- Ele estava pior, mas, já melhorou um pouco. Porém, sei que será um grande baque para ele quando ela se for.- Anne disse com a voz triste.

- Pelo menos ele terá você para consolá-lo. – Cole disse, e depois seu tom de voz se modificou quando fez a próxima pergunta.

- E como você dois estão? Pelo jeito a lua de mel já começou antes do casamento.

- Bem, quanto a isso, eu não posso negar. E devo acrescentar que tenho novidades. -Anne fez suspense com as palavras e Cole reclamou logo dizendo:

- Ah, Anne. Não seja maldosa e me conte o que está escondendo de mim.

- Eu e Gilbert ficamos noivos. - ela disse radiante.

- Como é? - Cole quase engasgou com as próprias palavras tão surpreso ficou com a revelação de Anne.

- Sim. Ele pediu minha mão ontem.

- Não acredito! Isso é algo que tem que ser comemorado! – Cole pulava de alegria, e de onde Anne estava ela podia ouvi-lo dançando pelo próprio apartamento.

- Não sei, Cole. Não acho que Gilbert vá querer uma festa. E acho que eu também não quero. Não acho necessário fazer algo grandioso para algo que somente importa para nós dois. - Anne disse esticando suas pernas no sofá e se acomodando melhor enquanto falava com Cole.

- Eu compreendo. Gilbert nunca foi mesmo baladeiro como eu e o resto da turma. Ele sempre teve aquele ar reservado de dar água na boca. Perdão, querida, eu sei que ele agora é seu noivo, mas, você sabe o que eu penso daquela delícia. - Cole disse malicioso, e Anne riu.

- Realmente ele é uma delícia. Isso eu posso afirmar com certeza.

- Anne, querida tenha pena desse seu amigo necessitado, e me poupe desses assuntos. Eu ando a perigo ultimamente.

- O que aconteceu com o seu caso tórrido de amor com o fotógrafo lindo e gostoso? - Anne adorava conversar com Cole. Ele conseguia fazer qualquer assunto ficar leve com seus comentários picantes, e ela sempre acabava entrando na onda dele.

- Está viajando a trabalho, e só volta daqui a duas semanas. Até lá estou na seca, diferente de você, meu amor. - ele suspirou alto e Anne riu mais ainda.

- Não seja dramático. Cole. E pare de secar o meu noivo, pois aquele monumento de homem é só meu. - Anne disse fingindo-se de séria.

- Que pena que só existe um Gilbert hetero no mundo! Que sorte amiga que você tem! Este homem é um banquete completo. -

- Sim, mas, como eu disse ele é só meu, e eu não sei dividir. - Anne continuou com a brincadeira ouvindo Cole gargalhar do outro lado da linha.

- É claro que ele é só seu, querida. Ele sempre foi. Mas, falando sério. Estou muito feliz que tudo entre vocês tenha tomado esse rumo. Vocês merecem ser felizes juntos.

- Eu também. Eu nunca pensei que seria tão feliz. - Anne disse suspirando o que fez Cole perguntar.

- Ele te deu um anel?

- Sim, o mais lindo de todos. Quero muito te mostrar. Que tal se você fosse no meu apartamento na segunda à noite? Eu e Gilbert já estaremos de volta à Nova Iorque até lá.

- É claro que sim. Combinado. Nos vemos na segunda.

- Até Segunda. - Anne disse e assim se despediram.

Após desligar o telefone, Anne foi até a outra sala ver o que Gilbert e Delfina estavam fazendo, pois suas risadas estavam cada vez mais altas. Anne parou na soleira da porta e ficou observando Gilbert com Delfina. Ela estava sentada nas costas dele, e ele a carregava como se fosse um cavalinho, e imitava sons característicos fazendo a menina rir deliciada com a brincadeira, e Anne riu com ela enquanto pensava no pai maravilhoso que Gilbert seria. Estava na cara que ele amava crianças e se dava muito bem com elas, Anne quase conseguia ver Gilbert criando seus filhos com ela naquele mesma vibração e alegria, e seu coração mais uma vez bateu mais forte por aquele homem tão cheio de sentimentos humanos e lindos. Gilbert a viu parada na porta e sorriu, ao mesmo tempo que fazia Delfina descer da suas costas e dizer:

- Ok, Delfina. Vamos parar um pouco. O tio Gilbert ficou cansado e precisa descansar. Depois brincamos mais, querida. - a garotinha rodeou o pescoço dele com seus bracinhos delicados, deu-lhe um beijo na bochecha em resposta, e foi correndo para a cozinha procura da mãe

- Quanto tempo está aí?

- Tempo suficiente, amor. – Anne respondeu ainda impressionada com as visões que teve de Gilbert com seu bebê no colo.

- E não vai me dizer por que está com esse sorriso nos lábios? - ele disse já bem próximo dela.

- Promete que não vai rir de mim? – Anne já se sentia envergonhada pelos pensamentos que tivera.

- Prometo. O que foi? - Gilbert olhava para ela, e Anne baixou a cabeça, pois não tinha coragem de encará-lo, e disse olhando para o chão:

- Eu pensei em você com nosso bebê nos braços. - Gilbert puxou o queixo dela para cima com o polegar, fazendo-a olhar para ele.

- E por que está envergonhada por ter pensado isso? Um dos meus maiores sonhos é ter um filho com você, eu já te disse. Sem contar que você vai ficar ainda mais linda com uma barriga de grávida, e tenho certeza que vou me apaixonar por você mais ainda. - ele acariciou a pele dos lábios dela com o polegar e Anne respondeu hipnotizada pelo olhar dele:

- Eu não quis que pensasse que estou querendo apressar as coisas. Eu sei que você ainda quer esperar um pouco, e eu concordo, mas, quando te vi com Delfina, não pude deixar de pensar como seria ter um laço de amor assim com você.

- Você me fará o homem mais feliz do mundo no dia em que me der um filho. E eu juro que vamos tê-lo assim que nos casarmos, e eu te der a vida que sonhei.

Anne quis dizer a Gilbert que não ligava para o tipo de vida que ele pudesse lhe dar. A fama ou o dinheiro nunca lhe foram importantes, eram apenas resultado de seu trabalho. Ela viveria bem com ele em uma vida mais simples, ali em Avonlea ou em qualquer lugar que ele quisesse trabalhar como médico, porque no fundo já' se sentia tão afortunada por tê-lo, que não precisava mais de nada. Ela poderia trabalhar ainda por um tempo como modelo, e depois, se tornar professora como sempre desejara. Ela não tinha desistido completamente desse sonho, e quando se casasse com Gilbert talvez pudesse enfim realizá-lo. Anne gostava de se imaginar dentro de uma sala de aula, lecionando para pequenos rostinhos que a olhariam com adoração, imaginando que naquela jovem ruiva de olhos azuis estava a porta do conhecimento que eles tanto almejavam alcançar. Era lindo o dom de transformar vidas por meio de ensinamentos que abririam espaços para seres pensantes e críticos, participantes de uma sociedade que carecia tanto de sabedoria e pessoas dispostas a operar o milagre da mudança, e ela adoraria fazer parte disso, porque ela queria dar ao mundo sua colaboração por meio de seu título de professora, e esperava ter no futuro essa oportunidade. Contudo, ela conhecia Gilbert. Ele era orgulhoso demais para aceitar que Anne tivesse menos do que a vida que levava agora, e só consideraria levá-la ao altar quando tivesse plena certeza de que ela tinha o mesmo conforto que desfrutava naquele momento, e Anne respeitava sua decisão. Não precisavam ter tanta pressa, fariam tudo conforme Gilbert desejava e ao seu tempo.

-Eu também serei a mulher mais feliz do mundo no dia em que tiver um filho seu em meus braços. - ele a trouxe para seus braços, e a beijou sem pressa e sem todo aquele fogo que experimentaram na varanda momentos antes, mas, ainda assim Anne sentiu seu coração palpitar. Qualquer beijo que trocasse com Gilbert lhe traria aquela mesma sensação de que flutuava em outro espaço ou esfera. Ele tinha o poder de fazer isso com ela e muito mais.

- O que acha de descansarmos um pouco no meu quarto? Depois podemos almoçar, e em seguida visitar Matthew e Marilla. - ele sugeriu acariciando-lhe os cabelos.

- Acho uma ótima ideia. Eles estão loucos para ver você. - Anne respondeu e colocou sua mão na cintura dele, e juntos subiram as escadas que levavam até o quarto de Gilbert, e só saíram de lá quando Mary bateu na porta, anunciando que era a hora do almoço.

GILBERT

Gilbert estava tomando banho, enquanto Anne continuava adormecida no quarto. Eles tinham almoçado com Sebastian e Mary, e depois voltaram para o quarto onde passaram boa parte da tarde descansando. Ele tinha convidado Anne para dar uma volta pela fazenda depois do almoço, mas ela dissera que preferia fazer isso no dia seguinte, quando eles fossem cavalgar pela fazenda de manhã, pois o sol àquela hora da tarde estava forte demais para sua pele sensível, que se queimava com facilidade e adquiria uma tonalidade vermelha acabando por descascar em poucos dias, e por causa de seu trabalho, Anne evitava esse tipo de situação, pois sabia que seria difícil disfarçar a pele danificada, pois mesmo que usasse quilos de maquiagem, o efeito seria muito longe do natural.

Gilbert admirava o jeito vaidoso de Anne sem exageros. Ela não era afetada como muitas de suas companheiras de profissão que levavam suas preocupações com a beleza ao extremo, se esquecendo de alimentar também sua inteligência e sabedoria. A beleza não duraria para sempre, por mais cirurgias plásticas que pudessem fazer, o que sobrava era uma casca vazia que continuaria lutando para não envelhecer, enquanto seu interior continuaria oco, sem nada consistente para lhes oferecer a não ser um espelho cruel e frio.

Contudo, sua Anne não era assim. Ela gostava de se cuidar, e se arrumar como toda garota de sua idade, mas não fazia alarde nenhum sobre isso. Ela era naturalmente linda, além de ter uma mente culta e inteligente, e era uma companhia estimulante.

Quando ele saíra com Sebastian aquela manhã para visitarem mais alguns acres de sua fazenda, Gilbert não parara de pensar nela um segundo. Pedi-la em noivado foi a coisa mais emocionante que fizera na vida, e enquanto falava com ela sobre seus sentimentos, rezando mentalmente para que ela aceitasse seu pedido, tudo o que conseguia ver a sua frente era a garota de catorze anos por quem se apaixonara, enquanto ele se sentia o mesmo Gilbert Blythe de dezesseis anos, inseguro e tímido que nunca tivera coragem de se declarar para Anne de verdade. Suas mão suaram, e Gilbert ficara nervoso, mas, fizera de tudo para Anne não perceber. Às vezes a sua maturidade o abandonava em momentos muito importantes assim, e ele se esquecia do cirurgião experiente que era para deixar o menino de seu passado se manifestar

Esse seu lado sempre surgia quando estava com Anne, pois antes, no que se referia à garotas, ele nunca tivera problemas com isso. Aceitava um flerte sem compromisso se lhe interessasse, ou recusava sem remorso nenhum quando alguma garota era afoita demais e lhe desagradava por algum motivo, mas aquele par de olhos azuis sempre fora seu ponto fraco quase como uma criptonita a lhe tirar as forças. Anne sempre dizia o quanto ele era forte, contudo, o que ela não sabia, era que o limite de suas forças durava até quando ela estava do seu lado, porque sem ela ele desmoronava.

O caso de Sarah fora um exemplo disso. Ele estava tentando superar, tentando encontrar uma razão para não se sentir mal demais ou gritar por sua própria incompetência, porém, bastava Anne segurar em sua mão para ele ter certeza de que conseguiria manter sua sanidade mental, porque Anne lhe dava segurança e além de tudo, lhe dava um amor imenso capaz de curar tudo, até mesmo aquela ferida que teimava a não se cicatrizar, dentro do seu coração.

Ele sentia uma alegria nova dentro de si ao pensar que agora ela era sua noiva, e o aceitara seu pestanejar ou hesitar. Ele quase não coubera dentro de si quando ela dissera sim ao seu pedido, e ele que pensara que aquilo nunca chegaria a acontecer um dia. Eles tiveram tantos obstáculos entre eles, tantos desencontros, e farpas trocadas, que Gilbert chegara a acreditar que nunca mais se entenderiam, apesar de ter plena consciência que seu amor por ela nunca fora apenas o sentimento de uma estação, ele tivera poucas esperanças de que ela abandonasse Francesco para voltar para ele. E então, Anne o surpreendera, e lhe mostrara que dentro daquele corpo magnífico havia mais do que uma garota caprichosa, e ele deixara sua cegueira de lado para perceber que ela valia a pena, e que nunca deixara de ser a Anne que ele conhecera, de quem cuidara quase como um irmão, e que depois a enxergara como a única mulher capaz de virar seu mundo de cabeça para baixo, abalar suas estruturas, tirá-lo de sua zona de conforto, e fazê-lo vibrar somente com um sorriso seu.

Anne significava o mundo para ele, e muito além disso. Ela era a beleza da vida representada por aquele seu jeito alegre de menina, e que se transformava toda vez que seus olhares se encontravam, e o futuro de ambos brilhava como uma linda estrela cadente cheia de sonhos, lhe dando a certeza absoluta de que seus destinos sempre caminharam juntos, mesmo que a distância de alguma forma tentara separá-los, o chamado do amor sempre fora mais forte e sempre os impulsionara a estarem lado a lado, ainda que estivessem em estradas opostas. E Gilbert se sentia tão agradecido pela oportunidade de ter encontrado sua alma gêmea, quando tantas pessoas acabavam seus dias sozinhas com seus anseios de amor frustrados.

Gilbert desligou o chuveiro, e depois, se enxugou com uma toalha macia, vestiu um roupão de algodão, e entrou novamente no quarto onde Anne dormia calmamente. E seu peito encheu de ternura ao se lembrar das vezes em que ela dormira em seu quarto quando eram crianças, e tão inocente aos desejos dele por ela mesmo naquela época. Ele conseguia admitir para si mesmo agora que sempre a quisera, mesmo quando aos onze anos acreditara que seus sentimentos eram todos fraternais. Naquela época ele não tinha maturidade para entender seu coração, e muito menos, enxergar que todas as vezes que ele a abraçara porque ela estava chorando, não era apenas para consolá-la, e sim pelo desejo puro e simplesmente de tê-la o mais perto possível. Era engraçado pensar o quanto se ignorava os sentimentos de uma criança, quando tudo era visto como inocente e sem malícia, o que era na verdade, mas era errado pensar que um amor de infância não fosse capaz de crescer e criar raízes profundas que jamais seriam arrancadas de seu lugar de origem, porque na verdade o seu amor e de Anne fora assim, como uma plantinha frágil mais cheia de vontade de chegar à vida adulta e espalhar seu perfume para o mundo ao seu redor, e foi realmente o que acontecera, pois tanto Gilbert quando Anne carregaram aquela sementinha ao longo de sua adolescência, e depois como pessoas responsáveis e donas de suas vidas permitiram que ela brotasse e se tornasse a base principal do relacionamento de ambos, e por esta razão, estavam juntos para o que desse e viesse.

Ele se aproximou da cama, e olhou para o anel de noivado que coubera perfeitamente em seu dedo anular. Ele fora feliz em sua escolha, e se tivera alguma dúvida quanto a opinião de Anne sobre o anel, ela tinha sumido aquela manhã ao vê-la olhando para a joia com uma expressão de adoração no rosto. As pedras combinavam perfeitamente com o tom de azul dos olhos dela, e fora exatamente por isso que a comprara e não se arrependia, pois olhando melhor para ele de onde estava, Gilbert podia dizer com certeza que nenhuma outra joia teria sido mais perfeita que aquela, ou expressasse tanto a personalidade de sua dona com delicadeza e elegância.

Anne se virou na cama, e seu cabelo caiu para o lado, deixando à mostra seu pescoço alvo, uma verdadeira tentação para Gilbert que adorava beijá-la ali, Ele sorriu malicioso para si mesmo, se sentou na cama, inclinou o corpo e deixou que seus lábios pousassem exatamente naquela região, onde depositou um beijo quente e demorado. A ruivinha suspirou em seu sono, e isso foi um incentivo para Gilbert aprofundar mais o beijo até que Anne abriu os olhos, e com um gemido abafado, ela se virou de frente e o puxou para ela, fazendo com que Gilbert a cobrisse com seu corpo musculoso. Logo, as mãos dela se insinuaram por dentro do roupão dele aberto, apalpando-lhe todos os músculos de seu peitoral até o abdômen, e desinibidamente continuaram descendo até a calça de moletom que ele estava vestindo, insinuando com seu gesto a que ponto estava sua excitação e o que desejava naquele exato momento. Contudo, Gilbert lhe segurou as mãos, impedindo-as de continuar o seu intento, enquanto o beijo prosseguia cada vez mais faminto. De repente, eles pararam para respirar, pois faltava-lhes fôlego, e Anne resmungou frustrada quando Gilbert rolou para o lado, segurando-lhe as mãos sobre o seu peito.

- Olá, querida, dormiu bem? - ele perguntou e Anne o olhou com seus olhos cheios de preguiça e respondeu;

- Eu estava dormindo maravilhosamente bem até que um certo médico resolveu me atacar durante o sono. - ela respondeu mal humorada.

- Eu apenas te dei um beijo para despertá-la, mas, foi você que me atacou. - Gilbert disse rindo da cara de brava de Anne.

- Você bem que gostou, não é? Ou vai dizer que não?

- Você sabe que sim. Eu adoro todos os seus beijos. - ele respondeu tocando os lábios dela.

- Então, por que interrompeu? Estava tão bom. - Anne reclamou.

- É que combinamos de ir até Green Gables, você se lembra? E se a gente começasse a se beijar isso não duraria apenas um minuto.

- Eu sei. Desculpe-me pela minha impulsividade. Eu fui pega de surpresa. - Anne deu uma risadinha baixa como se estivesse envergonhada de seu comportamento minutos antes.

- Eu também queria, então sou tão culpado quanto você. Agora, acho melhor se arrumar ou chegaremos tarde em Green Gables. - Gilbert disse e Anne concordou.

- Está bem. Vou tomar banho e fico pronta em vinte minutos.

Enquanto Anne se dirigia para o banheiro, Gilbert terminou de se arrumar, e desceu as escadas para esperar Anne. Pouco tempo depois, ela se juntou a ele, que estava na cozinha conversando com Mary, enquanto ajudava Delfina a montar um quebra cabeça de duzentas peças.

- Você parece uma princesa, tia Anne. - Delfina disse ao olhar maravilhada para Anne que vestia um vestido azul de malha de mangas compridas, e um casaquinho para combinar e protegê-la da brisa fria que começara a soprar naquele fim de tarde.

- Eu vou ter que concordar com ela, meu amor. – Gilbert disse admirando-lhe os olhos azuis mais uma vez que em contraste com a roupa, pareciam mais brilhantes que as pedras do anel em seus dedos.

- Vocês estão me deixando encabulada desse jeito. - Anne disse um pouco corada, e Gilbert disse somente para os ouvidos dela:

- É assim que eu me sinto quando me chama de Dr. Delícia, embora não possa dizer que não me agrade ser visto dessa maneira por você. - Anne percebeu que Mary e Delfina olhavam para eles curiosas com os cochichos de Gilbert, e disse para apressar o noivo:

- Acho melhor irmos andando. Matthew e Marilla se recolhem cedo, e não quero chegar lá muito tarde. - ele concordou, e ambos se despediram de mãe e filha, e foram em direção do carro de Gilbert estacionado nos fundos da fazenda.

Marilla estava cuidando de seu jardim quando chegaram em Green Gables, e Matthew ouvia seu radinho de pilha que Anne calculou que deveria ter muitos anos de uso, pois desde que se lembrava, Matthew carregava aquela velharia. Alguns anos antes, ela dera a ele um sofisticado aparelho de som, mas, ele sequer o tirara da caixa, dizendo que era velho demais para aquelas modernidades. Quando ele viu Anne e Gilbert se aproximando, Matthew se levantou e foi ao encontro deles com seus olhos arregalados de surpresa, e a alegria indisfarçável em seu rosto:

- Meus filhos, não os esperava hoje. Se soubesse que viriam, eu teria me vestido melhor. - Matthew disse, apontando para a camisa simples de algodão marrom que usava, bermudas jeans, e chinelos.

- Não precisa se preocupar com isso, Matthew. Nós somos de casa. - Anne disse se inclinando para beijá-lo no rosto.

- Como tem passado, Sr. Cuthbert? - Gilbert apertou-lhe as mãos com respeito.

- Muito bem, meu filho. Mas, você pode me chamar de Matthew, Gilbert. Eu me sinto muito velho quando me chama assim.- ele deu uma piscada para Anne, e Marilla logo se juntou a eles.

- Eu perguntei para Anne quando você viria nos visitar. - Marilla disse abraçando Gilbert com carinho.

- Eu tive que resolver alguns assuntos ontem, e não pude vir com Anne visitá-los antes. Mas, eu não voltaria para Nova Iorque sem dar uma passadinha por aqui. - Gilbert disse sorridente. Ele sempre se sentira parte daquela família, e a razão para isso era aqueles dois irmãos extraordinários que o acolheram em sua casa como se fosse a sua própria.

- Vamos entrar. Eu acabei de assar um bolo de cenoura. É uma receita nova que Rachel me deu, e eu os convido a prová-lo com um café recém-preparado.

- Ah, essa delícia, eu não posso perder. - Gilbert disse. Embora não fosse adepto a coisas doces, e as evitasse o quanto podia, as sobremesas de Marilla eram as únicas que ele nunca conseguia resistir. Elas lhe lembravam sua infância nas cozinha dos Cuthbert, com Anne e seu pai ao seu lado, e sempre lhe traziam um pedaço do passado de volta.

- Anne me disse que você voltaram a namorar. Quero que saiba que estou muito feliz com esse namoro. - Matthew disse sorrindo para Gilbert assim que se sentaram à mesa, o que fez com que Anne e ele trocassem um olhar significativo.

- Bem, Matthew. As coisas mudaram um pouco de ontem para hoje. - Anne disse fazendo certo suspense e Matthew reclamou dizendo:

- Ah, não. Anne. Não vai me dizer que já se separaram de novo.

- Na verdade, Matthew. As coisas ficaram mais sérias. - Gilbert disse olhando para Anne e sorrindo, enquanto Matthew e Marilla ficaram sem entender nada.

- Estamos noivos. - Anne anunciou, estendendo a mão e mostrando com orgulho o anel que Gilbert lhe dera.

- Meu Deus! Que felicidade! Não pensei que viveria tempo o bastante para ver isso. Por que não nos avisaram? Poderíamos ter feito algo especial para comemorarmos esse acontecimento tão importante. – Matthew disse sem parar de sorrir. Era nítida sua alegria com a notícia.

- Gilbert me pediu em noivado ontem à noite, e não tivemos tempo de contar a ninguém. - Anne explicou enquanto Marilla a abraçava e a Gilbert tão feliz quanto seu irmão.

- Fico tão feliz por vocês dois. Depois de todos esse tempo, finalmente enxergaram o que realmente importa. - Marilla comentou, e Matthew concordou com ela e acrescentou.

- Eu sempre soube que vocês acabariam juntos, e só espero que não demorem muito para se casar. Eu ainda quero levar essa garota linda ao altar. - Matthew disse emocionado.

- E você terá seu desejo realizado, Matthew, pois me recuso a entrar na igreja se não for você quem me conduzirá ao altar.

- Obrigado, minha filha. Você não sabe o quanto isso significa para mim. - Matthew disse enxugando os olhos que lagrimavam.

- Anne, posso te fazer um pedido? - Marilla disse meio hesitante.

- Claro, Marilla. Peça o que quiser.

- Eu sei que você vive entre os melhores costureiros do mundo, mas, será que eu não poderia fazer seu vestido de noiva? Eu prometo que não irá se arrepender. - Anne olhou para Marilla surpresa. Ela sempre fora uma excelente costureira, e se na época dela fosse permitido que mulheres como ela tivessem uma profissão, Anne se arriscava aa dizer que ela teria dado uma estilista maravilhosa.

- Será uma honra ter o meu vestido de noiva feito por você, Marilla. - Anne disse sorrindo e apertando a mão da boa senhora com amor.

Desta forma, ambos passaram horas agradáveis ao lados dos dois irmãos que estavam radiantes com a notícia do noivado de Anne e Gilbert. Quando foram se despedir, Matthew apertou a mão de Gilbert e disse:

- Por favor, cuide bem da nossa menina.

- Pode deixar. Obrigado por nos darem suas bênçãos- Gilbert disse abraçando Marilla mais uma vez.

- Você também é nosso filho. Estamos felizes por tê-lo permanentemente em nossa família.

Ambos chegaram na fazenda de Gilbert bastante sorridente pela ótima tarde que passaram em Green Gables, e se sentaram um pouco na varanda para observar o céu que àquela hora estava todo iluminado de estrelas, dando uma bela visão aos dois namorados que olhavam para todas as constelações admirados.

- Olha, Gilbert. Encontrei Vênus. - Anne disse animada.

- Eu também. – ele respondeu trazendo a cabeça dela para seu ombro.

- Como ela está linda essa noite. - Anne disse suspirando.

- Creio que também está nos abençoando. - Gilbert respondeu sorrindo.

- Você acha? - Anne levantou a cabeça e fitou o rosto bonito dele.

- Sim, porque o nosso amor é abençoado, Anne. Ele sempre esteve ao alcance de nossas mãos, mas, nós o ignoramos por tempo suficiente, e agora que estamos finalmente juntos, eu acredito que realmente nosso destino sempre foi esse, juntos. - ele disse entrelaçando seus dedos nos dela. – então, eles selaram aquele instante com um beijo, e Anne pensou em quantas verdades haviam naquelas palavras.

ANNE E GILBERT

O domingo amanheceu lindo, e como prometera. Anne saíra cedo para cavalgar com Gilbert. Essa nunca fora uma de suas atividades favoritas da fazenda, mas, por Gilbert, ela resolveu fazer um esforço, pois sabia o quanto ele amava andar em sua propriedade em cima de um cavalo, correndo contra o vento e se sentindo livre e cheio de vida. Gilbert parecia tão mais jovem quando estavam ali em sua fazenda. Era como se ele fechasse as portas para o mundo exterior, deixando todas as suas mágoas e peso que carregava nos ombros do outro lado, permitindo-se viver de verdade cada momento sem se preocupar com o amanhã.

Anne amava fazer parte disso tudo, era amava fazer parte do mundo dele, e se sentia contagiada por aquela energia vibrante que Gilbert conseguia fazer chegar até ela apenas com um olhar iluminado. Por isso, mesmo sabendo que no dia seguinte seus músculos estariam todos doloridos e rígidos, ela tinha certeza que valeria a pena apenas para curtir cada segundo com Gilbert longe dos olhos curiosos e maldosos.

Gilbert observava Anne cavalgar ao seu lado, e pensava no quanto ela ficava bela vestida com roupas simples do campo. Era fácil perceber que ela pertencia muito mais àquela vida simples do campo, do que a existência agitada que que tinha em Nova Iorque. Ele a vira sorrir mais vezes em cima daquele cavalo do que em cima de uma passarela, e era assim porque ambos reconheciam naquelas terras suas origens, suas raízes e os seus corações.

Ambos voltariam para Nova Iorque no dia seguinte, e Gilbert já se lamentava por ter que partir. Ali ele recuperara sua calma e seu equilíbrio, e estava se sentindo revigorado, contudo, ele sabia o que o esperava além dos portões de sua fazenda, e não sabia se estava preparado para enfrentar tudo de novo. Ele não achava que estava sendo covarde, e nem estava fugindo do que viria, apenas estava tomando fôlego para enfrentar outra luta que era manter a fé em si mesmo.

Gilbert amava ser cirurgião, e por mais sofrimento que isso lhe trouxesse ele jamais abandonaria a carreira que lutara tanto para conquistar. O problema daquilo tudo não era a medicina, e muito menos as batalhas travadas todos os dias. O que às vezes o deixava frustrado era a ignorância que o ser humano ainda tinha frente à muitas doenças e males ditos incuráveis. Séculos de pesquisa e em algumas áreas, o homem ainda parecia que engatinhava. Gilbert acreditava que nenhuma doença era nova, era o homem que não tivera a capacidade de percebê-la antes. Isso apenas provava, que por mais estudos, pesquisas e experiência que se fizesse, sempre haveria muito mais coisas à frente para se aprender. Era um ciclo interminável que continuaria assim até que não sobrasse da humanidade pedra sobre pedra.

- Gilbert, será que podemos voltar? Acho que para mim já foi o suficiente, e creio que é loucura eu insistir em continuar. - Anne disse ofegante tirando-o de seus pensamentos.

- Está bem, amor. Acha que consegue cavalgar todo o caminho de volta sem problemas?

- Consigo sim. - Anne respondeu, seguindo firmemente ao lado dele.

Quando chegaram ao estábulos da fazenda. Gilbert desceu rapidamente e foi ajudar Anne que se atrapalhou um pouco na descida. Ele a pegou nos braços, e fez com que ela chegasse em terra firme bem lentamente, enquanto seus corpos se roçavam de leve. Anne viu o brilho de malícia nos olhos de Gilbert, mas não disse nada, pensando consigo mesma que Gilbert não perdia a oportunidade de tirar uma casquinha dela. Não que ela se importasse, pois fazia isso também todo o tempo.

- Estou orgulhoso de você, Não pensei que conseguiria cavalgar tanto tempo sem reclamar. Quando éramos mas novos, você mal conseguia chegar até perto do rio, e eu sempre tinha que te trazer de volta em meu cavalo.

- Talvez essa fosse a maneira que eu encontrava de ficar em seus braços. - Anne disse com um sorriso maroto.

- Eu nunca disse nada porque adorava ter você tão perto de mim,

- Éramos idiotas. - Anne disse ainda rindo.

- Estávamos apaixonados, somente nãos sabíamos como demonstrar. - Gilbert acabou concluindo.

O resto do dia passou rápido demais. Anne ficou no quarto descansando enquanto Gilbert colocava toda a sua conversa em dia com Sebastian. Naquela noite jantaram com ele, Mary e Delfina como tinham combinado anteriormente, e depois voltaram para casa e foram para a cama cedo, pois teriam que madrugar no dia seguinte para pegarem o avião de volta para Nova Iorque.

A viagem transcorreu tranquila, e Anne dormiu quase o tempo todo. Gilbert não conseguiu pregar o olho. Ele estava pensativo, e seu olhar encontrava-se na paisagem incrível do lado de fora. O sol estava nascendo e dava ao céu uma textura avermelhada em um lindo jogo de luzes que dava-se a impressão que o horizonte se incendiaria a qualquer momento.

Gilbert sentiu certa ansiedade ao se lembrar da conversa que tivera com Sarah, e de sua aceitação passiva de sua morte eminente. Ela dissera que ficaria bem, e que era para Gilbert não se preocupar, porém, ele não ficaria em paz sabendo do sofrimento dela. Dali para frente, a condição física dela somente decairia, e o pior de tudo era que ela sabia exatamente qual seria o processo, pois por ser enfermeira, ela vira aquilo acontecer inúmeras vezes durante o tempo em que trabalhara no hospital. E ele se perguntava se não era melhor quando o paciente ignorava totalmente o que estaria por vir.

Percebendo que seu bom estado de ânimo anterior estava mudando para um estado depressivo, Gilbert tratou logo de desviar a sua atenção, e se concentrou na mulher adormecida ao seu lado, sentindo aos poucos sua calma retornar. Anne tinha um efeito repousante sobre suas emoções, e de repente, ele estava quase totalmente relaxado, ao se lembrar do fim de semana que tiveram, e felizmente quando o avião pousou no solo Nova Iorquino, Gilbert já conseguia sorrir de novo com facilidade.

Anne exibia o rosto ainda sonolento quando desembarcaram no aeroporto. Ela bocejava de cinco em cinco minutos, e mal conseguia manter os olhos abertos. Ao chegarem ao apartamento dela, Gilbert a levou para o quarto no colo, colocou-a na cama, e disse:

- Agora, descanse, querida. – ele ia se afastar para deix-la dormir, mas, ela segurou em sua mão e disse toda manhosa:

- Dorme comigo.

- Amor, eu não posso. Preciso resolver algumas coisas antes de ir para o trabalho hoje à tarde. Eu tenho plantão. Você se esqueceu?

- Por favor, Gil. Deita aqui só um pouquinho. Não vou conseguir dormir se você não ficar comigo. - aqueles olhos azuis cheios de sono imploravam, e embora Gilbert soubesse que deveria resistir, ele se deixou levar. Depois de um fim de semana inteiro com ela, ainda não estava pronta para deixá-la. Por isso, se deitou ao lado dela, e Anne encostou suas costas no peito dele, e Gilbert pousou as mãos em sua cintura, enquanto o perfume dos cabelos dela o deixava embriagado. Em poucos minutos, a 'Respiração de Anne ficou regular, e ele percebeu que ela tinha adormecido. Contudo, ele não se levantou imediatamente. Deixou-se ficar mais um pouco com ela, querendo que aqueles minutos se prolongassem por mais tempo. Estar com Anne era ter sua calma de volta, se embebedar naquela essência que era só dela, e não querer deixar que se fosse nunca, e foi nesse breve segundo entre seu desejo e sua razão que Gilbert descobriu que nunca seria o suficiente estar com ela, ele sempre precisaria daquela mulher um pouco mais, e nem todos os beijos do mundo que trocassem o fariam se satisfazer, pois poderia passara vida toda beijando-a sem parar e iria querer mais no próximo segundo. Era uma sede infindável e tão doce que sentia por ela, e nunca nem estaria perto de ser saciada.

Gilbert ficou ainda mais alguns minutos aconchegado a Anne, aspirando o odor suave dela, depois se levantou, pois ele precisava se preparar para ir ao trabalho. Assim, ele tomou banho no apartamento de Anne, mesmo, em seguida preparou algo rápido para comer, e em trinta minutos estava pronto para sair. Porém, antes, Gilbert foi até o quarto dar uma última olhada em Anne que parecia completamente envolvida em seus sonhos, e sorriu. A vontade de se juntar a ela novamente era grande, mas, mesmo sendo tão tentador, Gilbert se contentou em acariciá-la com o olhar, e depois, fechou a porta tentando não fazer barulho

Quando Anne despertou já estava no meio da tarde. Ela olhou para o relógio e viu surpresa que tinha dormido quase oito horas seguidas, e perdera a oportunidade de se despedir de Gilbert antes de ele ir para o trabalho. Ela foi até o banheiro e tomou uma ducha rápida para despertar seu corpo da letargia na qual se encontrava, e decidiu mandar uma mensagem para Cole dizendo que já estava em casa. caso ele quisesse ir até lá para visitá-la.

O amigo logo respondeu dizendo que o esperasse, pois ele chegaria lá dali a duas horas, e assim, Anne foi até a cozinha comer alguma coisa, pois estava faminta. Ela e Gilbert mal tiveram tempo de tomar um café decente antes de embarcarem de volta à Nova Iorque aquela manhã, e o horário de almoço já

ia longe. Logo, ela se sentou à mesa da cozinha, e pensou no fim de semana que passara feito um furacão e de todos os acontecimentos que iam desde o mais doce até o mais dolorido. Ela ainda estava preocupada com Gilbert, pois sabia que ele não tinha deixado o assunto de Sarah de lado. Ela percebia aquilo toda vez que ele caía em um de seus silêncios profundos e seus olhos se entristeciam. O que ela não daria para tirar de dentro dele aquela dor, mas, não era algo sobre a qual tivesse controle, ou pudesse mudar com uma varinha mágica.

Perder o pai daquela mesma forma não deveria ter sido algo do qual ele tivesse se recuperado com facilidade, e isso o deixara vulnerável à perdas desse tipo. E Anne temia como ele ficaria quando perdesse Sarah também. Talvez fosse cruel da parte dela pensar na morte da ex-namorada de Gilbert, contudo, era um fato que deveria ser encarado como inevitável, embora ele evitasse falar abertamente sobre isso, não poderia escapar para sempre da realidade crua daquela afirmação, e não conversar sobre o assunto não mudaria a triste verdade de que Sarah estava morrendo e em poucos meses já teria partido desse mundo ao julgar pela seriedade de sua doença, e das condições em que se encontrava.

Anne não se arrependia de ter ido com Gilbert até à casa dela, pois isso lhe dera a oportunidade de desfazer qualquer nó ou mal entendido que pudesse ter existido entre as duas. Ouvir que ela ainda amava Gilbert não magoara Anne, pelo contrário, apenas lhe mostrava que ali estava uma mulher corajosa que enfrentara tudo em sua vida de cabeça erguida, e não guardava ressentimentos ou mágoas mal resolvidas. Era uma pena que Anne não tivesse se interessado em conhecer Sarah melhor antes, porque somente agora percebia que perdera a oportunidade de aprender muito com alguém formidável como ela, e se sentia envergonhada por ter quase a odiado quando Gilbert partira para a Alemanha. Se houvesse uma maneira de se redimir, Anne com certeza faria isso, porém, o tempo estava passando rápido, e as chances da ruivinha fazer algo por aquela mulher inspiradora estavam bem escassas no momento.

Portanto, não havia muito que Ane pudesse fazer para mudar o passado, mas, ela tinha um futuro inteiro pela frente para ser diferente e fazer diferente. Ajudar Gilbert em suas pesquisas com suporte financeiro era um grande passo, contudo, ela queria fazer mais, precisava fazer mais. Devia isso ao noivo, à Sarah e à si mesma, e ela prometeu que encontraria uma forma de tornar toda aquela triste situação em algo incrivelmente produtivo e cheio de novas esperanças.

A campainha tocou naquele momento, e Anne foi atender intuindo que era Cole. Assim que abriu a porta, ela logo percebeu que ele estava estranho, com os ombros tensos e um olhar assustado que a preocupou.

- O que foi, Cole? Aconteceu alguma coisa?

- Não sei dizer. Eu sei que deve ser coisa da minha cabeça, mas, eu tive a impressão que estava senso seguido. - Anne sentiu seu coração dar um pulo. Será que era o que estava pensando? Ela pegou na mão dele, o trouxe para dentro e o fez se sentar na poltrona da sala enquanto perguntava:

- Como assim foi seguido? Conte-me esta história direito.

- Na verdade, não há nada para ser contado. Você sabe que sou paranoico, Anne. Passei anos assistindo CSI, e essa série realmente me traumatizou a um ponto em que eu quase surtei, e comecei a ter mania de perseguição. Você se lembra que eu até fiz tratamento psicológico para me livrar disso? – Anne concordou, mas sua mente não se convencia, ela estava com um mau pressentimento, e todo o bem-estar que estava sentindo por conta do último fim de semana desapareceu.

- Cole, você não acha que deveria, não sei, procurar a polícia?

- Por causa de uma bobeira dessa? E o que eu diria? Nada de fato aconteceu, Anne. Porém, devo confessar que se houve uma mínima possibilidade de realmente existir um perseguidor, eu não ia me importar nem um pouco se ele tivesse o rosto e o corpo de Jordan Smith. – Cole suspirou exageradamente e Anne teve que rir. Cole já tinha mudado toda a dramaticidade da história para um lado divertido, como somente ele conseguia fazer. Mas, por dentro, Anne não estava sorrindo, pois não conseguia deixar de sentir que o perigo estava perto novamente e ameaçava sua paz recém-adquirida.

- E por falar nele. Como vocês estão? Já saíram da fase dos encontros casuais? – Anne disse, mudando de assunto propositalmente.

- Sim, já jantamos algumas vezes, fomos à uma festa de amigos comuns, e outro dia ele apareceu lá em casa na hora do jantar e dividimos uma bela lasanha à bolonhesa, entretanto, não posso dizer que somos mais do que "amigos coloridos". - Cole disse calmamente.

- Pensei que estivesse apaixonado. – Anne disse olhando-o atentamente.

- Até certo ponto estou, mas, você me conhece, e sabe muito bem que não desistirei de minha liberdade por algo casual. – Anne assentiu e pensou no que Cole acabara de lhe dizer. De fato, ele sempre fora amante da liberdade, de não ter amarras ou compromissos sérios. Desde que o conhecia, Cole nunca sofrera realmente por amor, porque ele nunca se entregava totalmente. Ele adorava a ideia de poder ir e vir quando quisesse, viajar sem ter que se preocupar com o que ou quem estava deixando para trás. Ele sempre brincara com Anne que ela acabaria terminando sozinha como um tia solteirona e um gato, contudo, aquela descrição poderia muito bem caber à ele, pois seu amigo não estava fazendo muito esforço para encontrar seu par perfeito, e não parecia que estaria em um futuro muito próximo. Ele já tivera muitos namorados, casos passageiros, que duravam meses ou apenas uma noite, e todas as vezes que Anne lhe perguntava se ele não ia tomar juízo, e se apaixonar por alguém de verdade, ele lhe dizia com seu sorriso mais radiante do mundo, que era cínico demais para amar alguém.

- Jordan parece valer a pena. - Anne comentou, e Cole a olhou com um meio sorriso dizendo:

- No princípio todos são. Anne, até que eu descubra algo que me desagrade e então, a pessoa perde o encanto para mim. Mas, não se preocupe, minha amiga, estou muito bem assim. Não pretendo deixar que nenhum coração partido à tona estrague a maneira como me sinto comigo mesmo. Cole Mackenzie é um viajante do mundo, amante de boa comida, de bom vinho e de uma vida cheia de aventuras – ele deu um tapinha no joelho de Anne, e os dois sorriram um para outro. - Agora, me mostre seu anel de noivado. - Anne estendeu a mão, e Cole pareceu ficar emocionado ao ver a joia adornando adequadamente o dedo de Anne.

- Que coisa linda. Tem como Gilbert ser mais irresistível? É lindo, inteligente, educado, gostoso, e ainda por cima tem bom gosto. De onde foi que esse deus musculoso saiu? - Anne não pôde deixar de concordar com o amigo. Nunca encontrara e nunca encontraria alguém como Gilbert Blythe, por isso, era que tinha certeza que ele fora enviando diretamente do céu para ela. Ele vivia chamando-a de anjo ruivo, mas, ele nunca levara em conta que ele próprio fora um anjo para ela a vida toda. - Eu ainda não me conformo por Gilbert não querer uma festa de noivado. - Cole disse se lamentando.

- Ele não disse que não queria. Ele me pediu em noivado de um jeito tão romântico que não acho que precisamos de uma festa. Foi perfeito demais daquele jeito. - Anne disse com os olhos voltados para o último sábado no velho mirante em Avonlea.

- Anne, não seja estraga prazeres. Não podemos nem fazer uma reuniãozinha para os velhos amigos? - Cole disse esperançoso.

- Vou falar com Gilbert, está bem? Mas, não prometo nada. - Cole lhe deu outro de seus sorrisos brilhantes, e depois a beijou na bochecha dizendo:

- Você é demais, Anne. Eu te amo.

- Eu também te amo. - ela disse retribuindo-lhe o carinho.

Cole foi embora depois um bom tempo em que ficaram sentados na sala jogando conversa forma, e tomando suco de morango, o favorito do amigo. A noite já tinha caído, e Anne o acompanhou até no carro dele, de onde se despediram. Ela esperou que ele virasse a esquina e lhe acenasse, para se virar e entrar em casa, mas antes que colocasse os pés no primeiro degrau de escada, sua atenção foi atraída para os árvores que ficavam ao lado do edifício e foi aí que o viu. Era o mesmo vulto que apareceu para ela nas outras vezes, e ele pareceu se assustar ao ver que ela tinha percebido a sua presença. Assim, ele se virou para sumir na escuridão, porém Anne gritou:

- Hey, espere aí um instante! – ele começou a correr e Anne foi atrás, não percebendo que Gilbert estava chegando naquele momento e a chamou pelo nome. Ela correu pela escuridão meio às cegas, sem pensar no grande perigo que corria sozinha pelas ruas desertas. Ele era mais rápido que ela, e logo Anne percebeu que não conseguiria alcançá-lo e parou frustrada, com uma dor de lado pelo esforço de correr mais rápidos do que estava acostumada, e chateada por ter perdido a oportunidade de confrontar seu perseguidor. Assim, ela voltou a passos lentos, e ficou surpresa de ver que Gilbert sentado em frente do prédio de seu apartamento à espera dela. Logo que a viu, ele veio em sua direção, o olhar cheio de preocupação enquanto encarava seu rosto e perguntava;

- Onde estava indo correndo daquele jeito, Anne? Eu fiquei terrivelmente preocupado quando vi você sumir daquele jeito.

- Meu perseguidor, Gilbert. Ele estava aqui. - ela disse com a voz ofegante.

- O que? Não me diga que você correu atrás dele. Por favor, Anne, não me diga que fez essa besteira. - Gilbert disse quase implorando.

- Eu tinha que saber o que ele tem contra mim, e 'por que não para de me perseguir. - Anne disse com os olhos azuis cheios de raiva.

- E você acha que ele lhe diria? Ficou maluca a esse ponto? Como pôde se colocar na linha de fogo desse jeito? Ele poderia estar armado ou coisa pior. Você sequer pensou que poderia ter sido ferida de alguma maneira? - Anne olhou para Gilbert, e percebeu que ele tinha razão. Colocara-se em risco sem necessidade, mas ainda assim, achava que tinha o direito de saber contra quem estava lutando e por que.

- Desculpe-me, amor, eu não pensei direito. - Ela disse abraçando Gilbert pelo pescoço

- Eu entendo que queira que essa situação se resolva logo, porém temos que confiar que pessoas experiente e competentes estejam cuidando do caso. - Gilbert disse segurando seu queixo, e beijando-a de leve nos lábios. - Quer ir lá para o meu apartamento? Pelo menos, você sai um pouco desse clima tenso. - Anne concordou, ao mesmo tempo em que se perguntava se sentiria segura em algum lugar de novo. Ela tinha se mudado de apartamento, pensando que ali teria um pouco mais de paz, no entanto, ela tinha se enganado novamente.

Quando chegaram no apartamento de Gilbert, ele foi até o quarto trocar de roupa e Anne ficou na sala, pensando na sua situação que voltara a se complicar. Quem seria aquela pessoa de capuz que sentia prazer em assombrá-la? Será que algum dia descobriria a razão daquilo tudo?

Sem que esperasse, seu celular sinalizou que uma mensagem estava chegando, e quando Anne olhou no visor seus olhos se arregalaram ao ver uma foto de Cole, Gilbert, Diana, Matthew e Marilla, e a mensagem que as acompanhava fez seu coração querer saltar do peito.

"ENTÃO A GAROTINHA GOSTA DE BRINCAR DE GATO E RATO, E POR ISSO, RESOLVEU ME DESAFIAR? ENTÃO, VOU SATISFAZER O SEU DESEJO E COLOCAR MAIS ELEMENTOS NESSA EQUAÇÃO. VAMOS VER QUEM É MAIS ESPERTO E SERÁ O VENCEDOR. PORÉM, CREIO QUE JÁ SABEMOS QUEM SERÁ, NÃO É? BOA CAÇADA, GAROTA RUIVA."

Anne sentiu que suas pernas não suportariam seu peso, pois seu corpo tremia tanto sobre elas, que ela se sentou no tapete antes que caísse ao chão. Ela não conseguia tirar os olhos das fotos enviadas, como também não conseguia afastar o medo que aquelas palavras causavam nela. A pessoa que lhe enviara aquela mensagem tivera o cuidado de estudar toda a sua vida para descobrir quem eram as pessoas mais queridas de sua vida, e ela sentiu um terror profundo ao pensar que cada uma delas estava na mira de um louco por causa dela. Se qualquer uma delas saísse ferida seria por sua culpa que levara seu perseguidor até elas, mas, se pelo menos soubesse porque tudo aquilo estava acontecendo, seria bem mais fácil se preparar pelo que ainda estava por vir.

Gilbert a encontrou sentada no chão, com o olhar parado e tremendo sem parar. Ele correu até ela e perguntou:

- Amor, o que está sentindo? Está passando, mal? – sem dizer uma palavra, Anne lhe estendeu o telefone, e ele leu o conteúdo com atenção. Depois, com toda a calma do mundo, ele ligou para a polícia, e enviou uma cópia da mensagem para que eles pudessem analisá-la e juntá-la com outras provas que tinham do caso. Anne se sentiu imensamente aliviada por Gilbert estar ali, pois não saberia o que fazer se tivesse que lidar com aquela situação sozinha.

- Anne, não fique assim. Vão descobrir quem é o autor dessas ameaças, e tudo ficará bem de novo. - ele tentava acalmá-la, mas Anne apenas abanava a cabeça em negação.

- E se não descobrirem? E se por isso, alguém sair machucado/? Você viu o que aconteceu com a Marylin. Ela quase morreu por minha causa, a sorte dela foi que você estava lá, e a salvou a tempo. E se isso não acontecer da próxima vez? Eu não vou suportar que qualquer pessoa que eu ame corra risco de morte por causa de um ser insano que resolveu fazer da minha vida um inferno. - ela começou a chorar e Gilbert a abraçou. Ele queria saber o que dizer, entretanto, ele não se arriscou a dizer nada. Anne precisava de muito mais do que o conforto de palavras naquele momento. Por esta razão, ele a tomou pela mão, a levou até o quarto e disse:

- Tire suas roupas. Vou te fazer uma massagem relaxante. Você está' tão tensa que acabará com alguma musculatura distendida amanhã. - Anne fez o que ele lhe pediu. Não estava em condições de conversar sobre mais nada, por isso, se deitou na cama apenas de lingerie, e se entregou às mãos de Gilbert que sabiam exatamente o que fazer para deixá-la relaxada.

Os dedos experientes dele trabalharam em toda a extensão da musculatura dos ombros, das costas, de seus quadris, descendo pelas pernas, alcançando seu tornozelo, e depois tornando a subir. Apesar de toda tensão na qual estava mergulhada, Anne não conseguiu evitar de se sentir excitada com o toque profissional de Gilbert em sua pele. Ela sabia que aquela não era a intenção dele, e que a massagem era mesmo somente para fazê-la relaxar e se sentir melhor, mas, Anne descobriu que mesmo assim, os dedos dele a seduziam, e estava muito difícil não deixar um gemido escapar quando sentia a respiração dele tão próxima de seu pescoço enquanto as mãos dele continuavam a operar maravilhas dentro dela. Ela tentou a todo custo refrear as sensações que subiam pelo seu corpo em um erotismo puro. Mas, então, ela não aguentou mais, se virou de frente e disse para Gilbert:

- Venha, Gilbert. Eu preciso de você. - ele a olhou surpreso, vendo os olhos dela brilharem perigosamente, enquanto ela passava a ponta da língua sobre os próprios lábios inconscientemente, mas era um gesto provocante, ele tinha que admitir.

- Anne, tem certeza? Não prefere apenas descansar? – ele disse, e Anne apenas pensou impaciente por que seu noivo tinha que ser tão cavalheiro? Ela teria que deixar mais explicito ainda o quanto o desejava dentro dela?

- Eu quero você, Gilbert, agora. E você? Não me quer? - Gilbert deixou que seus olhos a despissem devagar em sua imaginação, sabendo exatamente quanta pele aveludada havia por baixo daquele pedaço de seda que mal cobria suas curvas perfeitas. Não querê-la? Como Anne podia dizer isso, se ele sonhara o dia toda em fazer amor com ela? Ela estava vulnerável, e precisava dele, exatamente como ele precisara dela no dia em que seu coração estava sangrando por ter matado todas as esperanças de Sarah de ficar curada. Por isso, e por muitas outras razões, que seu cérebro não deixava que ignorasse, ele daria a Anne e a si mesmo o que desejavam.

Gilbert despiu as próprias roupas devagar, enquanto Anne observava cada gesto dele ofegante. Os lábios dela estavam entreabertos, a cabeça pendia meio de lado e os olhos dela tinham mudado para um azul escuro conforme o desejo se apossava de seu corpo, assim como os de Gilbert ficavam quase negros ao ter consciência da luxúria crua estampada nos olhos dela, quando encarava o corpo dele agora todo nu totalmente exposto às suas vontades.

Céus! Gilbert ficava mais lindo a cada minuto que passava, e aquela atração que a arrastava para ele estava incrivelmente maior, talvez pelo tensão de momentos atrás, a raiva, o medo de perdê-lo a tornasse mais sensível ainda a tudo o que ele conseguia provocar nela. Como se estivesse em um filme em câmera lenta, ela o viu se ajoelhar à sua frente, e começar a beijar seu tornozelos, subindo os lábios por sua panturrilha, passando por suas coxas, até chegar aos quadris, quando ele elevou as mãos até o elástico de sua calcinha a despiu de uma vez. Em seguida, ele começou a beijar o interior de suas coxas, brincando com sua intimidade até ouvir Anne gemer alto pedindo por mais. Gilbert continuou subindo pelo abdómen dela até chegar aos seios cobertos pela renda do sutiã, o que fez com que Anne arqueasse a coluna dando a Gilbert a liberdade de abrir o fecho do sutiã e deixar seu busto livre deles. A língua dele a enlouqueceu naquele ponto mais sensível, e Anne se contorcia embaixo dele sentindo todos os seus músculos em brasa. Em seguida, ela fez com que Gilbert invertesse as posições, e foi a vez dela deixá-lo louco com todos os seus toques em lugares que ela nunca ousara tocá-lo antes, mas naquela noite, ela se sentia totalmente livre para tê-lo da forma que quisesse com seus lábios e suas mãos. Ela o queria inteiro, ansiava por vê-lo rendido, implorando por ela do mesmo jeito que ele fizera com ela, e não demorou muito para ter seus desejos atendidos. Em poucos minutos, tendo Anne sobre o seu corpo, Gilbert já não era mais dono de si, e ele sentia seu corpo todo gritando para que ele a possuísse, pois ele não aguentaria mais nem um segundo sem tê-la.

Um segundo depois, ela já era sua de todas as forma que alguém pudesse ser, e ele também se entregou completamente daquela vez sem reservas, regras ou imposições. O jeito de Anne olhá-lo enquanto se movimentavam juntos fazia Gilbert imaginar que ondas bravias o levavam para o meio do mar como se ele estivesse velejando apenas com seus sentidos. Ela era uma força gigantesca que como um imã o atraía, ela era um universo inteiro de emoções que o faziam querer nunca mais deixar de senti-las em seu sangue, em sua pele e em seu coração. Anne sentia Gilbert incrivelmente intenso aquela noite assim como ela. Era como se ele tivesse se contagiado por todo o desejo que ela não conseguia guardar dentro de si ou esconder. As mãos dele em seu corpo era um tormento maravilhoso, e os lábios dele percorrendo sua pele a faziam queimar ainda mais. Ela nunca pensara que pudesse alcançar o paraíso com apenas uma carícia, ou um beijo quente, mas, a verdade era que Gilbert lhe dava bem mais do que isso. Ela sentia que podia percorrer o mundo inteiro em um segundo, beijar a lua, dançar na chuva, e se aquecer no sol tudo ao mesmo tempo, e ela queria com todas as forças que aquele momento durasse para sempre para que pudesse ter Gilbert completamente seu como ele se entregava a ela naquele instante. Assim, como as ondas se quebrando na areia da praia, a volúpia daquele momento os envolveu em seus braços quentes, fazendo com que Gilbert e Anne chegassem a um ponto de prazer onde a única coisa que existia era a plenitude do que estavam sentindo, e quando aterrissaram no planeta terra novamente, ainda se abraçavam ofegantes e exaustos, não querendo se separar e quebrar aquela conexão deliciosa que sempre partilhavam nesses momentos.

Anne levantou a cabeça por um momento e seus olhos mergulharam nos olhos castanhos de Gilbert ainda escuros pelo prazer que sentira ao fazer amor com ela, e disse acariciando o peito dele todo suado e quente:

- Gil, eu estou com medo.

- Medo do que, meu amor? – ele perguntou acariciando os ombros nus dela.

- Estou com medo de algo ruim acontecer e eu te perder. - a voz dela era somente um sussurro nesse momento em que deixava Gilbert entender a extensão de seu medo.

- Nada de ruim vai acontecer, porque eu não vou permitir. Você não vai me perder, não precisa ter medo. Eu te protejo. Acredita em mim? - Anne olhou para Gilbert e ao encarar aquele rosto tão amado, ela não pôde duvidar de nada do que ele acabara de lhe dizer, porque naquele homem estava a força que ela precisava para seguir em frente, e vencer o fantasma que queria engolir sua alma nas sombras. Então, quando ele a beijou, Anne teve toda a certeza do mundo de que não havia nada a temer, pelo menos naquela noite quando tudo que conseguia sentir era o bater do coração de Gilbert de encontro ao seu.

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