SALVA PELO CHEFE (COMPLETO)

By rivanialima

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*Ainda não seu sei manterei essa capa, mas gostei, então vou mantê-la por enquanto.* + Vou voltar a postar al... More

AVISOS
PRÓLOGO
SINOPSE 2
A FOTO
FURIOSO
INCOMPETENTE?
O BEIJO
PEQUENO ESCLARECIMENTO
A DESCOBERTA
DAVI
FEVER
SEM CONTROLE
O DIA SEGUINTE
CALLEB?
[CORREÇÃO DE CAP.]QUASE UMA NOVELA E UM BEBÊ
[CORREÇÃO DE CAP.] FAÍSCA
O APAGÃO
CONFISSÃO
UMA 'QUENTE' NOITE DE CHUVA
I'M BACK
UMA SENSAÇÃO RUIM
MENSAGENS
PÉSSIMA MENTIROSA
A REUNIÃO
Correção (n é capitulo)
QUEM É B?
ESTOPIM
SEMI NU E COM TESÃO
DAVI
MARCAS
NÃO HÁ COISA ALGUMA... não pode haver...
FUGINDO
O BAILE parte I: Preparativos
ODEIO VOCÊ
O BAILE: preparativos parte II
DAVI
UMA DANÇA E UM BADBOY
MEU BALSAMO?
SITUAÇÃO DIFÍCIL
UM POUCO DE DIVERSÃO
DANÇA COMIGO AGORA?
O BAILE parte II: Escandalos
SEM PERGUNTAS
NÃO VOU DESISTIR
AT LAST
CONVERSA INTERESSANTE
Água ou Fogo?
AMOR OU MEDO?
[CORREÇÃO] A LIGAÇÃO
[CORREÇÃO] MELHOR REMÉDIO
QUEM ESTÁ FALANDO EM AMOR?
ENCONTRO MARCADO
AGENTE DUPLO?
ADIAMENTO (NÃO É CAPITULO)
VAMOS COMPENSAR ISSO, ENTÃO!
B de BENNET
NÃO QUERO QUE VÁ EMBORA
NÃO QUERO SER DE MAIS NINGUÉM
ESCLARECIMENTOS
CONFIDENCIAL
INUTILIDADE
Pequenissímo aviso
Seria covardia de minha parte?
Algumas informações... importantes
UMA CONVERSA COM MARIA
NÃO É CAPITULO
TROCA DE E-MAILS
EU O AMO
EU A QUERO
CÂMERAS DE SEGURANÇA
HAUNT
EXPERIÊNCIA
MAIS ERROS QUE ACERTOS
FOI A TEQUILA
SINTO MUITO: parte I
SINTO MUITO parte II
RESULTADOS DEVASTADORES
Clichês
CONVERSA NO ESCURO
DECISÃO MENOS ERRADA
HEREDITÁRIO
Ele é meu
RECONCILIAÇÃO
TROCA DE INFORMAÇÕES
CORRESPONDÊNCIA
NAMORADA
INSIGHT
BAILARINAS
TRANSAÇÕES
DEDO NO GATILHO
INTERROGATÓRIO
LONDRES
REVELAÇÕES parte I
DOMINGO DECISIVO
FLÓRIDA
PRECISO FAZER SOZINHA
LIBERTAÇÃO
REVELAÇÕES parte II
UM ENCONTRO DE VERDADE
PEDIDO DECENTE
EPÍLOGO
BÔNUS
Bônus 2
LIVRO POSTADO

CONVITE À AMEAÇAS

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By rivanialima

 'Ange'

Eu acordei sentindo que tudo ainda girava ao meu redor, mas me forcei a me sentar ofegando um pouco quando meu estômago protestou por tantos giros, inspirei diversas vezes para fazer o enjoo e a tontura passarem e quando finalmente consegui abrir os olhos e reconhecer meu quarto, ouvi também algumas vozes vindo de minha sala e em um primeiro momento fiquei confusa ao reconhecer as vozes de Lance e Chris e... Davi...

– Ah não, de novo não... – murmuro comigo mesma pondo as mãos contra meu rosto, frustrada conseguindo me lembrar do que aconteceu... as coisas que eu disse a Davi e ele tendo que presenciar mais um dos meus ataques, que como pareço ter sido atropelada por uma boiada, foi bem ruim e Lance teve que me dar aquele remédio horrível! – que merda, Angela. – solto me levantando levando alguns segundos para voltar a me equilibrar quando tudo voltou a girar, mas eu consegui chegar até o banheiro e arrancar minhas roupas e entrar debaixo do chuveiro tomando um longo banho e coragem para ir até minha sala.

Enquanto eu deixava a água descer livremente por todo meu corpo, só ficando lá parada com os olhos fechados, eu me lembrava de tudo o que contei a Davi sobre minha família... bom eu não contei tudo, não contei sobre qual era exatamente o problema de minha mãe e nem sobre o incidente, até porque eu tive um ataque quando chegou nessa parte e não sei se isso foi bom ou muito ruim, porque não me lembro do que aconteceu depois... talvez eu nunca consiga falar sobre isso com ninguém, nem mesmo meus terapeutas conseguiam arrancar isso de mim sem que desencadeassem todo esse pânico.

Não pense nisso agora, Ange! Depois de me vestir com um jeans folgado e uma blusa branca me olhei no espelho e suspirei ao me ver tão pálida e não ajudava meus cabelos estarem molhados... eu estava parecendo uma doente terminal. Passei um pouco de maquiagem só para melhorar o astral enquanto ainda ouvia as vozes em minha sala, não conseguia entender o que diziam, mas não pareciam discutir o que já era um bom começo.

Satisfeita com o pouco de cor que consegui colocar em meu rosto eu fui até a porta de meu quarto, mas não saí... talvez eu estivesse com medo de como Davi me olharia agora que sabe que minha família se tornou quase totalmente de criminosos e que sou muito mais fodida por dentro do que ele poderia imaginar.

– Você tem que enfrentar isso, e tem que ser agora! – digo a mim mesma limpando a garganta, inspirando fundo e tentando andar o mais tranquilamente que eu conseguia até minha sala, mas antes que eu pudesse chegar, Vince vem até mim se enroscando em minhas pernas até que o peguei erguendo-o até meu rosto e ele lambe a ponta de meu nariz me fazendo rir um pouco ao pensar que talvez fosse um pedido de desculpas – é, a culpa foi praticamente sua – digo trazendo-o ao meu peito enquanto ele apenas encaixou sua cabeça entre meu pescoço e ombro começando a ronronar me fazendo revirar os olhos. – seu pequeno trapaceiro... – murmuro no momento em que finalmente estou saindo do pequeno corredor e todos os três olham surpresos em minha direção, meu coração erra uma batida e volta acelerado quando Davi é o único que se move e com as sobrancelhas franzidas e o olhar sério e preocupado vem rapidamente até mim sem que eu conseguisse me mover ou dizer qualquer coisa e então ele me abraça, forte... muito forte! Eu me senti absolutamente aliviada que ele não estava correndo para longe, mas... – Davi... sufocando! – murmuro fazendo-o afrouxar o abraço, mas ele não me soltou de imediato e apenas se afastou o suficiente para olhar para meu rosto, Vince não se moveu e nem se abalou com a proximidade de Davi apenas continuou aconchegado em mim.

– Desculpe! – dizemos ao mesmo tempo, mas é Davi quem arqueia uma sobrancelha e inclina a cabeça levemente para o lado me fazendo suspirar, não sei se feliz ou ainda frustrada, porque eu tinha uma ideia do que ele estava prestes a dizer – e está se desculpando por quê...? – ele pergunta como imaginei que faria.

– Por ter surtado, você me disse para parar e me acalmar e eu não o ouvi e ai...

– E ai que você precisava dizer aquelas coisas, Ange... não tem que se desculpar quando a culpa não é sua. – diz me interrompendo, ele parecia mais calmo agora e mesmo depois de tudo me olhava exatamente como antes, não havia nenhuma repulsa ou receio... era apenas meu Davi com meu brilho particular.

– Mas você teve que passar por tudo aquilo outra vez e eu sinto muito...

– Você odeia essas palavras! – diz me interrompendo outra vez abrindo um pequeno sorriso sarcástico no canto da boca me fazendo olhá-lo incrédula... ele estava mesmo agindo como se não tivesse acontecido nada demais!? Eu estreitei meus olhos para ele avaliando com mais cuidado cada linha diferente em sua expressão, mas ele parecia sinceramente... calmo! – você dividiu um pouco da sua vida comigo, como havíamos combinado, isso não muda nada, Angela, eu ainda vou ficar aqui com você, não importa o que! – diz me roubando um beijo rápido de lábios fechados antes de abrir um sorriso bonito me fazendo olhá-lo como se ele é que tivesse enlouquecido.

– Você ouviu tudo o que eu disse, não é? – pergunto fazendo-o rir um pouco dessa vez.

– Cada palavra. – diz ficando um pouco mais sério.

– Ok, só para ter certeza de que você é mesmo um louco. – digo sem conseguir entender como Davi simplesmente aceitou tudo sem nem ao menos parecer receoso.

– Um louco por outro, por isso que combinam! – era Chris abrindo sua enorme boca indiscreta, Davi ri enquanto eu inclino minha cabeça para vê-la ajoelhada em meu sofá nos observando com seu sorriso largo estampado no rosto enquanto Lance balançava a cabeça ao seu lado, só que ele estava sentado como uma pessoa descente.

– Obrigada, Chris! – digo irônica fazendo-a piscar para mim e eu lhe mostro a língua antes que pudesse me impedir.

– Madura como sempre, Ange! – debocha ela se levantando do sofá, eu bufo irritada.

– Vejo que você já está muito bem. – diz Davi chamando minha atenção de volta para ele que tinha a sobrancelha arqueada novamente um misto de diversão e seriedade em sua expressão e em seus olhos.

– Estou sim. – digo abrindo um pequeno sorriso de desculpas.

– Então, o que vai fazer com os diamantes? – pergunta Chris me fazendo franzir o cenho imediatamente.

– Chris! – dizem Lance a Davi ao mesmo tempo no mesmo tom de repreensão.

– Me desculpe... que isso gente!? – murmura ela, Davi parece ficar irritado, mas então sou atingida pela solução perfeita para todos os problemas da empresa.

– Os diamantes! – digo me sentindo realmente animada, Davi me solta confuso quando me afasto de seu abraço, deixando Vince sobre uma das poltronas floridas, vejo o documento que meu pai fez ainda sobre a mesa de vidro onde estava, também, às bonecas quebradas e minha caixa de joias de madeira clara envernizada e veludo em preto por dentro eu havia tirado as repartições de dentro para colocá-los, mas eu não peguei a caixa. – eu sei exatamente o que fazer com eles – digo sorrindo satisfeita enquanto os três me olharam confusos. – vocês viram o quanto valem? – pergunto batendo uma mão no documento – é mais do que suficiente para cobrir os desvios dos italianos e das contas de Chicago!

– De jeito nenhum! – dizem os três ao mesmo tampo me fazendo fechar a cara.

– Esses diamantes são seus, Ange – diz Davi vindo em minha direção – não vou permitir que...

– Exatamente Davi, são meus! – digo interrompendo-o – mas eu não os quero, essas coisas arruinaram minha vida e não vejo como poderia aceitar viver com isso...

– Mas Ange... – Lance também se levanta dessa vez tentando se aproximar de mim como se eu fosse algum tipo de animal selvagem, eu reviro os olhos para os três que pararam em fila lado a lado a minha frente!

– Você sabe o que essas pedrinhas significam pra mim Lance, nada mais justo do que elas salvarem a P&C e todas as pessoas que isso envolve – digo olhando para Davi e por fim Chris e sua barriga então ela pula sobre mim em um abraço... mais um apertado! – Chris você também sabe sufocar. – sussurro fazendo-a me soltar.

– Angela, eu entendo, mas... – Davi segura em meus braço me girando para que estivesse frente a ele.

– Mas eu posso fazer o que eu quiser com esse dinheiro todo, eu não quero e nem preciso dele, mas a sua família e os Parker precisam...e nada do que fizer ou disser vai me fazer mudar de ideia, porque eu sou uma teimosa arrogante! – digo cruzando os braços ainda com o documento na mão, arqueando uma sobrancelha absolutamente convicta da minha decisão, vejo quando Davi tenciona seu maxilar e até solta um rosnado baixo com seus olhos adquirindo um brilho que eu conhecia bem e não era por que estava furioso... pelo contrário...

– Lance, vem comigo... – ouço Chris dizer em algum lugar atrás de mim, mas eu estava perdida demais no brilho lascivo nos olhos Davi que estavam aquecendo cada parte de meu corpo num velocidade impressionante e quando percebi estava começando a ficar ofegante...

– Mas o que...

– Só vem! – diz ela um pouco irritada e foi ouvirmos o som da porta se fechando para que eu jogasse o papel atrás de mim e estivesse com meus braços ao redor do pescoço de Davi e ele estivesse com os seus ao meu redor me puxando e me prendendo contra ele e sua boca estava na minha me beijando no estilo Davi.

****

Eu estava deitada parcialmente sobre Davi, meu peito e meus braços sobre o seu peitoral firme e meu queixo apoiado em minhas mãos, mas minhas pernas estavam para o outro lado.

– Você realmente não se importa? – pergunto depois do nosso longo momento em silêncio para acalmar nossos batimentos cardíacos e a respiração, Davi franziu as sobrancelhas confuso descendo seus olhos bonitos para os meus – com o que aconteceu... você sabe todo aquele momento...

– Eu me importo sim – diz me interrompendo quando ergueu as sobrancelhas finalmente me compreendendo, afinal... ele ainda estava aqui, acabamos de ter um bom sexo... muito bom na verdade... mais do que isso... enfim, mas o que me deixa encabulada é que meus ataques de pânico não mudaram a forma como Davi me olhava ou... bom, não mudou nada! Eu deveria me sentir feliz com isso e eu me sinto, muito... ou me sentia até ele acabar de dizer que se importa e me dar um olhar todo sério, todo meu corpo ficou um tanto tenso ao pensar que ele talvez fosse embora agora... – me importo com você! – diz finalmente se sentando e me levando junto me acomodando em seu corpo quente e tão confortável, não consegui impedir o pequeno sorriso que se abriu quando Davi afastou meu cabelo de meu rosto e o segurou com as duas mãos – por isso eu quero cuidar e proteger você! – diz sorrindo também antes de me dar um beijo rápido de lábios fechados.

– Cuidar e proteger? – pergunto arqueando uma sobrancelha ainda que sentisse meu corpo todo se aquecer um pouco mais pela forma sincera com que disse isso.

– Exatamente! – diz imitando minha expressão e até estreitou os olhos como se esperasse que eu fosse dizer mais alguma coisa, mas eu só fiquei ali presa em seus olhos brilhantes e hipnotizantes... – não vai ser a teimosa de sempre e dizer que não precisa? – pergunta com humor, mas podia ver que estava mesmo um pouco surpreso o que me fez rir.

– Não, parece uma ótima ideia para mim! – digo envolvendo meus braços ao redor de suas costelas e apoiando minha cabeça em seu ombro deixando meu rosto em seu pescoço apertando-o um pouco e Davi só devolve o abraço com um pouco mais de força. Eu não poderia continuar lutando contra a vontade de tê-lo por perto... cuidando de mim e sempre me sinto protegida quando está por perto, não tenho mais pra que brigar sobre isso.

– Obrigado! – diz beijando o alto de minha cabeça logo depois, mas eu ergo meus olhos para os seus, surpresa.

– Pelo que? – pergunto fazendo-o abrir aquele sorriso largo que faz as borboletas em meu estômago se agitarem.

– Por me deixar entrar e... ficar. – diz me deixando alguns segundos sem palavras ao pensar nas que acabou de dizer... Davi nem pediu para conseguir seu lugar em meu coração, mas ele realmente o tinha há algum tempo, embora eu sempre quisesse expulsá-lo foi uma batalha perdida, então eu não deixei nada, ele simplesmente chegou e pronto, esse pensamento me fez sorrir antes de me erguer só um pouco para poder beijá-lo...

Mas quando nosso simples beijo estava se tornando algo mais quente um som exagerado de um telefone vibrando no chão do meu quarto acabou com nosso clima, porque Davi simplesmente se afastou com sua expressão mudando completamente ao sair da cama, ele estava sério e... tenso outra vez e piorou quando ele encontrou seu celular no meio de suas roupas no chão e viu quem ligava, ele desligou e recolheu suas roupas se voltando para mim, ele parecia... com raiva também, foi uma mudança e tanto apenas por uma ligação que ele nem atendeu... um frio desceu por minha espinha ao pensar em quem poderia ser e senti meu estômago revirar ao pensar em Homeo! Ele deixou o telefone sobre minha cama e começou a se vestir enquanto falava – ainda temos que ir para o meu apartamento e discutir sobre... – ele fez uma pausa fazendo uma careta como se não gostasse do que fosse dizer a seguir – sua doação, talvez teremos que chamar os outros...

– E você ainda vai me explicar o que está acontecendo, lembra? – interrompo me sentindo um pouco irritada com o tom sarcástico com que falava, Davi pareceu querer discutir por um momento como se quisesse mudar de ideia sobre isso, mas eu cruzei meus braços em minha expressão de teimosia incluindo até um pequeno bico e acho que foi o que fez Davi rir mesmo que nervosamente e terminar de se vestir com uma agilidade surpreendente.

– Sim, você não me deixaria esquecer – diz ainda um pouco sarcástico – se vista – comanda pegando o celular de volta – eu tenho que fazer uma ligação – continua sem olhar para mim enquanto já digitava alguma coisa – te espero lá embaixo – e Davi já estava na porta, mas antes de sair definitivamente se virou parcialmente para mim – diga a Baker que vamos precisar dele! – e então se vai se voltando para seu telefone com aquele olhar frio.

– Eu espero mesmo que me dê uma explicação Collins, ou eu vou arrancar ela de você... – murmuro comigo mesma enquanto me levantava ainda um pouco irritada com todo esse vai e vem dos humores de Davi.

*****

Eu estava na biblioteca no apartamento de Davi me sentindo nervosa e... solitária. Ele ainda precisava falar com quem quer que seja e estava em seu escritório em algum lugar perdido nesse apartamento enorme, enquanto eu vagueava em sua biblioteca hora lendo alguns dos títulos dos livros nas estantes, hora olhando pela imensa parede de vidro para a Nova Iorque iluminada e linda como sempre... mas andar dessa vez não estava ajudando a fazer meu nervosismo misturado com ansiedade e mal pressagio passar.

Então eu olhei em volta e através das paredes de vidro, mas não havia nem sinal de Davi, e meus olhos foram para o piano, então me sentei ao piano passando levemente meus dedos sobre as teclas brancas sem conseguir evitar tocar uma ou duas fazendo o som parecer mais alto do que o normal pelo silêncio, mas sorri quando quase que sozinhos meus dedos começaram a encontrar as teclas e as notas certas como se estivessem seguindo alguma partitura, mas que estava apenas na minha cabeça... a que meu irmão e eu criamos e que eu me sinto incapaz de esquecer, mesmo que eu queira. Eu estava envolvida demais tocando para perceber qualquer outra coisa ao meu redor...

– Estou impressionado! – Davi me assusta me fazendo tocar algumas notas graves como em filmes de terror no ápice da tensão, eu ergo meus olhos fuzilando-o, mas ele apenas sorri e se senta ao meu lado tocando algumas teclas aleatórias. – você parecia bastante... ligada no que estava tocando, o que é? – pergunta finalmente olhando para mim, ele parecia tão calmo que me deixou preocupada... ele estava quase soltando fogo pelos olhos quando chegamos e agora ele simplesmente apagou, mas decidi não discutir sobre isso e inspirei fundo antes de responder.

– Algo que meu irmão e eu fizemos quando ainda éramos uma família.

– Entendo... todos eles...? – Davi parecia receoso em me fazer essa pergunta e acho que porque no fundo ele sabia a resposta.

– Todos se foram, sem avós, pais ou irmão e recentemente tio... a única família que eu tenho é Chris e Lance... – digo dando de ombros ainda que não conseguisse evitar me sentir deprimida.

– E agora a minha... – diz envolvendo meus ombros com seu braço me puxando para mais perto – e não adianta dizer qualquer coisa, independente de estarmos juntos, minha mãe já te incluiu na família há muito tempo. – diz me interrompendo, então eu me calei e apenas sorri me deixando acreditar e sentir o alívio e a alegria que ouvir disso me dava.

– Vai me explicar agora? – pergunto fazendo Davi revirar os olhos já ficando irritado outra vez, mas eu não podia ficar sem entender o que é que estava deixando Davi tão agitado durante quase toda a viagem para Chicago e pior na volta.

– Tudo bem, espere aqui vou tentar te explicar tudo antes que os outros cheguem.

********

Davi voltou para a biblioteca com alguns envelopes nas mãos e ele estava extremante sério e tenso, me deixando apreensiva e com o coração acelerado a ponto de ouvi-lo dentro de minha cabeça, eu continuava sentada perto do piano, mas de costas para ele.

– Eu não quero que fique tão preocupada, Ange... eu não queria que soubesse sobre isso, mas você é a mulher mais teimosa que eu conheci então...

– Me dê isso logo! – exijo estendendo a mão para os envelopes sentindo a ansiedade me deixar irritada, Davi se senta ao meu lado e me entrega os quatro envelopes já abertos sem qualquer coisa escrita a não ser o nome Davi Collins digitado em itálico.

– Era Eleanor na ligação mais cedo... dizendo que havia chegado mais uma dessas cartas... – Davi se cala quando tiro um pequeno cartão, como os de convites de casamento, dobrado e quando abro havia apenas duas linhas digitadas com uma fonte bonita usada também em convites de casamento, mas foi o que eu li que fez o sangue esvair de meu rosto e gelar meu corpo.

'Davi Collins tem alguém!

Não por muito tempo!'

Era obviamente uma ameaça... não a Davi, mas a mim! Eu não consegui dizer nada enquanto olhava para as palavras como se não fossem reais... mas eu inspirei para tentar oxigenar melhor o cérebro e deixando o cartão de lado peguei o próximo sentindo os olhos de Davi em mim, mas eu não podia olhá-lo agora... era o mesmo cartão com as duas linhas...

'Não veja como uma ameaça, mas um conselho...

Você não tem de ficar com ela, é mais para a sua segurança que a dela!'

Sem deixar que minhas mãos paralisassem ou começassem a tremer peguei o terceiro envelope.

'Mais um conselho:

Cuidado com o que atrai para si Collins. Mas eu poderia facilmente livrá-lo do perigo!'

Ao pegar o último Davi segurou em meu pulso, mas eu apenas me soltei me sentindo ferver por dentro, eu não estava preocupada e nem com medo... eu estava borbulhando furiosa e tentei não rasgar o último cartão quando o abri.

'Agora um aviso:

Cuidado Collins, a mente dessa mulher é mais perigosa do que parece...

e algo que oferece perigo precisa ser destruído!'

Destruído? Uau! – penso com sarcasmo revirando os olhos comigo mesma. Eu sinto vontade de rasgar cada cartão estúpido desse e ir até aquela maldita Homeo e fazê-la engolir cada pedacinho, mas eu não o faço, eu só me levantando começando a andar de um lado a outro sentindo que precisava extravasar minha fúria de alguma maneira... eu precisava tanto socar alguma coisa, de preferência a cara bonita daquela vadia.

– Eu vou matá-la... – murmuro comigo mesmo apertando minhas mãos fechadas andando sem controle sentindo que minhas costas estavam ficando tensas e estava absorta demais em minha fúria descontrolada para perceber Davi se aproximando e só o senti quando ele estava a minha frente e envolveu seus braços com força ao meu redor, eu lutei um pouco contra seu abraço, mas quando senti meu corpo relaxar eu só afundei meu rosto em seu peito tentando respirar com mais tranquilidade.

– Não era essa reação que eu esperava... – diz Davi se afastando apenas o suficiente para tentar ver meu rosto, eu puxei o máximo de ar que eu podia para meus pulmões antes de erguer meu rosto para ele, Davi parecia confuso e preocupado e percebi uma coisa.

– Você sabe quem mandou esses cartões, não sabe? – pergunto ainda irritada, Davi me encara em silêncio com a expressão ficando completamente em branco, eu reviro os olhos.

– Angela, eu só não...

– Mas eu sim! – digo interrompendo-o imaginando que fosse dizer que Homeo não faria algo assim... outra vez! – não importa o que diga, mesmo que não estejam assinados, o cartão para convite de casamento e a porcaria da fonte das letras já é assinatura suficiente para mim, Davi! Ela ainda não superou que a tenha abandonado, toda essa merda acontecendo com a empresa é um enorme sinal sobre isso e claro que me odeia... onde está o último que você disse que havia chegado? – pergunto e Davi fica ainda mais irritado e tenso fechando completamente sua cara. – Davi...

– Você não precisa...

– Preciso sim! Aliás, há quanto tempo ela vem mandando esses cartões estúpidos? – pergunto me lembrando de como Davi parecia aflito em me deixar sozinha no dia do aniversário de seu pai... talvez fosse por causa deles.

– Semana passada... talvez...

– Então era isso que estava preocupando tanto você? Você não queria "manter os olhos em mim" só porque fui para o Brooklin naquela noite, não é? – pergunto fazendo as aspas com os dedos, Davi passa as mãos nos lados de sua cabeça entre seus cabelos como sempre faz quando nervoso.

– Tudo bem, não era só por isso, mas o que fez ajudou a me fazer ficar ainda mais preocupado com você...

– Certo! – digo interrompendo-o – então... o último cartão, me deixe ver! – exijo pondo as mãos na cintura e encarando com minha expressão determinada, Davi estreita seus olhos para mim e posso ver o brilho furioso neles se acenderem um tanto mais.

– Por que ele é importante depois que já viu esses? – pergunta se levantando pegando os cartões e se aproximando rapidamente de mim.

– Não sei, você o está tornando importante ao se recusar em me deixar ver! – respondo arqueando uma sobrancelha, teimosa.

– Angela! – meu nome sai em um gemido frustrado quando Davi fecha os olhos e passa a mão livre em seu rosto.

– O que há de tão ruim nele afinal? – pergunto pegando os cartões de sua mão – eles não me assustam Davi, eles me enfurecem se percebeu, Homeo com certeza perdeu sua mente por tentar me ameaçar, eu sei que ela está envolvida nessa coisa toda no banco e também sei que ela seria louca o bastante para cumprir essas ameaças, mas eu ainda tenho algo para te contar sobre Bennet que eu não contei, que envolve a P&C! – digo fazendo Davi olhar diretamente em meus olhos surpreso e com as sobrancelhas franzidas. – mas vai ter que me mostrar o último cartão!

***

'Tudo na vida tem um fim até que a própria vida chega ao seu!

Devia se despedir, este é um conselho.

Logo não a terá tão perto, Collins, ela se juntará a Eles, e isso é uma promessa!'

É oficial, se ninguém me impedir eu vou cometer um crime! Eu estava com o último cartão enviado a Davi, ainda em sua biblioteca e se ainda não estava claro que Homeo queria me matar, bom agora ficou iluminado em cada palavra desse cartão. Mas o 'Eles' não deixou de me chamar a atenção e a forma como Davi estava me olhando todo tenso e sério me dizia que ele sabia que eu ia perguntar, bom eu não iria decepcioná-lo.

– Eles? – pergunto irritada, não com Davi, eu nunca lidei muito bem com ameaças e a maior parte dos meus delitos e brigas eram por causa delas na adolescência, agora Homeo estar me ameaçando estava me deixando fora de controle, mas eu tinha que manter essa fúria contida ou não acabaria nada bem essa conversa com Davi, mesmo que ele não tivesse culpa alguma. Davi suspirou uma mistura de cansaço e irritação.

– Isso é... história pra outro momento. – diz passando as mãos pelos cabelos outra vez.

– Envolve ela, não é?... e o nome...? – me calei quando Davi me lançou um olhar furioso, ameaçador e... muito intimidante e eu não fui capaz de me impedir de encolher em meu lugar. – tudo bem, entendi... desculpe! – murmuro fazendo-o suspirar aparentemente tentando se acalmar.

– Então, o que tem que me contar sobre seu tio e o que ele tem a ver com o banco? – pergunta me encarando todo senhor Collins frio e sério pondo as mãos nos bolsos da calça... esperando. Limpei a garganta antes de começar, tentando manter nosso contato visual pra que eu não perdesse o controle, meu coração batia tão alto e depressa que ele estava soando acima dos meus pensamentos me impedindo de achar as palavras certas para começar... – então? – insiste ele, arqueando uma sobrancelha e eu podia ver que estava preocupado e antes que ideia e pensamentos perigosos infiltrassem em sua mente simplesmente deixei que as palavras saíssem na ordem em quisessem...

– Bem, é melhor eu explicar do início, tudo começou com aquelas mensagens que você viu em meu celular... antes daquele dia eu nem sabia que meu tio estava vivo, Bennet queria falar algo urgente e importante comigo e apesar de eu não querer vê-lo, eu fui porque ele mencionou saber sobre a P&C e que queria ajudar... – fiz uma pausa para respirar enquanto Davi continuava calado e sério – por isso Lance e eu fomos nos encontrar com ele no restaurante e lá ele me contou que o sujeito responsável pelos desvios havia entrado em contato com ele...

– Um momento! – Davi estava surpreso como eu esperava que ficasse – por que seu tio?

– Simplesmente porque ele é meu tio! Aparentemente o sujeito me odeia exatamente como Homeo – enfatizo – e pediu que meu tio viesse atrás de mim e tentasse me enlouquecer com ameaças e extorsão e prometeu a ele uma quantia em dinheiro pra fazer isso e contou ao meu tio que tinha conseguido muito quando roubou a P&C em seu plano de vingança contra a sua família, o que coloca os Parker no lugar errado infelizmente...

– Isso é loucura... – murmura Davi de repente perdido em pensamentos, mas eu ainda não havia acabado.

– Eu sei, mas é agora que é a parte importante – digo chamando sua atenção de volta para mim – meu tio aceitou a proposta do sujeito...

– É claro que aceitou...

– Calma ai! – digo quando Davi parecia estar evoluindo para o senhor furioso depressa – ele aceitou para manter contato com o sujeito e ajudar o FBI...

– Ajudar o FBI? – sua pergunta soou sarcástica e ainda furiosa e eu não sei se contar a ele vai acalmá-lo ou piorar tudo... a certeza de que ele vai gritar comigo só aumenta quando vejo seus olhos adquirindo aquele brilho ameaçador quando as peças vão se encaixando em sua cabeça...

– Sim, ele mostrou a carta aos policiais porque queria me ajudar depois de tudo o que fez com minha família e essas coisas, mas aí imediatamente o FBI entrou no meio e estão investigando o banco, os italianos e o sujeito desde então...

– O banco? – Davi estava com certeza à beira de um ataque de fúria e eu estava tentando a todo custo tentar parecer calma mesmo que estivesse meio trêmula – e os italianos?

– É... o FBI está atrás deles há anos e achou essa uma oportunidade e tanto para pegá-los...

– E você sabia disso esse tempo todo... – essa era a frase que eu estava temendo desde que comecei a contar, eu podia ver como estava magoado e isso me trazia as piores das sensações. – e não me contou nada!?

– Eu não podia! Fui proibida de contar qualquer coisa a qualquer um de vocês... Mike, Parker... você... era, bom ainda é uma investigação completamente sigilosa e meu tio só me contou porque eu poderia realmente enlouquecer se não me contasse o que estava acontecendo...

– Mesmo? – ele soa com sarcasmo e então começa a andar de um lado a outro passando as mãos pelos cabelos e pelo rosto parecendo um pouco perdido... eu me sentia culpada que não tenha contado à ele antes, me sinto como se o tivesse traído mesmo que meu silêncio foi para a sua segurança e a do banco...

– Davi – chamei, mas ele nem me deu ouvidos, então tentei mais três vezes até que ele parou de andar e me encarou com os olhos estreitados, brilhantes e intimidantes. – tem mais...

– Tem como piorar? – pergunta dando um passo em minha direção, mas parou quando por impulso dei um para trás, acho que algo em minha expressão fez Davi suspirar para tentar se acalmar e quando ele fez um sinal com a mão pra que eu falasse, foi o que eu fiz.

– Bennet disse que há agentes infiltrados no banco e que recentemente descobriram que há um membro das famílias envolvido com os desvios...

– Só pode ser brincadeira! – diz soltando uma risada sem qualquer humor e até um pouco assustadora. – por que alguém da minha família ou dos Parker fariam algo assim? Isso não está acontecendo...

– Eu acredito que seja Marcus... – soltei antes que pudesse me impedir e eu também não queria, aquele homem está me incomodando há dias e eu não podia mais guardar isso para mim, Davi me olhou incrédulo... como se eu estivesse louca e estava prestes a dar suas razões para não acreditar em mim, mas quando contei o que aconteceu na pequena sala quando preparava os cafés e a forma como me encarou na casa de seus pais no aniversário de George, eu precisei literalmente pular sobre Davi para impedi-lo de sair e ir a casa de Marcus para matá-lo como dizia que iria fazer ao sair as pressas da biblioteca. Ao menos consegui contar tudo que sabia a ele, finalmente pude tirar esse peso dos ombros, agora Davi sabia tudo o que estava acontecendo... só tínhamos que achar um meio de consertar tudo o que Homeo fez.

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