Katie
Me sentei em um dos bancos do jardim, erguendo os olhos para o céu estrelado, antes de soltar um suspiro lento ao ver a silhueta dele se aproximando, até se sentar ao meu lado. De início, nenhum de nós dois disse absolutamente nada, ficamos absorvendo a presença um do outro. Mas eu sabia que se ele ainda tinha alguma dúvida sobre mim, ela tinha desaparecido quando ele me viu no casamento.
Passei parte da minha vida desejando encontrar minha família. E outra parte, a que tinha medo da verdade, desejava nunca encontrá-los. Nunca tive certeza sobre ter sido abandonada ou não. Mas eu me considerava uma azarada, por não ter sido sequer adotada, quando ainda era só um bebê. Mas agora, acho que isso só era um sinal de que minha família me queria de verdade.
Não lembro do que senti quando Sophia me contou. Acho que fiquei desacreditada por alguns segundos, antes de pensar em todas as coincidências que faziam a história ter sentido. Mas aqui estou eu, em outra dimensão, sentada ao lado de um cara que é meu irmão mais velho.
—Você se parece com... —Ele tomou fôlego, olhando para o céu estrelado, como eu. —Você se parece com a mamãe. Acho que estou um pouco assustado com isso. Estava esperando uma completa estranha. Mas você é... familiar.
Pressionei meus lábios, sentindo uma variedade de sentimentos dentro de mim. Com o canto dos olhos, pude ver a sombra de Noah, do outro lado do jardim, caminhando tranquilamente, antes de se escorar em uma das paredes do castelo e observar o baile por uma janela. Meu coração se aqueceu por alguns segundos, com a sensação de segurança.
Ele estava nos dando espaço, ao mesmo tempo que estava deixando claro que estava ali, para o que eu precisasse. A irritação que eu normalmente sentia por ele, sofreu uma pequena rachadura, com a preocupação dele.
—Como ela é? —Indaguei, segurando a saia do vestido. —Os dois... como são?
—Ela é incrível, amorosa, gentil... uma força delicada que mantém nosso reino de pé. —James girou a cabeça pra me encarar, parecendo tenso. —Ele está doente. Já faz algum tempo. Pensei que se eu a encontrasse, isso daria algo mais a ele para lutar.
Mordi o lábio e olhei pra ele também, encontrando aquele par de olhos que era exatamente igual aos meus, com uma pitada de determinação que também existia em mim. A determinação que me levou até a dimensão das estrelas, por Sophia e talvez... para encontrá-los.
—Me conte algo sobre você, por favor. —Pediu, em um tom suplicante que me fez concordar na mesma hora.
Apesar de achar que ele já havia ouvido minha história pela boca de Sophia, comecei a contar cada coisa que lembrava. O orfanato, a faculdade, o primeiro apartamento que comprei, meu trabalho, minha amizade com Sophia, meus aniversários malucos, que eu sempre passava em alguma boate ao lado de Sophia e Andrei.
—Eles a queriam. —Foi a resposta dele, depois de absorver cada palavra minha. —A queriam e ainda a querem. Você sempre foi parte da família, mesmo quando não sabíamos onde estava. —Ele me encarou, estendendo a mão até segurar a minha, fazendo meu peito se aquecer. Ele era um desconhecido, que eu parecia conhecer a anos, se é que isso fazia sentido. —Quero que venha comigo pra Velará. Pra casa. Quero que conheça eles.
—Agora? —Acho que ele notou o tom de hesitação, o que o fez apertar minha mão com mais força e cuidado.
—Quando você estiver segura pra fazer isso. —Ele abriu um sorriso fraco e carinhoso. —Pode levar Sophia com você. Deixou claro que ela era sua família em Londres e ela será bem vinda sem Velará. Só quero... só quero que tenhamos a oportunidade de aproveitar a chance que temos agora.
Meus olhos se encheram de lágrimas e os lábios dele tremeram. Quando percebi, já estava envolvida em um abraço apertado e acolhedor. Afundei o rosto no seu peito, sentindo o cheiro de lar emanar dele, enquanto seus braços me acolhiam como um irmão preocupado.
—Katie! —Me afastei de James no mesmo instante, virando o rosto ao mesmo tempo que ele, para ver Maisie e um rapaz caminhando na nossa direção. Na verdade, Maisie estava correndo e arrastando o rapaz junto, que parecia um pouco atrapalhado.
Limpei as lágrimas do rosto e fiquei de pé, ao ver a expressão de Maisie preocupada, com os olhos arregalados e imensos.
Sophia
Harry me entregou o livro e então se deitou no sofá de couro marrom ao meu lado, me aconchegando em seus braços, antes de deixar um beijo na minha testa.
—Não deveríamos voltar para o baile? —Indaguei, mas sem fazer qualquer menção de sair de perto do calor acolhedor dele.
—Se fosse um baile em Del Mar, provavelmente. Mas tenho certeza que ninguém notará nossa falta, já que os noivos não somos nós. —Afirmou, com uma tranquilidade que me assustou. Olhei pra ele com as sobrancelhas erguidas, ouvindo o som da sua risada reverberar pelo meu corpo, antes de Harry puxar meu rosto e beijo meus lábios. —Não se preocupe, não estou pedindo-a em casamento. Pelo menos não ainda.
—Harry! —Alertei, sem saber certo o que. Porque eu não estava me importante muito com o que ocorria ao nosso redor naquele momento. Estar com ele era a coisa mais preciosa daquele momento e eu não queria estragar.
—O que? Eu não fiz nada. —Ele abriu o livro que estava nas minhas mãos. —Você me pediu um livro e eu trouxe. Agora você lê, enquanto eu fico aqui observando você.
—Me observando? —Minhas bochechas coraram, enquanto os braços dele apertavam ao redor do meu corpo.
—Você é tão linda. —Ele beijou a ponta do meu nariz, depois minhas bochechas e então meus lábios. —Como posso me casar com outra se tudo que eu penso é você?
—Eu sou de outra dimensão. —Afirmei, vendo ele prender a respiração.
—E ainda quer ir embora? Quer voltar pra Londres? —Questionou, segurando meu rosto e acariciando minha bochecha com o polegar.
—Eu... eu não sei. Isso depende de como as coisas vão se resolver aqui. —Engoli em seco, vendo que a resposta não o agradou. —Eu tinha uma vida toda lá.
—Posso dar uma vida a você aqui. —A resposta rápida me pegou de surpresa, e eu estremeci contra ele.
—Eu sou uma bruxa. —Lembrei, vendo ele cerrar os olhos.
—Isso é uma tentativa de me fazer desistir de você? Porque se for, saiba que não me importo com isso. —Afirmou, segurando meu queixo e obrigando meu rosto a ficar voltado pra ele. —Estou apaixonado por você, Sophia. Você entende isso?
Arfei, com aquela frase causando uma onda de eletricidade por todo meu corpo. Afundei meu rosto no pescoço dele, sentindo seus braços em apertarem e me aconchegarem ainda mais.
—Eu também estou apaixonada por você, e isso me assusta, Harry. Nunca tive algo como isso. —Toquei no peito dele, sentindo os batimentos dele tão acelerados quanto os meus.
—Ah, linda, quero tanto você. —Ele puxou meu rosto e colou os lábios nos meus, girando o corpo para ficar sobre mim. Agarrei os ombros dele e apreciei o contato do corpo firme sobre mim, enquanto os lábios dele provavam os meus.
Senti o coração martelando no meu peito quando ele ergueu a saia do vestido e se ajeitou entre minhas penas, deslizando a mão pela minha coxa, fazendo minha pulsação acelerar, como se estivesse prestes a explodir. Virei o rosto quando ele desceu os beijos pelo meu pescoço, deixando um rastro de fogo pela minha pele.
—Estamos em uma biblioteca. —O lembrei quanto mais a mão dele que estava na minha coxa subia, me fazendo ficar ofegante e me remexer embaixo dele. Harry voltou a beijar meus lábios, com a respiração pesada se enrolando com a minha.
—Você está tensa. —A mão dele subiu para o interior da minha coxa, fazendo minhas penas se forçarem a fechar, mas sendo barradas pelos joelhos dele que estavam entre elas. —Vou fazer você relaxar, linda.
—O que... —Soltei um gritinho, mordendo o lábio com força para não fazer aquele barulho de novo, quando ele tocou no ponto que eu mais o desejava, fazendo meu corpo estremecer. —Meu Deus, Harry!
Ele soltou uma risada entre beijos, me acariciando com os dedos firmes, fazendo meu corpo ficar cada vez mais quente e ofegante, com os beijos dele absorvendo todos os meus gemidos. Mordi o lábio dele quando seus dedos entraram em mim, fazendo meu quadril se erguer de encontro ao dele.
Curvei a cabeça para trás, com os lábios dele encontrando meu pescoço, beijando cada canto e mordiscando minha pele sensível. Mordi meu próprio lábio para não gemer, quando sua outra mão subiu e esmagou meu seio por cima do tecido do vestido, trazendo uma onda de prazer que varreu minha coluna, me fazendo ficar cada vez mais perto da explosão que se iniciava dentro de mim.
Mas então os dedos dele se curvaram dentro de mim e eu explodi em milhões de pedaços, afundando o rosto no pescoço dele para não gritar alto demais. Meu corpo ainda estava trêmulo e ofegante quando ele saiu de cima de mim, ajeitando minha saia com cuidado. Não consegui olhar pra ele, por que estava de olhos fechados aproveitando aquele momento.
—Venha. —Abri meus olhos quando ele se levantou, me fazendo sentar no sofá. Ergui os olhos pra ele, com as bochechas quentes e a respiração ainda pesada. Ele ajeitou meus cabelos bagunçados e deixou um beijo na minha testa. —Ainda está linda como antes.
Abri um sorriso tímido e fiquei de pé, vendo ele ajeitar as próprias roupas amaçadas e então indicar a porta pra mim.
—Vamos sair separados, tudo bem? Para não atiçar a mente curiosa de ninguém sobre o que estávamos fazendo aqui. —Afirmou, abrindo um sorriso pra mim. —Quer ir primeiro?
Balancei a cabeça afirmativamente, sentindo que meu cérebro virou gelatina depois daquele momento tão íntimo. Harry se aproximou e me beijou de novo, deixando que eu saísse primeiro. Caminhei pelo corredor, precisando muito tomar um ar, sabendo que minhas bochechas deveriam estar muito vermelhas.
Entrei de volta no salão, varando os olhos pelo local, procurado por Katie, Noah e Maisie. Não encontrei nenhum dos três, enquanto desviava das pessoas e olhava ao redor. Pressionei meus lábios ao perceber alguns olhares atravessados sendo dirigidos a mim, enquanto eu caminhava pelo salão.
Minha boca secou e eu comecei a me perguntar se era possível que eles soubessem o que eu e Harry estávamos fazendo na biblioteca. O nervosismo tomou conta de mim, quanto mais as pessoas olhavam e então desviavam os olhos quando notavam minha atenção. Meu coração chegou a boca e antes que eu percebesse, já estava esbarrando em uma senhora, derrubando todo líquido da sua taça no vestido.
—Ah, perdão... foi sem querer. Eu estava distraída, sinto muito mesmo. —Tirei a taça da mão dela, com o rosto quente demais e a vergonha tomando conta de mim.
—Ora, fique longe de mim! —A senhora de cabelos negros chiou, agarrando a saia do vestido. Engoli o nó que se formou na minha garganta ao ouvir o tom rude dela.
—Eu sinto muito. De verdade, foi sem querer! —Afirmei, vendo a atenção dos convidados ao redor se voltar pra nós.
Meu Deus, aquilo não podia estar acontecendo de verdade. Não no meio de toda aquelas pessoas.
—Sem querer! —Sibilou, ficando com as bochechas gorduchas vermelhas. —Bruxas nojentas!
O sangue pareceu se esvair do meu corpo, quando eu processava o que ela havia acabado de dizer. Olhei ao redor, vendo todos olhando pra mim, como se uma segunda cabeça tivesse crescido ao lado da minha.
Continua...