SALVA PELO CHEFE (COMPLETO)

By rivanialima

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*Ainda não seu sei manterei essa capa, mas gostei, então vou mantê-la por enquanto.* + Vou voltar a postar al... More

AVISOS
PRÓLOGO
SINOPSE 2
A FOTO
FURIOSO
INCOMPETENTE?
O BEIJO
PEQUENO ESCLARECIMENTO
A DESCOBERTA
DAVI
FEVER
SEM CONTROLE
O DIA SEGUINTE
CALLEB?
[CORREÇÃO DE CAP.]QUASE UMA NOVELA E UM BEBÊ
[CORREÇÃO DE CAP.] FAÍSCA
O APAGÃO
CONFISSÃO
UMA 'QUENTE' NOITE DE CHUVA
I'M BACK
UMA SENSAÇÃO RUIM
MENSAGENS
PÉSSIMA MENTIROSA
A REUNIÃO
Correção (n é capitulo)
QUEM É B?
ESTOPIM
SEMI NU E COM TESÃO
DAVI
MARCAS
NÃO HÁ COISA ALGUMA... não pode haver...
FUGINDO
O BAILE parte I: Preparativos
ODEIO VOCÊ
O BAILE: preparativos parte II
DAVI
UMA DANÇA E UM BADBOY
MEU BALSAMO?
SITUAÇÃO DIFÍCIL
UM POUCO DE DIVERSÃO
DANÇA COMIGO AGORA?
O BAILE parte II: Escandalos
SEM PERGUNTAS
NÃO VOU DESISTIR
AT LAST
CONVERSA INTERESSANTE
Água ou Fogo?
AMOR OU MEDO?
[CORREÇÃO] A LIGAÇÃO
[CORREÇÃO] MELHOR REMÉDIO
QUEM ESTÁ FALANDO EM AMOR?
ENCONTRO MARCADO
AGENTE DUPLO?
ADIAMENTO (NÃO É CAPITULO)
VAMOS COMPENSAR ISSO, ENTÃO!
B de BENNET
NÃO QUERO QUE VÁ EMBORA
NÃO QUERO SER DE MAIS NINGUÉM
ESCLARECIMENTOS
CONFIDENCIAL
INUTILIDADE
Pequenissímo aviso
Seria covardia de minha parte?
Algumas informações... importantes
UMA CONVERSA COM MARIA
NÃO É CAPITULO
TROCA DE E-MAILS
EU O AMO
EU A QUERO
CÂMERAS DE SEGURANÇA
HAUNT
EXPERIÊNCIA
MAIS ERROS QUE ACERTOS
FOI A TEQUILA
SINTO MUITO: parte I
SINTO MUITO parte II
RESULTADOS DEVASTADORES
Clichês
CONVERSA NO ESCURO
DECISÃO MENOS ERRADA
HEREDITÁRIO
Ele é meu
RECONCILIAÇÃO
TROCA DE INFORMAÇÕES
CORRESPONDÊNCIA
NAMORADA
INSIGHT
BAILARINAS
CONVITE À AMEAÇAS
TRANSAÇÕES
DEDO NO GATILHO
INTERROGATÓRIO
LONDRES
REVELAÇÕES parte I
DOMINGO DECISIVO
FLÓRIDA
LIBERTAÇÃO
REVELAÇÕES parte II
UM ENCONTRO DE VERDADE
PEDIDO DECENTE
EPÍLOGO
BÔNUS
Bônus 2
LIVRO POSTADO

PRECISO FAZER SOZINHA

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By rivanialima

'Já esteve apaixonada antes?

 'Não'

'Então como sabe que o ama?'

'Porque quando acontece, você sabe que não é outra coisa.'


********____********

 'Ange'

Eu não me sentia exatamente preparada ou corajosa o suficiente para simplesmente estacionar na frente de minha casa e entrar como se nada estivesse acontecendo dentro de mim, mas mesmo assim quando vi a simples casa branca praticamente no final da rua com apenas uma cerca viva e uma curta ladeira separando as casas da paria sabia que teria de enfrentar tudo.

Minha casa estava com o gramado destruído e já todo alaranjado que destoava do restante das outras, que estavam verdes e bem cuidadas e estava com um aspecto de abandonada apesar de estar em muito bom estado, eu estacionei em frente a ela sentindo cada parte do meu corpo tensa, como mais cedo, a ponto de dor e minha respiração estava alta e desregular... me forcei a olhar para cima e vi a janela de meu antigo quarto e me lembrei exatamente de como me sentia enquanto eu saía por ela para fugir de minha mãe e Josh... o medo, o ressentimento, a raiva... a dor! Foi como se eu pudesse me ver ali, pulando do telhado e correndo...

– Vamos Ange... – sussurro para mim mesma fechando os olhos com força ofegante exatamente como fiquei naquela noite. Soltei a direção sentindo até mesmo meus dedos doloridos pela força com que os mantinha presos ao volante e tentei inspirar e expirar com mais calma e mais profundamente até que pudesse acalmar as batidas do meu coração e fosse capaz de controlar minha mente.

Depois de girar meu pescoço e meus ombros para amenizar a tensão sai do carro sentindo minhas pernas um pouco fracas me obrigando a apoiar as costas contra o carro me deixando de frente para minha casa. Ela era simples comparada às outras, mas de alguma forma apesar do efeito dos anos e do abandono, parecia à típica casa perfeita para uma família feliz.

Durante algum tempo eu até recebi propostas muito boas para a compra dessa bela casa, praticamente dentro da praia em uma cidade pequena e tranquila... era o lugar perfeito para se começar uma família ou apenas aproveitar a velhice... mas por algum motivo eu nunca consegui vender, talvez porque eu sabia que precisaria desse momento só meu na casa.

Eu fiquei parada ali olhando para ela como se fosse apenas uma turista que a estivesse vendo pela primeira vez com o mesmo vislumbre e carinho que um desconhecido olharia com os últimos raios de sol tocando-a deixando a casa ainda mais encantadora... afinal apesar de tudo eu sei que haviam muitas boas lembranças ali dentro, assim como por todo lado de fora como na varanda onde minha mãe e eu ficávamos horas pintando com todo o piso de madeira coberto de respingos de obras anteriores e meu pai já havia desistido de pedir que ao menos cobríssemos o chão com jornais velhos... onde meu irmão também ficava em algumas noites nas escadas tocando seu violão, compondo algumas de suas músicas maravilhosas enquanto meu pai sentava em um banco de madeira cheio de almofadas lendo algum de seus livros de suspense, enquanto minha mãe se deitava praticamente sobre ele lendo algum romance cheio de açúcar, como meu pai costumava dizer e eu sentada em uma cadeira de balanço apenas observava.

Eram noites tranquilas e tão simples que talvez seja exatamente por isso que me lembro tão bem delas, eram minhas noites favoritas, mesmo depois que comecei a fugir para as festas nas casas de minhas amigas ou em qualquer lugar na praia, estar na calmaria com minha família eram os melhores momentos da minha vida, porque eu sabia que deviam ser tido como valiosos já que nem sempre era assim.

Tomando fôlego e coragem me afastei do carro e o travei e prendi meu cabelo em um coque no alto da cabeça e sentindo de verdade pela primeira vez a brisa com cheiro de mar que me fez estremecer ao sentir o quanto isso me fazia sentir cada vez mais no passado... cada vez mais em casa.

Um pouco zonza pelo intenso sentimento de nostalgia eu me forcei a andar, um passo hesitante após o outro até atravessar a calçada e chegar ao caminho de pedra ainda com marcas de respingos de tinta também e mesmo que eu tentasse não podia deixar de sorrir ao vê-las quase intactas ali no chão... pequenos pingos coloridos de tinta, uma coisa tão boba como isso que fazia meu coração inchar no peito só de lembrar de momentos realmente incríveis com minha mãe, onde éramos amigas e falávamos sobre qualquer coisa...

Annelise era uma mulher muito inteligente, meu pai dizia que eu me parecia com ela nesse âmbito também, mas eu sempre acreditei que eu tinha um tanto dos dois, mas minha mãe... ela era uma das pessoas mais inteligentes e astutas que já conheci, e não é porque é minha mãe, ela conseguia tudo o que queria de qualquer pessoa com quem ela falasse, conseguia até mesmo fazer o dono do supermercado da cidade sentir vergonha de cobrar um valor absurdo por qualquer produto que seja... ela era uma daquelas mulheres que qualquer um diria que pensava muito a frente de seu tempo e enquanto as jovens de seu tempo tentavam se parecer com damas e tudo mais, minha mãe era um espírito livre que simplesmente não se importava com o que as pessoas achavam de suas roupas surradas e manchadas de tinta ou de seu linguajar nada refinado, era o que meu pai dizia e o que o fez amá-la tanto, sua originalidade... eu sei que ela era incrível, uma daquelas mulheres heroínas que você vê em livros, foi assim que a vi na maior parte de minha vida, uma heroína de livro que jamais se deixou ser subjugada... talvez eu realmente tenha muito dela em mim no final das contas.

Eu parei nas escadas quando esse pensamento passou pela minha cabeça, eu fiquei tantos anos me convencendo de que eu não seria como ela que me esqueci de quem minha mãe realmente era! Suspirei mais uma vez e subi os degraus lentamente parando bem em frente à porta e bem ao lado eu forcei um pedaço de uma das madeiras da parede para frente, ela rangeu e se soltou, era um dos esconderijos que Josh fez para colocar a chave da casa e ainda havia uma ali, enfiei a mão no buraco retangular e a tirei dali colocando o pedaço de madeira no lugar batendo com o punho para fixá-la bem, eu então olhei para a chave em dourado e um pouco empoeirada na palma de minha mão por alguns segundos...

Eu sei que minha mãe tomou caminhos que tenho certeza de que se ela tivesse tido mais alguma chance ela perceberia o grande erro e se xingaria por dias, arregaçaria as mangas e lutaria contra tudo e todos... ela era forte para isso, mas acho que ela só estava cansada, cansada demais a ponto de já não se importar. Eu posso condená-la para sempre como uma mãe horrível por isso? Não! Ela foi a melhor mãe do mundo a maior parte do tempo, então como eu pude passar anos da minha vida acreditando que ela era apenas uma mulher fraca e problemática!? Balancei a cabeça para acalmar meus pensamentos e aprumei meus ombros pronta, ou acreditando que estava, para entrar finalmente.

Quando girei a chave na fechadura e empurrei a porta aberta com um leve rangido, um suspiro trêmulo escapou de minha boca, a casa estava um pouco escura, mas os últimos raios de sol ainda conseguiam encontrar algumas frestas nas persianas que cobriam as várias janelas da casa e aqueles pequenos feixes de luz faziam a casa ter um ar até meio místico...

Forcei meu pé direito para dentro do pequeno hall que se dividia para o lado esquerdo a sala de estar e TV com todos os móveis cobertos com pano e plástico e o lado direito onde ficava a sala de jantar com a mesa e as cadeiras também cobertos e protegidos e a cozinha onde havia mais luz, já que o sol agora iluminava aquele lado da casa e a minha frente estava à escada que levava para os quartos.

Minha respiração alta e trêmula era o único som que parecia repercutir pela casa toda... minhas mãos estavam tremendo então eu as fechei e coloquei no bolso de meu casaco e eu sentia que dessa vez meu coração podia não aguentar. Eu fiquei parada no hall enquanto inevitavelmente as lembranças vinham em ondas amontoadas e misturadas cheia de vozes e risadas... mas também gritos e choro... por um momento eu podia ver a casa viva novamente, com as persianas abertas e limpinha como minha mãe sempre a manteve, eu podia até mesmo sentir o cheiro de frutas... minha mãe gostava de deixar a casa sempre com algum aroma cítrico diferente a cada semana, ela dizia que gostava de lembrar do cheiro que o pomar que tinha nos fundos da casa de seus pais quando pequena e todos acabaram se acostumando e o último de que me lembro era laranja, ela mesmo fazia a solução e espalhava pela casa... eu agora podia vê-la na cozinha preparando uma dessas soluções de frutas toda animada como sempre foi, podia ver meu pai descendo as escadas de terno, gravata e uma maleta marrom na mão correndo até a cozinha e dando um beijo rápido em sua esposa que abriu o sorriso mais lindo e bobo do mundo... podia ouvir Josh gritando para que eu me apressasse parando ao pé da escada esperando para me levar pra escola... Deus! Como eu senti falta disso, como ainda consigo sentir falta disso... deles! Eu fechei os olhos por um segundo e pude ouvir nitidamente:

"Até mais mãe!" – eu sempre dizia antes de sair de casa para ir a escola –

"Até logo minha Angel" – era o que ela sempre respondia, sempre, nunca mudou nenhuma palavra e nem o sorriso e o olhar de amor que ela sempre me dava! Quando abri os olhos a casa estava fazia novamente e escurecendo ainda mais, senti as lágrimas queimarem um pouco meus olhos, mas eu limpei a garganta e suspirei, fora as mãos trêmulas assim como todo o corpo, eu estava conseguindo me manter no controle e isso me deu algum alívio.

Então fechei e tranquei a porta e olhei para as escadas, havia uma janela no alto dela sem nenhuma persiana que dava para a praia e dessa vez meus pés seguiram por vontade própria até os degraus que subi devagar como se estivesse subindo uma escada pela primeira vez na vida, mas me lembrando de quantas vezes a desci correndo para sair com minhas amigas, quando cheguei ao topo dei uma rápida olhada para a praia um tanto deserta lá fora e então me virei para encarar o segundo lance de degraus que rapidamente subi antes que pudesse perceber o que estava fazendo e mudar de ideia.

Como se estivesse hipnotizada segui pelo pequeno corredor até a última porta onde havia desenhos feitos por mim que iam de pequenos animaizinhos fofos a pontos turísticos dos lugares onde eu sonhava em ir em um tour pelo mundo expondo meus quadros que começava na própria Nova Iorque e terminava no Japão.

Não pude evitar o sorriso que abri ao me lembrar de como eu alimentava esse sonho e de como eu parecia incrivelmente inocente ao acreditar que seria fácil e que minha mãe estaria lá comigo. Balancei a cabeça com um pouco de força quando lembrar disso me fez um pouco sem ar e então abri a porta num ímpeto de coragem e senti aquele soco no estômago outra vez a ponto de sentir minhas pernas fraquejarem...

Meu quarto estava exatamente como eu havia deixado há praticamente dez anos, a última noite em que estive aqui foi quando meu irmão e meu pai sofreram o acidente, depois de enterrá-los eu só entrei aqui para pegar minhas roupas e ir embora com Lance e Chris para Nova Iorque e deixei a seguradora fizesse o resto, por isso todos os móveis estão cobertos, mas parece que eles não vieram ao meu quarto, minha cama ainda tem a roupa de cama azul claro perfeitamente arrumada, em minha cômoda ainda tem alguns dos meus cremes e até maquiagem assim como em minha penteadeira... parece que meu quarto ficou intocado desde que fechei a porta ao sair com minhas malas, alguns pôsteres de eventos em museus e exibições de arte ainda estão pela minha parede assim como alguns de bandas da época, alguns rabiscos de desenhos que me vieram à mente no momento, como o mar quando revolto e há frases como: "Eu não sigo as regras de ninguém, eu FAÇO as minhas próprias regras!", também estão espalhadas pela parede.

Estar aqui é como ser eu adolescente outra vez... com todo aquele sentimento de que poderia enfrentar o mundo e que não tinha medo de nada... eu sabia exatamente quem eu era e o que eu queria fazer pelo resto da minha vida e essa certeza sempre me moveu e me fez ser aquela garota que realmente não tinha medo, eu sabia qual era o meu lugar e não deixava ninguém dizer o contrário... se aquela Angela me visse agora, com certeza, iria quebrar minha cara e me xingar até não existir mais ofensas.

– Deus do céu por que foi que eu deixei que tirassem o controle da minha vida? – pergunto para o meu quarto vazio talvez esperando que a Angela de dezessete anos responda, e bem no fundo eu sabia a resposta... foi quando eu deixei que minha mãe e sua loucura, a frieza de Josh e de meu pai controlassem tudo, principalmente minha mente.

Eu que era tão decidia e dona de mim, corajosa e que sempre deixava o medo me fazer mover para frente ao invés de recuar... desisti de tudo e deixei tudo nas mãos de fantasmas do passado!

– Bom trabalho, Ange! – murmuro sendo irônica comigo mesma indo até minha cama e me sentando e depois me deitando e me encolhendo e então eu estava chorando sentindo o peso de tudo o que eu perdi quando minha família se foi e de quando deixei me afundar nessa perda a ponto de deixar de ser eu mesma... pelo menos até conhecer Davi... eu chorei ainda mais ao pensar em tudo o que Davi e eu passamos e... eu o deixei em Londres, mas queria muito que estivesse aqui só pra poder me segurar como sempre faz! Eu precisava tanto dele agora!

***********

Não sei quando foi que peguei no sono, mas quando acordei por um momento entre o sonho e a realidade acreditei que tinha dezesseis anos outra vez e estava em meu quarto e tudo não tinha passado de um sonho, mas a realidade logo veio por completo e me sentei um pouco sem fôlego. Eu estava aqui, na minha cidade e... na minha casa... e não tive nenhum surto até o momento.

– Ótimo! – suspiro me sentando e sorrindo um pouco ao olhar para meu quarto, eu pensei que ficaria mais deprimida por estar aqui sei que chorei igual uma criança agora pouco, mas eu não estava e me sentia feliz de poder estar aqui sem criar nenhum grande problema na minha mente.

Sentindo-me animada com a ideia de poder ficar na minha casa sem que isso me destruísse, peguei minhas malas no carro e as deixei sobre minha cama e depois de cuidar de minha higiene, abri todas as persianas e as janelas, tireis os panos e os plásticos dos móveis e deixei a casa respirar depois de muito tempo.

Eu não me atrevi a me aproximar da porta que levava ao porão, eu nem sequer olhei para ela, me ocupando mais com o restante da casa encontrando tudo o que eu precisava para uma rápida limpeza pegando água com o vizinho já que nem energia tinha na casa... ainda, os quartos dos meus pais e Josh eu também não consegui entrar.

Eu via as pessoas pararem e olhar por alguns minutos para a minha casa, curiosos e a maioria estava bastante surpresa em ver movimento na casa da pintora louca, mas eu apenas acenava e ainda mais surpresa elas iam embora sem retribuir, acho até que algumas acreditaram que eu era um fantasma pela forma pálida com que me olharam e foram apressadas pela rua e eu apenas ria comigo mesma.

Com todo o andar de baixo limpo e arejado e já passando do horário de eu ter meu almoço, decidi que precisava enfrentar todo o andar de cima e quanto mais rápido eu começasse, mais rápido eu terminaria.

Arregacei ainda mais as mangas de meu casaco e subi as escadas com passos decididos e o primeiro quarto do corredor era dos meus pais, era do lado oposto do corredor onde o de Josh e o meu ficava então eu inspirei fundo, mas quando coloquei a mão na maçaneta de vidro a campainha tocou me fazendo pular um pouco e ouvir o som familiar do 'Din Don' alto pela casa me fez suspirar, me sentindo aliviada que fui interrompida de entrar no quarto deles e surpresa que alguém tenha realmente tocado a campainha, voltei a descer as escadas rindo no meio do caminho ao notar em como eu já estava descendo correndo exatamente como sempre fiz, foi apenas automático e isso era um pouco estranho para mim. Quando abri a porta Savannah estava do outro lado, os braços cruzados e a sobrancelha arqueada com um sorriso meio sarcástico pelo que notei.

– Então, eu esperava te encontrar aqui e vejo que você e a casa estão se dando bem. – diz tão sarcástica quando seu sorriso, eu apenas reviro os olhos.

– É não foi tão ruim quanto eu esperava... – eu me calei ao perceber que eu não tinha feito tudo o que eu tinha que fazer nela...

– Ok! – diz ela num suspiro parecendo notar minha repentina depressão – então, está a fim de cozinhar alguma coisa? – pergunta mudando felizmente de assunto.

– Não aqui, estou sem qualquer recurso de água, gás e energia então...

– Sem problemas, vamos ao Village, eles ainda fazem as fritas mais deliciosas que já provou! – diz com uma piscadela no fim, eu franzi as sobrancelhas sentindo que ela estava tramando alguma, não sei como, mas eu ainda conseguia reconhecer isso nela.

********************

– Então você não conseguiu entrar em todos os cômodos – diz dando de ombros como se realmente não fosse grande coisa, estávamos no Village Grill dessa vez e estávamos comendo nossas fritas. – não tem que se sentir tão mal por isso, você já fez muito só por entrar e ainda mais passar a noite em seu quarto... já é mais do que qualquer que um que passou pelo que você passou faria.

– Eu acho que sim. – digo quase num murmuro mexendo em meu prato ficando sem fome de repente.

– Você sabe que não tem que fazer isso sozinha, Angela! – diz Sav pondo uma mão sobre a minha me fazendo olhar para ela, ela tinha um olhar sério e um pouco triste também – onde está o tal cara? – pergunta soltando minha mão e cruzando os braços, eu solto um longo suspiro ao me dar conta do tanto que estou sentindo falta de Davi, a maior parte da noite chorei apenas de saudade... outra vez!

– Não tenho certeza...

– E porque não deixa que ele fique com você... pelo jeito que você fica quando pensa nele tenho certeza de que ele poderia ajudar você a...

– É claro que ele poderia Savannah! Mas esse é problema, eu não quero ter que depender dele sempre, geralmente ele sempre consegue me acalmar quando começo a ter um ataque e sei que se ele estiver aqui enfrentar o quarto dos meus pais e de Josh... e até mesmo o porão, seria um pouquinho mais fácil e talvez nem tenha um de meus ataques, mas eu não quero, entende, não quero que ele tenha que estar comigo sempre, não quero depender dele toda vez que minha família estiver na minha mente, eu quero e tenho que conseguir enfrentar tudo isso... enfrentar eles sozinha... e assim que eu conseguir fazer isso e finalmente me livrar desse peso, vou poder ficar com ele em paz, sem medo de estar sozinha e ele não vai ter que se preocupar sempre comigo. – ficamos em silêncio depois de meu discurso, ela ainda tinha aquele olhar sério, mas ao invés da tristeza anterior podia ver algo mais animador como compreensão e até solidariedade.

– Faz sentido! – diz ela finalmente – continua corajosa e obstinada é impressionante! – diz abrindo um sorriso meio vago como seus olhos como se lembrasse de algo naquele momento, eu consigo rir um pouco antes de beber meu suco. – então, já sabe por quanto tempo pretende ficar? – pergunta quase de uma forma casual, eu suspiro e olho pelas grandes janelas de vidro vendo o movimento lá fora com todo aquele sol... eu nem percebi o quanto o calor e todo esse sol me fazia falta.

– Não tenho a menor ideia. – respondo me voltando para ela, ela abre um pequeno sorriso de lado.

– Não pensa em comer em restaurantes o tempo todo, não é? E não pode simplesmente usar o banheiro de seus vizinhos para sempre...

– Já entendi! – digo interrompendo-a – mas não sei se posso ficar lá o tempo todo, quero dizer... – eu bufo pondo a testa contra a mesa me sentindo uma fraca derrotada outra vez.

– Pode ficar na minha casa se quiser, meus pais estão viajando em um cruzeiro e...

– Eu adoraria – digo interrompendo-a erguendo minha cabeça outra vez – mas se eu fizer isso, nunca vou embora... vou continuar fugindo e não é isso que eu quero. – digo jogando todo meu cabelo para trás e fazendo um coque.

– Então?

– Vou dar um jeito! – digo olhando mais uma vez para o movimento lá fora querendo muito pegar meu telefone e ligar para Davi... saber se está bem... só ouvir sua voz...

***

Mas depois de me despedir de Savannah que tinha aulas para dar, eu decidi por precaução ligar para a companhia de água e energia da cidade para atenderem minha casa, mas passei o dia fazendo um turismo nostalgia mais minucioso dessa vez pela cidade, indo aos lugares onde costumava ir sempre, algumas coisas haviam mudado, mas bem poucas então pude relembrar facilmente de quase toda minha infância e adolescência e mesmo esperando ficar triste ou deprimida, isso não aconteceu para meu completo alívio.

Mas a grande parte da tarde eu fiquei sentada na praia aos fundos da minha casa enquanto religavam a energia... foi um dos momentos em que mais senti falta de Josh, nós ficávamos sentados exatamente onde estou por horas, às vezes conversando ou apenas em um silêncio cúmplice de irmãos. Eu até olhei para meu lado tentando de alguma forma vê-lo e até consegui vê-lo ali ao me lembrar da forma relaxada com que ele deixava suas pernas esticadas e cruzadas na areia enquanto se apoiava em seus braços com o cabelo sempre grande (o que irritava nosso pai), eu gostava do jeito que os fios voavam com a brisa... ele parecia um príncipe até meio elegante sem nem notar, olhando para o mar como se ele fosse contar um grande segredo a ele... era assim que eu sempre pensava que Josh olhava, quando ele percebia que eu o estava olhando fixamente se virava para mim abria aquele sorriso enorme que parecia iluminar o mundo todo e piscava e então volta os olhos para longe... eu consigo me lembrar de sentir tanto amor por ele que parecia que meu peito explodiria, sua calmaria sempre conseguia me acalmar também quando minha mãe tinha um de seus surtos e era incrível como ele sempre conseguia mesmo sem dizer nada, fazer tudo parecer melhor.

– Eu ainda amo muito você... – murmuro para a miragem que criei de Josh ao meu lado e como se tivesse mesmo me ouvido Josh volta seus olhos muito azuis para mim mais uma vez sorrindo como antes...

– Está tudo pronto, moça! – o senhor da companhia de energia grita da varanda dos fundos da casa me fazendo quase pular assustada, ele me olha com as sobrancelhas franzidas e sorrio ao pensar que ele deve me achar uma doida falando sozinha, mas quando volto a olhar para a areia a miragem de meu irmão se foi e até mesmo eu penso em estar ficando meio louca.

Depois que foram embora eu pude tomar um banho quente em meu próprio banheiro, já estava escurecendo e bem rápido pela aparição de algumas nuvens escuras. Assim que voltei ao meu quarto e me vesti eu olhei para a porta de meu closet com um cartaz da exposição que minha mãe havia feito na Espanha uma vez, sorri ao me lembrar de como ela estava feliz aquela semana, inspirei fundo e abri estava praticamente vazio a não ser por uma caixa pequena com algumas blusas velhas cheias de tinta e bem no canto ainda pendurada no cabide dentro do plástico meu uniforma de líder de torcida o top sem mangas em amarelo, branco e azul petróleo e a saia de prega também azul com uma faixa em branco e amarelo no cós e na barra e sem poder resistir eu tive de vesti-lo...

Ficou um pouco mais justo e curto, mas ainda coube e quando me olhei no espelho na porta do lado de dentro do closet eu ri de mim mesma... eu me sentia fantástica por causa desse uniforme andando pela escola e agora ele só parece à roupa de uma atriz pornô em mim.

– Você não pode continuar protelando, você sabe disso não é? – pergunto para a eu do espelho com uma expressão séria. Então eu deixo o uniforme em minha cama e decidida a enfrentar tudo de uma vez saio pelo corredor e vou direto ao quarto de Josh abrindo a porta como muitas vezes fiz quando ele me irritava com suas músicas que me provocava, a porta fez um barulho alto seguido por um eco que realmente me deixou ciente do quão vazio estava o quarto, não estava como o meu, não havia móveis nem as letras das músicas coladas nas paredes ou os cartazes que os garotos da banda haviam feito para distribuir por ai... estava completamente vazio, as marcas claras de onde havia pôsteres nas paredes só faz aumentar a ausência de Josh... foi o mesmo no quarto dos meus pais, não havia mais nada nele, sem quadros e fotos minhas e de Josh crescendo... sem a penteadeira de minha mãe sempre cheia de maquiagens e joias misturadas até a tubos de tinta... não havia nada nem sequer a cama. – acho que sei onde estão. – murmuro comigo mesma sentindo meu coração descompassar assim como minha respiração ao saber onde eu teria de ir agora.

***

Eu parei em frente à porta do porão sentindo que a tensão e os tremores estavam voltando, eu podia sentir as lembranças ruins voltando com força saindo pelas frestas da porta a ponto de me deixar tonta... eu já até conseguia sentir o cheiro de mofo, cerveja e cigarro, tão nitidamente que estava sentindo meu estômago revirar... e minha mão automaticamente tocou no lado de minha cabeça que Ben me acertou, os dedos encontrando a cicatriz entre meus cabelos e o som forte de vidro se quebrando e a dor também veio e tive de segurar minha cabeça com as duas mãos e dar um passo para trás perdendo o fôlego...

Eu fechei os olhos com força e me obriguei a permanecer na realidade. Eu forcei o ar a entrar respirando profundamente várias vezes e soltei minha cabeça ainda que a dor permanecesse. Não está acontecendo, Ange... é apenas uma lembrança! Eu tentava me convencer ainda com os olhos fechados sentindo a dor em minha cabeça virar um leve latejar e então abri os olhos novamente e dei os últimos dois passos até a porta.

Eu posso fazer isso... enfrentei Ben, esta cidade, Savannah, aquela cabana com todas aquelas mensagens, a praia, praticamente a casa toda... o porão é somente mais um item na lista que eu VOU conseguir enfrentar!

Inspirando profundamente estendi minha mão até a maçaneta com a respiração se descontrolando outra vez como se algum monstro horrível fosse mesmo sair por aquela porta se eu a abrisse, mas antes mesmo que eu tocasse na maçaneta alguém decidiu socar a porta com força e pulei assustada dando passos apressados para trás entrando em um pânico completamente diferente ao imaginar que estariam querendo sair do porão, até eu perceber que era na porta da frente que batiam.

Eu ri de mim mesma, um riso nervoso e afogado, mas um riso. As batidas se repetiram com a mesma intensidade como se estivesse nervoso ou apenas com pressa, eu fiquei surpresa que alguém estivesse batendo em minha casa, primeiro porque tem campainha e segundo por bateriam dessa forma, estou na cidade há dois dias e já arrumei problemas? Me apressei quando as batidas recomeçaram.

– Já estou indo, pelo amor de... – as palavras sumiram da minha boca assim que abri a porta até com um pouco de violência e pronta para mandar a merda quem quer que fosse, mas eu gelei as palavras congelaram e estremeci um pouco quando meu coração quase falhou... era praticamente o mesmo Davi desolado na porta do meu apartamento há séculos com o braço erguido pronto para mais batidas, não estava molhado, mas se chegasse um pouco mais tarde estaria o tempo já tinha mudado completamente e ventava bastante, o que explicaria seu cabelo desgrenhado caindo por sua testa quase até seus olhos, que estavam num azul escuro tempestuoso como o tempo lá fora, estava um pouco pálido, mas sua expressão não deixava de ser um pouco intimidante também... os lábios entreabertos com a respiração pesada as sobrancelhas franzidas, jaqueta marrom e jeans escuros... indiscutivelmente lindo e estava na porta da minha casa, na Flórida.

Eu estava morrendo de saudades! Eu gritava por dentro. Eu quero me afundar em seu abraço até me esquecer de tudo... você está aqui, até parece que ouviu meus sonhos... você está realmente aqui e eu quero beijar você até esquecer de respirar, até esquecer meu nome... Eu amo tanto você! Eu queria pular sobre ele e deixar que ele me segurasse pra sempre, mas quando consegui abrir a boca, não foi nada disso que eu disse.

– O-o que está fazendo aqui? – eu me ouvi dizer e mesmo que eu tivesse tentado evitar, saiu de forma grosseira. Meu coração estava enlouquecido? Sim. Estava louca de saudade? Sim. Estava feliz que Davi tenha vindo? Completamente. Mas eu ainda sabia que com ele aqui seria praticamente impossível que eu conseguisse me virar sozinha com aquele porão.

Eu o amo e por isso não quero que ele tenha que lidar com meus ataques por não ter conseguido apenas deixar o passado onde ele deve ficar. Davi ergueu as sobrancelhas por dois segundos surpreso, mas depois abaixou o braço arqueando uma sobrancelha ficando obviamente irritado e pude ver que magoado e eu queria voltar atrás, me desculpar, mas eu não consegui...

– Agora? – pergunta sarcástico olhando ao redor e depois para mim balançando a cabeça levemente molhando os lábios com a língua num gesto nervoso – agora eu não faço a mínima ideia, Angela... o que parece que eu vim fazer aqui? – pergunta enfiando as mãos nos bolsos do casaco se inclinando um pouco para frente mordendo o lábio inferior e seus olhos estavam agora com aquele brilho intenso, frustrado... e furioso.

– Eu disse que eu tinha que estar sozinha...

– Sozinha? – diz se endireitando acenando com a cabeça e então abrindo os braços num gesto de "OK" pelo que entendi apesar de ele parecer ainda mais irritado – ótimo! – diz num tom que soou em um rouco estranho como se ele tivesse algo preso na garganta, mas antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa ele simplesmente se virou e desceu as escadas rapidamente, eu dei um passo para fora, mas recuei abri e fechei a boca várias vezes para dizer alguma coisa enquanto ele se afastava, mas eu não encontrava o que dizer... vê-lo ir embora me deixava em desespero e doía, mas eu não conseguia impedi-lo, eu sabia o que tinha que fazer... o que precisava fazer e eu o amo demais para desistir de enfrentar meus medos e dores pra poder fazê-lo feliz como ele me faz.

Mas de repente ele parou no meio do caminho de pedras e prendi o fôlego ainda sem saber o que fazer segurando o umbral da porta com força assim como as lágrimas que ardiam em meus olhos, ele se virou olhando para mim os olhos escuros novamente e mais do que furioso ele parecia triste e isso fez o nó em minha garganta piorar.

– Está me deixando? – pergunta e apesar de soar calmo e indiferente podia sentir na frieza das palavras que estava mesmo consternado, eu só consegui negar com a cabeça, mas nem bem fiz algum movimento Davi abriu um sorriso que não alcançou seus olhos e nem parecia mesmo um sorriso. – porque "tenho muito em que pensar" e "seja como for" – diz fazendo as aspas com os dedos e dando passos na direção da casa novamente – se parece muito com alguém deixando a outra, você mudou de ideia sobre as coisas que me disse sobre o que contei a você... sobre mim? – pergunta parecendo irritado outra vez fazendo uma pausa e tentei negar com a cabeça novamente sentindo uma lágrima quente escapar descendo por meu rosto, eu queria explicar e não conseguir fazer isso estava me sufocando e me deixando exasperada – você disse que me amava, e geralmente quando algo assim é dito, as pessoas ficam... mas você simplesmente me deixou e eu...

– Qual parte do tenho que fazer sozinha você não entendeu? – as palavras saíram assim como eu saí para a varanda, de repente e nem percebi quando fiz. Davi parou próximo ao primeiro degrau olhando diretamente para mim franzindo as sobrancelhas o vento fazendo seu cabelo dançar ao redor de seu rosto e ele só parecia ainda mais bonito ainda que magoado outra vez e meu coração se partiu um pouco ao ver dessa vez com nitidez como se sentia.

– Isso só pareceu ainda mais que não voltaria, eu disse a você tantas vezes que não queria deixá-la sozinha e isso nem sempre era pelo que estava acontecendo... mas então eu acordo numa manhã e você se foi... você precisa pensar e então eu acredito que você se arrependeu, que você estava com medo de mim... – ele desvia seus olhos dos meus e parece se perder em seus pensamentos – talvez raiva ou repulsa por finalmente ver o homem que eu fui e talvez tenha percebido que ainda sou...

– Davi, por favor... – eu já estava deixando as lágrimas descerem sem impedimento, eu podia ver como ele acreditava no que estava dizendo e isso estava partindo ainda mais meu coração.

– Eu não a culparia – diz ignorando meu pedido, ele ergue seus olhos para os meus outra vez – mas eu tinha que vê-la ao menos para ter certeza e saber que eu tinha mesmo perdido você, então eu perguntei a Baker pra onde você teria ido e eu também não podia deixar que você acreditasse que eu...

– Davi, isso não tem nada a ver com você! – digo um pouco irritada finalmente interrompendo-o dando passos hesitantes até parar a beira do degrau da escada e o vento agora também faz meu cabelo voar para meu rosto, ele não podia pensar que eu menti sobre tudo o que havia dito a ele sobre como me sentia sobre tudo o que me disse sobre sua história, depois de tudo o que passamos depois do que me contou... droga, eu disse que o amava, como ele ainda podia duvidar do homem que é, ou do que sinto por ele?

– Não? Por que me deixou? Por que seja como for? O que quer dizer com isso? Parece bastante que você poderia não voltar... que estava desistindo de alguma forma... – diz quase irritado como eu...

– Eu não... não era isso que eu... eu só queria poder... queria ser capaz de enfrentar as coisas sozinha...

– Mas, por quê? Eu posso...

– É claro que pode Davi! Ai está à porra do problema! – digo exasperada – sozinha, entende isso? Eu quero e preciso estar sozinha... – Davi parecia um pouco confuso, mas ainda irritado...

– Não precisa coisa nenhuma...

– Você não entende! – digo num gemido frustrado passando as mãos por meu rosto antes de olhar para seus olhos intensos e intimidantes – você devia ir! – digo secando meu rosto e cruzando meus braços tentando ficar o mais séria e parecer o mais decidida possível, eu poderia explicar a ele, mas alguma coisa me diz que Davi ainda não me deixaria entrar no porão sozinha e isso não adiantaria de nada.

– Está certa – diz dando um passo para trás fazendo as lágrimas quererem voltar – eu devia... e você quer que eu vá, não é? – pergunta soando frio me fazendo estremecer um pouco e tiro uma mecha de cabelo que o vento soprou em meu rosto colocando atrás da orelha mais num gesto nervoso que qualquer outra coisa.

– É! – digo ainda tentando parecer segura do que dizia ainda que por dentro estava muito dividida.

– Tem certeza, Angela? – pergunta um pouco mais alto arqueando uma sobrancelha.

– Por que não teria? – pergunto mais a mim mesma do que a ele, Davi volta a abrir aquele sorriso sem vida fazendo com que a vontade de chorar outra vez, piorasse.

– Está fazendo tudo àquilo outra vez, está me afastando... – diz cada vez um pouco mais nervoso – está se fechando e me trancando do lado de fora... depois de toda aquela merda, você ainda...

– Está enganado, não é isso que estou fazendo! – praticamente grito apesar de ter tentado evitar.

– Então por que simplesmente saiu correndo...? – pergunta no mesmo tom.

– Por que não entende!? – pergunto começando a andar de um lado a outro ainda mais nervosa.

– Porque todo aquele tempo em que estive em Londres longe de você eu não queria estar, eu queria que estivesse comigo a cada momento porque eu precisava de você, mas eu estava com medo demais pra simplesmente ligar... – Davi também estava andando de um lado a outro com as sobrancelhas franzidas ao máximo e eu parei só para olhar para ele – mas você foi mesmo assim e percebi que precisava de você mais do que parecia e ficou depois de tudo o que contei, mas foi embora depois que disse que me amava e eu pensei que talvez tenha mudado de ideia...

– Eu não disse que tinha... eu só tenho...

– Eu não posso deixá-la sozinha, será que você não entende isso? – pergunta a voz se alterando outra vez e parando de andar para olhar para mim.

– Mas você precisa, esse é um daqueles momentos em que você deveria exercitar sua maldita empatia! – volto a praticamente gritar.

– À merda a empatia! – diz ele tão alto como eu.

– Você é um ogro insensível e isso nunca vai mudar, não é?

– Você sabe a resposta...

– Só vá embora, Collins antes que eu realmente mude de ideia sobre você! – digo me virando e voltando para a porta da minha casa surpresa com a facilidade com que Davi consegue me tirar do sério e em qualquer merda de situação.

– Eu devia mesmo ir! – grita ele irritado.

– Ótimo! – digo ainda de costas.

– Mas eu não posso! – diz num tom tão decido que me faz girar sobre meus pés antes de entrar finalmente e bater a porta na sua cara teimosa.

– Por que? Não sabe o caminho de volta? – minha pergunta soou sarcástica e assim que me viro totalmente, Davi estava subindo o último degrau e com alguns passos estava a pouco mais de um metro de distância, os olhos estavam com aquele meu brilho particular de repente e o sorriso era sincero dessa vez e meu corpo todo pareceu aquecer com aquele olhar carregado e hipnotizante.

– Porque eu amo você, Ange... – tudo ao meu redor sumiu completamente, era só Davi e eu... mal podia respirar e meu coração estava tentando me matar outra vez. Davi realmente disse? Eu senti como se tivesse levado uma descarga elétrica e todo meu corpo estava energizado e formigando e ofeguei quando ele segurou o lado de meu rosto com aquele olhar que me fazia sentir única... – acho que já faz muito tempo, mas descobri isso quando acordei em meu apartamento em Londres e você não estava e tinha um bilhete desesperador e quando pensei que poderia me deixar de vez percebi que eu não seria capaz de viver sem Angela Winey, por que eu sou completamente apaixonado por você, acho que desde que te vi talvez, não importa, mas eu sei agora... que eu amo tudo em você, Angela! Não importa se você realmente quer fazer o que quer que tenha que fazer, sozinha... eu estarei aqui, porque eu preciso de você, entende? Mesmo que eu quisesse, não ficaria longe de você!

– E-eu... mas... – Davi desliza seu polegar sobre meus lábios, me calando.

– Não quer dizer que eu vá impedir você de fazer o que veio aqui para fazer! Eu amo você e estou gostando muito de dizer isso – diz abrindo um sorriso enorme que não consegui evitar de retribuir, seria impossível – e eu sei o que quer fazer e não vou ficar no seu caminho, só quero que saiba que seja como for não vou embora sem que você esteja comigo, entendeu? – ele está mais perto agora, seu corpo está grudado no meu e ele envolveu seu braço ao meu redor me prendendo contra ele... eu estava em êxtase! Então tudo o que eu fiz foi jogar meu braços ao redor de seu pescoço e me erguer nas pontas dos pés deixando meu rosto a centímetros do seu.

– Eu amo você! – digo com meus lábios presos aos seus, Davi me puxa com mais força contra ele e me beija no seu estilo possessivo e tudo o que eu sei é que eu seria incapaz de viver sem esse homem.

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