Anne with an e- Corações em j...

By RosanaAparecidaMande

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Anne Shirley Cuthbert foi abandonada ao nascer em um orfanato por sua mãe biológica, mas ela nunca deixou de... More

capítulo 1- Lembranças
capítulo 2- amores do passado
Capítulo 3- sentimentos escondidos
Capítulo 4- Duas almas e um destino
Capítulo 5- Lado a lado com o amor
Capítulo 6- Nestes olhos teus.
Capítulo 7 - Emoções em conflito
Capítulo 8- O amor entre nós
Capítulo 9- Chamas de uma paixão
Capítulo 10- Apenas você
Capítulo 11- Corações apaixonados
Capítulo 12- Esse sonho de amor
Capítulo 13- Quando o coração se apaixona
Capítulo 14- O sentimento que vive em mim
Capítulo 15- Combinação perfeita
Capítulo 16- O que nos separa
Capítulo 17- Revelações
Capítulo 18- Expectativas
Capítulo 19- O que nos une
Capítulo 20- Tudo o que eu quis
Capítulo 21- Tudo o que sonhei
Capítulo 22- Tudo o que somos
Capítulo 23- O que me pertence
Capítulo 24- O tempo é algo relativo
Capítulo 25- O amor que te ofereço
Capítulo 26- Pensamentos proibidos
Capítulo 27- Pensamentos e desejos
Part 28- Provando do pecado
Part 29- O Jogo do amor
Part 30- Caprichos do coração
Part 31- Segredos e Desejos
Capítulo 32- Flertando com o perigo
Capítulo 33- O inesperado
Capítulo 34- Revelando um segredo
Capítulo 35- O incêndio
Capítulo 36- Uma esperança
Capítulo 37- O incêndio parte 2
Capítulo 38- Paraíso particular
Capítulo 39- As duas faces do amor
Capítulo 40- Idas e Vindas
Part 41- O retorno
Capítulo 42- Tudo o que existe entre nós
Capítulo 43- Como no princípio
Capítulo 44- Feliz Aniversário
Capítulo 45- Uma grande surpresa
Capítulo 46- O perigo mora ao lado
Capítulo 47- O inimigo nas sombras
Part 48- Amor e dor
Capítulo 49- As verdades do coração
Capítulo 50- Almas divididas
Capítulo 51- Palavras não ditas.
Part 52- O jardim do Éden
Capítulo 53- Ps: Eu te amo.
Capítulo 54- Eterno amor
Capítulo 55- Sua força em mim
Capítulo 56- Um só coração
Capítulo 57- Sem Regras
Capítulo 58- Sussurros e juras de amor
Capítulo 59- Entre o céu e o inferno
Capítulo 60- Lar
Capítulo 61- A promessa de uma vida
Capítulo 62- Entre as estrelas
Capítulo 63- De corpo e alma
Capítulo 64- Desejo e castigo
Capítulo 65- Ao cair da tarde
Capítulo 66- Vidas entrelaçadas
Capítulo 67- Amor imenso
Capítulo 68- Fogo
Comunicado
Capítulo 70- Sonhos perfeitos
Capítulo 72- Xeque Mate
Capítulo 73- Anjo Ruivo
Capítulo 74- Amor de diamante
Capítulo 75- Para sempre
Capítulo 76- Um Natal para relembrar
Capítulo 77- Tudo o que importa
Capítulo 78- Um grande novo ano
História Nova
Capítulo 79- A segurança dos seus braços
Capítulo 80- Can't take my eyes off you
Capítulo 81- Inesquecível amor
Capítulo 82- O casamento do ano
Capítulo 83- Lua de Mel Havaiana
Capítulo 84- Uma nova vida juntos
Capítulo 85- Inseguranças e Fragilidades
Capítulo 86- Ao nascer do sol
Capítulo 87- O caminho de volta
Capítulo 88- O ingrediente principal
Capítulo 89- Na alegria ou na tristeza.
Capítulo 90- O benefício da dúvida
Capítulo 91- Amor e mágoa
Capítulo 92- Impasse
Capítulo 93- Uma longa noite
Capítulo 94- Sob o mesmo céu
Capítulo 95- Juntos
Capítulo 96- A razão da minha felicidade
Capítulo 97- Alcançando as estrelas
Capítulo 98- Acerto de contas
Capítulo 99- A vida por um fio
Capítulo 100- Garota Extraordinária
Capítulo 101- Na dor
Capítulo 103- The way I love you
Capítulo 104- Reconstruindo sonhos
Capítulo 105- Amor de mãe
Capítulo 106- Um novo tempo
Capítulo 107- Entre a mágoa e o perdão
Capítulo 108- Redescobrindo o passado
Capítulo 109 - Universo particular
Capítulo 110 - Esposa perfeita
Capítulo 111- Paraíso na terra
Capítulo 112- Um futuro cheio de promessas
Capítulo 113- O perdão é a cura da alma
Capítulo 114 - Lucy
Epílogo
Agradecimentos
Prêmios

Capítulo 102- A beleza de Vênus

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By RosanaAparecidaMande


Olá, pessoal. Espero que gostem desse capítulo de corações em jogo, e me deixem seus comentários. Beijos


GILBERT

Gilbert olhava o movimento da rua de sua janela que àquela hora da manhã ainda estava calmo, e em nada se comparava com o zum zum de pessoas no meio da manhã e o ruído de carros que não paravam de circular pelo Centro da cidade. O apartamento onde ele e Anne moravam se localizava em uma área nobre da cidade de Nova Iorque, mas nem por isso escapava do barulho incômodo que se iniciava sempre que a Grande Maçã, como a cidade era conhecida, despertava.

Com uma xícara de café nas mãos, Gilbert fingia estar envolvido por toda a beleza do Central Park que sempre o encantara e que podia ser observado da posição onde ele estava, mas seus pensamentos estavam concentrados em alguém especial que dormia a poucos metros dele, ou melhor, sua esposa tão amada por quem seu coração não deixara se sofrer nos últimos dias.

As pernas de Anne continuavam sem movimentos, o que era esperado do ponto de vista médico, pois a lesão que ela sofrera levaria um certo tempo para cicatrizar, e ela ainda precisaria de fisioterapia para que os movimentos se tornassem normais como antes.

Porém, esperar pacientemente nunca fora o forte de sua ruivinha inquieta por natureza, que odiava depender de outra pessoa, que sempre fizera as coisas por si mesma, que corria de um lado para outro com mil e uma ideias na cabeça, que chegava a deixá-lo zonzo com tanta energia.

Ela estava aprendendo pelo meio mais difícil que teria que aceitar que seu corpo se curasse para que ela finalmente pudesse carregar seus bebês de um lado para outro como sempre sonhara.

Gilbert contratara uma enfermeira para ajudá-la com os bebês com suas necessidades mais básicas pelo menos no primeiro mês, e embora, ela tivesse lhe dado um pequeno sorriso por conta da novidade, Gilbert vira em seus olhos azuis aquela chama que mostrara o quanto ela ficara zangada por ele não ter lhe contado, ou sequer lhe preparado para aquela surpresa. Então, ele esperara pela tempestade que com certeza viria, as palavras ríspidas, as acusações, a raiva, mas estranhamente nada disso aconteceu. Anne se fechou dentro de si mesma, respondendo por monossílabos suas tentativas de conversar, se alimentando minimamente, e ficando totalmente apática.

Para Gilbert, acostumado com o furacão que era sua esposa, tal comportamento não era nada bom, pois ele preferia ver Anne zangada do que em seu isolamento interno, porque assim ele saberia exatamente com o que estava lidando, mas, naquele estado incomum, ele não sabia o que esperar e tanta preocupação o levara a Gabriela que o alertara sobre determinadas coisas nas quais ele não pensara antes.

- Gilbert, você deve saber que com a situação pela qual Anne está passando, esse comportamento não é tão estranho assim.

- Sim, eu sei. Mas, o que eu esperava era que ela reagisse com raiva, porque Anne é fogo puro. Essa apatia dela me preocupa, além da falta de apetite, e uma melancolia que nunca vi naqueles olhos. - Gilbert respondeu, sentindo seu peito apertado. Se havia uma coisa que ele detestava na vida era ver Anne triste e não poder fazer nada para melhorar esse quadro. Ele queria ter o poder de mudar aquela situação como em um passe de mágica, mas, ser médico não lhe dava nenhum poder especial para curar Anne de sua paralisia momentânea.

- Os hormônios dela estão instáveis, e eu arriscaria dizer que ela está passando por uma depressão pós parto, agravada especialmente por sua inatividade temporária. - Gabriela explicou, tornando aquele estado de ânimo estranho de Anne mais claro para ele pela primeira vez. Como não pensara nisso? Ficara tão focado no problema físico que se esquecera do emocional. Sua ruivinha com certeza iria precisar muito mais dele agora do que antes.

- Acha que posso ajudá-la a superar isso, ou ela vai precisar de um profissional na área que a auxilie a se livrar do problema?– ele já tinha lido sobre depressão pós-parto, mas como não era de seu campo de estudo, ele não se aprofundara muito no assunto. Queria ter dado mais atenção aos artigos que lera, pois assim teria desenvolvido uma base melhor para saber como lidar com o problema agora.

- Depressão pós-parto pode variar bastante, e na maioria dos casos precisa de ajuda profissional, mas, na situação da Anne, eu acho que o melhor tratamento para ela é o seu amor, carinho e compreensão. A conexão que vocês têm é tão incrível que arrisco dizer que é o único remédio que vai fazê-la sair dessa tristeza toda.

Esse foi o conselho que Gabriela lhe dera, e o qual ele seguira à risca por vários dias. Porém, o ânimo de Anne não mudava, e por mais esforço que Gilbert fizesse, ela continuava apática e sequer falava sobre o assunto. Ele cogitara a possibilidade de levá-la a um psiquiatra, porém, não queria agir sem o consentimento de sua esposa, e nem forçá-la a uma situação que lhe trouxesse novos traumas. A única vez que conseguira uma reação de Anne fora no dia em que trouxera uma cadeira de rodas para casa, pensando que isso daria mais liberdade para ela se movimentar dentro de casa. Quando Anne vira o objeto colocado ao lado da cama, ela simplesmente o olhara com os olhos cheios de lágrimas e perguntara:

- O que significa isso, Gilbert?

- É apenas uma solução temporária, amor. Isso te ajudará a poder ir aonde quiser aqui dentro sem depender de mim ou da enfermeira. - ele tentara explicar, sentindo-se nervoso com a reação dela.

- Eu não quero. - ela dissera, balançando a cabeça violentamente.

- Anjo, eu só estou tentando ajudar.

- Eu não vou usar isso. Eu não estou inválida. Você mesmo me disse que essa minha paralisia é temporária. Então, eu não preciso de uma cadeira de rodas. Tira isso daqui, por favor, Gilbert. - ela dissera chorando abertamente, e Gilbert a abraçara enquanto ela soluçava em seus braços.

- Desculpe-me, meu amor. Eu não pensei que você ficaria assim. Eu não devia ter trazido a cadeira para casa sem ter te consultado antes. - Anne não respondera logo pois não conseguia parar chorar, e Gilbert nunca se sentira tão mal por vê-la nesse estado, porque ele inconsciente o provocara. Então, ele a consolara por horas, acariciando seus cabelos, beijando seu rosto, deixando que ela ficasse deitada em seu colo até que nenhuma lágrima mais restasse.

- Perdoe-me, Gilbert. Eu sei que devia me sentir agradecida por você sempre pensar em mim, pois vejo o seu esforço em tentar me animar e me fazer sorrir. Eu te amo tanto e não quero de forma nenhuma ser um peso para você. - Deus! Aquele olhar dolorido dela deixava sua alma em carne viva. Ele queria pegar todas as mágoas dela para si e transformá-las em flores perfumadas sem espinhos. Anne merecia tudo porque ela era seu tudo, e porque ela estava em uma situação tão difícil por conta da coragem dela de se colocar em frente a uma bala para salvá-lo. Tanta abnegação e entrega a um amor tão especial que ambos sentiam, mostrara a Gilbert a grandiosidade de sua esposa que lhe provara que não haviam limites para o que ela faria para proteger o que tinham, assim como não haviam limites para o amor que ele sentia por ela, e por isso estavam juntos, porque se pertenciam como sempre se pertenceram desde o primeiro olhar.

- Você nunca será um peso para mim, querida. Eu também te amo mais que a mim mesmo, e estarei do seu lado sempre que precisar de mim. Se não quer a cadeira de rodas, não precisa usá-la. Vou te carregar em meus braços para onde quiser ir, serei eu então o seu apoio, e vou cuidar da minha rosa preciosa como ela merece.- então, eles se beijaram devagar e com a paixão, porém, Gilbert não deixou que a chama do desejo queimasse muito tempo, pois ainda não podiam se amar como antes. Eles teriam que esperar trinta dias por conta do parto prematuro e da cirurgia que ela sofrera, e por mais falta que sentisse de sua esposa nesses termos, o rapaz jamais arriscaria a saúde dela por isso.

Os únicos momentos que percebia que Anne se sentia feliz era quando estava com os bebês. Nesse momento o sorriso dela era genuíno e não havia nenhum traço de dor. Era nítido o seu amor por aquelas duas criaturinhas que tinham o poder de arrastar sua mãe para fora do mais profundo desespero. E como pai, Gilbert podia entender porque.

Os gêmeos estavam cada vez mais lindos, cresciam tão rápido que em um mês já tinham atingido o tamanho de um bebê que tivesse nascido de parto normal. Suas características físicas estavam cada vez mais definidas, e já dava para perceber suas semelhanças com seus pais. Sarah tinha os cabelos castanhos de Gilbert, mas os olhos eram de sua mãe, azuis como o oceano, talvez um pouco mais escuros, mas assim tão parecidos, que encantavam o coração de Gilbert cada vez que a tinha nos braços. John com toda a sua doçura ruiva tinha os olhos castanhos do pai, e era tão calmo que Gilbert conseguia enxergar a si mesmo em cada uma de suas reações, enquanto Sarah era completamente agitada, herdando o temperamento forte de Anne. Dois bebês gerados no mesmo útero, e com características tão distintas, ao mesmo tempo partilhando do mesmo amor e do mesmo carinho que seus pais tinham por eles, e era incrível para Gilbert ver o milagre acontecer cada vez que nascia um novo dia, e seus cristaizinhos abriam os olhos, sendo amamentados pela mãe que não abria mão desse prazer em nome da vaidade. Assim, ele sempre ia para o trabalho, sentindo-se mais leve, pois a visão de sua esposa com seus bebês no colo era o incentivo que ele precisava para desejar voltar para casa o mais rápido possível.

A pedido de Anne e para sua melhor comodidade, ele colocara os berços dos bebês no quarto deles, pois como ela não tinha como se locomover com facilidade cada vez que eles choravam ou precisavam do carinho de sua mãe, terem suas duas joias a poucos centímetros da cama deles fora a solução mais adequada.

Como se tivessem ouvido o pensamento de seu pai, John e Sarah acordaram naquele instante, e imediatamente começaram a choramingar. Gilbert sabia que era a hora da amamentação deles, por isso, foi até a cama, e com certo pesar por acordar Anne de um sono tão tranquilo, ele disse baixinho em seu ouvido:

- Amor, é hora de amamentar os bebês. - ela abriu os olhos sonolentos, o encarou com um sorriso doce nos lábios e respondeu:

- Obrigada por me acordar. - Assim, Gilbert caminhou até o berço, pegou os bebês em seus braços e os levou até Anne que os alimentou um de cada vez. Ao ver a serenidade no rosto de sua esposa, Gilbert desejou registrar aquele momento, e por isso, com o celular em mãos, ele tirou uma foto que fez Anne dizer:

- Eu não acredito que fez isso, amor, eu estou completamente desarrumada. - o sorriso sem graça dela o deixou ainda mais encantado pela cena, e o rapaz respondeu:

- Está linda, meu amor. Não existe mulher no mundo mais perfeita que você. - ele a beijou na ponta do nariz, fazendo o sorriso dela se expandir. Depois, ela voltou o olhar para seus bebês nos braços e disse com ternura:

- Eles são lindos, não acha?

-Eles são maravilhosos como a mãe deles.- ele não podia negar que ainda babava pela beleza de sua esposa que parecia resplandecente depois do parto.

- John se parece tanto comigo e Sarah com você.- ela concluiu, depois de examinar com atenção cada traço dos rostinhos dos bebês.

- Eu acho que são uma boa mistura de nós dois.- Gilbert disse se sentando com ela na cama.

-Acho que tem razão.- Anne disse ao pensar sobre o que Gilbert dissera. Em seguida, ela olhou para o relógio e disse: - Não tem que ir para o trabalho?

- Tenho sim, mas, acho que posso perder mais alguns minutos admirando essas preciosidades que fizemos juntos.- ele disse acariciando o rosto de sua esposa com ponta dos dedos. Anne lhe deu um sorriso tão brilhante, que Gilbert soube naquele instante que tinha ganho o seu dia.

ANNE

Anne observou Gilbert terminar de se arrumar para o trabalho e suspirou. Seu marido era o homem mais atraente que já tinha visto, e por Deus, ela vinha se controlando a um mês, sentindo falta de cada toque e momentos de intimidade com ele.

A não ser pelos beijos quentes, nada mais tinha rolado entre eles, primeiro porque suas condições físicas ainda inspiraram cuidados, e segundo porque ela não se sentia a vontade em se deixar levar pelo que sentia por conta de sua atual paralisia. Talvez estivesse sendo tola, pois não havia nada em seu físico que tivesse mudado, quem a visse e não soubesse do seu problema, pensaria que ela estava em plena forma física, mas, esse pensamento tinha mais a ver com a maneira como se sentia por dentro, e no momento as emoções que tomavam conta do seu coração a deixavam em conflito.

Gabriela tinha lhe dito que não havia nada em seu corpo que a impedisse de fazer amor com o seu marido, e que após um mês de resguardo, ela poderia voltar a se relacionar com Gilbert intimamente, mas, apesar de seu corpo gritar pela necessidade que sentia de ser amada em toda a sua plenitude, Anne ainda relutava e travava uma batalha ferrenha entre sua vontade e seu sentimento de inutilidade.

Quanto a seu marido ela não podia dizer que ele não estava sendo menos que perfeito. Ele se preocupava tanto com ela, que às vezes Anne se irritava, mas ao mesmo tempo ela adorava o jeito como ele a tratava com todo cuidado e delicadeza, deixando-a ainda mais apaixonada.

Anne sabia que não estava sendo fácil para Gilbert aquela situação também. Ele não lhe dizia nada, mas, ela podia ver no fundo de seus olhos a culpa que ele sentia por Anne estar confinada a uma cama ainda que essa condição fosse passageira. Ela não o culpava de forma alguma. Fora escolha dela se colocar na linha de fogo de Peter Bells, pois ela sentira que o tiro destinado a Gilbert seria fatal se ela não o tivesse protegido com o próprio corpo, e olhando-o ali a sua frente, enquanto ajeitava seus cachinhos com a escova de cabelo dela, ela só podia estar agradecida por não ter perdido o homem de sua vida para a estupidez de outro, que dizia amá-la, mas cuja intenção era apenas causar o mal.

Ele se virou e fitou-a com seus olhos amorosos, enquanto se aproximava e se sentava ao lado dela na cama.

- Você vai ficar bem, não é?

- Vou, meu amor. Não se preocupe.- Anne pegou a mão dele, e ficou brincando com a aliança de casamento no dedo dele.

- Eu queria não ter que ir. É tão difícil te deixar com os bebês quando precisa tanto de mim.- Anne colocou sua mão no ombro dele e disse:

- Eu acho que é você que precisa de nós. Não está usando esse motivo para fugir do trabalho?- ela disse em tom de brincadeira.

- Como descobriu?- ele disse fingindo estar envergonhado, entrando no clima de humor dela.

- Eu conheço meu marido como a palma da minha mão.- Anne deitou sua cabeça no ombro dele, sentindo o perfume masculino que ele usava, e que se tornara seu aroma favorito de manhã.

- Vou sentir muita falta de vocês .- ele confessou, tomando-a em seus braços.

- Nós também. Mas pense que o fim de semana está chegando, e poderemos ficar juntos como a família linda que somos.

- Vou te ligar o dia inteiro.- ele disse, beijando-a no rosto.

- Se não conseguir ligar, não tem problema. Seu trabalho também é importante e você sabe disso. – Anne fez um carinho nos cabelos dele, e Gilbert retribuiu lhe dando um beijo, e apesar de ter se iniciado de um jeito calmo, logo Anne sentiu a vibração mudar, e as mãos de Gilbert passeando na parte da frente de sua camisola. Ela se recostou no travesseiro e puxou a cabeça de seu marido para si, deixando que ele explorasse seu pescoço com vontade. Em seguida, Gilbert afastou a alça de sua camisola, e distribuiu beijos pelo seu ombro, que fez Anne começar a respirar com dificuldade. Porém, quando a mão dele alcançou a barra de sua camisola, desejando explorar o que havia por baixo, ela o afastou dizendo:

- Querido, eu ainda não posso.

- Desculpe-me meu amor. Eu preciso me controlar mais. O problema é que sinto tanta falta da sua pele, de te fazer minha, que é difícil demais te beijar e não poder te tocar como antes.- ele acariciou seu rosto com a ponta do nariz, e Anne se sentiu péssima por privar o marido do que mais queria. No entanto, ela não conseguia ainda se soltar, até parecia que não eram só suas pernas que estavam paralisadas, mas suas emoções também.

- Eu sinto por esse transtorno. Queria tanto que as coisas voltassem a ser como antes.- ela disse com voz de choro que fez Gilbert a puxar para seus braços e dizer:

- Amor, eu não quero que se preocupe com isso. Estamos juntos e nos amamos. Isso é o que vale para mim. Quando você estiver pronta, podemos voltar a ter nossa vida íntima como antes. Temos apenas que respeitar o seu tempo.- ele segurou suas duas mãos , e as beijou com tanta devoção que fez Anne pensar mais uma vez em como tinha sorte em ter Gilbert em sua vida.

- Como eu pude me casar com alguém tão maravilhoso?- ela disse emocionada.

- Eu é que me pergunto todos os dias o que fiz para merecer o amor dessa mulher incrível que é você?- ele disse beijando-a com tanta doçura que fez seu coração ficar aquecido, afastando seus temores e preocupações no mesmo instante.

A campainha tocou, interrompendo o momento carinhoso entre os dois, e Anne sabia que a enfermeira havia chegado.

- Preciso ir, amor. A gente se vê mais tarde.

- Está bem.- Anne respondeu tristonha por saber que só se veriam a noitinha. Ele lhe deu um beijo na testa, outro em cada um dos bebês, e saiu do quarto.

Anne o ouviu conversar com a enfermeira antes de ir para o trabalho, e então, a porta de seu quarto foi aberta e Norma, a enfermeira contratada por Gilbert, entrou e disse:

- Bom dia, Sra. Blythe. Precisa de alguma coisa?

- Não, obrigada, Norma. Talvez daqui a uma hora quando os bebês acordarem, você possa me ajudar a dar um banho neles. – Anne disse com simpatia.

- Claro. Como desejar. Estarei na sala se precisar de mim.- a enfermeira disse educadamente.

- Obrigada.- Anne respondeu, e assim foi deixada novamente sozinha com seus pensamentos.

Quando Gilbert surgira com a enfermeira a tiracolo sem sequer ter-lhe perguntado nada, Anne ficara furiosa. Ela sabia qual era a intenção de seu marido, mais mesmo assim ela não gostara nada da ideia. Anne se sentira como uma criança que não era capaz de cuidar de si mesma, e precisava do apoio de outras pessoas para conseguir dar conta da própria vida. Porém, conforme os dias foram passando, ela entendera que por mais que não quisesse admitir, Norma era necessária, pois ela não conseguiria cuidar dos bebês na situação em que se encontrava, e assim, acabara cedendo à simpatia da mulher que estava sempre animada, e o mais importante era que ela cuidava de John e Sarah com todo o carinho, e somente isso acabara ganhando o coração de Anne de vez.

Outro ponto de tensão entre ela e Gilbert fora o dia em que ele aparecera com a cadeira de rodas. Até aquele momento, Anne não sabia explicar o sentimento que tomou conta dela quando ela o viu entrando no quarto com o objeto odiado. Gilbert lhe explicara porque pensara que a cadeira poderia ajudá-la a se locomover com mais facilidade dentro de casa. Porém, enquanto ele falava, Anne não conseguia se focar nos benefícios descritos por ele, pois sua mente apenas lhe apontava o que significava aquele objeto ali no quarto. Sua incapacidade de se movimentar por conta própria, a inércia de suas pernas, sua espera infinita pela recuperação de sua lesão, e a mulher que não conseguia ser para seu marido.

Gilbert vira seu desespero, e escondera a cadeira na lavanderia. No entanto, Anne não conseguia esquecer o sentimento de fracasso que aquela cadeira lhe causara. Ela sabia que Gilbert agira com as melhores das intenções, e não o culpava pela maneira como se sentia cada vez que se lembrava de sua incapacidade de andar sem apoio ou ajuda.

O único momento que se sentia fora daquela realidade negra era quando amamentava seus bebês. Ela amava sentir o cheirinho de talco em suas roupinhas sempre impecáveis, brincar com os cachinhos de John que estavam ficando cada vez mais definidos e maiores, e apertar as bochechas de Sarah que de tão coradas lembravam a Anne de um botão de rosa. Que milagre lindo eram aqueles dois que sem saber salvaram a vida de sua mãe. Se não fossem por eles, Anne não conseguiria sorrir ou ter forças para se levantar de manhã. Eles tornavam seus dias menos pesados, e lhe davam esperanças de que logo aquilo tudo passaria, e ela teria finalmente sua vida de volta.

Uma batida tímida na porta a fez sair dos seus pensamentos, e dar permissão para quem quer que estivesse do lado de fora entrar. O sorriso simpático de Cole logo surgiu iluminando o quarto, e Anne não pôde deixar de sorrir também. O amigo era uma das poucas pessoas que conseguia animá-la em meio ao caos crescente em seu coração.

- Olá, querida. Por que está trancada nesse quarto ao invés de estar na sacada tomando um pouco de sol?- ele perguntou se sentando na ponta da cama, enquanto observava o rosto da amiga.

- Não tenho vontade de sair daqui hoje.- ela respondeu desanimada.

- Anne, você sabe que seu marido vai ficar chateado com isso, sem contar que como seu médico, ele vai desaprovar totalmente essa sua falta de ânimo.- Cole disse em sinal de desaprovação.

- Eu sei, mas mesmo assim, prefiro ficar aqui onde posso ter meus filhinhos perto de mim.

- E como eles estão?- Cole perguntou, lançando um olhar para os dois berços ondes seus sobrinhos postiços dormiam tranquilamente.

- Estão lindos. Quase não dão trabalho. John é tão calmo que dorme o tempo todo. Já Sarah é um pouco mais agitada, mas ainda assim, como John ela é uma preciosidade que me enche de alegria.- Anne respondeu com seus olhos cheios de orgulho pelas suas duas joias tão amadas.

- E seu coraçãozinho? Como ele está nesse momento?- Cole perguntou colocando sua mão no lado esquerdo de Anne.

- Apertado.- ela respondeu sentindo seus olhos se umedecerem. Falar com Cole sobre suas angústias pessoais era ao mesmo tempo uma libertação e um tormento, porque a fazia pensar em coisas que a magoavam demais. Porém, se não falasse sobre elas acabaria explodindo a qualquer momento, e não queria ser arrasada por elas ao longo do caminho.

- Anne, o que está acontecendo? Confie em mim, por favor.

- Eu tenho medo de não voltar a andar, Cole. Gilbert me garantiu que isso não aconteceria, mais ainda assim eu tenho medo.- ela confessou seu receio mais profundo que não dissera para Gilbert, porque não queria preocupá-lo depois de tudo. Ele não merecia mais aquele fardo.

- Deveria confiar nele, Anne. Ele não mentiria sobre algo assim para você.- Cole aconselhou.

- Eu digo isso a mim mesma o tempo todo, mas não é suficiente.- Anne enxugou uma lágrima que acabou rolando sem que esperasse.

- Isso só o tempo poderá te ajudar. Eu entendo o seu receio, mas, se Gilbert te disse que você vai voltar a andar é porque é o que acontecerá. Você precisa ter paciência e confiar.- ele disse segurando em sua mão.

- Eu vou tentar.- ela disse, com sua cabeça tão cheia de outras coisas que fez Cole perguntar ao ver sua expressão distante:

- Não é apenas isso que te preocupa, não é?

- Não.- ela respondeu de maneira mecânica.

- O que é, meu amor?

- Tenho medo que Gilbert se canse de mim.

- Por que pensa assim, Anne? Aquele homem te coloca em um pedestal.- Cole disse espantado.

- Porque eu não consigo mais ser a mulher que sempre fui na intimidade.- ela confessou envergonhada.

- Isso é compreensível. Você teve um parto de emergência, e está se recuperando de uma lesão grave. Ninguém espera que esteja cem por cento nesse quesito. Isso leva tempo, Anne.

- Mas e se eu não me recuperar logo e Gilbert se cansar de esperar?- ela disse com vontade de chorar de novo.

- Me responda uma coisa. Você não sente mais atração pelo seu marido?

- Que pergunta absurda é essa, Cole? Como eu não me sentiria mais atraída por Gilbert? Eu o amo, e nunca olharia para outro homem da mesma forma que olho para ele.

- Então é só deixar que as coisas tornem a acontecer devagar.- tão simples, ela pensou. Pena que não sentia que seria assim.

Sentindo sua angústia, Cole se aproximou e a abraçou, e assim, Anne se deixou consolar, pensando em quantos dias ainda se seguiriam até que sua vida voltasse a ser o que era antes?

GILBERT E ANNE

Cole já tinha ido embora a horas, e Anne voltou ao seu tédio diário. Não havia muito a fazer a não ser ficar no seu quarto esperando que o tempo passasse lentamente.

Ela sentia falta de trabalhar, embora sua agente tivesse dito que assim que ela se sentisse mais forte poderia voltar para a agência para qual fora contratada, pois eles dariam um jeito de adaptar às sessões de foto às suas novas condições, Anne não sentia que estava pronta para enfrentar os olhares de pena e compaixão.

A ruivinha não era uma pessoa orgulhosa, mas ainda não se conformava de estar sem os movimentos de suas pernas. O medo que relatara a Cole era real, e lidar com esse lado psicológico era terrivelmente complicado.

Ela pegou o celular e procurou por fotos recentes de seus dias mais felizes ao lado de Gilbert e quando as encontrou, lágrimas quentes desceram por seu rosto. Anne pensara que não teria mais lágrimas para chorar, depois de dias de uma tristeza crescente. Com Gilbert por ali, ela achava mais fácil lidar com sua dor, pois ele a distraía de todas as formas possíveis, mas, sem ele, ela sentia que não suportaria o peso de seus pensamentos.

Seu olhar pousou sobre os bebês que dormiam seu sono da tarde. Ela tinha acabado de amamentá-los mais uma vez naquele dia, ato que ocorria a cada três horas, e para seu alívio seu leite parecia ser farto o bastante para que ela continuasse a fazer isso por meses a fio. Anne sabia da importância do leite materno na vida de seus bebês, e por isso, ela se esforçava para seguir a risca toda as orientações de Gabriela, e do pediatra que começara a tomar conta deles logo que vieram para casa do hospital.

Eles cresciam cada vez mais rápidos, e cada vez mais fortes. Apesar de terem nascido prematuros, e por terem enfrentado junto com a mãe uma anemia séria, eles pareciam não ter sido afetados pelos últimos acontecimentos de maneira negativa, o que dava a Anne um fôlego a mais para se concentrar em si mesma , e nos seus problemas mais recentes.

Dali a duas semanas ela iniciaria seus exercícios com o fisioterapeuta, e era outra situação que gerava muita tensão e esgotamento emocional. A todo momento, Anne se questionava o que aconteceria se ela não conseguisse os resultados esperados? Gilbert a tinha alertado para tentar manter seu emocional o mais sadio possível, pois pensamentos negativos poderiam atrapalhar sua recuperação. Porém, trancada dentro do apartamento em companhia apenas de seus pequenos, da enfermeira e de alguns amigos que apareciam ali ocasionalmente, era difícil para Anne não se deixar levar por sua imaginação que parecia querer sabotar sua necessidade de reagir.

Cansada de pensar, Anne desviou o olhar dos bebês e tentou se concentrar no livro que estava lendo. Agora tinha tanto tempo livre que ficava entediada em pouco tempo, por isso, logo seus olhos começaram a pesar e ela deixou o livro do lado, para também tirar seu cochilo da tarde.

No hospital Gilbert tinha toda a sua agenda tomada, e pouco tempo lhe sobrava para ligar para sua esposa, embora nenhum pensamento seu era livre da imagem dela e de seus bebês. Em raros quinze minutos de pausa, ele foi até a sala dos médicos para o café rápido, e ficou admirando a foto que tirar a dela naquela manhã.

Ela estava tão linda, mesmo tendo acabado de acordar sem um pingo de maquiagem, e os olhos ainda inchados de sono. Que momento mágico fora aquele de vê-la amamentando seus cristaizinhos. Cada vez que podia participar desses momentos, Gilbert se sentia profundamente emocionado, principalmente ao se lembrar de que quase perdera os três.

Seus olhos se encheram de lágrimas ao pensar naquela possibilidade. Era algo tão doloroso que o fazia ofegar de agonia. Nunca saberia viver sem Anne, pois ela era seu próprio ar, o sangue que corria em suas veias, o alimento para sua alma e se a perdesse, ele murcharia como uma flor jogada no deserto sem amor, e sem razão nenhuma para continuar.

- Olá, Gilbert. Como está a Anne?- Daniel perguntou, fazendo Gilbert voltar a realidade.

- Se recuperando fisicamente aos poucos. Porém, o emocional dela ainda continua abalado.

- É normal diante das circunstâncias. – Daniel disse, fazendo Gilbert suspirar e responder:

- Sim, mas, ela me preocupa. Anne se isolou demais. Se recusa a sair de casa. Não quer nenhuma ajuda para se locomover a não ser que seja as próprias pernas Se afastou emocionalmente de mim, embora eu sinta que seu amor por mim continua igual.- ele desabafou. Gilbert também vinha guardando coisas dentro de si demais, porém, ele sentia que tinha que ser forte naquele momento por Anne que estava vulnerável, embora não diminuísse a força de vontade que ela guardava em seu coração, ela apenas precisava ser lembrada disso.

- Ela vai voltar a ser o que era, Gil. Dê a ela mais tempo. Anne é uma garota admirável e já superou tanta coisa. Ela vai sair dessa em breve.- Daniel disse, tentando injetar um pouco de ânimo na alma do amigo, que já tivera sua cota de sofrimento naquela vida. Gilbert era um homem tão valoroso, e carregava em si cicatrizes de mágoas profundas, e mais do que ninguém merecia uma vida feliz ao lado de seus filhos e da mulher que amava.

- Eu sei, Daniel. Posso esperar por ela a vida inteira. Ela é o amor da minha vida, e não há lugar nenhum para mim nesse mundo a não ser ao lado dela.- Gilbert concluiu aquela conversa, voltando para seu consultório para atender a próxima consulta.

Passava um pouco das cinco e meia quando Anne foi despertada por Norma que lhe disse:

- Sra. Cuthbert. Sinto muito acordá-la, mas seu marido ainda não chegou, e preciso ir para meu outro trabalho que se inicia às seis da tarde. Não posso esperar mais, me perdoe.

- Tudo bem, Norma. Os bebês estão dormindo, e creio que logo meu marido vai chegar . Acho que ele deve ter se atrasado hoje. Pode ir tranquila.- Anne disse bocejando.

- Obrigada. Até amanhã.

- Até amanhã.- Anne respondeu, voltando a dormir, pois a medicação que ainda estava tomando por conta da lesão a deixava muito sonolenta. Era um tipo de medicação especial, que não prejudicava a amamentação dos bebês, mas a deixava um pouco indisposta.

Um certo tempo havia se passado, até que Anne foi despertada pelo choro de Sarah, e como ainda estava desorientada pelo sono, ela projetou o corpo para fora da cama para ir em socorro de sua bebê, quando suas pernas falharam miseravelmente, e ela acabou caindo no chão com um baque surdo. Por pouco, não bateu a cabeça que teria tornado mais sério o tombo, contudo, tanto o susto como seu desespero ao ver sua filhinha chorar e não poder se aproximar do berço para dar-lhe o colo de mãe que ela merecia, fez Anne soluçar desconsoladamente.

Naquele instante, Gilbert abriu a porta do apartamento, e ao ouvir tanto o choro de Sarah quanto o de Anne, ele sentiu o coração dele bater mais rápido de medo, e assim, o rapaz correu para o quarto e a cena que viu o deixou de coração partido.

Anne estava caída no chão deitada de bruços, enquanto chorava sem forças para se levantar da posição na qual se encontrava, ao mesmo tempo em que Sarah choramingava e estendia os bracinhos pedindo colo.

Sem saber o que fazer, ele correu para Anne, ajudando-a a se sentar no chão. Quando ia pegá-la no colo para deitá-la na cama, ela disse:

- Cuide da Sarah primeiro. Eu estou bem.

Gilbert caminhou em direção ao berço, pegou sua pequena no colo por alguns minutos e a embalou com carinho. Logo, Sarah já tinha se acalmado e adormecido de novo, e assim Gilbert a colocou de volta no berço. Em seguida, ele observou John que milagrosamente não tinha acordado com o choro da Irmã, e depois foi em direção à sua esposa que parecia muito abalada com a situação.

- Anjo.- ele disse ao se aproximar e tomá-la nos braços, que ainda tinha lágrimas nos olhos, e que lhe respondeu com tanta mágoa que Gilbert sentiu seu peito se rasgando com a dor dela.

- Eu odeio essa situação. Detesto minhas pernas inúteis, odeio não poder pegar meus bebês quando choram, odeio não poder caminhar por mim mesma. Odeio não poder fazer as coisas de antes sem depender de alguém, e odeio não poder ser a mulher que eu era para você.- ela chorava abertamente e Gilbert não sabia o que dizer para afastar a amargura de suas palavras. Seu anjo ruivo estava ferido física e mentalmente, e ele se sentia incapaz de dar a ela a cura que ela tanto necessitava. Mas, ainda assim ele tentou consolá-la mais uma vez, mesmo sabendo que qualquer coisa que dissesse não arrancaria com facilidade o desespero da alma dela.

- Amor, tudo vai ficar bem. Eu estou aqui com você como sempre estive, e você não terá que enfrentar nada sozinha. Você é tão corajosa, meu amor. Mais do que imagina. Arriscou sua vida por mim, e me salvou de um tiro certeiro, e agora está nessa situação por que seu amor por mim foi maior que sua preocupação consigo mesma. E por isso, eu te amo mais do que já amei um dia. Deixe-me cuidar de você, sentir sua dor por você. Deixe-me carregá-la em meus braços e te mostrar o quanto é adorada por mim.- enquanto ele falava, mil beijos eram distribuídos pelo rosto de Anne, cabelos, queixo, até chegar aos lábios aos quais ele deu total atenção, explorando-os com todo o ardor de sua paixão por ela. Anne sentiu as mãos dele passeando por seus seios por cima da camisola, e quando, ele fez menção de abrir o primeiro botão, ela segurou a mão dele e disse:

- Gil, eu não sei se consigo.

- Confie em mim, e deixe-me te mostrar que você pode voltar a sentir o meu amor por você através do meu toque. Querida, você sempre será a única mulher que desejo com loucura.- Anne deixou-o continuar, porque ela via brilhar nos olhos castanhos de seu marido a sinceridade de cada palavra dita.

Assim, ele abriu cada botão com cuidado, sem desviar o olhar do dela, e logo a camisola dela estava no chão. Gilbert abaixou a cabeça e distribuiu beijos intensos por todo o pescoço de Anne, fazendo-a suspirar conforme seu corpo esquentava com a excitação que sentia crescer em seu íntimo. Então, Gilbert correu os lábios pelo colo dela até chegar aos seios tão cheios agora por conta da amamentação, sugando-os com vontade, enquanto Anne tentava se segurar ao máximo para não gritar de prazer, e assim ela afundou suas mãos nos lençóis, tentando conter sua necessidade crescente pelo seu marido. Em seguida, Gilbert desceu um  pouco mais, passando pelo abdômen dela, o umbigo onde ele brincou com sua língua fazendo Anne gemer baixinho, e sua respiração se tornar irregular.

Em questão de segundos, ele tirou sua calcinha, estimulando-a primeiro com seus dedos suavemente, depois com os lábios, até que Anne sentiu espasmos tomarem conta de seu corpo, liberando totalmente seu desejo acumulado e saciado pelo homem mais incrível do mundo.

Quando ela parou de tremer, uma calma deliciosa tomou conta de seus membros , ela olhou para Gilbert que tinha seu olhar fixo em seu rosto, maravilhado demais com a transformação de sua expressão enquanto ele lhe dava um prazer delicioso que ela não esperava sentir tão cedo, assim, ela tocou o rosto dele e disse:

- Obrigada, meu amor por isso. Mas, e você?- ela perguntou, pois imaginava o quanto deveria estar sendo difícil para ele controlar seus próprios instintos.

- Tudo o que me importa é você. Por isso, nunca duvide que você sempre será uma mulher completa para mim.- ele disse quase sussurrando.

Minutos mais tarde, ele a levou para o banheiro onde tomaram um banho de espumas juntos, onde trocaram um pouco mais de carinho. Depois, voltaram para o quarto onde acabaram adormecendo logo após o jantar.

No meio da madrugada, Anne acordou e viu que Gilbert não estava na cama, e quando chamou por ele, o rapaz respondeu:

- Estou aqui na sacada.- ele entrou no quarto e perguntou:

- Quer ver as estrelas comigo?

- Eu quero. – ela respondeu com um sorriso.

Assim, Gilbert a pegou no colo, a levou até o local onde ele estivera antes, se sentou em uma cadeira que havia por ali com Anne ainda em seu colo.

Ela olhou para cima, e viu Vênus maravilhosa naquela madrugada, e disse encantada com seu brilho:

- Ela é linda.

- Não mais do que você.- Gilbert respondeu. E assim, ele a atraiu para um beijo, onde nada mais parecia existir a não ser aquele amor imenso entre eles que nem o brilho das estrelas conseguiria um dia ofuscar.

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