SALVA PELO CHEFE (COMPLETO)

By rivanialima

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*Ainda não seu sei manterei essa capa, mas gostei, então vou mantê-la por enquanto.* + Vou voltar a postar al... More

AVISOS
PRÓLOGO
SINOPSE 2
A FOTO
FURIOSO
INCOMPETENTE?
O BEIJO
PEQUENO ESCLARECIMENTO
A DESCOBERTA
DAVI
FEVER
SEM CONTROLE
O DIA SEGUINTE
CALLEB?
[CORREÇÃO DE CAP.]QUASE UMA NOVELA E UM BEBÊ
[CORREÇÃO DE CAP.] FAÍSCA
O APAGÃO
CONFISSÃO
UMA 'QUENTE' NOITE DE CHUVA
I'M BACK
UMA SENSAÇÃO RUIM
MENSAGENS
PÉSSIMA MENTIROSA
A REUNIÃO
Correção (n é capitulo)
QUEM É B?
ESTOPIM
SEMI NU E COM TESÃO
DAVI
MARCAS
NÃO HÁ COISA ALGUMA... não pode haver...
FUGINDO
O BAILE parte I: Preparativos
ODEIO VOCÊ
O BAILE: preparativos parte II
DAVI
UMA DANÇA E UM BADBOY
MEU BALSAMO?
SITUAÇÃO DIFÍCIL
UM POUCO DE DIVERSÃO
DANÇA COMIGO AGORA?
O BAILE parte II: Escandalos
SEM PERGUNTAS
NÃO VOU DESISTIR
AT LAST
CONVERSA INTERESSANTE
Água ou Fogo?
AMOR OU MEDO?
[CORREÇÃO] A LIGAÇÃO
[CORREÇÃO] MELHOR REMÉDIO
QUEM ESTÁ FALANDO EM AMOR?
ENCONTRO MARCADO
AGENTE DUPLO?
ADIAMENTO (NÃO É CAPITULO)
VAMOS COMPENSAR ISSO, ENTÃO!
B de BENNET
NÃO QUERO QUE VÁ EMBORA
NÃO QUERO SER DE MAIS NINGUÉM
ESCLARECIMENTOS
CONFIDENCIAL
INUTILIDADE
Pequenissímo aviso
Seria covardia de minha parte?
Algumas informações... importantes
UMA CONVERSA COM MARIA
NÃO É CAPITULO
TROCA DE E-MAILS
EU O AMO
EU A QUERO
CÂMERAS DE SEGURANÇA
HAUNT
EXPERIÊNCIA
MAIS ERROS QUE ACERTOS
FOI A TEQUILA
SINTO MUITO: parte I
SINTO MUITO parte II
Clichês
CONVERSA NO ESCURO
DECISÃO MENOS ERRADA
HEREDITÁRIO
Ele é meu
RECONCILIAÇÃO
TROCA DE INFORMAÇÕES
CORRESPONDÊNCIA
NAMORADA
INSIGHT
BAILARINAS
CONVITE À AMEAÇAS
TRANSAÇÕES
DEDO NO GATILHO
INTERROGATÓRIO
LONDRES
REVELAÇÕES parte I
DOMINGO DECISIVO
FLÓRIDA
PRECISO FAZER SOZINHA
LIBERTAÇÃO
REVELAÇÕES parte II
UM ENCONTRO DE VERDADE
PEDIDO DECENTE
EPÍLOGO
BÔNUS
Bônus 2
LIVRO POSTADO

RESULTADOS DEVASTADORES

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By rivanialima

 'Ange'

Davi ficou um pouco surpreso quando a recepcionista me reconheceu, porém eu não dei nenhuma explicação e ele também não fez questão de pedir alguma, mas não foi eu que conseguiu um exame de emergência, claro que não. Eu não sou uma Collins e mesmo que eu seja uma paciente registrada aqui, eu não tenho um plano ridiculamente caro de saúde e a mesma influência que um Collins.

Eu estava tentando me manter sob controle enquanto Davi falava com uma jovem enfermeira, ele estava com as sobrancelhas franzidas e parecia tão concentrado enquanto falava, que imaginei o que ele realmente estava dizendo a ela, o notei um pouco tenso também enquanto eu me mantinha encostada a uma parede com os braços firmemente cruzados vendo o movimento de enfermeiros e alguns pacientes, tentando distrair minha cabeça.

Eu não posso acreditar que ele realmente me trouxe a um hospital! Quando foi que eu perdi minha vontade própria!? O que é que está acontecendo comigo, afinal? Não posso deixar que faça isso comigo... mas acho que não seria muito sábio armar uma discussão agora, não preciso de ainda mais instabilidade emocional, mas não consigo deixar de me sentir com raiva, frustrada e com medo.

– Senhorita Winey? – pergunta a mesma jovem enfermeira com quem Davi falava, eu ergui meus olhos para ela e franzi o cenho ao perceber que Davi não estava por perto, ela abriu um pequeno sorriso que não me convenceu, pois seus olhos castanhos escuros transmitiam um pouco de hostilidade que me fez querer rir, mas uma para a lista interminável de conquistas de Davi – o senhor Collins foi cuidar de alguns papéis, você pode me acompanhar até a sala para fazermos a coleta para o exame, por favor? – pede ainda com o mesmo sorriso.

– Eu tenho alguma opção? – pergunto fazendo-a franzir as sobrancelhas e me olhar como se estivesse ficando maluca. – foi uma pergunta retórica, esqueça, só me mostre o caminho. – digo estendendo a mão, ela acena levemente com a cabeça e segue a minha frente, depois de dois passos eu paro e olho para trás... eu ainda posso sair daqui antes que Davi possa saber que eu fiz. Prefiro enfrentar sua fúria fora de um hospital do que aqui dentro. Inspirando profundamente dou meia volta para esbarrar num muro quente e com um perfume familiar...

– Onde pensa que vai? – pergunta e eu fecho os olhos expirando com força quando minha vontade era de socá-lo.

– Lugar nenhum – murmuro sem sequer erguer os olhos para Davi voltando a girar e perceber a enfermeira me esperando um pouco impaciente, eu a fuzilo com meu melhor olhar furioso e ela recua um pouco, mas estou nervosa demais para me sentir orgulhosa por isso – você não precisa vir! – digo sem olhar para trás quando sinto Davi me seguindo.

– Claro que... – eu o interrompo quando volto a me virar para encará-lo e até mesmo ele recua diante do meu olhar, com certeza, bastante hostil.

– Você já me trouxe na porra desse hospital, então apenas fique longe de mim pelo tempo em que estivermos aqui. – digo me esforçando para não gritar e ignorar sua expressão um tanto sombria e volto a lhe dar as costas antes que pudesse responder e me apresso passando pela enfermeira sem dar a ela um segundo olhar, afinal eu já sabia onde era a tal sala e não me dei o trabalho de usar o elevador, então apenas fui pelas escadas.

*****

A raiva foi se dissipando para ser substituída pelo desespero quando eu me vi sozinha no banheiro com o pequeno bastão que a enfermeira me deu. Droga eu estava mesmo fazendo isso. Eu pedi que não deixassem Davi entrar em nenhum momento na sala e que se ele insistisse eu iria embora, mas estar sozinha não está ajudando. Minhas mãos estavam ainda mais trêmulas e minha respiração começou a ficar difícil e alta. Eu não posso fazer isso.

– Acalme-se! – digo a mim mesma tentando inspirar e expirar mais devagar. – vamos lá, Ange... você sabe qual será o resultado, não precisa ficar nesse desespero todo – tento me convencer, mas fecho os olhos encostando a cabeça contra a porta sentindo meu estômago girar e minhas pernas fraquejarem. – vamos logo com isso sua covarde. – murmuro para mim mesma e decidida a deixar toda essa tensão de lado, faço o que tenho que fazer.

Quando saio do banheiro não é mais a enfermeira que está me esperando na sala, mas o meu médico, um senhor nos seus cinquenta e tantos anos, cabelos escuros e encaracolados e na verdade estavam quase com todos os fios brancos e olhos também escuros e sempre com um ar meio irônico, mas ele é um bom médico e é isso que importa. Ele estava sentado do outro lado da mesa e ergueu seus olhos acima dos óculos de armação pequena e redonda e arqueou uma das suas sobrancelhas grossas para mim e eu apenas reviro os olhos.

– Doutor Martinez – digo em tom de cumprimento.

– O que significa isso? – pergunta assim que me sento deixando o pequeno bastão branco sobre a mesa.

– Eu não sei exatamente, mas aparentemente estão olhando para mim e vendo a palavra grávida escrita na minha testa. – digo sarcástica e dando de ombros fazendo-o segurar um sorriso sem muito sucesso, eu sentia meu coração ainda bater rápido e forte na minha garganta quando ele apenas balançou a cabeça e pegou o bastão que eu havia deixado em sua mesa enquanto ainda não aparecia o resultado, ele deu uma olhada e senti meu corpo todo gelar quando voltou seus olhos para mim logo depois como se o teste não fosse uma coisa muito importante, eu sinto que tudo ao meu redor simplesmente parou quando mantive meus olhos no pequeno objeto em sua mão...

– Vamos fazer um exame completo já que está aqui e não aparece já faz algum tempo, o senhor Collins quer ter todas as certezas aqui, parece que esteve doente e desidratou com a bebedeira de ontem – fiz uma careta com as informações que foram repassadas a ele, e para o olhar de repreensão que está me dando – então teremos que colher um pouco de sangue também... – ele suspira quando pisco para ele com uma ingestão difícil de ar. – eu sei que você detesta agulhas, mas teremos de fazer... podemos fazer uma ultrassonografia e os testes que já conhece só para saber se algo realmente mudou e...

– Tudo bem! Vamos fazer toda essa... essa... vamos fazer isso de uma vez! – digo me sentindo um pouco impaciente, ele apenas acena com a cabeça e então se volta para meu testa e franze as sobrancelhas e acho que estou começando a realmente sufocar... droga eu vou vomitar outra vez.

****

– Não quer mesmo que ele entre? – pergunta Martinez me ajudando a me levantar da maca, estava vestida apenas com aquelas camisolas de hospital ridículas depois que fez todos os exames possíveis e existentes, agora sou completamente ciente de como é todo meu útero por dentro. Davi Collins com certeza vai se arrepender por isso! Eu apenas aceno negativamente com a cabeça me sentindo um tanto letárgica como se tivesse sido anestesiada – tudo bem, pode se limpar e se trocar e leve o tempo que precisar, os resultados ainda vão levar alguns minutos e não se preocupe, Collins não os verá antes de você. – diz, eu apenas aceno com a cabeça evitando olhar para seu rosto.

Eu não sei quanto tempo levei para me vestir ou por quanto tempo eu só fiquei sentada sobre a tampa fechada do sanitário olhando para o piso limpo e branco exatamente como me sentia. Eu realmente não conseguia sentir nada... ou eu apenas estava sobrecarregada demais e meu cérebro deu pane e eu não consigo pensar nem sentir absolutamente nada. No fim, o próprio doutor Martinez bateu a porta do banheiro perguntando se estava bem.

– Sim, já estou saindo! – digo me forçando a levantar ajeitar o vestido ignorando o fato de que acabara de me dar conta de que não usava calcinha e perceber isso só agora dizia muito sobre como eu estava ficando maluca. Ao sair do banheiro, inspirei profundamente e quando abri a porta, Martinez estava sentado em sua mesa com alguns papéis sobre ela, eu me apressei em me sentar a sua frente tentando manter minha calmaria. Ele ajeitou os óculos em seu nariz e suspirou erguendo seus olhos escuros para mim... e lá estava aquele mesmo olhar de sempre, o mesmo com que me encarou quando viu a única linha em vermelho aparecer no bastão.

– Sinto muito...

– É claro que sente! – bufo com minha calmaria sendo abalada quando uma grande onda de desapontamento e dor veio sobre mim. Eu não devia me sentir assim, afinal eu já sabia... mas ainda não consigo afastar a decepção... até mesmo um pouco de raiva. Aqui estava eu passando pela mesma merda de sempre... e eu mal podia acreditar em mim mesma quando percebi que eu realmente queria que o resultado fosse diferente, eu queria tanto que agora eu só conseguia sentir o mesmo vazio que senti quando descobri que não podia ter filhos...

E agora aqui estava eu graças ao bastardo do Davi, me sentindo uma merda! Eu cheguei a pensar que estava bem com minha esterilidade já que eu realmente não planejava ter filhos, mas aqui agora olhando para os papéis sobre a mesa de Martinez descobri que eu não estou nada bem, nunca estive e talvez nunca vá estar! Tenho que agradecer a Davi por isso também... aquele filho da puta! Eu poderia mesmo matá-lo agora!

– Então, nada mudou não é? – consigo perguntar erguendo meus olhos para ele.

– Bem... – diz num suspiro alto – aparentemente não...e tem algumas coisas que tenho de dizer, esses exames todos me dizem que você não anda muito bem...

– Certo! Eu posso ir embora agora, não é? – pergunto me levantando sentindo aquele bolo de emoções se instalarem em minha garganta... é doutor, eu não estava nada bem!

– Angela, espere! – diz Martinez segurando meu pulso me fazendo sentar novamente lutando contra a vontade quase forte demais de chorar e de socar alguma coisa. – queria alertar você e dizer para se cuidar e evitar tanto estresse – eu queria perguntar a ele como sabia e que seria impossível evitar qualquer estresse com Davi por perto, mas ele se adiantou – mas quero dizer outra coisa que pode te interessar, eu nunca disse, por que você também nunca me perguntou e entendi que não estava muito interessada, mas apesar da sua situação ser um tanto complicada, não quer dizer que não poderia ter acontecido...

– O que? – choque me percorreu quando meus olhos se voltaram para meu médico que me olhava de um jeito estranho, quase como se quisesse sorrir. – não é engraçado...

– Não, não é! Desculpe, mas você precisa entender que seu problema é que você não é capaz de produzir óvulos maduros o suficiente para gerar um bebê, pode ser genético ou apenas uma questão hormonal ou até mesmo psicológica, a questão aqui é exatamente essa, não dá pra saber onde está o problema que causa essa deficiência já que você não...

– Tudo bem doutor, pode ir direto ao ponto, por favor? Não que eu não seja grata pela explicação, eu realmente nunca li ou ouvi qualquer uma das explicações de meu primeiro médico e agradeço que o tenha feito agora, mas e a coisa de poderia ter acontecido!? – pergunto me ajeitando na cadeira apoiando os braços sobre a mesa, Martinez apenas junta todos os papéis sobre a mesa e os desliza sobre a mesa em minha direção.

– Bom, como ainda não podemos saber qual é a causa principal da deficiência, pode acontecer que um ou mais óvulos amadureça o suficiente entende? Não dá pra saber com certeza absoluta, mesmo que possamos dizer que as chances ainda continuam muito baixas, não é cem por cento impossível...

– Quão impossível? – pergunto com uma ansiedade estranha e uma sensação quase animadora demais, mas eu não era capaz de impedir isso, mas Martinez me ajudou a me sentir decepcionada mais uma vez quando sua expressão caiu e aquele olhar estava lá outra vez.

– Uma base de noventa e cinco por certo... eu sin-...

– Sim, eu sei! – digo me levantando – mas de qualquer forma, obrigada! – digo pegando os papéis sobre a mesa sentindo uma ebulição de sentimentos que iam de decepção a raiva numa velocidade rápida demais.

– Mas Angela você nem ao menos quer saber...

– Eu só quero ir embora, doutor Martinez... eu nem deveria ter vindo, porque eu já sabia que... – eu me calo quando minha voz tremeu me denunciando, o doutor fez menção de se levantar, mas eu apenas balancei a cabeça lançando a ele um olhar um tanto frio e ele apenas suspirou e ignorando aquele maldito olhar me dirigi à porta segurando com todas as forças as lágrimas que insistiam em se acumular em meus olhos.

Quando abri a porta inspirei profundamente e engoli, ou tentei, todas as minhas emoções... menos a raiva é claro, e ela cresceu quando eu vi Davi aparentemente atormentando andando de um lado a outro no corredor, mas ele parou quando me viu, seus olhos descendo e subindo por todo meu corpo antes de focar em meu rosto parecendo preocupado... ansioso.

Puxei apenas um dos papéis em minha mão e tentando não matá-lo caminhei até ele enquanto Davi franzia o cenho me avaliando cuidadosamente, eu apenas passo por ele fuzilando-o com toda a raiva que eu estava sentindo agora, batendo a solitária folha com poucas, mas importantes palavras escritas em menos na metade do papel, principalmente a notável palavra Negativo escrita por último, contra seu peito e aparentemente confuso ele segura o papel e eu apenas me apresso em direção às escadas novamente tirando os saltos no caminho, eu precisava manter meu corpo em movimento ou realmente teria um colapso.

Eu lutava fortemente para não chorar enquanto descia descalça as escadas numa velocidade que eu teria considerado perigosa, mas eu, no momento, não estou me importando com mais nada a não ser sair logo desse lugar. Quando finalmente empurro a grande porta com a mão livre e saio no saguão do hospital, tudo o que eu enxergo é a saída. Minha liberdade!

Praticamente correndo atravesso todo o saguão, tendo de desviar de uma ou duas pessoas, sigo apressada descendo as escadas da entrada do prédio, no último degrau volto a calçar os sapatos e não paro mesmo quando sinto as gotas de uma chuva fina bater contra meu rosto, eu não tinha certeza para onde estava indo e não me importava com isso também, eu só queria estar longe de tudo enfiada em algum lugar sozinha onde poderia surtar.

– Angela! – eu não paro quando ouço sua voz atrás de mim. Isso tudo é culpa dele! Eu poderia ter apenas ignorado Chris e deixado esse assunto onde é o lugar dele, bem no fundo do meu subconsciente e escondido onde ninguém poderia mexer, mas não, Davi Collins e sua incrível estupidez tinha que me trazer a um hospital e me fazer ciente do quão ruim é minha situação, do quanto sou... inútil! – Angela, onde você está indo? – no fim de sua pergunta ele já havia me alcançado e seus braços estavam ao redor de minha cintura e ele me erguia do chão me fazendo soltar o restante dos papéis.

– Me coloca no chão, porra! – eu gritei e balancei minhas pernas e meu corpo tentando sair do seu aperto.

– Se você não sair correndo outra vez, eu vou...

– Davi Collins me coloque no chão agora ou vai se arrepender por isso! – digo sentindo meu corpo se aquecer, mais pela raiva descomunal que estava sentindo do que por seu corpo tão junto ao meu.

– Não vai sair correndo?

– Já disse pra me soltar! – digo entre dentes e acho que algo em meu tom o convenceu já que me soltou, assim que meu pés tocaram o chão eu me virei e minha mão estava em seu rosto em um tapa estalado que ardeu em minha mão, mas que deixou o lado esquerdo de seu rosto avermelhado no instante seguinte.

– Quatro... – murmura voltando seus olhos um pouco surpresos e furiosos para mim, mesmo um pouco confusa com o que disse, decide ignorar.

– Nunca mais toque em mim! – digo quando seus olhos estavam nos meus, mas eu o ignorei e ignorei sua raiva, porque ele não sabia o tamanho da minha! Eu peguei meus papéis de volta e lhe dei as costas e voltei a caminhar, quem sabe eu pudesse encontrar um táxi...

– Sinto muito ter de contrariar sua vontade mais uma vez, Angela... não dá pra não tocar você. – diz Davi atrás de mim, mas eu apenas fecho os olhos e tento fingir que nada disso está realmente acontecendo. Eu ouço seus passos atrás de mim e realmente solto um rosnado... será que ele simplesmente não entende que estou o odiando agora? O tapa não foi o suficiente!?

– Já disse pra ficar longe de mim! – digo sem olhá-lo.

– Não posso fazer isso!

– Por que não!? – pergunto soando mais como um choramingo.

– Porque não me sinto capaz de deixá-la sozinha... – ele passou por mim para parar na minha frente, mas eu continuo tentando ignorá-lo como estou fazendo com as suas palavras e desvio de seu corpo para continuar caminhando. – Ange...

– Não me chame assim! – digo entre dentes sem olhar para trás.

– Angela, por favor...

– Por favor peço eu, Collins! – murmuro sentindo que a barreira das lágrimas estava ficando cada vez mais sobrecarregada... – você pode uma vez na vida respeitar uma vontade que não seja a sua!? – pergunto parando para encará-lo, Davi piscou algumas vezes franzindo o cenho logo depois, seus olhos adquirindo uma suavidade estranha e fui incapaz de continuar olhando quando toda aquela emoção, que me deixa abalada e quente por dentro, estava se alastrando por todo aquele azul hipnotizante... eu não precisava disso. Voltei a lhe dar as costas e caminhar engolindo um soluço e piscando para longe uma lágrima que teimava e querer sair.

– Eu sinto muito...

– Sente muito!? – explodo tão de repente que Davi recua um passo quando me viro novamente, eu odeio tanto essas duas palavras... estou cansada delas! – você não sente nada...

– Angela... – seu tom era de aviso, mas quem estava se importando com isso!?

– Não, não venha com Angela! Estou cansada de você e de tudo o que sinto por você! Fique. Longe. De. Mim! – digo as últimas palavras quase em gritos e pausadamente, Davi apenas fechou a cara parecendo um pouco confuso e um tanto mais irritado.

– Você precisa se acalmar... – diz tentando parecer calmo, mas suas palavras estavam surtindo um efeito completamente contrário sobre mim!

– Acalmar? Eu não preciso me acalmar merda nenhuma! Preciso que me deixe em paz!

– Eu não posso deixar você sozinha, principalmente agora que está alterada desse jeito... não quero que faça nenhuma besteira outra vez...

– Besteira? Eu vou dizer o que foi uma besteira seu desgraçado, mandão... arrogante de merda... – digo batendo meus papéis contra seu peito a cada ofensa sentindo que a raiva estava crescendo a um nível perigoso... para ele é claro!

– Winey, é melhor parar antes que se arrependa...

– Não vou me arrepender! Eu sempre quis fazer isso, Collins... então aqui vai – digo inspirando profundamente, Davi estreitou seus olhos para mim e eu apenas deixei as palavras saírem carregadas com todas as emoções que eu estava sentindo – Davi Collins, vá se foder! – Davi piscou outra vez surpreso, mas ainda não terminei – eu odeio você! – continuei com as palavras realmente carregadas de sincero ódio. Mas não era somente em relação a ele, era por mim também! Raiva por ter criado esperanças, raiva por... por ser incapaz de gerar um bebê quando no fundo é tudo o que eu sempre quis e por fim raiva por ser como sou, ter os problemas que me impedem de ser alguém 'normal', alguém que poderia fazer Davi feliz... de ser feliz!

Eu não posso fazer com Davi o que minha mãe fez com meu pai e mesmo que eu não seja como ela, minha mente já está danificada o suficiente para afastá-lo quando descobrir que não é capaz de lidar com uma pessoa como eu... como posso não me odiar quando eu sei que sou a única responsável por afastar o único homem que realmente amei na vida!? Imagens de meu pai tendo de segurar minha mãe começavam a inundar minha mente...

– Angela, olhe para mim! – eu notei que estava respirando com dificuldade e que estava perdendo a mente quando Davi segurou meu rosto e o ergueu para encontrar seus olhos sombrios e intensos nos meus. – eu sei que está me odiando agora, eu gostaria de saber exatamente o porquê de toda essa raiva... realmente intensa, então, por favor, venha comigo...

– Isso é uma ordem? – pergunto tentando soar sarcástica, mas saiu mais como um murmuro rouco e irritado, seu toque em meu rosto e seus olhos intensos nos meus estava afastando as imagens que tentavam ocupar minha mente.

– Não, é um pedido, por favor... deixe-me entender você e me desculpar...

– Se desculpar!? – pergunto em meio a uma risada nervosa, Davi uniu suas sobrancelhas e seus dedos firmaram um pouco mais sobre meu rosto.

– Sim, me desculpar... eu sei que agi como um idiota, mas me vi preocupado com você e com o que aconteceria depois, eu precisava saber... tinha que ter certeza...

– Bom – digo interrompendo-o e tirando suas mãos do meu rosto sentindo que Davi estava prestes a partir meu coração em ainda mais partes com o que estava prestes a dizer, eu podia ver a decepção em seus olhos e um pouco de tristeza também e isso fez a dor em meu peito crescer um pouco mais, eu devia imaginar que ele não ficaria nenhum pouco satisfeito se fosse um resultado diferente... – para sua sorte, não estou grávida! – digo tentando não deixar minha voz tremer na última palavra e fiquei levemente aliviada que tenha conseguido. Davi ficou me olhando calado por alguns segundos parecendo não ter entendido o que eu disse.

– Sorte?

– Sim, você pode ficar tranquilo agora, não há nada que prenda você a mim...

– O que? – agora ele realmente parecia surpreso e confuso o que estava me deixando confusa e novamente irritada.

– Como 'o que'? Não era isso que ia dizer? Que precisava ter a certeza de que eu não teria mais nenhum problema na sua vida já cheia demais deles!? – Davi recuou um pouco quando terminei minha pergunta, sua boca se abriu um pouco como se estivesse mesmo surpreso com o que acabei de dizer, mas eu apenas revirei os olhos e tentei me virar e voltar a caminhar, mas as mãos de Davi estavam em minha cintura e então eu estava sendo puxada contra seu corpo e antes que eu pudesse voltar a mandá-lo a merda, uma de suas mãos estava em minha boca e quando voltei meus olhos para seu rosto percebi que ele estava... irritado, muito irritado, furioso na verdade e me lembrava do Davi que vi naquela noite de sábado que estive com meu tio, eu pisquei surpresa e isso me fez ficar quieta vendo como seus olhos se ascendiam realmente furiosos!

– Você sequer ouviu o que eu disse a você, não é? – eu estava balançando a cabeça, mas ele acenou uma vez com a cabeça indicando que eu não devia responder, na verdade que eu não deveria nem mesmo me mover, e mesmo que eu tenha lhe lançado um olhar irritado eu apenas me mantive ainda quieta e ele tirou sua mão da minha boca para envolver mais um braço ao meu redor me impedindo de me afastar.

Eu queria ir pra casa, queria paz, mas eu sabia que se lutasse agora, seria uma luta perdida... e uma parte de mim, a parte apaixonada e esperançosa queria apenas ouvir o que ele estava tentando falar.

– Angela, eu não vou desistir, não importa o que aconteça! – diz me fazendo inspirar com a intensidade de seu olhar e de como suas palavras soavam tão sinceras – você não entendeu de como isso era importante para mim! Eu não disse isso na intenção de fazer entender de que era ruim, eu... – ele se calou e aquela decepção estava lá outra vez me fazendo sentir o coração pesado e a ansiedade e o medo pesarem ainda mais contra meu peito. – eu não fiquei feliz e muito menos aliviado quando vi o resultado, e preciso confessar que eu esperava sim ficar aliviado, mas não foi isso que eu senti...

– O que você está...?

– Só quero que entenda que eu não me importaria se o resultado fosse diferente...

– Como é que é?

– Eu não...

– Não! – digo interrompendo-o quando ele começava a abrir um pequeno sorriso e seus olhos estavam mudando outra vez, para algo menos irritado e mais caloroso, mas eu não podia ouvir... não depois do que o doutor Martinez disse... – eu não quero mesmo ter essa conversa, posso ir pra casa agora, por favor? – pergunto sentindo que estava prestes a chorar. Davi não se importaria!? O que isso quer dizer? Que ele quer um dia? Eu não devia pensar nisso... Davi franziu o cenho me avaliando parecendo um pouco confuso de repente, mas eu apenas suspirei e me esforcei para sair de seu abraço, mas ele me segurou ainda mais forte me fazendo bufar irritada outra vez.

– Eu já disse que não vou deixar você sozinha! – diz ficando completamente sério novamente, voltei a suspirar um tanto frustrada.

– Davi, pelo amor...

– Seria bom evitarmos uma discussão que no fim só vai nos deixar mais molhados e irritados e que por fim eu vou fazer exatamente o que eu quero! – diz me interrompendo e arqueando uma sobrancelha quando eu o encarei um tanto incrédula. Ele está falando sério?

– Você não se cansa de ser tão arrogante? – pergunto tentando me desvencilhar de seu abraço mais uma vez.

– Não, você sabe que isso, já faz parte de mim, agora, pare de tentar se afastar... em todos os sentidos e venha comigo! – diz finalmente me soltando de seus braços e dando um pequeno passo para trás, mas só para prender minha mão livre na sua dois segundos depois e me puxando com ele de volta para seu carro, eu tentei livrar minha mão da sua durante alguns segundos, mas no fim eu estava cansada demais pra continuar com qualquer discussão e o que disse também me deixou um tanto mais abalada. Como vou fazê-lo entender que ele precisa desistir? Será que deveria pedir que lesse de uma vez aquele maldito relatório?

***

Eu estava em silêncio durante a viagem para não sei onde, sentada ao lado de Davi em seu carro segurando firmemente os papéis do hospital enquanto olhava pela janela, a chuva havia cessado, mas o tempo ainda estava escuro e fechado exatamente como meu temperamento.

Davi também não tentou falar comigo, embora sentisse seus olhos avaliadores e preocupados sobre mim constantemente enquanto tudo o que eu queria mesmo fazer era ter meu tempo em meu quarto junto com Vince para chorar já que tenho feito muito isso ultimamente. Eu estava me sentindo magoada com a falta de sensibilidade de Davi, magoada com tudo o que tive de passar outra vez só para ter a mesma notícia... como foi que me permiti ter alguma esperança? Como posso ser tão idiota e inocente a esse ponto? Parece que nenhum tipo de felicidade foi feita para mim e quanto antes eu aceitar isso, melhor.

– Meu Deus, sua melancolia está me deixando realmente preocupado – diz Davi depois de um profundo suspiro enquanto parava em um pequeno e simples restaurante com aparência de ser um ambiente bastante familiar, eu arqueei uma sobrancelha quando virei meu rosto para poder encará-lo e ele me olhava com uma atenção e uma preocupação tão tocantes que minha barreira de lágrimas sofreu mais uma rachadura. Não é justo! Eu o odeio ainda! – eu sinto muito de verdade...

– Por que me trouxe aqui? – pergunto interrompendo-o quando minha raiva sobre aquelas palavras estava de volta, Davi me encarou em um silêncio ainda avaliador por alguns segundos e sabiamente optou por não continuar com o que estava dizendo antes.

– Pra comer, o que mais? – pergunta inclinando a cabeça levemente para o lado, estreitei meus olhos para ele e percebi quando tentava lutar contra um sorriso.

– Por que um restaurante e não seu apartamento? – pergunto cruzando os braços com minha irritação crescendo um pouco mais outra vez.

– Quero que converse comigo e um restaurante é um ambiente neutro onde você não pode simplesmente fugir de mim... e porque está na hora do almoço e precisamos comer! – diz se desfazendo do cinto e saindo do carro antes que eu pudesse protestar. Conversar com ele? Conversar sobre o que exatamente? Se for sobre o que acabou de acontecer ele está muito enganado se acha que não posso fugir dele.

Um instante depois Davi estava abrindo minha porta e soltando meu sinto deixando de repente seu rosto muito perto do meu me fazendo prender a respiração, e juro que vi um pequeno sorriso no canto de seus lábios, mas ele se afastou logo depois e me puxa pela mão me fazendo sair do carro e cair contra seu peito quando tropecei com o salto, seus braços estavam ao meu redor automaticamente e não pude evitar inspirar seu perfume e de sentir aquela mesma sensação de conforto ao tê-lo me segurando... tudo o que eu queria poder fazer agora era abraçá-lo. Deus, como eu precisava só desse abraço... mas eu apenas me apressei em me afastar.

– Tem certeza de que quer conversar comigo? – pergunto soando um pouco sarcástica e tirando suas mãos de minhas costas encarando-o com uma sobrancelha arqueada, Davi franze levemente as sobrancelhas me olhando um tanto desconfiado.

– Sim, tenho...

– Bom, porque geralmente você nem sequer me ouve, não vejo como você pode querer conversar comigo, acho que você entende que conversar implica em deixar a outra pessoa falar e você dar atenção ao que se diz, não é? – pergunto cruzando os braços e encarando-o séria, Davi revira os olhos para mim e depois de balançar a cabeça levemente passa um de seus braços ao redor de minha cintura me puxando para o restaurante.

– Vamos esclarecer algumas coisas Angela, você vai me ouvir e eu vou atentamente ouvir você e então quero levá-la de volta para o meu apartamento, e não é exatamente para trabalhar com contas... talvez sobre elas... – seus olhos se encontraram com os meus no instante que as últimas palavras saíram de sua boca, e neles havia aquele calor que fez um calafrio descer por minha espinha e meu interior se revirar todo...

Mas é um canalha confiante demais, meu corpo traidor ainda reage a isso... droga de situação, não quero ter conversa nenhuma, não quero acabar cedendo no fim, mesmo depois de tudo o que acabou de acontecer... depois de todos aqueles resultados devastadores, eu o queria tão longe quanto o queria por perto e não sei qual dos lados vai vencer hoje.

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