Anne with an e- Corações em j...

By RosanaAparecidaMande

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Anne Shirley Cuthbert foi abandonada ao nascer em um orfanato por sua mãe biológica, mas ela nunca deixou de... More

capítulo 1- Lembranças
capítulo 2- amores do passado
Capítulo 3- sentimentos escondidos
Capítulo 4- Duas almas e um destino
Capítulo 5- Lado a lado com o amor
Capítulo 6- Nestes olhos teus.
Capítulo 7 - Emoções em conflito
Capítulo 8- O amor entre nós
Capítulo 9- Chamas de uma paixão
Capítulo 10- Apenas você
Capítulo 11- Corações apaixonados
Capítulo 12- Esse sonho de amor
Capítulo 13- Quando o coração se apaixona
Capítulo 14- O sentimento que vive em mim
Capítulo 15- Combinação perfeita
Capítulo 16- O que nos separa
Capítulo 17- Revelações
Capítulo 18- Expectativas
Capítulo 19- O que nos une
Capítulo 20- Tudo o que eu quis
Capítulo 21- Tudo o que sonhei
Capítulo 22- Tudo o que somos
Capítulo 23- O que me pertence
Capítulo 24- O tempo é algo relativo
Capítulo 25- O amor que te ofereço
Capítulo 26- Pensamentos proibidos
Capítulo 27- Pensamentos e desejos
Part 28- Provando do pecado
Part 29- O Jogo do amor
Part 30- Caprichos do coração
Part 31- Segredos e Desejos
Capítulo 32- Flertando com o perigo
Capítulo 33- O inesperado
Capítulo 34- Revelando um segredo
Capítulo 35- O incêndio
Capítulo 36- Uma esperança
Capítulo 37- O incêndio parte 2
Capítulo 38- Paraíso particular
Capítulo 39- As duas faces do amor
Capítulo 40- Idas e Vindas
Part 41- O retorno
Capítulo 42- Tudo o que existe entre nós
Capítulo 43- Como no princípio
Capítulo 44- Feliz Aniversário
Capítulo 45- Uma grande surpresa
Capítulo 46- O perigo mora ao lado
Part 48- Amor e dor
Capítulo 49- As verdades do coração
Capítulo 50- Almas divididas
Capítulo 51- Palavras não ditas.
Part 52- O jardim do Éden
Capítulo 53- Ps: Eu te amo.
Capítulo 54- Eterno amor
Capítulo 55- Sua força em mim
Capítulo 56- Um só coração
Capítulo 57- Sem Regras
Capítulo 58- Sussurros e juras de amor
Capítulo 59- Entre o céu e o inferno
Capítulo 60- Lar
Capítulo 61- A promessa de uma vida
Capítulo 62- Entre as estrelas
Capítulo 63- De corpo e alma
Capítulo 64- Desejo e castigo
Capítulo 65- Ao cair da tarde
Capítulo 66- Vidas entrelaçadas
Capítulo 67- Amor imenso
Capítulo 68- Fogo
Comunicado
Capítulo 70- Sonhos perfeitos
Capítulo 72- Xeque Mate
Capítulo 73- Anjo Ruivo
Capítulo 74- Amor de diamante
Capítulo 75- Para sempre
Capítulo 76- Um Natal para relembrar
Capítulo 77- Tudo o que importa
Capítulo 78- Um grande novo ano
História Nova
Capítulo 79- A segurança dos seus braços
Capítulo 80- Can't take my eyes off you
Capítulo 81- Inesquecível amor
Capítulo 82- O casamento do ano
Capítulo 83- Lua de Mel Havaiana
Capítulo 84- Uma nova vida juntos
Capítulo 85- Inseguranças e Fragilidades
Capítulo 86- Ao nascer do sol
Capítulo 87- O caminho de volta
Capítulo 88- O ingrediente principal
Capítulo 89- Na alegria ou na tristeza.
Capítulo 90- O benefício da dúvida
Capítulo 91- Amor e mágoa
Capítulo 92- Impasse
Capítulo 93- Uma longa noite
Capítulo 94- Sob o mesmo céu
Capítulo 95- Juntos
Capítulo 96- A razão da minha felicidade
Capítulo 97- Alcançando as estrelas
Capítulo 98- Acerto de contas
Capítulo 99- A vida por um fio
Capítulo 100- Garota Extraordinária
Capítulo 101- Na dor
Capítulo 102- A beleza de Vênus
Capítulo 103- The way I love you
Capítulo 104- Reconstruindo sonhos
Capítulo 105- Amor de mãe
Capítulo 106- Um novo tempo
Capítulo 107- Entre a mágoa e o perdão
Capítulo 108- Redescobrindo o passado
Capítulo 109 - Universo particular
Capítulo 110 - Esposa perfeita
Capítulo 111- Paraíso na terra
Capítulo 112- Um futuro cheio de promessas
Capítulo 113- O perdão é a cura da alma
Capítulo 114 - Lucy
Epílogo
Agradecimentos
Prêmios

Capítulo 47- O inimigo nas sombras

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By RosanaAparecidaMande


Olá, queridos leitores. Desculpe pela demora. Este capítulo ficou grande. Espero que gostem e me enviem seus comentários e suas teorias sobre a história. Eles sempre são um incentivo para que eu continue escrevendo-a. Muito obrigada. Beijos.

ANNE

Anne acordou naquela quarta-feira com o despertador tocando. Ela se levantou e procurou pelas muletas que sempre deixava ao lado da cama, mas, elas não estavam lá, o que a fez suspirar irritada com aquele contratempo. Então, quando relanceou um olhar para o quarto inteiro, as encontrou do lado da TV, portanto, não estavam tão longe dela assim, porém, teria que se apoiar em alguns móveis para alcançá-las.

E foi o que fez, mas, quando por fim conseguiu tê-la em mãos e foi utilizá-las para ajudá-la a sair do quarto finalmente, elas escorregaram no ladrilho do quarto derrubando Anne ao chão que proferiu todos os palavrões dos quais se lembrou ao se ver estatelada no chão.

- Anne, o que aconteceu? - Cole disse do lado de fora do quarto.

- Será que poderia me ajudar, por favor? - Anne disse com a voz tão alterada que lhe doía a garganta de tanta raiva que sentia.

Cole abriu a porta e quando viu Anne caída no chão, olhou para ela preocupado e perguntou:

- Meu Deus, Anne! Você se machucou?

- Não mais que meu orgulho, tenha certeza disso. - ela disse enquanto Cole a ajudava a se levantar.

- Venha, Vou te ajudar a ir até a cozinha. - Cole disse apoiando a amiga em seu ombro.

Quando Anne se sentou à mesa onde Cole lhe serviu o café da manhã, ela suspirou aliviada, enquanto Cole observava-lhe todos os movimentos, mas não dizia nada. Foi somente quando Anne bateu a mão na xícara de café, derramando o líquido escuro na toalha branca da cozinha, e mais uma vez praguejando por ser tão desastrada, ele sentou-se ao lado dela e disse:

- Agora chega, Anne. Vai me dizer o que está acontecendo ou não?

- Não é nada que você já não saiba. Estou farta de ficar dentro de casa com esse gesso no meu tornozelo. Não aguento mais depender da ajuda de meus amigos para tudo, eu quero minha vida de volta. - Os olhos dela marejaram e Anne fungou com força, fazendo Cole olhá-la admirado. Em todos aqueles anos de convivência, ele nunca a tinha visto assim. Normalmente, ela era bem humorada, apesar de seu génio forte às vezes fazê-la reagir de forma exagerada à certos fatos da vida, porém, naquele momento ela parecia que teria uma crise nervosa a qualquer momento.

- Anne, não acredito que seja somente isso. Por que não me conta? Talvez eu possa ajudar. - Anne olhou para o amigo e balançou a cabeça. Como ele poderia ajudá-la? Cole não tinha o poder de mudar tudo o que a estava incomodando naquela manhã, muito menos arrancar aquele sentimento que ela ainda tinha por Gilbert, e que ameaçava a sua paz.

Desde o último dia que o vira, seu coração carregava aquela angústia. Gilbert não queria mais vê-la, e somente continuavam se encontrando por que ela era a paciente, e ele seu médico, e como Anne estava prestes a tirar o gesso, estes encontros semanais terminariam. Ela ainda teria que ir ao hospital para fazer fisioterapia, porém. era em outra ala e Gilbert não fazia parte daquele departamento.

As palavras dele em sua última consulta queimavam a mente de Anne. Ela não conseguia parar de pensar no que ele dissera. Gilbert a queria fora da vida dele, e Anne imaginava que isso tinha a ver com a médica loira que entrara no consultório naquele dia, e o convidara para o almoço. O que mais estavam fazendo juntos? Anne se perguntou. Será que já tinham saído juntos para jantar, ou pior, será que Gilbert já a tinha levado à sua casa e.... Anne bloqueou o pensamento no mesmo instante.

Pensar em Gilbert fazendo amor com outra mulher que não fosse ela a deixava louca. Se pudesse colocaria uma redoma de vidro em volta dele para que ninguém se aproximasse a não ser ela. Logo em seguida, riu sem humor de sua ideia ridícula. Não tinha mais direito nenhum sobre Gilbert Blythe. Ela deixara a porta aberta, quando se afastara dele, e por mais difícil que aquilo fosse para ela, teria que aceitar o fato de que ele estava livre para fazer o que quisesse, inclusive arrumar uma namorada nova.

- Vamos, Anne. Não temos o dia todo. Estou esperando por sua resposta. - Cole disse impaciente pela demora dela em lhe dar a resposta que queria.

- Eu já lhe disse qual é o problema.

- Não, você não disse, mas posso arriscar um palpite. - ele se sentou ao lado dela na mesa e disse sem delongas –A casa desse d seu estresse todo tem nome e sobrenome, Gilbert Blythe.

- Pelo amor de Deus, Cole. Vai começar de novo com esse papo de que Gilbert é o único problema que tenho na vida? - Anne estava irada por Cole saber no que ela andava pensando, embora nem desconfiasse do outro motivo mais sério por ela andar tão agitada naqueles dias.

- Eu não diria que ele é o problema, mas sim a solução. – Cole enfatizou bem o que dissera.

- Eu não acho que ele seja solução para coisa nenhuma. – Anne continuava brava, e se Cole não parasse de falar de Gilbert, ela começaria a gritar.

- Anne, você não me engana. Desde a sua última consulta com ele, você está agindo assim. – Cole disse com toda paciência do mundo. Não era nada fácil lidar com Anne quando ela resolvia se fechar como uma ostra.

- E como estou agindo?

- De maneira irracional. Fica irritada com as menores coisas, não tem paciência com as coisas do dia a dia, e não sorri por nada nesse mundo.

- Desculpe se tenho sido uma péssima companhia. - Anne disse com vontade de chorar. Ela sabia que Cole tinha razão. Não vinha agindo normalmente na última semana. O acidente que sofrera a deixara vulnerável, depois a chegada daquelas fotos que lhe mostraram que estava sendo vigiada por alguém, e por último, a sua situação com Gilbert também estava minando sua resistência em enfrentar tudo o que lhe acontecia com seu costumeiro otimismo. Sentia falta dele, era como se Gilbert a tivesse abandonado no olho do furacão deixando-a completamente sozinha.

Cole era um excelente companheiro, estava sempre ali ao seu lado, Francesco também ficava com ela sempre que podia. Suas amigas do trabalho vinham vê-la todas as semanas, mas, não adiantava. A única pessoa que queria era Gilbert, e ele não parecia nem um pouco disposto a se aproximar dela novamente. Ainda assim, era do colo dele que ela precisava naquele momento, exatamente como quando eram crianças e ela tinha algum problema. Era sempre para ele que corria, como se nas mãos de Gilbert estivesse a solução para tudo que a afligia. Ele a abraçava, a levava para a casa dele, fazia chocolate quente, deitava a cabeça dela em seu colo e acariciava seus cabelos até ela dormir, e quando acordava, Anne sabia que tudo ficaria bem, porque Gilbert estava lá com ela.

Porém, desta vez teria que resolver aquela confusão sozinha. Gilbert não estava lá, e Anne não conseguia contar o que vinha acontecendo para mais ninguém, nem mesmo para Cole, pois, sabia que o amigo era neurótico e ficaria extremamente preocupado, ia querer chamar a polícia, e Anne não estava a fim de ver sua vida exposta na mídia daquela maneira se permitisse que a polícia entrasse no caso. A imprensa a caçaria como se fosse ela a criminosa, e nunca mais teria paz. Também estava pensando em sua tia que acabaria sendo arrastada para aquilo, e talvez até Marilla e Matthew sofreriam por causa dela, e preferia morrer, a fazê-los passar por tal constrangimento.

- Você não tem sido uma péssima companhia. É que nunca te vi assim, e estou preocupado. - Cole disse se aproximando mais dela, e a olhando nos olhos. - Me diga, Anne, qual é o problema? Divida comigo esse peso em seus ombros. - Anne quase contou, mas no último momento mudou de ideia, e resolveu deixá-lo saber pelo menos qual era um dos seus problemas.

- Você tem razão. A última consulta com Gilbert não foi como eu esperava.

- O que aconteceu? Me lembro que saiu da sala chorando, e não quis me dizer por quê. - Cole disse ouvindo-a atentamente.

- Acho que ele está com outra pessoa. - Anne disse baixando o olhar para sua xícara de café vazia.

- Mas, você viu alguma coisa ou apenas está deduzindo isso? Desculpe minha amiga, mas sei muito bem como você se deixa levar pela imaginação. - Cole disse se lembrando de como Anne era boa para criar teorias quando estudavam juntos sobre determinadas coisas que rodavam sua cabeça, e no fundo eram só produtos de uma mente criativa demais, e isso não mudara nenhum pouco com a idade, ele a conhecia bem.

- Ela entrou quando Gilbert estava me examinando, e eu o ouvi combinando um almoço com ela. - Anne explicou ainda sem encarar Cole.

- Ah, então, ela é médica no hospital? - Anne assentiu. - Mas, não poderia ser apenas cortesia entre colegas de trabalho?

- Cole, eu vi como Gilbert falou com ela, e não me pareceu apenas companheirismo o que existe entre os dois. - Anne disse com a voz zangada de novo. Por mais que tentasse, não conseguia aceitar que Gilbert pudesse estar interessado em outra mulher.

- Bem, disso não podemos ter certeza. – Cole disse ainda pensando sobre o assunto.

- E o pior foi o que ele me disse depois que ela saiu. Gilbert simplesmente me olhou e disse que eu deveria deixá-lo em paz, e que queria seguir sua vida sem mim.

- O que você fez para ele te dizer isso? Pelo o que conheço de Gilbert, ele não falaria nada assim de graça, principalmente para você. – Cole olhava para ela desconfiado, e Anne continuou de cabeça baixa para que ele não visse suas bochechas coradas.

- Eu não fiz nada.

- Anne! - Cole disse sabendo perfeitamente que ela estava mentindo.

- Ele me pegou olhando com ciúmes para os dois. - ela disse constrangida.

- Não acredito que você foi tola a esse ponto.

- Você me conhece. Não pude evitar, eu simplesmente não consigo disfarçar quando algo me afeta assim.

- Mas, você sabe que Gilbert tem razão. Ele tem o direito de encontrar outra pessoa para namorar uma vez que foi você que terminou tudo com ele, e ficou noiva de outro homem. Se isso te magoa a culpa é toda sua. - Anne ficou chocada com a maneira com que Cole expôs toda aquela situação. Ele raramente falava assim com ela.

- Você tem mesmo que me machucar assim? - Anne disse indignada.

- Sim, pois talvez um choque de realidade te faça ver o que jogou fora, e que não adianta se lamentar agora. - Cole estava sendo duro, mas sabia que era para o bem de sua amiga que fazia as coisas sem pensar, e depois sofria com elas. - Afinal de contas, como anda seu noivado com Francesco?

- Bem. – Ela respondeu com as palavras de Cole ainda ressoando em seus ouvidos.

- Isso não me pareceu muito convincente. – Cole disse examinando-lhe o rosto com atenção.

- O que quer que eu diga? Estamos bem, isso é tudo. - Anne andava pensando muito sobre Francesco nos últimos dias, pois Monique colocara uma ponta de desconfiança em sua cabeça. Mas, apesar de observá-lo com atenção, e perguntar sutilmente sobre ele para algumas amigas do mundo da moda que vinham visitá-la, e que conheciam a mais tempo que ela, não descobriu nada de suspeito, porém a dúvida continuava incomodando-a.

- Anne, por que não me confessa de uma vez que está arrependida desse noivado.

- O que é isso, Cole? Estamos jogando Verdade ou Desafio nesse momento? - Anne perguntou já se sentindo cansada de toda aquela conversa.

- Não, estamos tendo uma conversa de adultos da qual você tenta a todo custo escapar. - Cole disse sério.

- Eu não estou tentando escapar de nada, só me cansei de todo o seu interrogatório sem sentido. - Anne disse com um suspiro.

- Está bem. Acho que já te torturei demais com esse assunto. Então, me diga o que quer fazer o resto da tarde? Posso ficar com você hoje.

- É mesmo? Que tal se víssemos um filme? - Anne disse mudando completamente de humor. Pelo menos não ficaria sozinha naquele dia.

- Posso imaginar que seja um clássico. – Cole disse suspirando.

- Ah, Cole, não reclama. Da última vez você me fez ver todos os episódios de sua série favorita.

- Está bem. O que sugere então? - ele disse conformado.

- Vamos ver E o vento levou...- Anne disse sorrindo.

- Sério, Anne? A única cena boa desse filme é quando Scarlet diz "Eu nunca mais passarei fome".

- É esse ou Mary Poppins.

- Vamos ver E o vento levou. - Cole disse por fim, o que fez Anne rir, pois ela sabia o quanto o amigo odiava musicais.

- Mas, antes, vou trocar a toalha de mesa e colocá-la para lavar antes que fique manchada por causa do café que você derramou sobre ela. - Cole disse e depois perguntou:- Quando vai retirar esse gesso?

- Amanhã, por quê?

- Quero ir com você e dar uma olhada nessa doutora que você disse que Gilbert está interessado.

Anne não disse nada. Ela sabia muito bem que Cole não ia esquecer aquela conversa tão cedo, e por mais que a tivesse criticado aquela manhã, ela sabia que o rapaz não perdia as esperanças de vê-la com Gilbert novamente, e por mais remota que a chance daquilo acontecer fosse, Anne se sentia grata por ele se importar o suficiente e nunca deixá-la sozinha.

GILBERT

Gilbert acabara de atender o último paciente antes de sua pausa para o almoço, mas, antes de sair, ele olhou novamente os exames de Sarah que chegaram para ele naquela manhã, e os resultados não eram bons, o que o deixou preocupado.

A regressão da doença que havia ocorrido logo no início do tratamento tinha estacionado, e embora o tumor não tivesse avançado também não diminuirá do ponto onde estava, e Gilbert sabia muito bem o que Isso significava.

Ele estudara este tipo de ocorrência em seu curso na Alemanha, e entendera que o paciente não estava respondendo bem à medicação ministrada, e quando isso acontecia era necessário que a quantidade do remédio fosse aumentada, ou em último caso, recorrer à quimioterapia, e Gilbert temia que o corpo de Sarah não suportasse tal tratamento.

Ela estava bastante fragilizada quando ele começará a tratá-la, e seu aspecto tivera uma sensível melhora no decorrer dos meses, mas ainda assim, ela não parecia mais forte do que antes, e a quimioterapia somente pioraria seu quadro geral. O melhor a fazer naquele caso era aumentar a medicação, mesmo não tendo certeza de que funcionaria cem por cento.

- Gilbert, você não vai sair para o almoço? - ele sorriu para a moça que o esperava na porta com quem vinha almoçando todos os dias nas últimas semanas. Gabriela era uma boa ouvinte, e uma boa amiga também. Gilbert se acostumara a discutir seus casos com ela, assim como Gabriela discutia os dela com ele, trocavam diagnósticos e passavam momentos agradáveis juntos.

- Para falar a verdade, Gabriela, não me sinto com vontade de almoçar hoje. - Gilbert disse se ânimo nenhum.

- Mas, você precisa comer. O que foi? Teve alguma notícia ruim hoje? - Gabriela perguntou apontando para os exames que Gilbert tinha em mãos.

- Não são exatamente ruins, mas os resultados que tenho aqui também não são os que eu gostaria. - ele disse com uma careta.

- São de algum paciente aqui do hospital?

- Não, são daquela minha amiga de quem te falei outro dia.

- Podemos falar sobre isso se quiser minha opinião. E já que não se sente animado para o almoço, podemos comprar um sanduíche em algum lugar e ir até o Central Park que é perto daqui. Quem sabe um pouco de ar puro não te anime? - Gabriela propôs sorrindo.

- Acho uma ótima ideia. Preciso mesmo sair um pouco daqui. A manhã foi dura.

Em vinte minutos eles compraram a comida, e se sentaram em um dos bancos do Central Park que àquela hora do dia estava calmo e quase vazio.

- Que nenhum paciente meu me veja comendo isso, ou perderei toda minha credibilidade como médico. Passo boa parte do meu dia aconselhando-os a consumirem comida saudável, e aqui estou eu me entupindo de gordura saturada. - Gilbert disse apontando para o sanduíche que tinha nas mãos.

- Uma vez na semana não vai te matar, Dr. Blythe. Eu é que tenho que ter cuidado para não aumentar os ponteiros da balança, pois infelizmente puxei a tendência para engordar de minha mãe e tenho que me matar na academia para manter minhas medidas. - Gabriela disse divertida.

- Conheço alguém que consegue consumir toneladas disso, e não ganhar nenhuma grama. - Gilbert disse se lembrando de Anne, e das vezes que reclamara por ela adorar aquele tipo de comida e comê-la com frequência. Anne tinha a sorte de ser aquele tipo de pessoa que parecia ter um metabolismo tão rápido, que podia comer o que quisesse e o quanto quisesse que jamais engordaria.

- Pelo seu jeito de falar já imagino quem seja. - Gabriela disse com simpatia.

- Desculpe. Não queria me lembrar dela. É algo automático que faço sem perceber. - Gilbert disse sem graça

- Você não tem que se desculpar comigo, Gilbert. Essa garota é importante para você, e é natural que pense nela em algumas situações. Agora, eu queria te fazer uma pergunta se me permite.

- Claro. - Gilbert disse dando uma mordida em seu sanduíche.

- Essa garota é a mesma que estava em seu consultório outro dia? Estou perguntando porque eu notei que ela tinha cabelo ruivo. Não precisa responder se não quiser, é que fiquei curiosa.

- Era ela sim. – Gilbert respondeu sem hesitar. Não tinha porque esconder aquilo de Gabriela. – Ela estava participando de um desfile beneficente quando foi atropelada por um motorista bêbado.

- Ah, ela é modelo. Por isso, ela me pareceu familiar. Qual é o nome dela? - Gabriela quis saber.

- Anne Cuthbert.

- Claro! Ela é bastante conhecida no mundo da moda. Não sou muito ligada nessas coisas, mas minha irmã sim, por esta razão, eu conheço alguma coisa sobre isso. Anne tem uma beleza bastante exótica. - Gabriela comentou.

- Sim, ela é linda. - os olhos de Gilbert brilharam quando disse isso, e Gabriela notou.

- É qual é a história de vocês? Como foi que o cirurgião Dr. Blythe se envolveu com o mundo da moda?

- Anne e eu nos conhecemos desde crianças. Ela foi adotada pelos irmãos Marilla e Matthew Cuthberts que a tiraram do orfanato quando ela tinha nove anos, e a trouxeram para morar com eles na fazenda ao lado da minha. Ficamos amigos na escola e nunca mais nos separamos. Fomos como irmãos até a adolescência quando nossos sentimentos um pelo outro começaram a mudar. Mas, uma tia dela que morava aqui em Nova Iorque, descobriu o paradeiro dela e a trouxe para viver com ela aqui. Ficamos sete anos sem nos vermos, e só voltamos a nos encontrar quando ela foi visitar os pais de criação dela.

- E a chama da adolescência se reacendeu. – Gabriela concluiu.

- Isso mesmo. – intimamente Gilbert não diria que fora apenas uma chama, pois uma paixão avassaladora tomara conta dele no momento em que reencontrara Anne, e ainda continuava queimando em seu íntimo apesar de todos os seus esforços para fazê-la se apagar.

- É uma linda história, e acha que terá um final feliz? - Gabriela perguntou enquanto terminava de comer o seu sanduíche.

- Antes eu acreditava que sim, mas agora não tenho mais certeza. Anne não.me perdoou por eu ter ido para a Alemanha. Eu prometi que voltaria em quatro meses, mas a viagem durou mais que eu esperava, e quando retornei ela não me aceitou de volta e acabou ficando noiva de outro cara, e isso é tudo. - Gilbert terminou seu relato e olhou para Gabriela que o observava admirada.

- Você ainda a ama?

- Gostaria de dizer que não, mas não é assim que as coisas funcionam. – Gilbert sorriu tristemente.

- Eu te entendo muito bem. Faz três anos que meu marido morreu, e eu ainda penso nele todo santo dia.

- É qual é a história de vocês? - Gilbert perguntou interessado em saber um pouco mais sobre Gabriela.

-Nos conhecemos na faculdade. Eu estudava medicina e ele direito. Paul era o maior namorador do campus. Levou muito tempo para que eu aceitasse sair com ele, e acreditasse em seu amor por mim. Ele me pediu em casamento no dia da formatura, e foi o dia mais incrível da minha vida. Nos casamos um ano depois, e foram seis anos de um casamento muito feliz. Estávamos pensando em ter um filho quando ele adoeceu. - Gabriela parou nesse ponto, pois estava muito emocionada.

- Deve ter sido difícil. – Gilbert disse cheio de compaixão.

- Sim. Ele lutou por dois anos, mas a doença o venceu. Sabe, de muitas maneiras você me lembra muito ele.

- É mesmo? - Gilbert perguntou intrigado com o que ela dissera.

- Sim. Paul tinha os mesmo ideais que você em auxiliar as pessoas. Muitas vezes, ele cuidava de casos sem cobrar um centavo apenas pelo prazer de ajudar os menos favorecidos. - Gabriela disse com um sorriso nos lábios. – Ele não merecia que sua vida terminasse tão cedo.

- A vida é muito pouca justa, minha amiga. As pessoas que menos merecem são as que sofrem mais. Veja o caso de minha amiga. Sarah sempre foi uma pessoa muito boa, excelente profissional, ótima filha, e olha o que o destino lhe reservou. Só espero conseguir ajudá-la. - Gilbert deu um suspiro e ficou pensativo por alguns minutos.

- O que pensa fazer sobre o caso dela? - Gabriela quis saber.

- Ainda não sei. Preciso pensar em uma forma de fazer o tratamento voltar a funcionar.

- Por que não fala com o Dr. Philips? Ele tem tanta experiência no campo da medicina. Quem sabe ele não possa ter ajudar com isso?- Gabriela aconselhou.

- Não tinha pensado nisso. Acho que tem razão. Vou falar com ele na primeira oportunidade. Tenho que consultar Sarah na próxima semana, e espero até lá ter algo de concreto para oferecer a ela. – Gilbert disse preocupado.

- Você vai conseguir, tenho certeza. - Gabriela disse terminando seu suco de maçã. Depois deu um sorriso tímido para Gilbert e perguntou: - Se eu te fizer um convite, você aceitaria?

- Que tipo de convite? - Gilbert perguntou curioso.

- Vai haver uma festa beneficente neste fim de semana para arrecadar fundos para p hospital público de Nova Iorque. Gostaria de ir comigo? - ela perguntou colocando sua mão no braço de Gilbert. Ele olhou para ela por um segundo, tentando avaliar se deveria aceitar ou não o convite que ela acabara de lhe fazer. Gabriela parecia estar desenvolvendo certo interesse por ele que Gilbert não sabia se queria alimentar. Mas, de repente, ele pensou, por que não? Ele e Gabriela eram duas almas solitárias que estavam à procura de consolo, e podiam se ajudar mutuamente. Então, Gilbert colocou sua mão sobre a dela e a apertou suavemente enquanto dizia:

- Aceito com prazer.

GILBERT E ANNE

- Vamos, Cole. Estamos atrasados. - Anne gritou na porta do quarto do amigo. Eles iriam até o hospital para que ela tirasse o gesso do tornozelo naquele dia, e não via a hora de se livrar daquele incômodo. Gilbert disse que ela precisaria de fisioterapia por algum tempo, para fortalecer o osso fraturado, mas que nada a impedia de caminhar normalmente desde que não fizesse muito esforço, e evitasse usar salto alto por um tempo.

Cole abriu a porta do quarto com cara de sono, e disse ainda sonolento.

- Não me apresse, Anne Shirley. A culpa é sua se demorei a acordar. Me fez ficar assistindo E o vento levou até tarde. Meu Deus, nunca vi um filme demorar tanto para acabar. - ele bocejou e foi direto para a cafeteira se servir de uma xícara de café.

- Você diz isso, mas sei que no fundo gostou do filme. Pensa que não vi você enxugando as lágrimas no final? Você pode reclamar o quanto quiser, mas não passa de um sentimental disfarçado. – Anne disse debochando da cara de tédio que Cole tinha feito ao falar do filme.

- Nunca neguei que sou romântico. - Cole respondeu sem se abalar com brincadeira da amiga, e logo mudou de assunto ao se sentar à mesa ao lado dela.

- Como se sente está manhã, minha querida? Melhorou de sua crise de ontem?

- Sim, acho que aquele pote de sorvete de chocolate que me fez devorar ontem à noite fez maravilhas pela minha autoestima. O único problema é que vai me encher de espinhas. - Anne passou a mão pelo rosto a procura de alguma acne que já poderia estar aparecendo.

- Não seja, tola. Seu rosto está perfeito como sempre. Nem precisa de maquiagem. Isso é até um insulto sabia? Como consegue se levantar da cama como essa pele tão incrível que parece já ter acordado pronta para ser fotografada a qualquer momento.

- Não exagera, Cole. - Anne disse protestando.

- Não estou exagerando. Você devia se olhar melhor no espelho. - Cole disse terminando seu café rapidamente.

- Eu me olho no espelho todos os dias, e não vejo nada dessa perfeição da qual você fala. – O celular de Anne fez o ruído característico de quem recebe uma mensagem, interrompendo sua conversa com Cole.

- O que foi, Anne? - Cole perguntou notando a careta que Anne fez ao ler a mensagem

- Não é nada. É apenas Francesco me dizendo que temos um evento beneficente para irmos no sábado.

- E o porquê da careta? Não está a fim de ir?

- Para falar a verdade, preferia qualquer tipo de programa a esse. Tenho a impressão que vai ser uma chatice. - Anne disse batendo os dedos sobre a mesa impaciente. De repente, teve uma ideia que a fez sorrir e olhar para Cole:- Você iria também? Por favor, Cole me diga que sim.

- Está bem. Vou apenas para te fazer companhia. Estes tipos de evento também não me agradam nem um pouco.

- Ah, que bom. É por isso que te amo tanto, meu querido amigo.- Anne disse, beijando-o no rosto.

- Eu também te amo, querida. Agora vamos ao hospital te livrar desse inconveniente. – Ele disse apontando para o gesso de Anne.

O hospital não estava muito cheio naquela manhã, por isso, Anne respirou aliviada. Logo seria atendida, e teria sua vida de volta. Estava louca para voltar a fazer todas as coisas as quais estava acostumada.

Quando a recepcionista chamou seu nome, Cole a ajudou a se levantar e juntos caminharam pelo corredor até o consultório de Gilbert. Ao abrir a porta um frio familiar lhe subiu pela espinha ao se deparar com aqueles olhos castanhos que conhecia muito bem.

Deus! Como ele ficava bem naquele jaleco branco que contrastava com seus cabelos escuros. Por que nunca reparara nisso quando namoravam e ele trabalhava no hospital de Charlotte Town? "Talvez porque você estivesse mais interessada em outras coisas, sua idiota", sua voz interior lhe disse, e ela a abafou completamente assim que Gilbert começou a falar.

- Olá, Anne. Como se sente?

- Estou bem. - ela respondeu enquanto se sentava na cadeira à sua frente com a ajuda de Cole.

- Olá, Dr. Blythe. Parece que se adaptou a esse consultório bem mais rápido que o de Charlotte Town. Acho que a sofisticação de Nova Iorque combina com você afinal. - Cole disse com certa ironia, e Anne apertou sua mão como um sinal para que ficasse calado, mas, ele a ignorou completamente.

- O que quer dizer com isso exatamente, Cole? - Gilbert perguntou já acostumado com o humor ácido do amigo de Anne.

- Quero dizer que para um médico que dizia detestar Nova Iorque, você parece estar bem ambientado aqui.

- Eu vim para Nova Iorque para trabalhar e não para me divertir se é isso que está insinuando. - Gilbert disse sério.

- Bem, acho que tem tido bastante diversão no trabalho, não é mesmo?

- O que disse? - Gilbert perguntou sem entender. Cole ia responder, mas, Anne lhe deu um beliscão e ele apenas disse:

- Acho que vou dar uma volta por ai. Com licença. – e saiu da sala, deixando Anne em companhia de Gilbert.

Enquanto trabalhava para retirar o gesso de Anne, Gilbert sequer a olhava, e Anne começou a se sentir incomodada com tanta frieza. Queria que ele falasse com ela como antes, mas parecia que a espontaneidade entre eles havia sido perdida, por isso, se sentiu aliviada quando ele disse:

- Pronto, está livre do gesso. Tente caminhar pela sala para ver como se sente,

Anne ensaiou alguns passos hesitantes pelo consultório, mas depois de alguns segundos, estava caminhando quase normalmente fazendo-a se sentir segura novamente sobre os próprios pés.

- Acho que está tudo bem. - porém, ao dizer isso seu pé vacilou um passo, e ela quase ia caindo quando Gilbert a segurou firme pela cintura impedindo sua queda, e com isso ela acabou apoiando suas mãos no peito forte dele.

Eles ficaram se olhando, enquanto ela sentia os dedos dele acariciarem sua cintura de leve como nos velhos tempos. Seu coração se acelerou, e ela desviou o olhar para os lábios masculinos tão próximos, e mal prestou atenção quando ele perguntou:

- Tem certeza de que está bem?

- Sim. - ela respondeu sem realmente ter entendido o sentido da pergunta], sua respiração ficou rápida demais quando ele inclinou a cabeça em sua direção como se fosse beijá-la, mas então, ele a afastou e Anne sentiu seu coração murchar de desapontamento.

- Creio que está liberada. Se tiver mais algum problema, não hesite em nos procurar novamente. - ele disse levando-a até a porta em seu tom profissional que Anne começara a odiar.

- Até logo, Anne.

- Até logo, Gilbert. – Ela disse sentia sua raiva por ele reacender, mas sentia mais raiva de si mesma por se importa com a maneira fria como fora tratada por ele.

Cole a esperava do lado de fora como no outro dia, e bastou um olhar para o rosto de Anne para entender o que tinha se passado dentro do consultório de Gilbert.

- Pelo jeito sua consulta com o gostoso do doutor Blythe não foi o que esperava. - Anne apenas balançou a cabeça sem responder, e Cole percebendo o estado da amiga não insistiu em saber o que tinha acontecido.

- Deixe eu te contar o que descobri sobre o novo crush do nosso amigo. Ela se chama Gabriela, e é obstetra. Eu teria pedido uma consulta, mas como sou tecnicamente um homem não teria nenhuma desculpa para entrar no consultório dela, e fazer uma inspeção completa.

- Cole, você é inacreditável. – Anne disse começando a rir sem nem mesmo perceber.

- Bem, pelo mesmo consegui arrancar um sorriso desse seu rostinho triste. - ele disse abraçando a amiga pelo ombro, e ambos saíram do hospital para o dia de sol que brilhava lá fora.

O sábado à noite chegou bem rápido, e quando Francesco chegou para buscá-la, Anne já estava completamente pronta. Ela usava um vestido verde esmeralda de um ombro só que caía justo até abaixo dos joelhos em um corte simples e elegante que realçava todas as suas curvas. Ela arrumara os cabelos em uma trança única, e como acessórios usava brincos de argola e pulseira de prata combinando, e colocara sapatos de salto baixo como recomendado por Gilbert para não forçar o tornozelo.

- Está belíssima como sempre, cara. - Francesco disse assim que ela abriu a porta.

- Obrigada. - Anne agradeceu simplesmente. Não estava com muito humor para conversar. Seu último encontro com Gilbert a deixara arrasada, e passara os últimos dois dias em uma espécie de névoa infeliz que a deixou extremamente deprimida. Mas, naquela noite colocou um sorriso no rosto para que Francesco não percebesse seu estado real. Não queria que ele descobrisse que estava assim por causa de outro homem.

Assim que chegaram na festa, ela encontrou Cole na porta de entrada, e foram abordados por milhares de fotógrafos loucos para conseguirem uma foto com as celebridades mais badaladas da noite. Eles circularam pela festa, e quando Francesco foi chamado para uma entrevista exclusiva a respeito do evento, Cole chamou Anne do lado e disse:

- Não sabia que no evento seria tão importante assim. Viu as pessoas importantes que estão aqui?

- Sim. A maioria são magnatas de algum império, que uma vez no ano dispõem de seus milhões para fazer alguma boa ação. – Anne respondeu sem muito interesse. Na verdade, no momento em que chegaram ,ela já queria ir para casa só de pensar no cansaço que seria aquela noite.

- Anne, tente pelo menos sorrir. Esse seu desânimo todo está dando muito na cara. - Cole disse em seu ouvido baixinho.

- Estou tentando. - ela respondeu com um sorriso forçado.

Enquanto bebia um pouco do champanhe que estava em sua taça, ela ouviu Cole dizer:

- Oh, Céus! Olha só quem está chegando. - ela olhou na direção onde o amigo discretamente apontará e paralisou ao ver Gilbert chegar com Gabriela a tiracolo. E não passou despercebido a Anne, o fato de que ela se pendurara no braço dele como se Gilbert pertencesse a ela. Anne tomou o resto do champanhe em um só gole pensando que sua noite não tinha como piorar ainda mais.

E para seu infortúnio maior, Gilbert também a tinha visto e caminhava em sua direção. Anne teve vontade de sair correndo dali, mas não podia fazer Francesco passar por aquela vergonha, por isso esperou pacientemente que ele se aproximasse e dissesse:

- Boa noite, Anne. Parece que nos encontramos novamente.

- Sim. – Ela respondeu enquanto sentia o olhar dele deslizar por seu corpo analisando-a de cima embaixo, deixando transparecer em seu rosto o efeito que a aparência dela causava nele.

- Esta é Gabriela. - ele disse apresentando a médica para os dois amigos.

- Muito prazer. - Anne disse com um nó na garganta.

- O prazer é todo meu. - A médica disse simpática. – Devo dizer que você é mais linda pessoalmente. Minha irmã é sua fã incondicional.

- É mesmo? - Anne fingiu animação.

- Sim. Ela acompanha todos os seus trabalhos.

- Fico feliz em saber disso. – Ela continuou a sorrir sem de fato estar sorrindo por dentro.

- Desculpem-me interromper a conversa, mas, Gabriela, não acha melhor irmos para a nossa mesa. - Gilbert disse. Ele também estava sendo afetado pela presença de Anne na festa, a quem não esperava encontrar, e queria sair dali imediatamente, principalmente porque viu o noivo dela se aproximar.

- Claro. Com licença. – Ela disse acompanhando Gilbert até os seus lugares marcados.

- Ela é bonita, mas se serve de consolo querida, ela não tem o seu glamour. - Anne apenas sorriu de leve ao que Cole havia lhe dito, enquanto passava por sua cabeça que tudo o que Gilbert queria era ficar longe do glamour que ela representava.

- É impressão minha, ou o Dr. Blythe está nessa festa? - Francesco perguntou assim que se aproximou de Anne.

- Sim, Ele é um dos convidados da área médica. – Anne respondeu evasivamente.

- Preciso falar com ele e agradecer por ter cuidado de você tão bem. - ele disse, e Anne nem fez questão de responder.

Ela passou o resto da noite com os olhos pregados no casal, mas toda vez que Gilbert olhava em seus direção, ela disfarçava. Anne observou os sorrisos trocados, os olhares, as conversas ao pé do ouvido por causa do som da orquestra que tocava e sentiu seu peito encher de angústia e do ciúme mais negro que um dia já sentira. Francesco nada percebeu, pois estava envolvido com seus negócios que checava a toda hora no celular. Ele também saiu várias vezes da mesa, ora para dar entrevistas e tirar fotos, ora para falar com alguém importante.

Anne não se importou nem um pouco Estava perdida em seu sofrimento por ver Gilbert encantado por outra mulher bem na sua frente. Cole olhava penalizado para a amiga em sua tristeza profunda, mas não tentou ajudá-la com palavras, pois sabia que de nada adiantaria.

Anne não percebeu os olhares de Gilbert furtivos sua direção. Ele também a observava de longe, seus olhos e sentidos se enchendo da beleza dela, de sua presença, e sofrendo pela distância entre os dois. Ela nunca estivera tão longe, e tão perto ao mesmo tempo de seu coração. Mas, sua mente lhe dizia que era melhor assim, Anne pertencia a outro homem, e ele não tinha mais direito nenhum em tocá-la, por isso, ele olhou para Gabriela tão encantadora à sua frente em seu vestido negro, e disse:

- Quer dançar? - A moça apenas sorriu, e pegou a mão que ele lhe estendia, e foram para a pista de dança.

Quando Anne viu Gilbert levar Gabriela pela mão e tomá-la em seus braços na pista de dança, ela sentiu que não suportaria mais, assim, ela se levantou de onde estava e disse para Cole:

- Vou retocar a maquiagem. - e foi em direção ao banheiro feminino, sem notar os olhares preocupados que Cole lhe lançou.

Assim que entrou no banheiro, Anne deu vazão à sua angústia. Ela chorou tantas lágrimas que achou que não conseguiria mais parar. Doía demais ver Gilbert com outra mulher, ela nunca pensara que sofreria tanto assim, e isso somente lhe provava que passasse o tempo que passasse, ele ainda seria o dono de seu coração

Em meio ao seu desespero, ela não ouviu um clique na porta do banheiro sendo trancada, e de repente, as luzes se apagaram. Anne se assustou tateando devagar até a porta, mas não conseguiu abri-la, pois parecia que alguém a tinha trancado por fora. Ela gritou por socorro, porém ninguém a ouviu, por causa do som da música alta que abafava o som da sua voz. Então, as luzes se acenderam e se apagaram novamente, ficando por alguns minutos nessa dança louca, deixando Anne aterrorizada e com o coração acelerado a ponto de explodir. Sem conseguir se manter em pé, pois suas pernas bambearam por causa do medo que estava sentindo, ela se deixou escorregar para o chão, escondendo a cabeça nos braços cruzados, rezando para que alguém viesse tirá-la dali.

Lá fora, Cole estava preocupado. Fazia meia hora que Anne tinha saído, e ainda não retornara. Francesco estava conversando com homens importantes que pareciam banqueiros, por esta razão, Cole não encontrava uma maneira de se aproximar, e dizer a ele o que estava acontecendo.

Gilbert notando seu desassossego, pediu licença a Gabriela e foi até o rapaz que não parava de andar de um lado para outro.

- O que foi, Cole? Aconteceu alguma coisa? - Gilbert perguntou assim que se aproximou dele.

- É a Anne. Faz meia hora que saiu para retocar a maquiagem, e ainda não voltou. Estou preocupado, ela não parecia muito bem quando se levantou da mesa. Temo que algo tenha lhe acontecido.

- Você acha que seja possível que ela tenha se sentido mal? - Gilbert perguntou visivelmente preocupado também, e Cole balançou a cabeça em afirmativa.

- Então, vamos até lá. – Gilbert disse, e se encaminhou para o banheiro feminino com Cole em seu encalço. Ele forçou a fechadura, mas estranhamente ela estava trancada. Em seguida, ele chamou por Anne, mas a música alta atrapalhava demais, e ele começou a ficar inquieto ao pensar que Anne talvez tivesse desmaiado dentro do banheiro, e por isso, estivesse incomunicável. Ele e Cole forçaram a porta por alguns minutos, e quando conseguiram abri-la, encontraram Anne sentada no escuro com a cabeça entre as mãos. Cole acendeu as luzes que agora funcionavam perfeitamente, enquanto Gilbert dizia:

- Anne, você está bem? - quando ela viu Gilbert parado ali na frente dela, Anne suspirou aliviada e se atirou nos braços dele chorando copiosamente. Ele a abraçou forte sem pensar, pois tudo o que desejava era dar o conforto que ela precisava naquele momento.

Anne nunca sentira tanto medo na vida, e estar nos braços de Gilbert naquele instante de terror era tudo o que precisava para recobrar seu equilíbrio, e se sentiu no céu quando ele disse baixinho:

- Calma, meu bem. Eu estou aqui e nada de ruim vai te acontecer. Eu prometo. - Ele lhe acariciou os cabelos e Anne foi se acalmando aos pouco. Quando Gilbert percebeu que ela tinha condições de falar, ele perguntou:

- O que aconteceu? Por que estava sentada no escuro. Passou mal?

- Não sei bem o que aconteceu. Entrei aqui e parece que a porta se trancou sozinha, e depois as luzes se apagaram e eu.... – Ela não conseguiu continuar, pois o medo que sentira fora tão real que não conseguia descrevê-lo. Gilbert percebendo seu nervosismo disse:

- É melhor levá-la para casa. Ela ainda está muito nervosa. Eu mesmo faria isso, mas, não posso. – Gilbert disse de repente se lembrando de Gabriela.

- Vou falar com Francesco e já volto. - Cole disse deixando Anne em companhia de Gilbert.

Ele tomou as mãos geladas dela nas suas e disse tentando confortá-la. -

- Vai ficar tudo bem, acredite em mim. – e ela acreditava, pois Gilbert era a única pessoa com quem se sentiria segura naquele momento.

Quando ele viu Francesco se aproximar com Cole, Gilbert deu-lhe um beijo no rosto se despedindo assim dela. Ela quase implorou para que ele ficasse, mas, então, se lembrou que ele estava acompanhado de outra mulher.

Gilbert falou com Francesco por alguns minutos, e depois deixou-os indo ao encontro de Gabriela. Em seguida, Francesco a levou para casa, e quando estacionou em frente do prédio dela, ele perguntou:

- Quer que eu fique com você?

- Não precisa. Eu estou bem, de verdade. - Anne respondeu, se despedindo dele com um beijo rápido.

Quando chegou na porta de seu apartamento, ela estranhou que não estivesse trancada, mas talvez tivesse esquecido de fechá-la quando saiu com Francesco para irem ao evento.

Logo que entrou, Anne resolveu ir para o quarto, pois toda aquela tensão a deixara exausta. Porém, quando chegou na porta de seu quarto, ela parou surpresa ao ver uma foto sua com Francesco na festa grudada nela, e havia também outra onde estava com Cole e Gilbert após o incidente do banheiro. Alguém tinha entrado ali enquanto ela estivera fora, e ainda deixou outra mensagem escrita com letras recortadas para impedir que a caligrafia pudesse ser reconhecida que dizia:

"Aproveitou bem essa noite, garotinha ruiva? Espero que sim, pois essa será uma das últimas diversões que terá."

As palavras ali escritas fizeram todo o medo de Anne reaparecer, e ela pensou com seu coração cheio de terror no pesadelo que sua vida tinha ser tornado.

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