Anne with an e- Corações em j...

By RosanaAparecidaMande

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Anne Shirley Cuthbert foi abandonada ao nascer em um orfanato por sua mãe biológica, mas ela nunca deixou de... More

capítulo 1- Lembranças
capítulo 2- amores do passado
Capítulo 3- sentimentos escondidos
Capítulo 4- Duas almas e um destino
Capítulo 5- Lado a lado com o amor
Capítulo 6- Nestes olhos teus.
Capítulo 7 - Emoções em conflito
Capítulo 8- O amor entre nós
Capítulo 9- Chamas de uma paixão
Capítulo 10- Apenas você
Capítulo 11- Corações apaixonados
Capítulo 12- Esse sonho de amor
Capítulo 13- Quando o coração se apaixona
Capítulo 14- O sentimento que vive em mim
Capítulo 15- Combinação perfeita
Capítulo 16- O que nos separa
Capítulo 17- Revelações
Capítulo 18- Expectativas
Capítulo 19- O que nos une
Capítulo 20- Tudo o que eu quis
Capítulo 21- Tudo o que sonhei
Capítulo 22- Tudo o que somos
Capítulo 23- O que me pertence
Capítulo 24- O tempo é algo relativo
Capítulo 25- O amor que te ofereço
Capítulo 26- Pensamentos proibidos
Capítulo 27- Pensamentos e desejos
Part 28- Provando do pecado
Part 29- O Jogo do amor
Part 30- Caprichos do coração
Part 31- Segredos e Desejos
Capítulo 32- Flertando com o perigo
Capítulo 33- O inesperado
Capítulo 34- Revelando um segredo
Capítulo 35- O incêndio
Capítulo 36- Uma esperança
Capítulo 37- O incêndio parte 2
Capítulo 38- Paraíso particular
Capítulo 39- As duas faces do amor
Capítulo 40- Idas e Vindas
Part 41- O retorno
Capítulo 42- Tudo o que existe entre nós
Capítulo 43- Como no princípio
Capítulo 44- Feliz Aniversário
Capítulo 45- Uma grande surpresa
Capítulo 46- O perigo mora ao lado
Capítulo 47- O inimigo nas sombras
Part 48- Amor e dor
Capítulo 49- As verdades do coração
Capítulo 50- Almas divididas
Capítulo 51- Palavras não ditas.
Part 52- O jardim do Éden
Capítulo 53- Ps: Eu te amo.
Capítulo 54- Eterno amor
Capítulo 55- Sua força em mim
Capítulo 56- Um só coração
Capítulo 57- Sem Regras
Capítulo 58- Sussurros e juras de amor
Capítulo 59- Entre o céu e o inferno
Capítulo 60- Lar
Capítulo 61- A promessa de uma vida
Capítulo 62- Entre as estrelas
Capítulo 63- De corpo e alma
Capítulo 64- Desejo e castigo
Capítulo 65- Ao cair da tarde
Capítulo 66- Vidas entrelaçadas
Capítulo 67- Amor imenso
Capítulo 68- Fogo
Comunicado
Capítulo 70- Sonhos perfeitos
Capítulo 72- Xeque Mate
Capítulo 73- Anjo Ruivo
Capítulo 74- Amor de diamante
Capítulo 75- Para sempre
Capítulo 76- Um Natal para relembrar
Capítulo 77- Tudo o que importa
Capítulo 78- Um grande novo ano
História Nova
Capítulo 79- A segurança dos seus braços
Capítulo 80- Can't take my eyes off you
Capítulo 81- Inesquecível amor
Capítulo 82- O casamento do ano
Capítulo 83- Lua de Mel Havaiana
Capítulo 84- Uma nova vida juntos
Capítulo 85- Inseguranças e Fragilidades
Capítulo 86- Ao nascer do sol
Capítulo 87- O caminho de volta
Capítulo 88- O ingrediente principal
Capítulo 89- Na alegria ou na tristeza.
Capítulo 90- O benefício da dúvida
Capítulo 91- Amor e mágoa
Capítulo 92- Impasse
Capítulo 93- Uma longa noite
Capítulo 94- Sob o mesmo céu
Capítulo 95- Juntos
Capítulo 96- A razão da minha felicidade
Capítulo 98- Acerto de contas
Capítulo 99- A vida por um fio
Capítulo 100- Garota Extraordinária
Capítulo 101- Na dor
Capítulo 102- A beleza de Vênus
Capítulo 103- The way I love you
Capítulo 104- Reconstruindo sonhos
Capítulo 105- Amor de mãe
Capítulo 106- Um novo tempo
Capítulo 107- Entre a mágoa e o perdão
Capítulo 108- Redescobrindo o passado
Capítulo 109 - Universo particular
Capítulo 110 - Esposa perfeita
Capítulo 111- Paraíso na terra
Capítulo 112- Um futuro cheio de promessas
Capítulo 113- O perdão é a cura da alma
Capítulo 114 - Lucy
Epílogo
Agradecimentos
Prêmios

Capítulo 97- Alcançando as estrelas

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By RosanaAparecidaMande


Olá, pessoal. Eu sei que estou atrasada com este capítulo, mas é que no fim de semana passado eu fiquei doente e não tive ânimo para escrever nada. Estou me recuperando devagar, e aos poucos vou colocando minhas coisas em ordem. Tenham um pouco de paciência comigo, e prometo que os capítulos de cada fic serão postado ainda essa semana. Espero pelos comentários. Muito obrigada por tudo. Vou corrigir depois.


GILBERT

O plantão de Gilbert começaria em poucas horas, e ele acabou se levantando mais cedo por força do hábito, e também porque queria deixar suas tarefas pessoais prontas antes de ir para o trabalho, pois queria ter um tempo para ficar com Anne quando voltasse do hospital. Talvez pudessem fazer algo especial juntos, pois fazia um tempo que não gastavam algumas horas se dedicando a si mesmos.

Com sua rotina no hospital, e o trabalho de Anne muito da diversão que costumavam ter com jantares, e saídas noturnas foram deixados de lado, e embora nunca tinham parado de dar a devida atenção um ao outro, o casamento acabou por entrar em um compasso comum a muitos casais, mas, isso não tinha necessariamente que se tornar algo cansativo ou desgastante. Dependia dele e de Anne manterem as coisas sempre aquecidas entre eles, e embora sexualmente, Gilbert não tinha do que reclamar, fora das quatro paredes onde o amor de ambos tomava sua forma mais primitiva, eles também tinham que ser criativos e fazer do dia a dia uma prazerosa aventura para que não pudessem nunca deixar de sentir aquela proximidade que mesmo na distância os fazia ter certeza de que estavam pensando um no outro.

Por isso, naquela manhã que o convidava a passar mais horas ao lado de sua esposa maravilhosa que dormia feito um bebê satisfeito na cama de ambos, ele foi direto para a academia que tinham dentro do apartamento. Era a primeira vez que ele usaria aquele espaço, pois sendo adepto a exercícios ao ar livre, ele nunca de fato tinha se interessado em se aventurar nos aparelhos de musculação que Anne comprara para ele, assim, que começaram a viver ali. A intenção dela fora também incentivar a si própria a se exercitar mais, uma vez que sua natureza sedentária era um obstáculo enorme para que se tornasse de repente uma promotora do mundo fitness, mas ainda assim ela quisera tentar, e por fim com a gravidez, ela começara a utilizar a academia para os exercícios de pilates quando conseguia que Gilbert a acompanhasse, pois a maioria dos movimentos eram realizados com o parceiro, fato que sua professora explicara como uma maneira de fazer o marido participar mais da gestação de sua esposa, pois a maioria delas reclamava da falta de interesse de seus esposos em todo o processo gestacional, por isso, ela resolvera desenvolver uma série de exercícios nos quais o esposo serviria de apoio ou base para a futura mamãe a fim de que fossem desenvolvidos de maneira adequada, o que deu muito certo, pois houve um engajamento muito maior por parte dos maridos que a princípio não pensavam que sua presença fosse tão necessária assim.

Anne nunca tivera esse problema com Gilbert, pois ele sempre se mostrara pronto a participar de qualquer atividade que envolvesse os bebês, pois ele sempre considerara importante ser um pai presente mesmo antes do nascimento. Uma vez que o bebês foram concebidos por ambos os pais, não somente pela esposa, e por isso mesmo precisavam que tanto seu pai quanto sua mãe se mostrassem bastante desejosos de dividir a tarefa de educá-los, e isso se aplicava a tudo que fizesse parte do pré e pós parto.

Enquanto fazia seus exercícios na bicicleta ergométrica para começar uma série de exercícios de aquecimento, Gilbert já conseguia se ver como um pai babão, daqueles que iria torcer até o último minuto pelo filho no campeonato de natação, e que sentiria o peito explodir de orgulho na apresentação de balé da filha. Seu sorriso se alargou ao imaginar Anne no papel de mãe daquelas criaturinhas, e seu orgulho se estendeu também a ela, pois apesar dos altos e baixos que ela vinha demonstrando naquele período complexo e delicado a maioria das mulheres, Gilbert nunca duvidara de sua capacidade maternal. Ela amava aqueles dois seres tanto quanto ele, e o rapaz não conseguia imaginar outra mulher que não fosse ela como mãe de seus filhos.

Antes de Anne manifestar esse desejo de ter um filho dele, Gilbert tinha pensado sobre isso muito raramente. Ele achava que não caberia uma criança em sua vida, principalmente por conta das exigências de sua profissão. Ele se cansara de ver colegas seus se separarem de suas esposas por conta do tempo escasso que tinham para elas, deixando toda a responsabilidade da casa e da criação dos filhos nas costas delas, sendo acusados de se casarem com suas profissões, e se esquecerem que tinham uma vida pessoal fora do hospital.

Quando ele namorara Sarah, esse pensamento parecia perfeito, pois ela também não tinha sonhos de ser mãe, pois queria se dedicar a sua profissão e um filho fugia totalmente dos planos que tinha para o futuro, porém, quando ele se vira completamente apaixonado por Anne e imaginando uma vida em comum com ela, a paternidade dentro dele começara a aflorar, e ele descobrira para sua própria surpresa que tudo o que desejava era ser pai de um filho de Anne, e quis o destino que lhe desse dois de uma só vez, e Gilbert não conseguia imaginar felicidade maior que aquela.

John e Sarah seriam os seres mais amados da face da terra, pois Gilbert já conseguia sentir em seu coração toda a paixão que nutria pelos seus cristais. Ele queria ser para eles o que John Blythe fora para ele, um exemplo de pai, homem e cidadão, uma vida que fora preciosa em todos os sentidos, porque mostrava de verdade o caráter de alguém que quisera apenas fazer o bem de todas as maneiras, pena que tinha sido breve sua passagem nesse mundo que carecia tanto de almas como a dele, que nunca soubera o que era olhar com maldade para outra pessoa, pois ele apenas soubera cultivar o amor. E se ele conseguisse ser um terço do que John Blythe fora para quem o conhecera, ele com certeza já se daria por satisfeito.

- Até que enfim meu marido resolveu usar a nossa academia. Achei que nunca abandonaria sua corrida matinal para perder algumas horas aqui. - Anne disse, tirando Gilbert completamente de seus pensamentos sobre seu pai e os dois bebês. Ele se virou devagar, para ela, e em menos de cinco minutos registrou a aparência dela que sempre o encantava de qualquer maneira., pois Anne nunca precisara estar envolta em casacos de pele para ser deslumbrante. Bastava que fosse ela mesma em seu habitat natural, para Gilbert ter certeza de que aquela garota era a mais linda que ele já tinha conhecido.

Ela usava uma camisola preta de seda bastante comportada no decote, e que também não chegava a ser curta demais, fazendo um perfeito contraste com a pele dela, que brilhava intensamente naquela hora da manhã. Os cabelos estavam soltos, como não podia deixar de ser, era a outra característica dela que a diferenciava de qualquer mulher. Aquela cor era toda ela, e Gilbert não conseguia imaginá-la loira ou morena, porque o ruivo fora criado justamente para Anne e ela a usava com toda sua exuberância de mulher, consciente de seus próprios encantos, mas nunca de maneira arrogante ou exibicionista.

- Não quis sair para correr hoje, porque quis economizar meu tempo agora de manhã. Esqueci de te dizer ontem que meu plantão é agora de manhã. - Ele disse sem tirar os olhos dela, percebendo a careta de decepção que ela fez.

- Jura? Eu pensei que poderíamos ficar mais tempo juntos hoje. - Ela se sentou em uma cadeira que havia por ali, e começou a brincar com uma bola de pilates que ela usava para exercitar as pernas.

- Desculpe-me, querida. Ontem foi um dia intenso para nós dois. Fizemos as pazes de vez e falamos sobre alguns assuntos difíceis, e acabei esquecendo de mencionar que teria que sair cedo. Mas, isso também nos dá uma vantagem, pois vou poder voltar para casa antes do meu horário habitual, e prometo que faremos algo agradável apenas para nós dois.- Anne se levantou e se aproximou dele, colocando uma das mãos no peito forte de Gilbert, onde fez uma carinho e depois disse;

- Você promete mesmo? Porque todas as vezes que tem esses plantões você nunca chega em casa no horário que diz que vai chegar.

- Hoje é diferente, querida. Eu programei tudo. Não quero perder um minuto sem você. - Ele acariciou o rosto dela e a viu sorrir, sentindo-se feliz por terem resolvido toda as pendências entre eles, pois não havia outro lugar no qual quisesse ficar que não fosse aquele.

- Hoje também tem minha consulta com a Gabriela. Você marcou com antecedência, se lembra? - ela disse passando os braços pelo pescoço dele. Era incrível como não conseguiam ficar longe um do outro por cinco minutos.

- Sim, eu me lembro. Estarei no hospital no horário, assim facilita em não nos desencontrarmos. – Ele a segurou pela cintura, e depois examinou-lhe o rosto com atenção, notando sua palidez embora os lábios continuassem rosados. - Como está se sentindo hoje?

- Só um pouquinho enjoada, mas, melhor do que ontem. Acha que piorei? - ela perguntou, e Gilbert viu a preocupação no seu olhar que ele tratou de aliviar dizendo:

- Não se preocupe. Eu vou te ajudar com isso, está bem? - Vamos esperar o diagnóstico da Gabriela, e se o seu estado tiver piorado, vamos tratar de fazer você melhorar. Dessa vez eu prometo que vou estar ao seu lado ao longo de todo o caminho. - Anne o abraçou e Gilbert sentiu seu cheiro de jasmim inesquecível.

- Você sempre esteve aqui. Mesmo todos esses dias em que te afastei de mim, você cuidou de mim como pôde. Eu nunca vou me esquecer disso. Você é um homem maravilhoso, Gilbert. Desculpe-me não te dizer isso mais vezes.

- Você é maravilhosa também, e espero que se lembre disso quando se sentir insegura por algum motivo. Eu quero ser o apoio que você precisa em todos os momentos, e juro que não vou te decepcionar dessa vez. - Anne encostou sua testa na dele, e fez com que Gilbert a olhasse dentro dos olhos enquanto dizia:

- Você nunca me decepcionou. Eu talvez tenha ficado chateada em alguns momentos por certas atitudes suas, mas nunca me senti decepcionada. O problema com Denise foi uma questão que tenho que resolver comigo mesma, você não teve nada a ver com aquilo, quero que me perdoe mais uma vez pelo sofrimento que te fiz passar. Eu sei que fui mesquinha, e você não merecia toda aquela carga depressiva em cima de você. - Gilbert estreitou o abraço, e respondeu:

- Eu também não fui nada fácil com você, e a situação piorou consideravelmente depois disso. Teremos que aprender a conversar sobre essas questões, ao invés de tirarmos conclusões precipitadas, que acaba por construir uma barreira entre nós. Eu prometo que vou ouvir tudo o que você quiser me dizer. - Anne lhe deu um sorriso ladino e respondeu:

- É mesmo? Pois eu tenho algo para te dizer agora mesmo.

-Pode dizer, sou todo ouvidos.

- Eu quero te beijar nesse exato momento. - Ela disse se aproximando mais dele.

- Por que não disse logo? Eu achei que era o único aqui a querer isso. - Ele colou os lábios nos ela, e o que era para ser só um beijo se tornou mais do que isso. Um roçar de lábios entre eles nunca era somente um roçar de lábios, pois logo se tornava uma paixão sem medida.

Eles estavam em um lugar muito pouco confortável para isso, mas nenhum deles pareceu se importar. Gilbert ainda estava em cima da bicicleta, mas, deu um jeito de acomodá-la entre suas pernas enquanto suas mãos desciam pela lateral da camisola até chegarem na barra onde ele alcançou as coxas dela nuas. Suas mãos subiram mais um pouco e encontraram a calcinha que ela usava, acariciando-a vigorosamente por cima. Anne suspirou pesadamente, e se movimentou de encontro aos dedos dele, que pararam um instante de tocá-la para que Gilbert pudesse dizer:

- Se não pararmos agora mesmo, eu juro que vou fazer amor com você aqui mesmo.

- Então vamos para o quarto. Eu quero muito aproveitar de cada minuto que ainda temos antes de você ir para o trabalho. - Anne disse beijando-o no pescoço.

Assim, sem nenhum protesto ele a carregou nos braços até o quarto, onde nas duas horas seguintes tudo o que se ouviu foi o amor explodindo entre eles com suas labaredas cada vez mais altas e intensas.

GILBERT

Fazia algum tempo que Gilbert tinha saído para o trabalho, mas, Anne não tinha vontade nenhuma de sair da cama. Fazia dias que não se sentia tão bem, e aquela preguiça boa que a acometia naquele instante a incentivava a ficar mais tempo entre os lençóis macios, se lembrando de cada momento que passara ali com Gilbert no último fim de semana.

Finalmente, ela tivera coragem de admitir que seus sentimentos negativos em relação à situação que estavam passando não tinham relação direta com Gilbert. Sua insegurança causara tudo aquilo, e por pouco não perdera o único homem que já amara na vida por não conseguir enxergar com clareza a razão principal de sua ira. Ela tinha muita coisa que mudar em si mesma, e amadurecer, apesar de já ter dado grandes passos em relação a isso no passado, e não culpava sua pouca idade, porque amadurecimento tinha muito mais a ver com a cabeça e as experiências de vidas do que propriamente os anos que uma pessoa possuía, e muitas vezes naquela semana, ela agira feito a garota mimada que Gilbert a acusara tantas vezes tempos antes.

Talvez a maternidade lhe trouxesse esse lado que ainda lhe faltava, essa necessidade de ponderar as coisas conforme seu grau de importância e não somente pela aparência, pois deixar que apenas a primeira impressão comandasse seus sentimentos e atitudes era perigoso demais. Ela tinha que se empenhar mais nesse seu lado ciumento, que a fazia errar com Gilbert mais vezes do que gostaria. Ele lhe demonstrava seu amor por ela diariamente, então por que às vezes parecia que mesmo enxergando nos olhos dele a sinceridade de seus sentimentos parecia que não bastava?

A promessa quebrada por sua mãe tinha mais influência em sua vida que queria acreditar. Anne crescera com essa decepção dentro dela, e como nunca a resolvera de fato, seus sentimentos se moldaram em torno dessa sensação de que as pessoas sempre a decepcionariam, não importava quanto amor Anne lhes desse. Isso não deveria se aplicar a Gilbert, porque ele sempre tentara fazer o certo pelo relacionamento dos dois, porém, Anne sentia que desde que começaram se relacionar de novo, ela esperava por uma atitude traiçoeira do marido só para dizer a si mesma que sempre estivera certa e que nunca deveria confiar em alguém totalmente. E quando a tal situação acontecera com Denise Williams, ela quisera se convencer que ele tivera culpa, mas, depois, ela percebeu que não se tratava exatamente disso, e sim da sua inaptidão em lidar com o que sentia a respeito de si mesma e suas crenças.

E então, começara sua luta para ter de volta o seu marido, não sabendo exatamente o que faria para que ele a perdoasse, mas estava disposta a tudo para que isso acontecesse. Ela sabia que não seria fácil, e no início Gilbert fora duro com ela. Não que ela não tivesse merecido, porque depois de tantas farpas trocadas seria impossível manter um clima amistoso entre eles, mas por fim, conseguiram se acertar, Eles disseram o que precisava ser dito, e o amor voltara a fluir entre eles como antes, forte, cheio de paixão e desejo.

Ela suspirou baixinho, e abraçou o travesseiro de Gilbert, sentindo o cheiro de colônia amadeirada que sempre ficava por ali quando ele se levantava. Era tão bom ser amada por ele com suas mãos, lábios e coração. Ela nunca pensara que tanto amor fosse possível, e que a entrega a esse tipo de sentimento exigisse tudo o que ela e Gilbert tinham para dar de si, e de repente, ela entendia que era assim, porque eles se completavam como homem e mulher, seu sangue corria na veia um do outro, seus corações também seguiam uma única entonação, e suas emoções se misturavam sendo tão idênticas em seu contexto, que era como se vissem a si mesmos pelo espelho da alma um do outro.

Com nenhum outro homem ela se sentira assim. Nem mesmo com Cole que era seu irmão de coração, ela encontrava tantas semelhanças em pensamentos e sentimentos. Gilbert era uma parte sua assim como os bebês também eram, por isso, que perdê-lo a teria deixado mutilada para sempre, por que substitui-lo por outro alguém era impensável, assim como era impossível arrancá-lo de dentro dela. Anne era irremediavelmente e perdidamente apaixonada por seu marido, e isso nunca mudaria mesmo que tivessem ficado separados.

Ela olhou para o relógio que marcava nove horas, e embora relutasse em se levantar, acabou por fazê-lo. Ela ainda tinha alguns dias de licença do trabalho, por isso, podia contar com todo o tempo livre para si. Seu café da manhã foi reforçado e preparado especialmente por seu marido que não a deixava se esquecer que tinha dois bebês dentro dela para alimentar, como se isso fosse possível com o tamanho que sua barriga de seis meses estava, e que ela via crescer todos os dias pelo espelho do seu quarto, a qual ficava admirando com todo o seu amor.

Apesar de sua insegurança em relação ao próprio corpo durante a gestação, Anne nunca deixaria de viver essa experiência para manter um corpo esbelto. Ela sabia de muitas mulheres que deixavam de viver a experiência da maternidade para se apegarem a um padrão de beleza inexistente. O tempo não era nem um pouco generoso com a beleza feminina, e a sociedade muito menos. Enquanto o homem era taxado de charmoso com alguns fios brancos, as mulheres eram vistas como decadentes, e isso era o que talvez fizesse muitas delas sufocarem sua natureza maternal, para não perderem a beleza de um corpo que não seria firme ou durinho para sempre.

Anne tinha discernimento o bastante para entender que seu corpo não seria o mesmo após a gestação, que talvez ganhasse mais curvas onde antes fora totalmente esbelta, e que sua pele talvez também mudasse, mas, ser mãe era mais importante que tudo para ela, e tentaria lidar com essas questões que tendiam deixá-la para baixo mais tarde. Não queria que seus filhos viessem ao mundo sentindo aquela energia negativa que muitas vezes a deixava deprimida, Ela queria que desde o primeiro instante em que abrissem os olhinhos, eles sentissem o seu amor e de Gilbert como um círculo a protegê-los de tudo. Era esse o papel dos pais, protegerem e amarem seus filhos em primeiro lugar, e nenhum corpo esbelto tiraria o seu prazer de ter seus maiores tesouros nos braços.

A ruivinha terminou o seu café e foi até a janela dar uma espiada no tempo. O sol lá fora brilhava, anunciando a chegada de um tempo mais quente e florido. O cheiro de primavera estava no ar, e ela ficava feliz de ver como o mundo ficava mais bonito quando as pessoas se aventuravam fora de suas casas depois do rigoroso inverno. Anne era amante de todas as estações, pois todas tinham o seu charme especial, então sua animação sempre estava no auge no início de cada uma delas, esperando pelas muitas oportunidades de poder curtir com Gilbert novas diversões ou programas, mesmo que estivessem mais caseiros nos últimos tempos, mas ela esperava que pudessem encontrar um tempo para se curtirem mais fora de casa agora que estavam bem novamente.

Ela decidiu se arrumar e sair um pouco para aproveitar o dia ao ar livre, pois depois de todos aqueles dias trancada dentro do apartamento, tudo o que ela queria era extravasar sua alegria por finalmente estar ao lado de seu amor, e viver aquele dia como se fosse o começo de uma nova fase entre ela e Gilbert, e só havia uma pessoa com quem queria compartilhar aquele momento.

A mensagem para Cole foi enviada no momento em que ela estava entrando no banho, e ele respondeu quase imediatamente, dizendo que adoraria receber a visita dela, já que estava quase morrendo de tédio, pois até seu trabalho não o estava agradando de forma nenhuma, e algumas horas ao lado de sua irmã e sobrinhos era tudo o que ele precisava para recarregar seu ânimo. Assim, Anne tomou um banho rápido, e se arrumou, colocando um vestido azul soltinho que chegava até o seu joelho, sandálias de salto baixo, e nos cabelos ela fez um coque baixo que deixava seu rosto delicado em evidência, dando-lhe um ar mais leve. Como maquiagem, ela usou apenas um pouco de batom coral, deixando sua pele livre para respirar sem produtos pesados sobre ela, que ela costumava usar quando estava trabalhando.

Como se sentia bastante animada, ela resolveu dirigir, pois desde que comprara o carro, ela somente saíra com ele duas vezes, e precisava perder o medo de usar qualquer veículo motorizado, pois logo seus filhos dependeriam dela em muitos momentos, e autonomia nesses casos era tudo. Assim, ela chegou na casa de Cole sentindo-se orgulhosa de si mesma por ter conseguido dirigir até ali sem entrar em pânico. Era certo que demorara o dobro do tempo para chegar, pois dirigira bem devagar, mas, como estava se acostumando a ser uma motorista novamente, na velocidade que viera estava de bom tamanho.

Logo, ela estava tocando a campainha, e Cole veio atender vestindo uma bermuda velha, e camiseta toda manchada de tinta. Poucas vezes Anne o vira fora de suas roupas elegantes, e chegava a se espantar quando o pegava em seu momento descontraído de trabalho.

- Minha linda, que bom que chegou para salvar seu velho amigo do marasmo desse dia. Como estão meus sobrinhos lindos? - ele colocou as mãos no ventre volumoso de Anne, e sentiu os bebês se mexerem, deixando-o atônito e emocionado ao mesmo tempo.

- Acho que eles responderam por si mesmos. - Anne disse, vendo os olhos de Cole marejarem. Era a primeira vez que os bebês mexiam com alguém que não era Gilbert, e a emoção genuína do amigo a deixava tão ou mais emocionada que ele.

- Ai, Meu Deus, que coisa mais linda. Eu não pensei que isso pudesse acontecer comigo!- Cole gesticulava e falava tão rápido que acabava atropelando as palavras, fazendo Anne rir de seu nervosismo diante de algo tão simples e natural, mas, sendo ele quem era, não era de se esperar que sua reação diante de algo assim seria realmente comum. Para deixá-lo ainda mais feliz, ela segurou as mãos dele sobre sua barriga e disse:

- Olá, cristaizinhos, esse é o tipo Cole, que muito em breve será o padrinho de vocês. Ele merece todo o amor de vocês, assim como o papai e a mamãe. - Anne viu uma lágrima saltar do olhar de Cole enquanto ele segurava suas mãos e dizia:

- Ah, meu amor. Você conseguiu deixar esse dia terrível imensamente feliz. Vamos entrar e conversar um pouco sobre você, essas coisinhas fofas do tio Cole. - Ele se aproximou da barriga dela, deixando um beijo molhado que fez o sorriso de Anne se alargar.

Eles entraram no apartamento elegante dele, e Anne foi conduzida a sala de estar que era toda em tons pastéis. Anne se lembrava que da última vez que estivera ali, as paredes eram verde-claro, mas, essa não era a primeira vez que Cole mudava o tom das paredes. Ele sempre dizia que que a cor que escolhesse para pintá-las refletia o seu humor no momento, por isso naquele instante, Anne não conseguia decidir se ele estava em um momento de paz, ou de neutralidade, pois o tom pastel não lhe dizia muita coisa a respeito dos sentimentos do amigo naquele instante, pois ela estava acostumada a vê-lo preferir cores mais fortes que aquela.

Ambos se sentaram no sofá confortável de couro legítimo, e Cole perguntou:

- Agora me conte com detalhes como você e Gilbert estão? - Anne sorriu diante da pergunta do amigo, e esse sorriso a entregou no mesmo instante, fazendo Cole quase gritar ao dizer:- Ah, fizeram as pazes finalmente!

- Sim, e estamos muito bem. Eu e Gilbert tivemos uma longa conversa nesse fim de semana, e acho que realmente colocamos todos os pingos nos iis. Não quero mais ficar longe do meu marido por um motivo tão idiota, Cole. Nós dois merecemos ser felizes, e vamos ser no que depender de mim.

- É assim que se fala, ruiva. Se você perdesse aquele homem por insegurança boba sua, eu juro que ia te fazer lembrar disso para o resto da vida. Quem em sã consciência despreza um homem como aquele? Príncipes encantados são raros hoje em dia, e o seu homem meu amor, é um príncipe com P maiúsculo. – Anne não podia discordar das palavras de seu amigo. Gilbert era o melhor homem do mundo, e que a tratava com consideração, respeito e amor, e apesar de tudo o que ela o fizera passar, em nenhum momento ele a tratou de outra maneira que não fosse com gentileza, mesmo quando sua voz soava mais seca do que o normal ao falar com ela, mas os olhos castanhos dele nunca deixaram de lhe demonstrar o amor que ele continuava a carregar dentro de si mesmo a duras penas. Ainda bem que ela conseguira enxergar a tempo o que estava perdendo, ou então se arrependeria pela vida toda.

- Eu sei que está certo, e lhe agradeço por sempre abrir os meus olhos. Sou imatura e cabeça dura, mas, não sou tão cega a ponto de não ver que homem nenhum tem minha felicidade nas mãos, se não for Gilbert Blythe.

- Ah, que alegria ouvi-la falando assim. Espero que tenha aprendido a lição dessa vez, e deixe que a felicidade entre finalmente em sua vida. Desentendimentos em alguns momentos irão existir, mas, nunca deixe que eles os acompanhem até seu leito nupcial, pois lá o que deve existir são somente noites de prazer. - Ele disse com uma piscadela maliciosa que fez Anne rir e comentar:

- Cole Mackenzie nunca perde a oportunidade de ser obsceno.

- Faz parte do meu show, querida. Além do mais, eu já te falei que com o Gil delícia é impossível não ser obsceno. Aquele homem é o próprio pecado em pessoa. - Outra vez Anne teve que concordar com o amigo. Ela mesma, depois de tanto tempo de intimidade com ele, e dois bebês a caminho, não conseguia resistir ao charme do marido. Ele transpirava um magnetismo próprio que poucos homens possuíam, e mesmo no mundo da moda onde havia todos os tipos de corpos e músculos masculinos, Anne nunca se sentira atraída por ninguém como se sentia por Gilbert.

- Bem, disso, eu não posso discordar. Eu tenho esse pecado embaixo do meu teto, então, fica difícil ser uma garota comportada vendo-o desfilar na minha frente com toda aquela beleza morena. - Anne disse quase suspirando.

- Eu imagino, querida. Se fosse eu, me sentiria do mesmo jeito. Não sei como resistiu todos esses dias sem ele.

- Não foi fácil, e no fim, eu tive que pedir para que ele voltasse para casa. Não consigo mais viver sem aquele homem. - Anne disse colocando sua cabeça no ombro de Cole.

- Ele também não vive sem você. Então, aproveite esse amor, pois não se encontra algo assim em qualquer esquina. - O amigo aconselhou.

- - Pode deixar. Não vou me esquecer disso.

- Está com sede? Que tal uma limonada? - Cole ofereceu.

- Sim, adoro limonada. Por conta dos enjoos acabei ficando fã dessa bebida. - Anne disse sorridente.

- Então vamos até minha cozinha, e você me conta mais sobre essa reconciliação tão esperada.

Deste modo, ela seguiu o amigo pelo apartamento, e logo ambos estavam novamente envolvidos naquele tipo de conversa que só fazia bem à alma de ambos dentro da amizade que compartilhavam.

GILBERT E ANNE

Eram duas e meia quando Anne deixou a casa de Cole. Ela estava feliz por ter passado aquelas horas descontraídas com o amigo, pois suas conversas com ele eram sempre estimulantes e divertida, lhe dando uma ótima perspectiva e ânimo para resolver seus problemas da melhor forma possível. Cole era um amigo leal, sensível o bastante para falar com Anne do jeito que ela entenderia perfeitamente suas ideias. Ele não era severo demais e muito menos sutil demais, e sua sinceridade às vezes mordaz fazia com que Anne abrisse seus olhos para seus erros mais gritantes, e isso era o que a ruivinha amava no artista plástico. Em anos de amizade eles nunca tinham brigado, ou cortado relações por conta de alguma divergência de opinião entre eles, pois no fim Anne sempre se sentia inclinada a concordar com Cole, pois ele tinha uma sensatez em relação às coisas da vida, principalmente no que tinha a ver com relacionamentos, que ela simplesmente não podia deixar de enxergar a veracidade que existia em suas palavras. Seriam amigos o resto da vida, isso ela tinha certeza.

Ela conferiu sua aparência uma última vez, e como sempre fazia quando tinha uma oportunidade, ela tirou uma self sua e de sua barriga e enviou para Gilbert dizendo " Estamos a caminho papai". Em cinco segundos veio a resposta com um emoji enorme de coração que respondia à sua mensagem como: " Estou esperando cheio de saudades. Eu amo vocês ".- Anne não pode deixar de sorrir com o teor carinhoso das palavras do marido que refletiam exatamente o que ela sentia por dentro, apesar das poucas horas separados, ela sentia muito amor e muita saudade daquele homem singular que sabia como fazê-la feliz com tão pouco.

Enquanto dirigia para o hospital, ela passou pelo centro de Nova Iorque que incrivelmente não estava tão abarrotado de carros como comumente estaria naquela hora, o que para Anne era um enorme alívio, pois ela detestava dirigir quando o trânsito estava pesado. De repente, seu olhar foi atraído por algo que a fez sorrir, e lhe deu uma ideia incrível. Ela e Gilbert nunca tinham ido a um lugar assim juntos, nem mesmo quando eram adolescentes, e Anne estava morrendo de vontade de experimentar uma aventura assim com seu marido. Era verdade que estavam em uma segunda-feira, mas, Gilbert lhe dissera que queria que fizessem mais coisas como um casal, e aquele lugar lhe pareceu perfeito para fazer uma surpresa para ele.

Sentindo-se animada com aquela ideia que a fazia se sentir uma menininha outra vez, Anne continuou seu caminho até o hospital, louca para ver seu marido, apesar da preocupação de não saber como seu estado físico estava depois de vários dias de tensão e angústia em meio ao desentendimento que tivera com Gilbert. Ela se alimentara muito mal, deixara que a depressão a afastasse de seu objetivo que era se curar de sua anemia e fortalecer seu organismo para o parto que se aproximava. Anne estava decepcionada consigo mesma, e assumia sua culpa em qualquer diagnóstico negativo que Gabriela pudesse lhe dar. Entretanto, ela prometeu a si mesma que faria escolhas mais adultas dali para frente, e colocaria seus bebês a frente de qualquer outra coisa. Eles eram seus para serem cuidados, e os desejara demais para que agora agisse com negligência, e não os tratasse com o devido respeito e consideração que mereciam.

Assim, que estacionou em uma vaga no hospital, ela viu Gilbert a sua espera e sorriu de orelha a orelha. Ele parecia mais ansioso do que ela em se encontrarem, e isso lhe deu um gás a mais para o que queria fazer junto com ele a noite. Anne saiu do carro, e Gilbert veio caminhando em sua direção com aquele sorriso que a fazia ter mil sensações diferentes dentro de si, inexplicáveis, velhas e novas, conhecidas e desconhecidas, mas, todas apenas por aquele homem que a olhava com seus olhos castanhos cheios dos mesmo sentimento que o seu. Ele lhe estendeu a mão, e ela a pegou com a mesma confiança que fizera aos nove anos, quando ele a encontrara chorando na escola por causa de Billy Andrews, e a levara com ele até a biblioteca para resolver o problema os livros estragados, e foi ali que a confiança entre eles começou a crescer, e Anne soube que sempre poderia se apegar a Gilbert quando em algum momento a vida lhe apontasse um caminho tortuoso demais. Ela lhe confiava sua vida, seus sonhos e seu amor como um cego sem necessidade de ser guiado para luz. Gilbert era sua luz, e nunca mais se esqueceria disso.

- Maravilhosa. Como pode ter ficado mais bonita desde que te amei hoje de manhã? - Ele disse com ela em seus braços, e Anne deixou que seus lábios roçassem os dele antes de responder:

- São seus olhos, meu amor. Você é que continua irresistível nesse jaleco branco. Nenhum médico nesse hospital tem o charme do meu marido. - Eles se beijaram de verdade, com saudade e doçura, e depois Gilbert perguntou preocupado:

- Como está se sentindo, amor? Teve algum enjoo depois que vim para o hospital?

- Não. Eu até consegui comer todo o café da manhã que você deixou pronto para mim. Não se preocupe, eu vou ficar bem. - Ela entrelaçou os dedos nos dele e começaram a caminhar em direção ao consultório de Gabriela.

Agora que estava ali, Anne senti uma apreensão maior tomar conta dela. Estava preparada par o que teria que ouvir, mas, ao mesmo tempo esperava que não fosse tão grave assim. Sua fraqueza nos últimos dias indicavam as consequências da sua falta de alimentação e força de vontade de seguir a dieta prescrita, e já sabia que levaria um sermão enorme de sua médica, Anne estava triste pelas circunstâncias que a trouxeram ali, mas, estava consciente em tudo o que teria que melhorar.

- Gabriela está nos esperando nesse momento. Está nervosa? - Gilbert perguntou sentindo seus dedos gelados. Ele também estava preocupado, mas, ajudaria Anne em tudo o que ela precisasse para voltar a ficar saudável antes dos partos de seus filhos. Essa era também uma promessa que fizera a si mesmo.

- E estaria mentindo se dissesse que não, mas, estou pronta para enfrentar o que vier. - Ela respondeu apertando a mão do marido na sua.

- Eu estou aqui com você. Não precisa temer nada. - Ele a beijou de leve na testa, e aquele carinho foi tudo o que Anne precisava para sentir sua coragem aumentar. Assim, eles chegaram juntos ao consultório de Gabriela, que os fez entrar no momento em que os viu.

- Vamos ver como minha paciente favorita está. - A médica disse sorridente, e Anne apenas assentiu com um menear de cabeça. Ela sentia como se fosse uma colegial prestes a ser advertida pela diretora da escola por algo errado que tivesse feito.

Como de costume, ela se despiu e vestiu a camisola de todas as suas consultas. Em seguida, Gabriela a levou para a sala de consultas acompanhada de Gilbert que não queria ficar longe de Anne um minuto sequer. A ruivinha foi submetida ao ultrassom do pré-natal, onde quase chorou mais uma vez ao ouvir os coraçõezinhos dos dois bebês batendo forte. Quando os escutava assim, ela quase podia senti-los tão perto, como se estivessem naquele instante em seus braços. Ela olhou para Gilbert e viu seus olhos brilharem, perdidos na mesma emoção que ela, e sorriram um para o outro.

- Muito bem, Anne. Pode se vestir, pois vou te esperar no consultório. - Anne concordou, tentando ver no rosto sério da médica se o diagnóstico era muito ruim, mas, não conseguiu enxergar nada na expressão da médica.

Ela se vestiu rapidamente, e caminhou de volta ao consultório onde encontrou Gabriela conversando com Gilbert. Pelo rosto compenetrado do marido, Anne sentiu que a conversa era mais séria do que ela gostaria, mas, não se amedrontou ou fugiu do que teria que saber sobre o seu estado. Assim, que Gabriela viu Anne, ela apontou a cadeira ao lado de Gilbert para que a ruivinha se sentasse, e só então começou a falar:

- Nem preciso te dizer que estou extremamente desapontada com você. Não seguiu minhas recomendações, e negligenciou toda a dieta que te passei da última vez que esteve aqui. Para sua sorte, os bebês estão bem, ainda não foram atingidos por sua anemia que piorou consideravelmente. Vou pedir outro exame de sangue que pode ser colhido por Gilbert mesmo na sua casa, apenas para comprovação do que eu já sei pela sua aparência, e sintomas. Você está entrando em um quadro de desnutrição grave, e se quiser reverter esse quadro até o nascimento dos gêmeos, eu sugiro que comece a trabalhar nisso urgentemente.- Mesmo tendo se preparado para ouvir tudo aquilo, Anne sentiu um aperto na garganta, mas se esforçou para não chorar. Ela sabia de sua culpa naquilo tudo, e teria que encarar mais uma batalha para que seus bebês viessem ao mundo sem sequela nenhuma de sua irresponsabilidade. Ela apenas assentiu, esperando que sua médica lhe passasse a receita de novos suplementos, enquanto sentia o olhar preocupado de seu marido sobre ela. Ela precisava ser forte por ele também que esperava que dessa vez sua atitude fosse de uma mulher que em breve seria mãe, e não de uma garotinha mimada.

Eles saíram do consultório de mãos dadas, e no meio do corredor, incomodado com seu silêncio, Gilbert parou um instante, tocou o rosto de Anne com carinho e disse:

- Não fique assim, Anne. Tudo vai ficar bem.

- Não seja tão generoso comigo, amor, você sabe que essa situação toda é minha culpa. Eu sou mãe deles, e o mínimo que eu deveria fazer era mantê-los bem, e, no entanto, eu deixei que meu egoísmo com os meus sentimentos colocasse os bebês de lado, enquanto fiquei envolvida com minha auto piedade. Que tipo de mãe isso me torna? - uma lágrima escorreu, e Gilbert a abraçou, dizendo com sua voz consoladora:

- Não seja dura consigo mesma. Você passou por momentos difíceis nesses últimos dias, e é compreensível que esteja mais debilitada. Mas, se você seguir a dieta à risca dessa vez, em pouco tempo estará recuperada. Eu disse que te ajudaria nisso, e vou. Por favor, querida, ver você assim parte meu coração. - Anne se agarrou mais a ele, não se importando com quem pudesse ver aquela demonstração de carinho. Ela precisava tanto daquele abraço como do oxigênio para sobreviver, e ninguém a faria se sentir melhor a não ser Gilbert com seu jeito tão incrível de ser. Eles se separaram, e ele disse:- Venha, vou te levar para casa, pois meu expediente terminou.

Ambos foram para o estacionamento, e Gilbert decidiu ir dirigindo o carro de Anne, e deixar o dele no estacionamento do hospital. No dia seguinte, ele viria de táxi para o trabalho, e então quando voltasse para casa, levaria seu carro com ele.

Anne falou muito pouco durante o caminho para o apartamento, e Gilbert pressentindo sua vontade de se resguardar também não insistiu em uma conversa. Ela precisa processar o que tinha ouvido de Gabriela, e embora tivesse sido duro, ela precisava saber da realidade dos fatos. Eles chegaram em casa, e Anne foi para o quarto, pensando em tudo o que lhe acontecera naquele dia, de sua visita e conversa com Cole, e sua ia a ginecologista que lhe dera más notícias a respeito do que no fundo ela já sabia, e ninguém podia dizer que não fora avisada. Estava triste e arrasada, mas, não podia deixar que aquilo a desanimasse do passeio que queria fazer com Gilbert, por isso, ela tomou um banho, colocou uma saia de musseline florida para combinar com a estação, uma blusa regata preta, rasteirinha para descansar os pés, deixou os cabelos soltos, e foi a procura de seu marido que estava sentado na sala, lendo o jornal do dia. Quando a viu se aproximar toda arrumada, seu olhar foi de admiração mais uma vez naquele dia pela beleza de sua esposa, e disse:

- Pelo jeito já está melhor. Está linda, querida.- ele pegou em sua mão e a beijou, e depois fez Anne se sentar a seu lado no sofá, deixando seu olhar deslizar por todo o rosto dela enquanto perguntava:- Se arrumou toda assim para ficar comigo em casa?- Anne riu da expressão intrigada dele e respondeu:

- Na verdade não. Eu tenho um convite para te fazer.

- Que convite?

- Eu gostaria de sair hoje à noite. - Gilbert a olhou surpreso e respondeu:

- Está bem, mas, tem em mente onde quer ir?

- Tenho sim. - Ela disse fazendo certo mistério.

- Muito bem, podemos ir sim, mas, vai me dizer o que tem em mente?

- Não, é uma surpresa, meu marido lindo. - Ele riu, e logo um olhar sapeca surgiu em seu rosto ao dizer:

- Anne Shirley, o que está aprontando?

- Nada demais. Eu sei que vai gostar. Por favor, Gil, apenas confie em mim. - Ela o beijou no rosto e ele respondeu:

- Está bem. Vou me arrumar e já volto.- ele acariciou os cabelos dela com a ponta dos dedos, e depois foi para o quarto, voltando quinze minutos depois totalmente arrumado, arrancando suspiros de Anne ao vê-lo em seu bom e velho jeans desbotado, camisa polo verde, os cabelos naquela bagunça de cachos maravilhosa, e aquele perfume divino que vivia em sua cabeça.

- Meu Deus! Acabei de me apaixonar por você de novo. Como você é bonito. - Ela disse mais para si mesma, sem perceber que acabara de falar aquilo em voz alta, e Gilbert apenas riu, e respondeu:

- Mas tenho certeza que nossos filhos herdarão toda a beleza da mãe.

- Talvez eles sejam uma mistura nossa. - Anne disse abraçando-o pelo pescoço.

- Então teremos trabalho. - Gilbert disse ao se lembrar de quantas traquinagens ele e Anne faziam quando eram crianças, levando os dois a vários episódios de castigo tanto da parte de Marilla quanto da parte de seu pai. Matthew era meio cumplice dos dois, e por isso sempre acabava levando um enorme sermão de Marilla, mas, aqueles foram bons tempos apesar de tudo.

- Acho que podemos ir. Eu te mostro o caminho e logo você saberá o que eu tenho em mente. - Anne disse segurando no braço do marido, e guiando-o para fora do apartamento.

- Estou à sua disposição, meu amor. - Gilbert a abraçou pela cintura, e a levou até o carro.

Ele dirigiu cerca de dez minutos sem ter ideia de onde estavam indo, mas decidiu confiar em Anne, apenas desejando que ela não tivesse tido uma ideia maluca demais, Depois, acabou se corrigindo após ter esse pensamento, porque ele sabia que a seguiria onde quer que ela quisesse ir, sem sequer questionar. Sempre fora assim, e isso nunca mudaria. Quando chegaram em uma curva, Anne olhou mais para frente e disse:- É aqui. - E para a surpresa de Gilbert ela apontou para um lugar que ele reconheceu de imediato e perguntou com um sorriso maior que o mundo:

- Um parque de diversões, Anne?

- Sim, nós nunca estivemos em um lugar assim juntos. Vamos, amor, diga que gostou da minha surpresa. - Gilbert não respondeu de imediato, balançando a cabeça como se não acreditasse que ela tivera aquela ideia, e só depois respondeu:

- Eu adorei. Nunca pensei que gostasse de lugares assim cheio de gente.

- Nem eu, mas hoje quando estava indo para o hospital e descobri esse lugar, eu percebi que nunca estivemos juntos em um parque de diversões e me deu vontade de experimentar. - Ela o abraçou pela cintura e Gilbert disse antes de lhe dar um selinho:

- Você, anjo ruivo. Tem sempre as melhores ideias. Como nunca pensei nisso? - Ele disse olhando para o parque cheio de encantamento.

- Vamos até lá? - Anne disse cheia de animação.

- É claro. Agora você despertou meu lado infantil adormecido. Não perderia isso por nada no mundo.

Feito duas crianças, eles se esbaldaram no parque, e aproveitaram cada segundo como se tivessem todo o tempo do mundo para se divertirem daquela maneira. Assim, eles se aventuraram em algumas atrações que não eram tão perigosas para os seis meses de gravidez de Anne. Eles comeram algodão doce juntos, trocando beijos entre uma maçã de amor e outra, passearam pelo parque, e namoraram muito na roda gigante. Enquanto estavam lá em cima, vendo as estrelas de um ponto privilegiado, Gilbert segurou na mão de Anne e disse:

- Isso tudo foi incrível, meu amor. Obrigado por essa oportunidade de viver com você esse momento tão diferente e maravilhoso. - Os olhos de Anne brilhavam tanto quando ela olhou para Gilbert, que ele teve a impressão de ver duas joias muito caras e lindas.

- Eu sabia que você iria gostar assim que tive a ideia. Obrigada a você por ter topado a vir nessa aventura comigo. – Ela se aproximou de Gilbert, enroscou suas mãos na nuca dele para um beijo delicioso, que vinha desejando desde que o vira no estacionamento do hospital, mas, não tinham tido uma oportunidade de ficarem assim mais intimamente. Gilbert aprofundou o beijo, puxando-a para si, e quando deram por si, a temperatura de seus corpos tinha aumentado perigosamente. Os lábios de Gilbert migraram para o pescoço de Anne, que quase não reprimiu um gemido quando ele mordiscou uma área mais sensível.

- Acho que precisávamos de algo assim para relaxar depois de tudo. - Ele disse em seu ouvido, enquanto a roda gigante começava a se movimentar novamente.

- Acho que preciso do meu marido, agora. - Ela disse baixinho de olhos fechados, enquanto Gilbert continuava a provocá-la de maneira enlouquecedora.

- Quer ir para casa? - ele perguntou, mordiscando o lóbulo de sua orelha lhe causando tantos arrepios que ficava difícil para ela se concentrar em outra coisa que não fosse a boca de Gilbert minando sua resistência.

- Eu quero, mas, só depois que você ganhar aquele urso gigante para mim que me prometeu. - Ela disse baixinho, tentando não gemer o nome dele, pois seu corpo já o queria desesperadamente.

- Está bem. Mas, promete que depois disso vamos para casa? - ele perguntou dando-lhe um último beijo, fazendo Anne perceber que a necessidade dele de ficarem juntos de novo era tão grande quanto a dela.

- Prometo. - Ela respondeu.

E assim, no momento em que desceram da roda gigante. Gilbert levou Anne até a barraca dos tiros, e com uma habilidade imensa, o Dr. Blythe acertou todos os alvos, ganhando o urso de pelúcia que Anne tinha cobiçado tanto desde que chegaram no parque.

- Meu herói. - Ela disse, beijando-o no rosto.

- Para você, eu dou tudo o que você quiser, meu anjo ruivo. - Ele respondeu.

Logo estavam no carro, e em poucos minutos chegavam no apartamento, mas durante todo o trajeto, eles mantiveram uma cumplicidade única de olho no olho, e sorrisos apaixonados. Assim que abriram a porta do apartamento, o clima entre eles mudou, e Anne nem se importou de ir para o quarto. Ela empurrou Gilbert para o sofá, arrancando-lhe a camisa pelo caminho, enquanto ele fazia a mesma coisa com as roupas dela. Eram tão habilidosos, que no momento em que Gilbert sentiu suas costas tocarem o estofado macio, ambos estavam completamente nus, e então, ele puxou Anne para cima de seu corpo para deixá-la mais confortável, e poder senti-la melhor.

Eles literalmente pegavam fogo um pelo outro, pois bastou que suas peles se tocassem para que o desejo os consumisse completamente. Talvez fosse o tempo no qual ficaram separados, e aquele amor que nunca deixavam de sentir um pelo outro, ou o clima tão bom daquele dia, o fato era que o apetite de um pelo outro era imenso. Anne beijou o corpo de Gilbert de cima a baixo, torturando-o com a ponta da língua, fazendo-o suspirar por ela várias e várias vezes, levando-o a um limite que nem mesmo ele pensara que pudesse chegar tão rápido. Ele fechou os olhos e se entregou às mãos de sua fada que com seus dedos habilidosos o deixavam louco por ela a um nível que era impossível controlar suas próprias reações, gemidos, e uma paixão ardente que o queimava por dentro, que o fazia corresponder a cada carícia com uma intensidade surpreendente. Mas, não era suficiente apenas sentir, ele queria que Anne tivesse o mesmo prazer que ele, por isso, ele se sentou no sofá e fez Anne ficar na mesma posição que ele.

Seus lábios desceram sobre os dela e o saborearam de todas as formas, até que ambos necessitassem de ar, Em seguida, ele desceu sua boca sobre o pescoço dela até chegar ao colo, onde deixou beijos quentes, continuando sua excursão pelo corpo de Anne até chegar aos seios, onde sua boca se fechou em torno dos mamilos escuros e maiores que pareciam um botão de flor expostos apenas para o seu prazer. Gilbert sugou-os devagar, observando maravilhado as reações de Anne que jogava a cabeça de um lado para outro, murmurando seu nome. Ele intensificou a carícia, até vê-la tremer em seus braços e a pele dela se cobrir com uma camada de suor, e então ele a deitou devagar sobre o sofá, para ter melhor acesso ao corpo dela. Sua boca desceu pelo tronco, chegando ao abdômen até alcançar seu alvo principal que era a intimidade quente e úmida que parecia implorar pelo seu toque, e assim ele o fez, deixando o corpo de Anne em completo delírio, e quando ela estava a ponto de se desmanchar em sua boca, ele a possui com todo o cuidado e carinho, ouvindo-a gemer mais alto e se agarrar em seu ombro para não cair. E então, eles mergulharam naquele frenesi descontrolado que os fazia perder o contato consigo mesmos, que o deixavam ofegantes, e os incentivava a se mover contra o outro cada vez mais rápido. Anne ditou o ritmo e Gilbert a seguiu, sentindo que logo não se controlaria mais, pois as ondas de prazer o estavam levando a um êxtase puro. Não demorou muito e Anne chegou ao seu ápice com um longo suspiro, seguida de Gilbert que no momento final murmurou o nome dela apaixonadamente, antes que seus corpos se juntassem um sobre o outro totalmente exaustos, mas felizes.

Algum tempo depois, envoltos em roupões de banho curtos, eles foram para a sacada do apartamento, e ficaram abraçados vendo a lua cheia que naquela noite parecia mais bela que tudo, e envolta naquela segurança que era o amor de seu marido, Anne só podia pensar que a felicidade estava de volta à sua vida, e ela prometeu embaixo de todas aquelas estrelas que brilhavam somente para ela que nunca mais a deixaria escapar. 

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