Anne with an e- Corações em j...

By RosanaAparecidaMande

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Anne Shirley Cuthbert foi abandonada ao nascer em um orfanato por sua mãe biológica, mas ela nunca deixou de... More

capítulo 1- Lembranças
capítulo 2- amores do passado
Capítulo 3- sentimentos escondidos
Capítulo 4- Duas almas e um destino
Capítulo 5- Lado a lado com o amor
Capítulo 6- Nestes olhos teus.
Capítulo 7 - Emoções em conflito
Capítulo 8- O amor entre nós
Capítulo 9- Chamas de uma paixão
Capítulo 10- Apenas você
Capítulo 11- Corações apaixonados
Capítulo 12- Esse sonho de amor
Capítulo 13- Quando o coração se apaixona
Capítulo 14- O sentimento que vive em mim
Capítulo 15- Combinação perfeita
Capítulo 16- O que nos separa
Capítulo 17- Revelações
Capítulo 18- Expectativas
Capítulo 19- O que nos une
Capítulo 20- Tudo o que eu quis
Capítulo 21- Tudo o que sonhei
Capítulo 22- Tudo o que somos
Capítulo 23- O que me pertence
Capítulo 24- O tempo é algo relativo
Capítulo 25- O amor que te ofereço
Capítulo 26- Pensamentos proibidos
Capítulo 27- Pensamentos e desejos
Part 28- Provando do pecado
Part 29- O Jogo do amor
Part 30- Caprichos do coração
Part 31- Segredos e Desejos
Capítulo 32- Flertando com o perigo
Capítulo 33- O inesperado
Capítulo 34- Revelando um segredo
Capítulo 35- O incêndio
Capítulo 36- Uma esperança
Capítulo 37- O incêndio parte 2
Capítulo 38- Paraíso particular
Capítulo 39- As duas faces do amor
Capítulo 40- Idas e Vindas
Capítulo 42- Tudo o que existe entre nós
Capítulo 43- Como no princípio
Capítulo 44- Feliz Aniversário
Capítulo 45- Uma grande surpresa
Capítulo 46- O perigo mora ao lado
Capítulo 47- O inimigo nas sombras
Part 48- Amor e dor
Capítulo 49- As verdades do coração
Capítulo 50- Almas divididas
Capítulo 51- Palavras não ditas.
Part 52- O jardim do Éden
Capítulo 53- Ps: Eu te amo.
Capítulo 54- Eterno amor
Capítulo 55- Sua força em mim
Capítulo 56- Um só coração
Capítulo 57- Sem Regras
Capítulo 58- Sussurros e juras de amor
Capítulo 59- Entre o céu e o inferno
Capítulo 60- Lar
Capítulo 61- A promessa de uma vida
Capítulo 62- Entre as estrelas
Capítulo 63- De corpo e alma
Capítulo 64- Desejo e castigo
Capítulo 65- Ao cair da tarde
Capítulo 66- Vidas entrelaçadas
Capítulo 67- Amor imenso
Capítulo 68- Fogo
Comunicado
Capítulo 70- Sonhos perfeitos
Capítulo 72- Xeque Mate
Capítulo 73- Anjo Ruivo
Capítulo 74- Amor de diamante
Capítulo 75- Para sempre
Capítulo 76- Um Natal para relembrar
Capítulo 77- Tudo o que importa
Capítulo 78- Um grande novo ano
História Nova
Capítulo 79- A segurança dos seus braços
Capítulo 80- Can't take my eyes off you
Capítulo 81- Inesquecível amor
Capítulo 82- O casamento do ano
Capítulo 83- Lua de Mel Havaiana
Capítulo 84- Uma nova vida juntos
Capítulo 85- Inseguranças e Fragilidades
Capítulo 86- Ao nascer do sol
Capítulo 87- O caminho de volta
Capítulo 88- O ingrediente principal
Capítulo 89- Na alegria ou na tristeza.
Capítulo 90- O benefício da dúvida
Capítulo 91- Amor e mágoa
Capítulo 92- Impasse
Capítulo 93- Uma longa noite
Capítulo 94- Sob o mesmo céu
Capítulo 95- Juntos
Capítulo 96- A razão da minha felicidade
Capítulo 97- Alcançando as estrelas
Capítulo 98- Acerto de contas
Capítulo 99- A vida por um fio
Capítulo 100- Garota Extraordinária
Capítulo 101- Na dor
Capítulo 102- A beleza de Vênus
Capítulo 103- The way I love you
Capítulo 104- Reconstruindo sonhos
Capítulo 105- Amor de mãe
Capítulo 106- Um novo tempo
Capítulo 107- Entre a mágoa e o perdão
Capítulo 108- Redescobrindo o passado
Capítulo 109 - Universo particular
Capítulo 110 - Esposa perfeita
Capítulo 111- Paraíso na terra
Capítulo 112- Um futuro cheio de promessas
Capítulo 113- O perdão é a cura da alma
Capítulo 114 - Lucy
Epílogo
Agradecimentos
Prêmios

Part 41- O retorno

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By RosanaAparecidaMande

Olá pessoal. Espero que gostem de mais este capítulo e comentem. Beijos.

ANNE

Oito meses depois

- Vamos, Anne. Vai demorar muito com isso? Não quero perder a festa toda. - Cole falou impaciente, perto da porta do quarto de Anne andando de um lado para outro, enquanto seus pés se afundavam no carpete macio do apartamento dela.

Ela tinha se mudado recentemente, pois quisera ter um pouco de privacidade, depois de ter dividido seu lar com mais três garotas, que como ela trabalhavam como modelo. Anne achou que já era hora de dar seu grito de liberdade, agir como uma mulher adulta, e comprar seu primeiro apartamento fora um dos passos que dera nesse sentido. Tinha uma boa localização, ficava no centro de Nova Iorque onde ela poderia ter acesso a tudo sem se preocupar em ter que dirigir, o que detestava fazer naquele tráfego horrendo do dia a dia.

- Anne, estou perdendo a paciência. Se demorar mais um pouco eu juro que vou sem você. - Cole dizia com a voz irritada.

- Calma, Cole. Pode me esperar mais cinco minutos? Por favor? - Anne respondeu tentando acalmar o amigo do outro lado da porta.

- Está bem. Vou te esperar na sala. - Cole disse com.um grande suspiro.

Anne se olhou no espelho enquanto terminava de aplicar uma base no rosto para esconder as sardas. Era a primeira festa que frequentava depois que voltara para Nova Iorque, e não estava realmente animada para ir. Aceitara o convite de Cole somente porque ele não parara de atormentá-la a semana toda. Ele lhe enviara um convite por texto de mensagem, e na primeira vez ela dissera que não estava com vontade de ir. Então, ele aparecera em seu apartamento no meio da noite, e lhe passara um sermão daqueles que deixara seus ouvidos ardendo por um dia inteiro:

- O que pensa que está fazendo consigo mesma, Anne Shirley? Vai se trancar nesse apartamento até a morte? - ele tinha o olhos apertados, as narinas dilatadas, e não parava de mexer com as mãos, o que indicava claramente que Cole estava muito bravo. Anne teria respondido a altura se não estivesse exausta de fotografar o dia inteiro e quase desmaiando de sono. Ela apenas olhara para seu velho amigo com as pálpebras pesadas de sono e disse:

- Você veio no meio da noite até minha casa para me passar um sermão? Por favor, vá embora e volte amanhã cedo quando estarei disposta a ouvir sua lista de acusações sobre mim. - Anne se deitou no sofá da sala e cobriu a cabeça com uma almofada enorme.

Cole não se deu por vencido. Arrancou a almofada de cima dela e disse mais indignado ainda.

- Você vai me ouvir agora querendo ou não. Quando vai parar de sentir pena de si mesma e voltar a viver? Faz oito meses que Gilbert foi para a Alemanha e desde então, tenho visto você trabalhar até a exaustão, e depois se enterrar nesse apartamento lambendo suas feridas. Gilbert foi embora, Anne, ele não está morto. Pare de agir como se estivesse de luto. Ele mesmo lhe pediu para se divertir enquanto ele estivesse fora. Por que não está fazendo exatamente isso? - ao ouvir o nome de Gilbert, Anne se encolheu por dentro. Não queria pensar nele. Vinha fazendo um esforço tremendo para manter a decisão que tomara, e não precisava de Cole para lembrá-la como vinha conduzindo sua vida desde então.

- Cole, eu preciso dormir. Tenho que acordar cedo amanhã. - Ela respondeu em uma tentativa de acabar com aquela conversa. Cole ia começar a falar de Gilbert, e ainda não estava preparada e bem disposta para falar sobre ele.

- Você está fugindo do assunto como sempre faz. Está bem, vou para casa, pois já percebi que não quer me ouvir. Mas quando acabar seus dias como uma tia solteirona com uma xícara de chá e apenas um gato como companhia, não diga que não te avisei. - ele disse com ar dramático, marchando para a porta, e deixando Anne de boca aberta.

Depois de alguns segundos, Anne teve que rir do que Cole lhe dissera sobre ela terminar seus dias como uma tia solteirona, com uma xícara de chá e um gato como companhia. Talvez fosse esse mesmo o seu destino. Talvez acabasse seus duas chorando por um amor que não dera certo, e afogar suas mágoas naquele apartamento era somente o que podia fazer.

Ela tinha que encarar que seus ideais românticos com Gilbert Blythe tinham acabado. No início tentara levar tudo numa boa logo que ele viajara, trocando mensagens todas as noites. Ele respondia contando tudo o que estava aprendendo com seus estudos, suas impressões sobre a cidade, os colegas de trabalho e as pessoas ao redor dele.

Anne adorava ouvi-lo falar sobre tudo, pois tinha a impressão de estar na Alemanha com ele todos os momentos. Eles às vezes se falavam por mensagem de vídeo, e ver aquele rosto tão másculo e maravilhoso à sua frente, Anne sentia sua saudade amenizar por um lado, pelo outro só aumentava a necessidade que tinha de tocá-lo, ter os braços de Gilbert em volta de sua cintura e trocar juras de amor com ele ao pé do ouvido. Mas, ela estava administrando bem seus sentimentos a respeito daquela viagem de Gilbert. Anne podia compreender a importância do que ele estava fazendo, e se orgulhava muito do namorado apesar da falta que sentia dele.

Porém, logo ela viu sua compreensão ser reduzida a cinzas quando os quatro meses passaram e se tornaram seis, pois Gilbert lhe dissera que precisava de um pouco mais de tempo para concluir os seus estudos, por que estava em um ponto complexo de sua descoberta.

Anne até tentara levar com otimismo aquela história, mas Gilbert estendendo sua estadia na Alemanha por mais tempo do que lhe prometera, estava sendo uma pílula difícil de engolir.

Então, quando os seis meses chegaram ao fim, e ela percebeu que Gilbert não voltaria tão cedo, Anne lhe mandou uma mensagem bem seca dizendo que estava tudo acabado entre eles.

O que lhe doeu mais foi que Gilbert sequer tivera a decência de lhe responder. Era como se ele a tivesse esquecido completamente e os momentos que viveram não significasse nada para ele. Gilbert trocara o amor deles por sua dedicação ao trabalho, e não tinha como aquilo lhe doer menos.

Anne chorara o dia inteiro quando terminara seu relacionamento com Gilbert. E os dias que se seguiram depois desse foram ainda piores, então, o trabalho fora o remédio para suas dores. A noite era o pior momento porque ficava sozinha. Naquele tempo ainda morava com as amigas, mas cada uma tinha sua vida e seu relacionamento, e Anne percebeu que tinha voltado a estaca zero.

Enquanto as amigas se divertiam, ela chorava, enquanto as amigas iam para as festas mais badaladas, ela ficava em casa chorando por infelicidade. Por isso, ela resolveu se mudar. Anne adorava as amigas, mas estava passando por um período difícil e de repente começou a sentir raiva, porque elas tinham tudo o que ela não podia ter, e isso a deixava extremamente mal humorada, colocando em risco a convivência dentro daquela casa. Assim, Anne procurou e encontrou um canto para morar, pois não desejava que sua decepção com Gilbert a fizesse perder as amizades que tinha por aquelas três garotas, que através dos anos se tornaram muito importante em sua vida.

Cole tinha razão, ela estava vivendo um período de luto e não podia continuar assim. Ela já tinha esgotado seu arsenal de lágrimas, e seus momentos de pesar. Durante aqueles meses sem Gilbert, ela já tinha retornado a Avonlea várias vezes para visitar Matthew, e as amigas que voltaram a se reunir. Josie estava bem melhor e recomeçara a reconstruir sua vida. Voltara a viver com os pais, arrumara um emprego e estava seguindo em frente. Ruby estava às voltas com os preparativos de seu casamento e parecia feliz, apesar do segredo que contara a Anne, Diana continuava feliz com sua vida com Jerry e sua filhinha, somente Anne parecia estar no mesmo lugar, presa a um homem que preferiu a profissão a ela.

Ainda se fosse por causa de outra mulher, Anne sabia que tinha alguma chance de ter Gilbert de volta, mas como lutar contra algo que sempre fora o principal objetivo na vida dele?

Nessas visitas a Avonlea, Anne também fora até a fazenda de Gilbert, com o pretexto de conversar com Mary e Sebastian por quem se afeiçoara sinceramente, mas a verdade era outra. Ela fora até a fazenda porque ali tinha suas melhores lembranças de Gilbert, e enquanto fingia que ia ao banheiro ela entrou no quarto dele, e quase chorou ao se lembrar dos últimos dias em que passara com ele ali fazendo amor antes de sua viagem. Ela voltara para Nova Iorque prometendo a si mesma que jamais faria isso de novo Precisava recomeçar e por isso aceitara o convite de Cole para irem àquela festa de uma amiga em comum.

Anne terminou de se arrumar, e saiu do quarto indo ao encontro de Cole que ao vê-la em um vestido vermelho com as costas toda nua disse:

- Meus Deus. Valeu a pena a espera. Você está um arraso.

- Vê se enxuga a baba, Cole, e vamos logo para a festa.- Anne disse em tom de brincadeira.

Assim que entraram no carro conversível de Cole, Anne se ajeitou na poltrona, desejando que pudesse realmente se divertir aquela noite colocando realmente um ponto final na era Blythe de seu coração.

GILBERT

BERLIN

A mulher que cantava era ruiva, tinha os cabelos até a cintura, era esguia e balançava os quadris enquanto cantava uma canção inglesa com sua voz afinada e sensual. Ela estava de costas para ele, e na penumbra daquele pub alemão, no qual Gilbert vinha todas as noites para relaxar e esquecer suas lembranças, ele podia facilmente imaginar que aquela mulher que ele via se movimentar tão sugestivamente no palco era Anne. Porém, quando as luzes se acendiam, todas as suas ilusões caíam por terra ao ver que o rosto era mais pálido e magro, e não tinha o rosado e as sardas adoráveis de Anne. Os olhos também eram diferentes, eram de um castanho escuro para ser mais exato, enquanto os olhos de Anne era de um azul intempestivo, e podiam facilmente escurecer para um azul escuro quando ela se enfurecia com algo.

Aqueles olhos sempre foram para Gilbert duas joias perfeitas, a característica mais marcante do rosto de Anne, mas claro que não a melhor. Porque ela era um conjunto de coisas tão únicas que ele nunca mais encontraria em outra mulher.

Seu peito doeu de saudade ao pensar que faziam exatamente oito meses que não a tinha em seus braços, e exatamente quatro que a tinha perdido. Aquela lembrança ainda massacrava seu coração, e ele desejava apenas voltar no tempo para estar com ela de novo, acordar com aquele sorriso e ouvi-la dizer-lhe "eu te amo" de tantas formas diferentes.

Gilbert tomou um gole de sua cerveja que já começava a ficar quente, mas nem se importou com o gosto amargo em seus lábios. Não havia nada que melhorasse como se sentia, e tinha plena consciência de que a culpa era dele. Viera para a Alemanha com um propósito que felizmente tinha conseguido. Estudara um método novo para ajudar Sarah, e embora não houvesse 100% de garantia que podia curá-la, havia 80% para dar-lhe esperança, isso dependia muito de como o organismo do paciente responderia aos medicamentos. Saber que podia ajudar alguém que significara algo em sua vida fazia Gilbert se sentir quase tão bem quanto gostaria, se não fosse pela falta de Anne que sentia, voltaria para casa exultante.

Mas, havia outra batalha que teria que travar e dessa dependia sua felicidade e capacidade de reconquistar a mulher que amava, e ele sabia que não seria fácil. Gilbert sabia que Anne podia ser muito dura quando alguém quebrava seu coração, e ele o fizera duas vezes mesmo sem ter sido essa a sua intenção.

Quatro meses atrás quando dissera a ela que precisava estender sua estada na Alemanha, pensou que talvez ela pudesse entender, que o amor de ambos era for te para isso, e que iriam ficar juntos não importando os obstáculos, mas se enganara. Ele colocara seus ideais de médico acima dos interesses de seu coração, e por isso perdera Anne. Ele pensara erroneamente que ela nunca teria coragem de acabar com a relação linda que tinham construído, mas mais uma vez a subestimara. Por isso, quando ela lhe mandara uma mensagem terminando tudo, Gilbert acreditou que ela estava apenas zangada, que cairia em si e voltaria atrás.

Ele esperara em vão que ela reconsiderasse mas no fim da primeira semana ele tinha entendido que ela não o faria. Gilbert sentira como se lhe tirassem o chão, e por duas semanas consecutivas ele não conseguira fazer mais nada a não ser estudar e dormir. Ele sequer tivera coragem de responder a mensagem dela, porque qualquer coisa que dissesse não seria o suficiente para fazer Anne voltar para ele, uma vez que ele não podia prometer que retornaria logo para casa, pois ainda estava no meio do seu processo de aprendizagem do novo método que trataria a doença de Sarah e não podia desistir no meio do caminho. Então, ele imaginava como aquele seu silêncio deveria ter soado para ela. Talvez Anne pensasse que ele agira por descaso, quando na verdade agira daquela maneira por amá-la tanto, e perceber que ela tinha o direito de seguir por outro caminho se quisesse. Seria egoísmo prendê-la a ele enquanto passava aqueles oito meses sozinha em Nova Iorque. Gilbert queria que ela fosse feliz, mesmo que isso significasse que ela se afastaria cada vez mais dele.

Ele dormia todas as noites olhando para o retrato dela, e com a mecha de cabelo que ela lhe dera antes de ele partir aconchegada ao seu peito. Gilbert tinha até a ilusão de sentir o perfume dela ao seu lado quando acordava de manhã, só para perceber que o perfume estava apenas em suas lembranças.

Gilbert sabia que nunca a esqueceria como também sabia que nenhuma mulher tomaria o lugar dela. Ele tivera oportunidades de sair com mulheres que surgiam no pub desacompanhada e tão solitárias quanto ele, mas ele recusara. Não conseguia se imaginar tocando uma mulher quando já tivera em seus braços a mais perfeita de todas, e ele nunca poderia partilhar seu corpo com nenhuma outra.

Gilbert vinha até aquele pub apenas para enganar os seus sentidos enquanto imaginava que a mulher que estava no palco era sua Anne cantando apenas para ele. Era apenas uma fuga de sua realidade quando sabia que depois voltaria para seu dormitório e estaria tão sozinho quanto antes, e a breve anestesia que surtira efeito em sua dor enquanto sua ilusão era alimentada desaparecia no instante em que deitava sua cabeça no travesseiro, e seu coração voltava a agonizar miseravelmente. Assim, ele apenas vivia seus dias se dedicando ao seu propósito. Queria pelo menos fazer valer a pena a viagem que fizera até ali. Podia ouvir a voz do pai cheio de orgulho por ele, a única coisa é que Gilbert não conseguia sentir a mesma coisa. Cumprira sua missão, sentia- se satisfeito com isso, mas orgulho ele só sentiria se Anne estivesse com ele, mas ela não estava, assim restava-lhe apenas terminar o que começara.

Seus dias em Berlim tinham acabado. Voltaria par a casa no dia seguinte, e não via a hora de pisar em terras familiares. Parecia que ele tinha viajado a séculos e estava feliz em retornar. Tivera uma boa estadia em Berlim, fizera boas amizades, mas seu coração estava em outro lugar, sua mente já estava viajando para casa, e não ia sentir saudades do território alemão.

Gilbert se levantou e foi até o caixa pagar sua cerveja.

- Já encerrou sua noite, Dr. Blythe? - a caixa loira e sorridente disse.

- Sim, preciso dormir cedo. Amanhã volto para casa, Berta.

- Bem, espero que faça uma boa viagem de volta.

- Obrigado. - ele disse sorrindo. Depois se dirigiu ao seu dormitório que estava apenas a uma quadra do pub. Gostava de caminhar pelas ruas de Berlim sem se preocupar com nada, e como muitas noites tinha insônia, Gilbert também adquirira o hábito de correr depois do trabalho. Ele aprendera a não pensar em nada enquanto corria, apenas se concentrava em sua respiração e nos quilômetros percorridos, isso lhe dava calma, diminuía sua ansiedade e o ajudava a melhorar sua qualidade de sono.

Assim, que chegou em seu dormitório, Gilbert tomou um banho, escovou os dentes e foi para a cama, No instante em que fechou os olhos a última coisa que viu foi o retrato de Anne sorrindo para ele.

GILBERT E ANNE

A festa estava no auge quando Anne e Cole chegaram. Logo que entraram, Anne encontrou várias pessoas conhecidas que não via a meses. Ela cumprimentou cada uma delas e logo se misturou ao convidados, indo até o bar com Cole e se serviu de um suco de frutas enquanto o amigo pegava uma taça de champanhe para si mesmo.

Anne olhou ao redor e se sentiu estranha. Fazia tanto tempo que não participava de uma festa assim que parecia estar completamente fora do lugar. Ela se acostumara a calmaria de Green Gables, acordar com passarinhos na sua janela e respirar o ar puro da manhã que a deixava revigorada. Sentia falta de conversar com Matthew, ajudar Marilla na cozinha, correr pela floresta onde toda sua infância fora palco para suas brincadeiras. Anne também estava sentindo falta de visitar Diana e brincar com sua filhinha tão linda, e que a cada dia se parecia mais com o pai.

Fora difícil para ela voltar a Nova Iorque, enfrentar um tráfego terrível para chegar ao trabalho, despertar com o barulho de buzinas de motoristas apressados bem embaixo de sua janela, e contaminar seu organismo com a poluição que pesava no panorama ao redor dela. Definitivamente, ela era uma garota do campo, e nunca realmente se adaptaria a uma metrópole como aquela. Anne vivia em Nova Iorque porque sua profissão exigia, mas, quando não mais pertencesse a aquele meio, Anne prometera que nunca mais pisaria ali, a não ser que fosse estritamente necessário.

- E então? O que está achando da festa? - Cole perguntou observando-lhe o rosto

- Está bastante movimentada. Eu tinha me esquecido de como Nova Iorque é intensa à noite. - ela deu um gole no seu suco de frutas, e continuou a observar ao glomerado de pessoas que pareciam se divertir como nunca ao som de uma banda ao vivo que tocava rock dos anos 90.

- Não me parece que está se divertindo muito. - Cole observou bebericando seu champanhe.

- Você me conhece, Cole. Não sou muito de badalações.

- Não acho que seja esse o motivo. Seu pensamento está em outro continente. - a insinuação de Cole deixou Anne nervosa.

- Por favor, Cole. Você não vai começar a falar dele, não é? - Anne disse olhando para o amigo de maneira séria.

- Eu não preciso falar, Anne. Ele vive na sua cabeça o tempo todo.

- Isso já acabou meses atrás, você sabe disso. - ela olhou para as mãos não querendo se prolongar naquele assunto, mas, ela deveria saber que Cole nunca deixava um assunto morrer enquanto ele achasse que havia argumentos para serem discutidos.

- Você pode ter terminado seu relacionamento com Gilbert, mas seu coração não o esqueceu, e duvido que um dia isso aconteça. Vocês se amam desde sempre, por que não admite isso?

- Eu amo, ele não. - Anne disse teimosamente.

- Não seja injusta, Anne. Gilbert sempre amou você, e não é porque ele está na Alemanha que deixou de amar. Você pode dizer o que quiser a si mesma, mas não pode negar esse fato. - Cole disse de maneira séria.

- Acho que por mais que ele me ame, Gilbert ama mais ainda a profissão dele, e essa é uma rival que nunca vou vencer.

- Eu não penso assim, mas acho que você não deseja saber minha opinião. - Cole disse ao ver que Anne começava a ficar zangada.

- Eu sei de sua torcida por Gilbert. Você nunca escondeu isso. - Anne disse com a voz abafada.

- É claro que torço para você e o Dr. Blythe gostosão ficarem juntos. Vocês nascerão um para o outro. - ele disse sorrindo.

- Eu não acredito que o mundano Cole Mackenzie tenha uma veia romântica. - Anne disse zombando do amigo.

- Todo mundo gosta de um final feliz, Anne. Inclusive eu. Mas, não vou mais incomodá-la com meu cinismo, estou vendo um amigo no meio da multidão. Se importa se eu for lá falar com ele?

- Claro que não. Fique à vontade. - Anne respondeu.

Despois que Cole saiu, Anne resolveu dar uma volta pela festa para ver se espantava o tédio que estava sentindo. Ela parou em alguns grupos de pessoas para conversar, circulou mais um pouco entre as pessoas, dançou com algumas amigas, mas logo se cansou. Por isso, foi até o bar novamente para beber alguma coisa gelada, quando sentiu sendo puxada pela cintura.

- Cara! - antes de encarar a pessoa que dissera isso, Anne já sabia quem era.

- Francesco. - ela disse com visível prazer. Gostava muito dele como amigo, mas era uma pena que não conseguisse sentir por ele mais nada que isso. Gilbert tinha estragado seu gosto por homens.

- Sei una donna belíssima. (você é uma mulher belíssima.)- ele disse beijando-a no rosto e admirando Anne da cabeça aos pés.

- Obrigada, Francesco, Você é sempre galanteador. Mas, que bons ventos o trazem de volta a Nova Iorque.

- Tenho negócios importantes aqui, e duas vezes ao ano passou um tempo nesta região para supervisionar tudo.

- Então, não está aqui para ficar?

- Não, cara. Come stai? Mi sei mancato. (Como você está? Senti saudades)

- Estou bem, e você?

- Sto bene. (Estou bem). Apenas me sinto solitário nessa cidade. Você está namorando? - Francesco perguntou parecendo interessado na resposta dela por motivos óbvios.

- Estava, mas terminamos. - Anne disse se sentindo desconfortável. Não se sentia bem falando de Gilbert com qualquer pessoa.

- Che fortuna mia, e che sfortuna sua. (Que sorte a minha e azar o dele.) - Francesco disse sorrindo fazendo Anne sorrir também. Anne sempre se sentira bem com ele, porque Francesco era um homem extremamente agradável, culto e inteligente, além de bonito e charmoso. Sua fortuna não o tinha deixado arrogante, como normalmente acontecia naquele meio, e ele era bastante generosos também.

- E como anda sua família? - Anne quis saber ao se lembrar que Francesco tinha deixado sua vida em Nova Iorque para cuidar dos negócios da família na Itália depois da morte do pai.

- Estão todos bem. - ele disse.

- Quem bom saber disso. - Anne respondeu apertando-lhe o braço com afeição.

- Está acompanhada? - Francesco perguntou.

- Eu vim com um amigo, mas não somos um casal. - Anne tratou logo de explicar.

- Gostaria de ir a um lugar mais tranquilo? - ele olhou para Anne com os olhos cheios de expectativas.

- Na verdade, Francesco. Já estava pensando em ir para casa. Trabalhei muito hoje estou cansada.

- Posso acompanhá-la até em casa? - Anne ia recusar, mas depois pensou porque não? Francesco era um amigo, e não havia nada demais em desfrutar um pouco mais da companhia boa dele.

- Está bem. Vou apenas avisar meu amigo. - Anne pegou o celular e mandou uma mensagem para Cole dizendo que estava indo para casa com um conhecido dela..

- Eu conheço esse amigo? - Cole mandou imediatamente uma recado de volta

"Não."

"Não vai me dizer quem é?"

"Não."

" Anne como você é maldosa, vai mesmo me matar de curiosidade?'

"Não há nada para contar. Vou para casa, depois nos falamos."- ela disse encerrando a conversa. Depois ela olhou para Francesco e disse:

- Vamos.

Enquanto isso um avião vindo de Berlim posava no aeroporto de Nova Iorque naquele instante. Gilbert estava exausto quando desembarcou, mas também estava feliz por pisar novamente em terras americanas, depois de viver oito meses em outro continente. Ele procurou por um táxi, e deu o endereço ao motorista assim que se sentou no banco do passageiro, e durante todo o percurso, ele olhava para a paisagem fora de sua janela e suspirava aliviado pela familiaridade de tudo o que via.

Naquele exato momento, Francesco estacionava o carro na frente do prédio de Anne, e antes de se despedir dela ele disse:

- Jante comigo esta semana.

- Eu não sei, Francesco, estarei muito ocupada. - Não era de todo verdade, mas não estava disposta a ter um encontro com ninguém, mesmo que essa pessoa fosse alguém tão agradável quanto Francesco.

- Bem, se mudar de ideia, você tem meu telefone. Buona Notte, cara.

- Boa noite, Francesco. - Anne se despediu dando um beijo no rosto de dele.

Em seguida, ela saiu do carro, entrou no prédio e subiu até seu apartamento. Quando abriu a porta, ela arrancou as sandálias de salto alto e caminhou até a cozinha descalça. Anne abriu a geladeira e tomou um copo de água gelado. Então, ela bocejou e decidiu ir ara cama, pois estava muito cansada, mas foi nesse momento em que ouviu a campainha tocar e franziu o cenho pensando quem poderia ser àquela hora da noite. Anne foi até a porta e quando a abriu ela não pôde deixar de arregalar os olhos espantada ao ver quem estava lá sorrindo para ela como se todo o sol da Califórnia estivesse contido naquele sorriso. Então, ela exclamou ainda não acreditando em seus olhos:

- Gilbert!

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