SALVA PELO CHEFE (COMPLETO)

By rivanialima

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*Ainda não seu sei manterei essa capa, mas gostei, então vou mantê-la por enquanto.* + Vou voltar a postar al... More

AVISOS
PRÓLOGO
SINOPSE 2
A FOTO
FURIOSO
INCOMPETENTE?
O BEIJO
PEQUENO ESCLARECIMENTO
A DESCOBERTA
DAVI
FEVER
SEM CONTROLE
O DIA SEGUINTE
CALLEB?
[CORREÇÃO DE CAP.]QUASE UMA NOVELA E UM BEBÊ
[CORREÇÃO DE CAP.] FAÍSCA
O APAGÃO
CONFISSÃO
UMA 'QUENTE' NOITE DE CHUVA
I'M BACK
UMA SENSAÇÃO RUIM
MENSAGENS
PÉSSIMA MENTIROSA
A REUNIÃO
Correção (n é capitulo)
QUEM É B?
ESTOPIM
SEMI NU E COM TESÃO
DAVI
MARCAS
NÃO HÁ COISA ALGUMA... não pode haver...
FUGINDO
O BAILE parte I: Preparativos
ODEIO VOCÊ
O BAILE: preparativos parte II
DAVI
UMA DANÇA E UM BADBOY
MEU BALSAMO?
SITUAÇÃO DIFÍCIL
UM POUCO DE DIVERSÃO
DANÇA COMIGO AGORA?
O BAILE parte II: Escandalos
SEM PERGUNTAS
NÃO VOU DESISTIR
AT LAST
CONVERSA INTERESSANTE
Água ou Fogo?
AMOR OU MEDO?
[CORREÇÃO] A LIGAÇÃO
[CORREÇÃO] MELHOR REMÉDIO
QUEM ESTÁ FALANDO EM AMOR?
ENCONTRO MARCADO
AGENTE DUPLO?
ADIAMENTO (NÃO É CAPITULO)
VAMOS COMPENSAR ISSO, ENTÃO!
B de BENNET
NÃO QUERO QUE VÁ EMBORA
NÃO QUERO SER DE MAIS NINGUÉM
ESCLARECIMENTOS
CONFIDENCIAL
INUTILIDADE
Pequenissímo aviso
Seria covardia de minha parte?
UMA CONVERSA COM MARIA
NÃO É CAPITULO
TROCA DE E-MAILS
EU O AMO
EU A QUERO
CÂMERAS DE SEGURANÇA
HAUNT
EXPERIÊNCIA
MAIS ERROS QUE ACERTOS
FOI A TEQUILA
SINTO MUITO: parte I
SINTO MUITO parte II
RESULTADOS DEVASTADORES
Clichês
CONVERSA NO ESCURO
DECISÃO MENOS ERRADA
HEREDITÁRIO
Ele é meu
RECONCILIAÇÃO
TROCA DE INFORMAÇÕES
CORRESPONDÊNCIA
NAMORADA
INSIGHT
BAILARINAS
CONVITE À AMEAÇAS
TRANSAÇÕES
DEDO NO GATILHO
INTERROGATÓRIO
LONDRES
REVELAÇÕES parte I
DOMINGO DECISIVO
FLÓRIDA
PRECISO FAZER SOZINHA
LIBERTAÇÃO
REVELAÇÕES parte II
UM ENCONTRO DE VERDADE
PEDIDO DECENTE
EPÍLOGO
BÔNUS
Bônus 2
LIVRO POSTADO

Algumas informações... importantes

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By rivanialima

** Postando outra vez pra ver se resolve o problema de quem não está conseguindo vizualisar...** 


'Ange'

Depois de um banho longo e de passar algo nos arranhões que fiz por meu corpo, Chris e Vincent ficaram deitados comigo enquanto eu tentava não chorar o que era uma tentativa completamente inútil. Eu queria poder beber até perder a consciência... eu até posso entender Isaac agora.

Eu queria ser capaz de me esquecer do que houve... mas eu havia tomado aquele remédio idiota e não podia beber nenhum álcool, e em vez de me fazer dormir, o efeito dessa vez foi totalmente contrário e eu não conseguia fechar os olhos e apesar de me sentir de alguma forma relaxada, não podia fugir das imagens em minha cabeça e o quanto elas faziam a dor angustiante dentro de mim me sufocar!

Eu me lembro vagamente de Davi estar em meu apartamento e tentar me acalmar, me lembro de ouvir sua voz e me lembro de seu rosto e a forma preocupada... quase desesperada na verdade, com que me encarou... mas é tudo como um borrão estranho e irritante.

Eu queria ter me controlado, queria ter enfrentado ele e dizer algumas palavras nada agradáveis e tê-lo mandado para o inferno junto com aquela vadia e suas palavras bonitas que já me disse tantas vezes... Aquele cretino miserável! Eu devia nunca mais voltar a empresa, eu devia deixá-lo na mão com aqueles malditos italianos e deixar que tudo se foda enquanto vou embora deixando toda essa merda para trás sem culpas e medos!

Eu podia mesmo fazer isso... seria o castigo e a vingança perfeita, mas isso atingiria pessoas inocentes e apesar de tudo eu preciso ser mais racional do que isso, mas por enquanto eu sou incapaz de parar de chorar e de deixar que pensamentos homicidas ocupem minha mente.

– Lance realmente acertou Davi? – pergunto, a voz rouca e fraca sem ideia de que horas eram, relaxando um pouco mais ao ouvir Vince ronronar com meu carinho em suas costas.

– Sim, pareceu um corte sério na sobrancelha dele e na boca também e ele deve ter machucado as costelas pela forma como saiu andando, parecia um gato molhado...

– Molhado? – pergunto erguendo meus olhos pesados e inchados para Chris que abriu um sorriso travesso me fazendo franzir o cenho e meio que sorrir junto.

– Eu precisei jogar um balde de água para que parassem, Lance também saiu bem machucado e se eu não tivesse impedido teria se ferido ainda mais... aqueles dois idiotas...

– Preciso dar um presente a Lance, pelo menos alguma coisa boa ele fez nesses últimos dias!

***

Se tiver uma coisa que eu odeie mais do que a Davi no momento é ficar doente! Eu acordei me sentindo ainda pior do que quando consegui dormir e Chris constatou que eu estava com febre enquanto eu tremia debaixo das cobertas, parece que meu corpo sofreu o efeito da água fria da piscina no Hamptons com um pouco de atraso.

– É isso, vou ficar e cuidar de você! – diz Chris ainda com seu pijama de ursinhos, que fazia par com o meu, e com o cabelo amarrado em um rabo de cavalo entrando em meu quarto com uma bandeja com uma tigela saindo fumaça e um aroma muito bom fazendo Vince, que estava deitado sobre minhas pernas, erguer a cabeça lambendo o focinho, eu nem sequer me movi sentindo todo meu corpo pesado e dolorido como minha cabeça.

– Você não pode ficar perto de mim Chris, não pode ficar doente. – digo olhando-a o mais severamente que minha cara inchada me permitia, Chris apenas revira os olhos e se senta com cuidado ao meu lado na cama deixando a bandeja em seu colo.

– Consegue se sentar? Eu fiz uma sopa pra você. – diz como se eu não tivesse dito nada, fecho minha cara para ela, mas o cheiro bom que vinha da sopa me fez sentar com algum esforço.

– Chris, é sério... eu vou ficar bem, eu realmente não quero que pegue uma gripe. – digo puxando a bandeja para meu colo inspirando o cheiro bom que vinha da sopa.

– Eu vou ficar bem também... – Chris se cala quando seu telefone começa a tocar, Vincent mia aos meus pés me fazendo pensar se alguém deu comida a ele ontem, eu ia perguntar a Chris, mas ela fez aquela cara de profissional de designer de interiores se levantando da cama e estendendo o dedo indicador para mim no sinal universal de 'me dê um minuto' e atendeu ao telefone saindo de meu quarto. – bom dia senhor Paddaleks... – foi o que consegui ouvir antes de sua voz virar um murmuro, Vince pulou da cama indo atrás dela e, com certeza, de comida.

Eu me concentrei em apenas tomar minha sopa evitando pensar em qualquer coisa além disso, levar a colher até minha boca e engolir o caldo delicioso... e precisei fazer isso devagar quando percebi que Chris demoraria mais do que um minuto para voltar e eu sinceramente não queria ficar com a mente desocupada dando espaço para as lembranças me atormentarem.

Eu já estava quase terminando quando meu próprio celular tocou, na verdade ele estava somente vibrando em algum lugar na minha cama fazendo meu coração voar até a garganta em sua batida louca e todo meu corpo tremer enquanto eu imaginava quem poderia me ligar... eu não devia ter deixado só no modo vibração, porque ai eu saberia quem estaria ligando!

Pensei seriamente em não atender independente de quem estivesse tentando falar comigo, mas alguma coisa em mim me fez deixar a bandeja de lado e procurar por meu celular jogando meus cobertores para o lado mesmo que eu sentisse um frio absurdo quando o fiz e encontrei meu celular próximo a minha coxa esquerda enrolado nas cobertas, o peguei com as mãos trêmulas e um pouco sem fôlego puxando a cobertas sobre mim novamente e tomando coragem para olhar o visor e quando finalmente vi, não sei por que me senti desapontada ao ler o nome de Lance na tela. Na verdade eu sabia e me odiava imensamente por isso! Suspirando o mais profundamente que consegui, atendi.

– Ah graças a Deus, Ange! – diz Lance antes mesmo que eu pudesse dizer qualquer coisa. – eu fui ai mais cedo, mas você estava dormindo e eu não quis atrapalhar, como você está? – pergunta naquele tom de 'irmão mais velho' que ele adquiriu desde que meu irmão de verdade morreu, e esse seu tom não ajudou a impedir quando as lágrimas vieram não sei de onde e nem por que.

Como eu estava? Doente... em todos os sentidos que essa palavra pode ter. Eu fechei os olhos com força quando o nó em minha garganta me impedia de falar alguma coisa. Eu tentei... lutei com tudo de mim para não deixar as lembranças virem, mas eu não consegui evitar pensar no que é que Davi deve estar pensando de mim depois de, com certeza, ler aquele relatório.

Eu sei que eu devia era estar mandando-o a merda com isso, mas eu não posso deixar de me sentir ainda mais doente sabendo que Davi agora sabe tudo sobre mim e que eu posso já ser alguma louca... e o quanto isso só o aproxima ainda mais daquela... daquela... Homeo, se é que podem ficar mais próximos do que já vi ontem.

Ah que ótimo, Angela, agora você está pensando o quão mais próximos eles podem ficar! Por que não enfia logo uma faca no próprio peito, assim dói menos! Penso revirando os olhos. Ele age como um pervertido perseguidor e eu estou aqui preocupada com aquela mulher... o que tem de errado comigo?

– Angela? Está comigo? – a voz preocupada de Lance me fez limpar a garganta e limpar uma ou duas lágrimas que escaparam.

– Estou sim, só... estou meio resfriada e não vou ao trabalho hoje, pode avisar... – seu nome ficou preso na minha língua, minha garganta fechou e um peso ainda maior pressionou meu peito me fazendo ficar sem ar. – Holly – consigo dizer um pouco mais alto que um sussurro.

– Ange... – Lance praticamente suspirou meu nome como se sentisse pena de mim e isso me irritou instantaneamente, ele mais do que ninguém sabe que eu odeio esse tipo de sentimento.

– Lance, eu estou bem! Só estou com um maldito resfriado, pergunte a Chris se quiser! O desgraçado do Davi nunca vai me impedir de ir ao trabalho...

– Ok, ok! Eu não disse nada, se acalme – diz e eu me calo respirando profundamente tentando me acalmar quando minha cabeça latejou com a dor. – tudo bem?

– Sim! – digo entre dentes ainda irritada com o tom de Lance, é como se ele estivesse falando com uma criança inconstante!

– Certo, então eu vou avisar Holly.

– Obrigada! – digo sarcástica. – como vai o rosto e as costelas? – pergunto abrindo um leve sorriso ao me lembrar de que Chris me dizer que Davi o acertou de verdade, ouço Lance grunhir do outro lado.

– Estão ótimos, não posso dizer o mesmo do babaca do Collins...

– Você o acertou também não foi? – pergunto me sentindo um tanto preocupada com ambos, mas contente que tenham levado alguns socos!

– Ah pode acreditar! E eu teria feito um estrago maior se não fosse Chris com sua água fria...

– Tenho certeza que sim, Lance.

– Estou falando sério!

– Eu também!

Lance ficou de vir me ver e me deixar vê-lo em seu horário de almoço, se ele conseguisse sair para o almoço, parece que minha ausência afeta a empresa mais do que eu imaginava, e não pude deixar de sorrir ao imaginar Davi tendo de lidar com tudo praticamente sozinho, desde que voltou de Londres eu fui sua assistente e nunca faltei ao trabalho, nem mesmo um dia... espero que tenha um péssimo dia!

Pobre Holly, tenho que ligar para minha sala em algum momento para saber se ela está conseguindo manter as coisas equilibradas e para Lucy também... faz alguns dias que não falo com ela.

– Você não vai ligar para o trabalho de jeito nenhum! – diz Chris tomando o celular de minha mão quando estava ligando para minha sala para Holly atender, Chris já havia se trocado com seu vestido azul escuro e saltos, maquiagem e cabelos soltos toda perfumada e agora ajeitava meu travesseiro enquanto eu fechava minha cara para ela – Você precisa descansar, então deita ai e relaxa! Eu preciso resolver algumas coisas com o senhor Paddaleks porque nenhuma daquelas incompetentes conseguem entender o que ele diz e se eu não aparecer por lá alguém vai botar fogo na casa. – diz se endireitando e me avaliando com os olhos estreitos e as mãos nos quadris vendo se seu trabalho foi bem feito, eu bufo pondo minha franja atrás de minha orelha coçando a ponta do nariz que devia estar todo avermelhado, me sentindo como uma criança de cinco anos que não sabe se virar sozinha.

– Eu estou bem Chris! Pelo amor de Deus, eu vou ficar bem! E eu preciso saber se Holly está bem...

– Sim, sei... Holly! – diz sarcástica revirando os olhos e pegando sua bolsa na minha cama abrindo um sorrisinho debochado enquanto sinto meu sangue ferver com sua insinuação.

– Sai já da minha casa! – digo apontando para a porta de meu quarto falhando ridiculamente em minha tentativa de parecer furiosa.

– Eu vou, mas volto o mais rápido que eu puder. – diz me mandando um beijo assim que passa pela porta e depois que a ouço batendo a porta de meu apartamento fechada olho para Vincent que logo pula em minha cama se acomodando em meu colo.

– É isso... eu não posso mais! – digo me afundando ainda mais na cama deixando que as lágrimas venham. Eu só não conseguia acreditar que tudo aquilo realmente aconteceu! Não posso acreditar que aquele filho da mãe tenha mesmo conseguido tudo sobre mim... – o que foi tudo aquilo na praia afinal? – pergunto rouca me sentindo irritada, na verdade furiosa outra vez, decepcionada, enganada... grunhi pegando a caixa de lenços que Chris trouxe para mim ontem e tentando limpar meu rosto.

Eu não deveria chorar! Eu deveria era planejar uma forma de arrancar o pau de Davi como disse que faria! Como ele teve coragem de beijar aquela... É claro que ele não podia fazer uma merda só, ter se metido novamente na minha vida e privacidade, ele tinha que ser um grande filho da puta e fazer uma merda a grande estilo! Tinha que beijar outra mulher... sua maldita ex-noiva...

– Onde eu estava com a cabeça, Vince!? – pergunto me sentindo cada vez mais deprimida enquanto eu penso em tudo o que Davi e eu passamos. Bom parece muito, mas nem ao menos foram duas semanas desde aquele beijo em sua sala... foram tantas idas e vindas em tão pouco tempo que parece que vivemos uma vida inteira em apenas alguns dias e eu nem sei se tudo aquilo foi real, nem sei se tudo aquilo que Davi me disse era verdade ou... ou ele ainda desconfia de mim. Eu não quero acreditar que Davi tenha tido a coragem de fazer tudo o que fez só por suspeitas. Ele pareceu tão sincero... – não, Ange! – digo limpando minhas lágrimas – foda-se a sinceridade dele, dane-se esses sentimentos idiotas! Mesmo que tenha sido real... para mim pelo menos, acabou definitivamente! Eu já sabia que esse tipo de coisa não era para mim, não é mesmo Vince!? – pergunto olhando séria para meu gato como se ele entendesse realmente cada palavra que eu dizia, ele ergueu seus olhos muito azuis para mim e soltou um miado baixo e levei isso como se concordasse comigo. – foi burrice e inocência minha acreditar que... que eu podia ser feliz por um longo período de tempo! – digo suspirando olhando para o teto de meu quarto e abro um pequeno sorriso quando ouço a chuva batendo na janela de meu quarto, mas logo depois meu lábio inferior treme e meus olhos se enchem de lágrimas novamente. – eu te odeio Davi Collins, odeio por ser o único capaz de me fazer tão bem e o único capaz de destruir o pouco de coração que eu tinha! – eu queria muito gritar com ele, queria machucá-lo tanto quanto ele havia me machucado... eu deveria fazer isso!

É o que a velha Angela faria, a Angela antes do incidente com minha mãe iria até aquela empresa com resfriado e tudo e acabaria com Davi! Mas eu acho que estou cansada demais de tudo isso, cansada demais desses sentimentos e... e de Davi! Não que ele não vá pagar pelo que fez comigo... mas eu acho que preciso de um tempo para me reorganizar, para arrumar toda a bagunça que Davi fez aqui dentro e tentar juntar alguns dos meus pedaços perdidos e então mostrar a Davi que eu não sou tão frágil quanto pareço ser, se ele ainda não entendeu! Tenho que mandar todos esses sentimentos que tenho por ele de volta para onde estavam, bem no fundo e esmagados pelo mais profundo ódio e aversão que eu sempre tive por ele, aparentemente nem vai ser assim tão difícil já que é tudo o que consigo sentir por ele agora toda vez que o imagino lendo todos aqueles papéis ficando quem sabe chocado, talvez com um pouco de pena... ou me lembro da boca de Homeo na sua...

***

Novamente eu mal sabia que horas eram desde que decidi me afundar em meus livros que eu tinha atrasados, foi uma luta eu me levantar para pegá-los em minha mesa de leitura, mas quando minha mente insistia em voltar a Davi e a empresa e até mesmo ao trabalho e consequentemente ao meu tio e minhas mãos ameaçarem com seus tremores, decidi que não seria tão ruim ter de me levantar por alguns instantes, agora eu estava completamente absorta debaixo das cobertas, rodeada de livros e com Vince deitado sobre minhas pernas e por isso demorei alguns segundos até notar que meu celular vibrava há algum tempo.

– Sim? – atendo realmente com um gemido sem nem olhar quem ligava.

Angela? – a voz doce e feminina do outro lado me fez baixar o livro com o cenho franzido.

– Holly? – pergunto preocupada tentando me ajeitar na cama mesmo que parecesse que eu pesasse cem quilos e tudo estivesse dolorido.

Sim, sou eu! – diz parecendo... aliviada?

– Está tudo bem por ai? Aconteceu alguma coisa? – pergunto cada vez mais preocupada com o quanto Davi pode estar sendo um grande cretino com a pobre moça!

-Não, não precisa se preocupar... está tudo sob controle, ou o mais controlável possível, é só que eu precisava que você... bem na verdade o senhor Collins precisava que você revisasse alguns papéis importantes, ele me pediu, bom ele mandou que eu lhe dissesse que eram sobre contas excepcionais e que você entenderia... e que mesmo que você não esteja pensando em voltar para a empresa que você fizesse esse último trabalho, porque ele precisa desses papéis com muita urgência e precisava também que você fizesse uma ligação para agendar uma reunião que você não... f-fez! – eu não sabia se eu ria do aparente nervosismo e quase desespero de Holly enquanto ela falava sem quase nenhuma pausa ou se eu ficava ainda mais furiosa com a coragem daquele bastardo!

Primeiro, por que ele mesmo não ligou? Tudo bem que eu desligaria depois de mandá-lo a merda assim que ouvisse sua voz, mas não custava tentar! Segundo, se não fui ao trabalho significa que eu não estou nenhum pouco bem para trabalhar, nem mesmo se tratando das contas! Terceiro, eu bem que gostaria de nunca mais voltar para aquele lugar e nunca mais vê-lo, mas eu não posso... não com meu tio no meio de toda essa merda e eu seria mesmo incapaz de decepcionar a família Collins deixando a empresa quando eles mais precisam. Eu estava pronta para dizer a Holly que os papéis e a ligação poderiam esperar, mas minha boca secou e meu corpo todo se tencionou quando eu o ouvi...

'Chase? O que ainda está fazendo ai? Já devia ter mandado isso para Angela!' – meu coração errou uma batida antes de começar com suas batidas frenéticas em sua luta constante em tentar arrebentar meu peito quando ele disse meu nome, meu corpo todo se arrepiou e meu estômago vibrou com sua voz grave e firme e extremamente ameaçadora, mesmo por telefone e ele nem estava falando comigo. Eu nem sequer fui capaz de ouvir o que Holly disse em reposta ainda mais com meu nome soando em sua voz, mas não demorei a perceber que eu estava agindo feito uma idiota! Eu não posso deixar que ele continue fazendo essas coisas comigo, não vou permitir que ele continue mexendo dessa forma comigo, não mesmo!... – 'então está falando com ela?' – o tom mais ameno de Davi foi o que me trouxe de volta levando minha convicção anterior embora quando sua voz fez aquele calor familiar descer por minha espinha. Grunhi frustrada e com minha raiva tomando proporções realmente perigosas! Corpo traidor!

Senhorita Winey? – a voz um pouco alterada de Holly me tirou de meus devaneios.

– Estou aqui... e não quero falar com Collins! – me apresso em dizer quando imaginei que seria o que ela estivesse prestes a me dizer para fazer.

Ããmh... certo... eu... bem é que...

– Tudo bem, Holly, pode me trazer esses papéis aqui no meu apartamento? – pergunto massageando minha têmpora com a mão livre, eu não queria colocar Holly na linha de fogo com Davi, e eu sei que ele seria um grande cretino com ela se tivesse de dizer que eu não falaria com ele, então eu faria um grande favor a ela lhe dando algum tempo de folga do bastardo ao vir aqui.

Sim, eu acredito que posso... já é meu horário de almoço de qualquer maneira...

– Ótimo! Você almoça comigo, então.

E quanto ao senhor Collins... ele queria falar com...

– Eu me resolvo com ele depois.

***

Depois de tomar um remedinho para o resfriado, vesti-me com algo mais decente que um pijama de ursinhos e prendi meu cabelo e antes mesmo de Holly chegar, Charles como o melhor amigo/avô/pai do mundo me trouxe seu espaguete à carbonara, ele mais do que ninguém sabe o quanto amo comida italiana e sempre que Charles se atreve a cozinhar, ele me deixa 'experimentar'!

– Devia ficar e almoçar com a gente Charlie! – peço e tenho que coçar a ponta de meu nariz novamente fazendo Charles me olhar preocupado.

– Eu sempre me lembro de minha esposa quando me chama assim, – diz abrindo um leve sorriso – mas não quero atrapalhar você e sua amiga... e mesmo que não goste de hospitais, devia ir ao médico pra que não piore seu resfriado, pequena, pelo menos uma das dores pode ser curada facilmente. – diz um pouco mais sério me fazendo encolher um pouco.

Não consegui fazer Charles ficar, mas disse que poderia ir ao médico se eu não melhorasse logo, eu não contei nada do que houve a Charles... mas não precisou muito para ele entender que meu resfriado era o menor dos meus problemas, mas também não disse nada sobre ter visto Davi chegar aqui ontem, mas acho que ele vai querer conversar quando tivermos um tempo só nosso como tem sido difícil nos últimos dias e percebi que eu realmente sentia muita falta de falar com ele e até mesmo tocar seu piano, não sei o que Charles diria se eu contasse a ele o que aconteceu entre Davi e eu desde o baile beneficente, mas eu sei que ele saberia o que dizer.

**

– Ei... isso é ótimo! – disse Holly experimentando o espaguete de Charles depois de muita insistência minha, já que ela disse que massa não era sua praia. Ela havia chegado alguns minutos depois que Charles voltou ao seu apartamento para ver se Vivian, a mulher que limpava seu apartamento duas vezes por semana, estava fazendo bem seu trabalho... os dois sempre brigam por alguma coisa e é realmente uma comédia, mas se dão bem na maneira deles, não romanticamente falando, é mais uma amizade cheia de pequenas guerras. Mas apesar de Holly ter aceitado sentar e almoçar comigo ela parecia... acho que acuada é a palavra, eu sei que tem alguma coisa de errado com essa moça e eu gostaria muito de saber o que é.

– Eu disse que ia gostar... então, como está a mão? – pergunto apontando para a mão esquerda ainda enfaixada.

– Melhor, obrigada! – diz abrindo um leve sorriso.

– Eu... posso perguntar uma coisa a você? – começo já perguntando enquanto ela voltava a comer, ela me lançou um olhar um pouco alarmado antes de engolir e se ajeitar na cadeira e franzir o cenho.

– Acho que sim. – diz num tom baixo.

– Deu mesmo um tapa no rosto de Mike? – pergunto sem conseguir evitar abrir um sorriso satisfeito só de imaginar a cena, Holly arregalou os olhos surpresa por um instante e parecia até um pouco desconsertada, mas acabou sorrindo junto comigo.

– Bem... eu não pude evitar, ele foi um idiota e me tratou como se eu fosse algum tipo de puta e eu não precisava mais disso no trabalho também, então eu... bati nele! – disse se perdendo alguns instantes em pensamentos perdendo um pouco do sorriso assim como eu. O que ela quis dizer com 'também'? – eu preciso agradecer ao seu senhor Collins por ele não ter me demitido quando soube que eu... bem... agredi um dos donos...

– Tenho certeza de que Collins conhece o irmão que tem... espera que história é essa de meu senhor Collins? – pergunto arqueando uma sobrancelha sentindo meu estômago vibrar só por ela ter dito isso, Holly ri um pouco antes de responder.

– Bom, os dois são Collins e eu não consigo chamar o seu senhor Collins de... Davi, então digo isso para diferenciar. – explica, mas eu continuo encarando-a procurando qualquer sinal de que ela saiba de alguma coisa, mas ela apenas volta a comer o que eu também faço até um comichão incômodo se instalar atrás de minha orelha ao ponto de eu não conseguir mais segurar os pensamentos dentro de minha cabeça.

– Holly, o que aconteceu ontem, depois de eu precisar vir embora? – pergunto com certa dificuldade em dizer as palavras, Holly franziu o cenho numa expressão pensativa e encostou-se à cadeira parecendo um pouco confusa com alguma coisa e isso me deixou apreensiva.

– Na verdade, aconteceu muita coisa – diz massageando as têmporas e me sinto levemente culpada por ter deixado que ela segurasse as pontas sozinha já que Lucy não havia ido trabalhar, mas também o que eu poderia fazer? – o senhor Collins também saiu sem dar qualquer aviso e fiquei perdida por alguns instantes sem saber exatamente o que fazer, não sabia se ele voltaria ou não se eu cancelava suas reuniões ou não... ele só me ligou alguns minutos depois pedindo pra que eu guardasse alguns papéis e expulsasse aquela senhora arrogante Homeo de sua sala, ele até disse pra que eu chamasse os seguranças caso ela se recusasse a sair... ele parecia realmente muito furioso, não me admira, ela parece ser uma pessoa horrível! – diz fazendo uma careta estranha que quase me fez rir não fosse o choque de ouvir suas palavras.

Por que ele a expulsaria de sua sala, com seguranças e tudo? Ele estava furioso exatamente por qual motivo: por ela o ter beijado, ou por terem sidos pegos por mim? Bom, pensando bem, eu não vi em nenhum momento Davi retribuindo o tal beijo, na verdade ele não parecia nada feliz...

Qual é Angela? Isso não muda nada! Davi continua sendo um grande cretino sem escrúpulos! Fecho os olhos apoiando meus cotovelos na mesa e a testa em minhas mãos respirando fundo algumas vezes tentando afastar a tensão e os tremores que me atacam só por lembrar aquela cena toda.

– E ela saiu numa boa? – pergunto voltando a encarar Holly que me olhava com um misto de curiosidade e preocupação.

– Sim, ela saiu assim que eu pedi pra que se retirasse, como o senhor Collins havia pedido, mas ela disse que voltaria para resolver mais algumas pendências que tem com ele, Collins parecia que poderia matar alguém quando eu disse isso a ele... – percebi os olhos de Holly se desfocar e percebi que voltava a se perder em pensamentos, eu meio que devo ter feito isso também. Afinal, que malditas pendências aquela mulher teria com Davi? Por que Davi teria ficado tão furioso? O que raios estava acontecendo? – bom foi estranho tê-lo encontrado todo machucado e molhado quando voltou, ele nem quis entrar no prédio... – Holly me trouxe de minhas perguntas ao ter de imaginar como Davi se parecia todo ferido e molhado, não sabia se me sentia culpada e preocupada ou satisfeita... na verdade fiquei irritada comigo mesma por pensar em me preocupar com aquele imbecil, e o único culpado de tudo isso é ele! Holly continuou a falar ainda perdida em pensamentos – acho que nunca me senti tão pequena e desconfortável quanto no momento em que tive de entrar em seu carro para lhe entregar a tal pasta confidencial e saber como as coisas seriam pelo resto do dia... sabe ele parecia absolutamente transtornado com alguma coisa, aquela pasta parecia muito importante pra ele também... fiquei seriamente preocupada que ele fosse enfiar o carro em algum lugar antes de chegar em casa. – termina voltando seus grandes olhos verdes para mim.

– Parecia assim tão ruim!? – pergunto sentindo um nó em minha garganta por saber que Davi também poderia estar sofrendo de alguma maneira, ele até acha que não voltarei mais... Bom, ninguém disse a ele que podia deliberadamente mexer em minha vida!

– Oh sim... parecia bem ruim! O que me deixa um pouco frustrada e irritada comigo mesma é eu não ter visto aquela senhorita Homeo entrar...

– Espera, como assim?

– Não foi eu quem autorizou a entrada dela e nem o senhor Collins já que vocês estavam ocupados com as reuniões, ela deve ter entrado quando sai para pegar os remédios para a dor em minha mão... mas... – Holly se cala unindo as sobrancelhas ao máximo parecendo ficar irritada enquanto parecia entender o que quer que a tenha deixado momentaneamente confusa, como eu também estava ao imaginar como foi que Homeo entrou, tudo bem que ela era uma mulher famosa e milionária, mas isso não a faz passar por cima dos procedimentos de segurança e só sobem até o andar onde o presidente da empresa está com a autorização dele e agora que Holly disse que ninguém autorizou sua entrada estou começando a achar que a segurança da empresa não é lá muito confiável e isso só piora a situação envolvendo as contas, se Homeo entrou sem qualquer problema, qualquer outra pessoa poderia ter entrado também... – eu acho que eu sei quem a deixou subir e entrar na sala do senhor Collins. – disse Holly de repente parecendo ficar um pouco mais irritada.

– Quem?

– Lucy! – diz entre dentes me fazendo abrir os olhos um pouco mais surpresa com a raiva com que ela disse o nome de minha amiga. O que será que teria acontecido entre essas duas?

– Não poderia ter sido ela, Holly... Lucy não...

– Sim, ela foi trabalhar ontem, eu a vi quando fui falar com o senhor Parker sobre ele ter de assumir a frente de algumas reuniões, já que o senhor Collins não voltaria para a empresa, ela estava substituindo a secretária do senhor Parker ou alguma coisa assim, ela não se deu ao trabalho de explicar o que estava fazendo ali, para a novata, como ela disse... então eu imagino que como eu não estava e você também não a ligação da recepção deve ter seguido para o segundo senhor Collins, mas provavelmente ele não pode atender e então devem ter ligado para o senhor Parker e consequentemente...

-Lucy atendeu... – termino sentindo um frio estranho na espinha. – tem certeza disso Holly? – pergunto sem conseguir acreditar que Lucy teria simplesmente deixado àquela mulher entrar sem ter consultado ninguém.

– Bom, que ela permitiu que aquela senhorita entrasse, eu não posso dizer com certeza, mas que ela foi trabalhar ontem, isso sim eu tenho absoluta certeza! – diz parecendo descontente com alguma coisa.

– Afinal o que houve entre vocês duas, Holly? Eu sinto que vocês não estão se dando muito bem. – pergunto tentando deixar essa questão com Homeo e Davi para depois. Holly abriu e fechou a boca duas vezes antes de beber o suco de laranja ao seu lado e então ficar mais alguns instantes em silêncio que estavam me deixando preocupada.

– Nem eu sei direito para falar a verdade, Angela – diz suspirando logo depois me fazendo franzir o cenho – eu sinceramente não sei o que foi que eu fiz a ela. – diz dando de ombros, mas eu sentia que ela tinha mais a dizer e estava me escondendo alguma coisa, eu podia ver pela forma nervosa com que mordia o lábio inferior e ficou um tanto inquieta olhando para seu relógio de pulso. – Bom, os papéis que o senhor Collins mandou... – diz pegando sua bolsa que havia colocado na cadeira ao lado e tirando dela uma pasta abarrotada de papéis – estão aqui, ele disse que precisava disso o mais rápido possível e que se apressasse também com a reunião dos donos dessas contas aqui. – diz deixando a pasta sobre a mesa, eu apenas a observava notando que ela estava ficando cada vez mais nervosa como se quisesse... fugir? – Eu não sei por que ele não me deixa cuidar disso ou nem mesmo... – ela limpa a garganta pondo uma mexa de seu cabelo ruivo atrás da orelha evitando olhar diretamente para mim – Lucy, mas tudo bem, quem sou eu para contrariar o senhor Collins ainda mais quando ele está nos seus piores dias, pelo menos para mim apesar de estar a tão pouco tempo, mas eu realmente nunca o vi tão... mal humorado daquele jeito... tenho medo até de olhar em seus olhos... – diz se agitando toda como se tivesse se arrepiado e acredito que tenha, qualquer um sente um calafrio quando encontra os olhos de Davi em seus dias sombrios.

– Eu entendo! – digo sorrindo levemente – mas sabe o que eu não entendo, Holly? – pergunto inclinando a cabeça levemente para o lado, ela que se preparava para se levantar volta a se encostar a cadeira e me encara com atenção e arqueia uma sobrancelha em uma pergunta silenciosa. – você – digo cruzando os braços – eu me considero um tanto misteriosa e tenho lá meus motivos, e por isso eu também sei que você tem seus motivos para ser a garota mais cheia de mistérios que conheci até hoje...

– Angela... – Holly me interrompe parecendo desconfortável então me apresso em me explicar.

– Não se preocupe, não vou pedir que me conte seus segredos como se já fossemos super melhores amigas, mas eu quero saber o que houve entre você e Lucy e não me venha dizer que você não sabe, que ninguém me engana, sei ler as pessoas e você sabe exatamente o que fez a Lucy pra ela não ir muito com sua cara. – digo séria, Holly abriu a boca para me contestar com certeza, mas arqueei minha sobrancelha em desafio e ela voltou a fechar a boca soltando um longo suspiro depois baixando os olhos para o prato ainda com espaguete a sua frente.

– É complicado...

– Serei capaz de entender se você me explicar, Holly. – digo interrompendo-a.

– Me deixe arrumar isso primeiro...

– Não se preocupe com...

– Eu preciso! – diz se levantando e levando tudo que estava sobre a mesa para minha cozinha com uma eficiência até mesmo com a mão enfaixada que me fez ter vontade de perguntar se já trabalhou em restaurante ou coisa parecida, mas me contive apesar de eu não me lembrar de ver essa informação profissional em seu currículo... – eu tenho um pouco de TOC com essa coisa de cozinha sabe? Eu não posso evitar! – explica ela quando não me permiti ficar sentada vendo-a fazer tudo na minha própria casa e então nos ajudamos a arrumar tudo. – você tem um apartamento legal, na verdade é incrível, não vejo a hora de poder ter o meu próprio cantinho – diz enquanto guardava os copos que eu lavava e secava em meu armário, eu ia responder, mas fui interrompida por Vince que decidiu dar o ar de sua graça miando cheio de fome. – oh, você tem um gatinho lindo! – diz ela pegando Vince com um entusiasmo e carinho que me fez sorrir e ainda mais quando ele lambeu a ponta de seu nariz ronronando descaradamente com os carinhos dela, revirei os olhos pela sua completa cara de pau... se esse gato fosse homem... se bem que ele também ficou bastante confortável quando Davi esteve... Apaga Angela, apaga já isso da sua cabeça!

– Ele gostou de você! – digo preparando a tigela de comida de meu gato.

– Bom, eu também gostei muito dele... como se chama?

– Vincent, Vince para os mais íntimos.

– Belo nome.

– Então... – começo quando Holly deixou Vince comer sua preciosa comida e se encostou no balcão – você ainda mora com seus pais? – pergunto me encostando em minha bancada ao lado da pia, vi o rosto de Holly se apagar um pouco e percebi como ficou tensa e acho que não deveria ter perguntado nada sobre isso.

– Sim, bom na verdade com minha mãe, Philippe, meu padrasto, e Carly a filha do Phill, mas com o que vou ganhar na P&C vou conseguir um lugar pra mim e espero que logo. – diz soltando um suspiro que me pareceu cansado demais e não sei por que isso me deixou ainda mais preocupada com ela.

– Você já está procurando? Porque eu sei que no segundo andar tem um vazio há algum tempo, não é espaçoso como o meu, mas é bem confortável pra quem vai morar sozinha. – fico surpresa pelo olhar animado com que ela me encara, seu sorriso parecia que alcançaria suas orelhas.

– Mesmo? Podemos ver isso agora? – pergunta praticamente saltitando em minha cozinha. Parece que tenho de enfrentar a sina em ser cercada por mulheres que tendem a ter comportamentos de colegial.

– Claro, mas depois de me contar sobre você e Lucy. – digo cruzando os braços e arqueando a sobrancelha decidida a arrancar toda e qualquer informação que eu puder dessa mulher. Holly revira os olhos murchando um pouco.

– Ok, mas você precisa me prometer que não vai brigar com ela ou dizer a ela que eu contei a você... – ela se cala mordendo o lábio inferior com força parecendo nervosa outra vez.

– Pelo amor de Deus, Holly, diz logo... prometo que não vou fazer ou dizer qualquer coisa a Lucy. – digo séria ficando realmente aflita com tudo isso, afinal eu conheço Lucy há muito tempo e nunca a vi se dar tão mal com alguém... tem que ter alguma coisa errada com alguma dessas duas.

– Bom... a coisa começou naquele meu primeiro dia de trabalho, eu estava meio perdida, mas não queria ter de atrapalhar você já que parecia muito ocupada e tudo mais... e eu não sei como eu fui parar na sala do senhor Collins mais novo, eu... bom... – eu vi o rubor se espalhar pelo pescoço e rosto dela com certa confusão, ela parecia um misto de constrangimento e raiva que me deixou curiosa também. – enfim, a porta estava aberta e eu precisava falar com o senhor Baker...

– Puff'! Senhor Baker! – digo sarcástica, Holly me encarou com a sobrancelha arqueada e um pequeno sorriso – desculpe, continue.

– Mas percebi um pouco tarde que aquela não era a sala dele e acabei flagrando Lucy e Mike... digo, senhor Collins numa situação um pouco estranha...

– Estranha? Como assim, estranha? – pergunto chocada abrindo um pouco mais os olhos, Holly pareceu ainda mais desconfortável e percebi que apertava a bancada fortemente com a mão boa a ponto de seus dedos finos ficarem brancos.

– Bom, eu não posso dizer o que eu vi exatamente, Angela... eu não fiquei olhando por mais do que alguns segundos... talvez eu tenha apenas me confundido, você sabe que isso pode acontecer e...

– Holly! – digo entre dentes irritada com sua enrolação toda.

– Ok! – diz erguendo as mãos e as passando por seu rosto até os cabelos jogando-os para trás. – Tudo bem, eu vou contar tudo o que aconteceu e mesmo que você não acredite em mim... vou contar assim mesmo! Eu não sei como as coisas funcionam na P&C, tudo o que eu sei é o que todos sabem sobre o senhor Collins e as suas secretárias relâmpagos – ela faz uma pausa me lançando um olhar estranho, como se estivesse praticamente me pedindo desculpas, não entendi bem porque ela me pediria se eu mesma falei com ela sobre isso.

Algumas pessoas não sabem exatamente porque é que Davi decidiu ter além de mim como sua assistente pessoal como eu era de seu pai, ter secretária também o que George não se deu ao trabalho de ter já que eu fazia de tudo, e vendo de fora parece mesmo que é um tanto desnecessário, e seria se não fossem as contas dos italianos, eu e Lance devíamos nos concentrar praticamente somente nelas, mas como as secretárias que Davi arranjou eram tão inúteis quanto uma lâmpada acesa num dia de sol, eu fazia todo o trabalho praticamente sozinha e acabou acontecendo toda essa merda. – bom, eu imaginei que essa coisa toda era somente sobre Davi Collins, mas nesse dia em que eu vi Lucy e Michel na sala dele se agarrando percebi que estava enganada...

– Você viu o que? – eu estava chocada outra vez. Lucy não faria isso! Mike não faria isso... ok, Mike faria esse tipo de coisa com certeza! Mas... Lucy!? Desde quando? E-eu pensei que ela... gostasse de Lance... – você tem certeza sobre isso...?

– Sim eu tenho, Angela! – diz ficando irritada, mas alguma coisa me dizia que não era exatamente por minha causa – Eu não me enganei, eu sei o que eu vi e eu tenho certeza de que se você vê uma mulher se sentando no colo de outro homem enquanto enfia sua língua dentro da garganta dele, é porque estão tendo um caso! – diz batendo o punho fechado sobre minha bancada.

– Mas... – eu não sabia o que dizer e muito menos o que pensar. Por que Lucy faria isso? Eu acho que entenderia se isso tivesse acontecido depois de sairmos naquela fatídica sexta-feira, mas foi antes...

Por que Lucy faria isso? Tudo bem que ela é uma mulher livre e pode ficar com quem ela quiser, e se Davi fodia suas secretárias quem sou eu para dizer que Mike não poderia fazer a mesma coisa!? A questão é que Lucy parecia realmente apaixonada por Lance... será que ela já sabia que não daria certo? É... talvez, mas ainda sim tem alguma coisa errada nisso tudo, eu conheço Lucy e nunca poderia acreditar que ela é esse tipo de mulher que transa com o chefe enquanto flerta com outro cara... e esse cara é meu melhor amigo! E se Lance tivesse decidido seguir em frente com o relacionamento deles? O que ela faria com Mike? Será que eles ainda...

– ... com a porta aberta ainda! Não sei como não tiveram a decência de pelo menos fechar a maldita porta! – os resmungos de Holly me trouxeram de volta de meus pensamentos confusos, ela parecia uma mulher muito irritada e sua reação um tanto explosiva me chamou a atenção, franzi o cenho ao observá-la com mais atenção enquanto seus olhos verdes cintilavam em uma ira incomum... eu não consegui segurar o sorriso ao perceber ao que se devia sua irritabilidade... se Mike soubesse que o objeto de seus desejos sente ciúmes dele... – e tem mais – continua ela me fazendo erguer as sobrancelhas outra vez. – eu não sei se é sorte ou puro azar, mas parece que Lucy gosta de ter suas aventuras amorosas com os mais diversos colegas de trabalho e sou eu quem sempre os flagra, chega a ser assustador! – diz se balançando com calafrios pelo que parecia.

– O que quer dizer com diversos? – pergunto tentando segurar meu tom de voz para não gritar.

– Nos dias em que você precisou sair para ajudar no baile beneficente, eu fiquei alguns dias até depois do horário...

– Você fez o que? Holly você sabe...

– Não, tudo bem, eu estava com a secretária do senhor Parker, com o próprio e com o senhor Collins... – Holly faz uma pausa quando franzi o cenho sem saber exatamente de qual ela falava – que tal C1 para o Davi e C2 para Michel!? – pergunta e eu apenas aceno com a cabeça concordando e então ela continua – certo, nesse caso era o C1, estávamos resolvendo as questões das reuniões que tiveram de ser reagendadas e toda essa coisa, enfim não é esse o assunto, nos últimos três dias em que você saiu mais cedo eu vi Lucy, mesmo sem participar das nossas reuniões extras, sair mais tarde também e toda vez que ela me via me olhava como se quisesse me matar e eu ainda não entendia porque, talvez por tê-la visto com seu chefe, afinal ela me viu observando-os e ela me disse para não contar a ninguém ou logo, logo estaria no olho da rua, por isso não disse nada e também não queria contar a você, a ameaça dela pareceu bem real. – diz perdendo o foco dos olhos por alguns segundos me fazendo sentir um nó no estômago ao pensar em Lucy sendo alguém ameaçadora... não dá nem pra imaginar! – Mas nos últimos dois dias eu a vi na garagem enquanto eu pegava meu carro, ela estava em um dia com um rapaz alto e com os cabelos amarrados em um rabo de cavalo baixo e que usava óculos...

– Jason?

– Eu não sei o nome dele, nunca o tinha visto na empresa antes. – diz dando de ombros enquanto eu só conseguia me sentir cada vez mais sem ar. O que Lucy estava fazendo?

– Com certeza era Jason, ele é o único que usa rabo de cavalo na empresa e óculos...

– Bem, ela entrou no carro dele depois de se agarrar com ele também, ele é de que área da empresa?

– Da segurança... – me calei quando uma sensação ruim pesou sobre mim me fazendo engolir em seco, Holly franziu o cenho me olhando com preocupação.

– Você está bem? Ficou pálida de repente...

– Estou bem, não se preocupe... continue, o que mais você viu? – pergunto com a voz um pouco rouca.

– Bom, na sexta o senhor Parker estava comigo e também a viu com outro rapaz muito magro e alto, Parker disse que o nome dele era Larry e que era da área de sistemas e ficou surpreso em ver uma mulher bonita como Lucy toda carinhosa com um cara como Larry, ele realmente não parecia fazer o estilo dela... bom, acontece que ela me flagrou outra vez vendo ela com o tal Larry quando Parker já estava indo para o carro dele... e eu acho que se pudesse me matar com o olhar teria feito naquela hora.

– Não faz sentido! Lucy não é assim... ela parecia gostar muito de Lance e... tem alguma coisa errada nisso tudo...

– Olha, eu só contei porque você me pediu, Angela...

– Pare de me chamar de Angela, me chame de Ange, só Ange! – digo um pouco nervosa sentindo minhas mãos começarem a tremer quando suspeitas malucas começaram a rondar minha mente, suspeitas absurdas!

– Desculpe – diz Holly quase num sussurro, ergo meus olhos para ela e tentei encontrar qualquer vestígio de que estivesse mentindo, mas ela manteve seus olhos nos meus e vi quando entendimento os preencheu e ela suspirou pesadamente – se não acredita em mim não posso fazer nada, mas lembre-se que eu não sou a única testemunha disso tudo, pergunte a Michel, ou melhor, senhor C2 e ao senhor Parker se quiser. – diz sustentando meu olhar avaliador por um tempo em silêncio, ela não vacilou ou deixou sua postura ficar tensa ou cair e ela não parecia alguém que mentiria...

– Tudo bem, Holly... obrigada por me contar – digo sendo minha vez de passar as mãos por meu rosto e levar algum tempo com os olhos fechados tentando assimilar tudo o que ela me disse, mas é melhor eu deixar para depois. – vamos deixar isso pra lá por enquanto e ver se o apartamento no segundo andar ainda está vago!? – digo soando mais como um pergunta enquanto Holly deixava Vince se esfregar entre suas pernas ronronando e miando.

– Claro! – diz se animando um pouco.

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