Inês
Os minutos passavam, até que finalmente chegámos ao Amoreiras Shopping. Entre o Colombo e este shopping, não sei qual será o maior, mas a nível de tamanho, proponho que seja o Amoreiras. Entrámos dentro do estacionamento, o qual é a pagar. Este estado cada vez tenta roubar mais os portugueses. É tão ridículo uma pessoa ir ao shopping e ter que pagar para estacionar o seu carro.
- Parece que vais chateada – disse a Marta.
- Chateada não me parece a palavra mais certa, mas sim furiosa. Desde quando é que faz sentido, uma pessoa ir a um shopping e ter que pagar estacionamento? – Revirei os olhos – qualquer dia, até temos de pagar para irmos à casa de banho.
- Não dês mais ideias ao estado – disse a Marta enquanto estacionava o carro.
*
Há medida que íamos andando pelo shopping, deparava-me com diversas lojas com coisas para bebés. Quase sinto uma enorme tentação de entrar, ver e comprar algumas das roupas que vejo. Tudo tão querido, pequeno, cores lindíssimas e só o facto de imaginar-me daqui a uns meses com um bebé ao colo, ainda maior é a minha tentação.
- Instinto materno não é? – Perguntou a Marta enquanto me via quieta a admirar cada roupa que estava numa montra.
- As coisinhas para bebés são tão queridas e amorosas.
- Queres entrar? – Perguntou a Marta.
- Não te importas?
- Claro que não – sorriu – aliás, é um enorme prazer assistir uma das minhas pacientes a comprar roupa – sorrimos.
Entrámos dentro da loja e fiquei parada e a admirar cada peça de roupa, cada sapato, cada chupeta, brinquedos, carrinho de bebés e sobretudo as caminhas. Fui-me aproximando de todas as roupas, até que, me deparo com a secção de recém-nascidos. Eu só tenho 8 meses ou nem isso para comprar coisas, desde roupas a decoração para o quarto e ainda não comprei nada, nem tenho nada em mente, para não falar, que as aulas cada vez requerem uma maior atenção e dedicação da minha parte.
Enquanto a Marta olhava para alguns brinquedos, enchi-me de coragem e fui buscar um cesto. Olhava para todo o tipo de roupa de recém-nascidos e comecei a pôr no cesto para comprar, chuchas da Chico, algumas meias brancas, verdes e amarelas – como não sei o sexo do bebé, tenho de comprar unissexo – umas roupas pequenas com alguns ursinhos e outros padrões e claro, quando deparo com uns bonequinhos tão queridos para se meter no carrinho de bebé.
- Marta – chamei-a e a mesma chegou ao pé de mim – achas, que é cedo demais para comprar este género de brinquedos? É que não tenho ainda bem a noção de nada e quais são as primeiras coisas a comprar. Só irei levar estas peças para recém nascido e que sejam unissexo – disse – eu quero comprar coisas lindas e amorosas para o meu bebé, mas não sei o quê.
- Quanto ao comprar acho, que isso depende de pais para pais. Há uns que começam logo pela mobília, outros por roupas.
- Mas como eu não sei o sexo do bebé, eu não posso comprar mobília – disse – ainda por cima tenho de esperar mais dois ou três meses para saber o sexo do bebé.
- Nada disso – sorriu para mim – há laboratórios que já têm uns métodos que às oito semanas, já dá para saber o sexo do bebé, a partir do exame ao sangue do sexo fetal.
- Não sabia disso – disse – julguei mesmo que era só para os três ou quatro meses de gestão e isso, caso o bebé se deixe ver.
- A medicina está cada vez mais avançada, daí já existir isso – sorriu.
- Então mas eu já estou quase na oitava semana, quer dizer que muito em breve postei saber o sexo do meu bebé.
- Correto – sorriu – e uma coisa, já podes comprar cama de bebé, depois quanto ao edredom, compras apenas quando souberes o sexo.
- Ajudas-me a escolher? – Perguntei.
- Sim – disse a Marta com um sorriso.
Fui pagar as roupas de recém nascido e um brinquedo para o carrinho de bebé lindíssimo o qual é bastante colorido e irá despertar diversas sensações no meu bebé lindo e maravilhoso. Depois, fui mais a Marta rapidamente à loja dos animais, comprei ração júnior para a Cloe, uma caminha cor-de-rosa bastante querida, dois ursinhos, uma bola de brincar, uma coisinha que dá para pôr a ração e a água, uma escova de a pentear, uma capa para quando tiver a chover a levar à rua e umas botas para não sujar as suas patinhas e claro, para além disso, comprei uma trela cor-de-rosa e uma coleira com um sinhinho e um coisinho onde menciona o nome dela e o meu contacto. Depois de ter pago isso, fui a outra loja de bebés, a qual, irei ver as camas de bebés e tirar algumas ideias para caso seja menino ou menina. Há medida que íamos andando pela loja, uma senhora veio ter connosco.
- Bom dia, precisam de ajuda? – Perguntou-nos.
- Bom dia, agradecia que me pudesse ajudar – disse-lhe – eu estou grávida há pouco tempo, quer dizer um mês e três semanas. Já ando a ver algumas coisinhas e comprar algo que dê para caso seja menino ou menina.
- Sim – disse a senhora.
- Então, eu gostaria que me ajudasse ou aconselha-se uma cama que dê para ambos os sexos.
- Certo, siga-me – disse a senhora, eu e a Marta começámos a segui-la – nesta loja, para que saiba, é uma oficial da Chico, logo temos diversas coisas para bebés e também temos uns locais onde desperta ideias de decoração para o quarto do bebé, seja menina ou menino.
Continuámos a segui-la e me mostrou alguns exemplos de decoração. Desde os padrões de cores, à mobília. Há medida que íamos andando e ia observando as camas, houve uma que despertou a minha atenção. Era branca, tinha um colchão. As outras eram bastante coloridas ou então, padrões de madeiras que eram horríveis, mas esta não, era literalmente diferente.
- Acho, que encontrou a cama para o seu bebé – disse a senhora.
- Penso o mesmo – disse e virei-me para a Marta – só que, como é que levo a cama e o colchão de bebé para o meu apartamento, quando eu mesma estou super carregada? São as roupas do bebé, são as coisas para a Cloe.
- Inês eu ajudo-te – disse a Marta – o colchão e a cama vão em caixas diferentes, por isso, dá para levar cada uma em cada braço – sorriu – não te preocupes.
- Obrigada pela tua ajuda – disse-lhe.
- Posso fazer uma questão? – Perguntou a Marta à senhora.
- Claro, diga.
- Quando são mobílias por exemplo, roupeiros ou cómodas, vocês levam até à casa da pessoa?
- Sim, levamos – disse à Marta.
Começou a ver cómodas ou roupeiros a condizer com a cama até que pegou num que até tinha um preço acessível.
- Quero que entregue esta cómoda na casa da minha amiga – disse a Marta – Inês depois hás de dar a tua morada à senhora.
- Mas, mas Marta, tu não vais comprar nada para o meu bebé, as mobílias irão ser todas compradas com o meu dinheiro e com o dinheiro do Eduardo.
- Posso oferecer-te esta prenda? Tens sido gentil comigo, nos tornamos amigas e como não tenho possibilidade de ser mãe, deixa-me ajudar-te por favor.
Ao dizê-lo, fiquei com a sensação que a Marta seria infértil.
- Pronto, está bem – disse.
Fomos de seguida para a caixa, para pagar a cama do bebé e o colchão, ao meu lado a Marta pagava a cómoda.
Como era tudo mobília para o meu bebé e iriam levar esta tarde a cómoda a minha casa, ficou então combinado levarem também a cama do bebé e o colchão, assim, não fazia grandes esforços nem a Marta. Saímos da loja completamente satisfeitas e felizes com as compras, até que quando olhámos para as horas, já devíamos ter almoçado ou deveríamos estar a almoçar, ainda por cima daqui três horas a Marta entra ao serviço.
- É melhor irmos andando, temos de almoçar e ainda vais entrar ao serviço – disse.
- Tenho uma ideia melhor – disse a Marta – já que estamos no shopping, porque não almoçamos aqui?
- Olha, bem pensado – disse – queres ir ao Mc donnalds ou a uma pizzaria.
- Gostas de sushi? – Perguntou-me.
- Adoro, porquê?
- Vamos ao sushi! – Disse a Marta e eu concordei.
*
Hoje estou tão feliz, para além de já ter feito as minhas primeiras compras para o meu bebé, consegui me divertir bastante com a Marta. Quem me dera ter uma irmã como ela, bastante simpática, divertida, espontânea e afins. Os senhores já estão a montar a cama do meu bebé e a cómoda. A mesma não passava nem entrava no elevador devido a ser enorme, então tiveram de a desmontar. Depois de termos almoçado, ainda sobrou algum tempo, então voltámos a comprar mais umas coisas para o bebé, desta vez uns quartinados brancos. Quero depois pintar a parede com o tom do sexo do bebé. Comprei também uns autocolantes com estrelas, os quais irei pôr na cómoda, mais basicamente, nas gavetas. Também já pôs as roupinhas que comprei a lavar e neste momento estão a secar no estendal, depois é só passar a ferro e arrumar as mesmas.
- Amor? – Ouvi o Eduardo a chamar-me, deveria ter acabado de chegar a casa – onde é que estás?
- Aqui no quarto do bebé – disse alto e quando ele entra, fica com uma cara bastante estranha para o que observa – o que se passa?
- Já foste comprar uma mobília para o bebé?
- Não comprei ainda tudo, foi só isto e algumas roupinhas tão queridas e maravilhosas – saiu do quarto me deixando confusa e fui atrás dele – o que se passa?
- Ainda tens o descaramento de perguntar o que se passa? – Disse enquanto gritava – ainda nem sabemos o sexo do bebé e já estás a fazer compras? Ainda por cima sem a minha permissão?
- Desculpa? – Levantei a sobrancelha – desde quando é que preciso da tua permissão para comprar algo? Que eu saiba, o dinheiro é meu.
- O dinheiro é teu e o bebé é meu! – Disse-me.
- O bebé não é teu! É nosso! – Gritei – só fico é chocada, que em vez de ficares feliz por ter comprado coisinhas para o nosso bebé, ficas assim a mandar vir e a dizer que deveria ter pedido permissão.
- É o que a Cláudia diz, sonsa demais! – Saiu de casa.
O quê que ele quis dizer com aquilo “é o que a Cláudia diz sonsa demais!?” que aconteceu algo que eu não saiba? Será que agora não é só o Eduardo que tem segredos para comigo e sim, também a Cláudia?