Anne with an e- Corações em j...

By RosanaAparecidaMande

48.5K 3.8K 3.8K

Anne Shirley Cuthbert foi abandonada ao nascer em um orfanato por sua mãe biológica, mas ela nunca deixou de... More

capítulo 1- Lembranças
capítulo 2- amores do passado
Capítulo 3- sentimentos escondidos
Capítulo 4- Duas almas e um destino
Capítulo 5- Lado a lado com o amor
Capítulo 6- Nestes olhos teus.
Capítulo 7 - Emoções em conflito
Capítulo 8- O amor entre nós
Capítulo 9- Chamas de uma paixão
Capítulo 10- Apenas você
Capítulo 11- Corações apaixonados
Capítulo 12- Esse sonho de amor
Capítulo 13- Quando o coração se apaixona
Capítulo 14- O sentimento que vive em mim
Capítulo 15- Combinação perfeita
Capítulo 16- O que nos separa
Capítulo 17- Revelações
Capítulo 18- Expectativas
Capítulo 19- O que nos une
Capítulo 20- Tudo o que eu quis
Capítulo 21- Tudo o que sonhei
Capítulo 22- Tudo o que somos
Capítulo 23- O que me pertence
Capítulo 24- O tempo é algo relativo
Capítulo 25- O amor que te ofereço
Capítulo 26- Pensamentos proibidos
Capítulo 27- Pensamentos e desejos
Part 28- Provando do pecado
Part 29- O Jogo do amor
Part 30- Caprichos do coração
Part 31- Segredos e Desejos
Capítulo 32- Flertando com o perigo
Capítulo 33- O inesperado
Capítulo 34- Revelando um segredo
Capítulo 35- O incêndio
Capítulo 36- Uma esperança
Capítulo 37- O incêndio parte 2
Capítulo 38- Paraíso particular
Capítulo 39- As duas faces do amor
Capítulo 40- Idas e Vindas
Part 41- O retorno
Capítulo 42- Tudo o que existe entre nós
Capítulo 43- Como no princípio
Capítulo 44- Feliz Aniversário
Capítulo 45- Uma grande surpresa
Capítulo 46- O perigo mora ao lado
Capítulo 47- O inimigo nas sombras
Part 48- Amor e dor
Capítulo 49- As verdades do coração
Capítulo 50- Almas divididas
Capítulo 51- Palavras não ditas.
Part 52- O jardim do Éden
Capítulo 53- Ps: Eu te amo.
Capítulo 54- Eterno amor
Capítulo 55- Sua força em mim
Capítulo 56- Um só coração
Capítulo 57- Sem Regras
Capítulo 58- Sussurros e juras de amor
Capítulo 59- Entre o céu e o inferno
Capítulo 60- Lar
Capítulo 61- A promessa de uma vida
Capítulo 62- Entre as estrelas
Capítulo 63- De corpo e alma
Capítulo 64- Desejo e castigo
Capítulo 65- Ao cair da tarde
Capítulo 66- Vidas entrelaçadas
Capítulo 67- Amor imenso
Capítulo 68- Fogo
Comunicado
Capítulo 70- Sonhos perfeitos
Capítulo 72- Xeque Mate
Capítulo 73- Anjo Ruivo
Capítulo 74- Amor de diamante
Capítulo 75- Para sempre
Capítulo 76- Um Natal para relembrar
Capítulo 77- Tudo o que importa
Capítulo 78- Um grande novo ano
História Nova
Capítulo 79- A segurança dos seus braços
Capítulo 80- Can't take my eyes off you
Capítulo 81- Inesquecível amor
Capítulo 82- O casamento do ano
Capítulo 83- Lua de Mel Havaiana
Capítulo 84- Uma nova vida juntos
Capítulo 85- Inseguranças e Fragilidades
Capítulo 86- Ao nascer do sol
Capítulo 87- O caminho de volta
Capítulo 88- O ingrediente principal
Capítulo 89- Na alegria ou na tristeza.
Capítulo 90- O benefício da dúvida
Capítulo 91- Amor e mágoa
Capítulo 92- Impasse
Capítulo 93- Uma longa noite
Capítulo 94- Sob o mesmo céu
Capítulo 96- A razão da minha felicidade
Capítulo 97- Alcançando as estrelas
Capítulo 98- Acerto de contas
Capítulo 99- A vida por um fio
Capítulo 100- Garota Extraordinária
Capítulo 101- Na dor
Capítulo 102- A beleza de Vênus
Capítulo 103- The way I love you
Capítulo 104- Reconstruindo sonhos
Capítulo 105- Amor de mãe
Capítulo 106- Um novo tempo
Capítulo 107- Entre a mágoa e o perdão
Capítulo 108- Redescobrindo o passado
Capítulo 109 - Universo particular
Capítulo 110 - Esposa perfeita
Capítulo 111- Paraíso na terra
Capítulo 112- Um futuro cheio de promessas
Capítulo 113- O perdão é a cura da alma
Capítulo 114 - Lucy
Epílogo
Agradecimentos
Prêmios

Capítulo 95- Juntos

262 19 38
By RosanaAparecidaMande


Olá, pessoal. Aqui está mais um capítulo de corações em jogo que estou compartilhando com vocês. Espero que gostem e me enviem seus comentários. Obrigada por todo o incentivo de sempre. Beijos, Farei a correção depois. Rosana


GILBERT

Gilbert adorava aquela parte da manhã quando no silêncio tomava conta de tudo, e somente eram ele e seus pensamentos fazendo companhia um para o outro. Aquela seria uma manhã comum, do início de um dia comum, pois ele estava na cozinha do apartamento onde morava com Anne fazia um ano, tomando seu café depois de sua corrida habitual. No entanto, um estranho cenário se desenhava ali, porque ele dormira no quarto de hóspedes, acompanhado de sua esposa, que se recusara a passar a noite sozinha no próprio quarto.

Era uma situação estranha com atitudes estranhas, tanto dele quanto de Anne que não se resolviam e também não colocavam um ponto final naquele impasse ridículo que já estava se estendendo demais. Ele era teimoso, mas ela não ficava atrás, e parecia estar se divertindo com aquela brincadeira de gato e rato, quem seduzia quem, ou se deixava seduzir, e da parte dele era extremamente desgastante tentar saber o que Anne realmente desejava.

Às vezes, Gilbert pensava se aquilo não era um plano de vingança para fazê-lo implorar por misericórdia, mas, se era isso que Anne estava esperando, ele jamais o faria. Amá-la não dava a ela o direito de espezinhá-lo ou esmagar seu coração com seu olhar de desprezo e palavras ferinas, e depois simplesmente se aproximar de novo, enfeitiçando-o com sua beleza, tentando-o com seu beijo, deixando-o louco com seu perfume até que ele perdesse a cabeça.

Se quisesse, ele poderia também jogar sujo, pois seduzi-la primeiro não seria nem um pouco difícil, assim como tinha certeza de que seria tão prazeroso como sempre fora, porque Gilbert conhecia todos os pontos fracos de sua esposa, e carente como ela se encontrava logo estariam rolando pelos lençóis. Mas, ele não queria que fosse dessa maneira, pois não desejava se aproveitar do amor dela para conseguir um perdão temporário. Ele respeitava o que tinham juntos, e Anne não era um caso passageiro, ela era sua esposa, e Gilbert a amava, e tratá-la apenas como um corpo para satisfazer seu desejo por ela não seria respeitável, e muito pouco decente. Mas, ele também não ia fazer o jogo dela, aceitar que dormissem juntos quando ela tivesse vontade ou sua raiva por ele não estivesse tão evidente, para que ela se voltasse contra ele um outro dia em que não estivessem em bons termos por um outro motivo qualquer, e lhe cobrasse uma lealdade que nunca deveria ser colocada a prova em primeiro lugar, já que ele nunca a traíra fisicamente ou mesmo em pensamento, e mesmo com todas as evidências de que ele lhe dissera à verdade, ela o estava punindo sem um pingo de compaixão.

Por isso, enquanto se levantava da cama com o maior cuidado para que ela não despertasse depois de dias sem conseguir dormir direito, corria dois quilômetros, tomava seu banho, e em seguida se servia de uma xícara de café preto puro, Gilbert prometera a si mesmo que a noite anterior seria a última que Anne testara sua resistência em relação aos seus sentimentos por ela, pois enquanto estavam deitados na mesma cama, ela o provocara de todas as formas, encostando seu corpo no dele, enquanto fingia esfregar sem perceber levemente sua pele na dele durante o sono.

Ela era ardilosa, e ele não podia deixar de admirar sua maneira de jogar com ele, sabendo bem que ele sentia a sua falta como provavelmente ela sentia a dele. Anne fizera de tudo para que ele caísse em tentação, e burlasse a regra que ele próprio impusera para aquela situação.

Para o azar dela, Gilbert também sabia jogar, e embora estivesse morrendo de desejo por dentro ao sentir aquele calor ardente se misturando com o seu, ele fingiu não se importar, e Anne acabou por desistir quando percebeu que seu marido não lhe daria o que tanto queria, e se contentara em dormir com os braços dele em volta da cintura dela, mas, não sem antes lhe lançar um olhar magoado como se ele a tivesse rejeitado, e não foi isso o que acontecera. Ele quisera poupar a ambos de despertarem no dia seguinte arrependidos por motivos diferentes, e acabara recebendo de Anne aquele olhar dolorido que mexia com seu coração.

Se ela soubesse como não a tocar o deixava aflito. Era a primeira vez em tempos que se mantinham afastados, e nem mesmo ele sabia como estava conseguindo aguentar dormir na mesma cama que ela, sem que pudessem desfrutar a intimidade de antes. Até mesmo com seus bebezinhos, ele não falara mais, e esse era outro fato que o deixava angustiado, mas necessário no momento, pois cairia em profunda contradição se se aproximasse de Anne, tocasse seu ventre como costumava fazer para senti-los se mexendo de maneira ativa e cheia de vida, e com certeza não resistiria aquele olhar doce que ela sempre lhe lançava nesses momentos, compartilhando a mesma emoção que ele ao saber que dentro dela dois frutos do amor deles estava crescendo, e logo seriam um menininho e uma menininha adoráveis e perfeitos.

A questão ali não era quem cedia, ganhava o jogo ou conquistava seu espaço no relacionamento outra vez. O que estava pesando principalmente para Gilbert era que apesar de toda a sua fervorosa dedicação a sua esposa, ela não acreditava nele, e o jovem médico mais parecia um cachorrinho em volta dela esperando pelo mínimo de consideração e amor. Ele já pagara com sangue por aquele pecado que não cometera, mas, Anne parecia não estar satisfeita, e o magoava o fato de sua esposa o torturar com sua beleza maravilhosa quando insistia em dormir na mesma cama que ele. Gilbert não entendia que tipo de jogo ela estava jogando, mas ele não queria participar, por mais apaixonado que estivesse, pois dessa vez ele queria se preservar e preservar seu coração que na última semana fora testado de todas as formas, e Anne tinha que entender que ele não estava brincando quando dissera que só voltaria para casa quando ela realmente se mostrasse disposta a viver com ele seu relacionamento sem nenhuma influência externa.

- Você tem que trabalhar hoje? - Anne perguntou assustando Gilbert de leve que não esperava que ela aparecesse àquela hora na cozinha, principalmente porque ela parecia tão mergulhada no sono, parecendo que ainda levaria horas para que despertasse.

- Não, por que? - ele disse tomando um gole de seu café, tentando fingir que ver Anne com uma camisola curta que não escondia suas pernas magníficas não mexia com ele.

- Então, por que se levantou tão cedo? Mal amanheceu. - Ela o interrogou chegando mais perto de onde ele estava.

- Você sabe que tenho o hábito de acordar cedo e me exercitar. Não sei porque está espantada por isso.

- É que eu...- ela estava bem mais próxima agora, e passou o dedo indicador pelo peito dele descoberto, e depois continuou.- eu pensei que você ficaria mais tempo comigo na cama.- eles se encararam profundamente, e como provocação, Anne mordeu o lábio inferior, e para afastar a secura de sua garganta pelo gesto dela, Gilbert tomou um grande gole de seu café. Anne sorriu, pois notou seu desconforto, e sem que ele lhe pedisse, ela se sentou no colo dele e jogou os braços ao redor do seu pescoço, enquanto seus olhos azuis procuravam pelos dele como se o desafiassem a resistir.

- Eu não mereço um beijo de bom dia? - ela perguntou com um sorriso tentador, e para atender ao pedido dela, Gilbert a beijou no rosto, e viu de imediato a frustração cruzar sua íris azul.

- O que você quer, Anne? - ele perguntou sem tocá-la em nenhum momento, mas louco para fazê-lo, mesmo sabendo que tinha que manter sua pretensa expressão de indiferença, se quisesse que Anne não percebesse quanto controle tinha sobre ele.

- Eu quero o meu marido de volta. - Ela respondeu sem desviar o olhar do rosto dele, e Gilbert sentiu seu peito esquentar, mas disfarçou aquela emoção ao dizer:

- Eu estou aqui e continuo sendo o seu marido.

- Mas não o tenho na minha cama. - Ela disse enterrando as mãos nos cabelos macios dele.

- Se você não se lembra dormimos juntos a noite inteira. - As mãos dele estavam na cintura dela, e por mais que ele tivesse tentado evitar aquele contato, seu gesto foi automático e não conseguiu pará-lo a tempo.

- Não do jeito que eu quero. - Ele sabia a resposta, mas um anjo malvado o fez perguntar:

- E de que jeito você quer? - ela sorriu de novo de leve, e então ela aproximou seus rostos, cobrindo a boca dele com a sua em um longo e apaixonado beijo.

Gilbert não queria corresponder, e fez de tudo para esquecer o prazer que aquela boca macia poderia proporcionar a ele se por acaso ele aceitasse o convite que via tão claramente no rosto de sua esposa, mas, havia dentro dele um desejo explícito trancado a uma semana, que minava qualquer vontade que ele tivesse de dizer não.

Por alguns minutos, ele cedeu, deixando que Anne explorasse com a língua toda a extensão da boca dele, e depois, a língua dele duelou com a dela em busca de espaço, enquanto os dedos de Gilbert se enroscaram nas mechas ruivas que caíam sobre o peito dele conforme ela inclinava seu corpo em direção à ele, e sua cabeça mudava de posição durante o beijo, e por Deus! Que cheiro divino ela tinha! Ele quase se esquecera do aroma de jasmim da pele dela, e o sabor doce daquele lábios sempre fora sua perdição, e Gilbert estava quase perdendo a batalha para aquela necessidade imensa que tinha de senti-la cada vez mais perto, até que seus corpos se fundissem na magia daquela paixão louca que começava a esquentar entre os dois. Mas, então, Gilbert a afastou, e Anne pareceu ficar confusa ao perder o contato dos lábios dele no seus, e perguntou:

- O que foi?

- Nada, eu só preciso voltar para o hotel. – Ele disse fazendo-a sair do colo dele, e se levantando em seguida.

- Por que?

- Anne, você me pediu para ficar ontem porque estava com medo de passar a noite sozinha, e eu fiz o que pediu. Agora, eu realmente preciso ir para o hotel. - Ele vestiu a camiseta que estava dobrada em cima o encosto da cadeira, e se encaminhou para a porta, mas, Anne foi mais rápida e interrompeu sua saída encostando suas costas na porta.

- Por favor, não vá. - Ela disse com seus olhos implorando para que ele ficasse.

- Por que quer que eu fique, Anne?

- Porque eu te amo e preciso de você comigo. Nós três precisamos. - Ela disse tocando sua barriga, e Gilbert quase fraquejou de novo. Seus filhos eram seu ponto fraco, além do seu amor insano por aquela mulher que quase o deixava louco quando o olhava com aqueles imensos olhos lindos, que ele nunca fora capaz de resistir, mas naquele instante sua dignidade falou mais alto e ele respondeu:

- Você sabe que pode contar comigo a qualquer hora e em qualquer lugar. Mas, não posso ficar Anne pelas razões erradas. Você diz que me ama, porém, eu vejo em seus olhos que ainda não esqueceu o que aconteceu em meu consultório, mesmo eu te dizendo que nunca beijei aquela mulher, ou sequer desejei tocá-la. Se me perguntar, não lembro direito a cor dos olhos dela, ou do seu cabelo, porque nunca me interessei por analisá-la além de sua conduta profissional, ao passo que você, eu conheço de cor cada sarda do seu rosto, as mudanças de humor, todos os seus sorrisos, a maneira como me olha quando está irritada ou feliz, o jeito que suspira quando eu te beijo ou toco. Eu te amo mais o que você pode imaginar, mas, não vou voltar enquanto você continuar me colocando uma culpa que não me cabe. Então, por favor, me deixe ir. - Ele a viu estremecer, mas resistiu à vontade de abraçá-la, assim como fingiu não ver os olhos azuis dela marejados.

Sem dizer uma palavra, Anne saiu da porta, permitindo que Gilbert passasse por ela, e quando ele se viu no elevador que o levava cada vez mais longe dela, foi que ele permitiu que a dor da separação o atingisse mais uma vez.

ANNE

Assim que Gilbert saiu, Anne se sentou no sofá sem conseguir acreditar que Gilbert tinha mesmo ido para o hotel, e a deixado ali sozinha depois de passarem a noite toda juntos.

Era verdade que só tinham dormido abraçados, apesar de seus esforços para provocá-lo boa parte da noite, pensando que ele não resistiria tanto tempo, pois o corpo dele respondera ao dela com facilidade. Porém, ela não contara que ele faria jogo duro e não cederia aos apelos dos seus próprios desejos carnais e emocionais.
Será que ela sua maneira de seduzi ló de antes não tinha mais efeito sobre ele? Pois no passado um simples olhar dela, ou um sorriso faria aqueles olhos castanhos escurecerem como se uma tempestade de luxúria se formasse em seu íntimo, e que acabava explodindo com um simples beijo dado com amor. Ou será que a última semana o fizera repensar sobre tudo o que tinham vivido e estavam vivendo, e chegara à conclusão que não a queria tanto assim, apesar de suas palavras aquela manhã?

Pensar que o amor de Gilbert por ela estava se modificando, e se tornando algo que podia causar dor a ambos a fez estremecer. Não podia perdê-lo, pois tal ideia abria uma ferida imensa em seu coração sem chances de cicatrização. Ela sabia que tinha culpa no comportamento dele, pois o ignorara, magoara com sua raiva descabida por uma situação que não fora provocada por ele diretamente. Ela sabia reconhecer que passara do ponto, e justamente por isso estava tentando se aproximar de novo de Gilbert.

Ele pensava que Anne não podia perdoá-lo pelo que havia acontecido em seu consultório com Denise Williams, e por isso se mantinha distante dele, mas não era essa a causa de todo o seu rancor.

Na verdade, ela se sentira humilhada quando vira aquela mulher tão fogosa e bonita próxima de seu marido no momento em que ela se sentia tão desconfortável com o próprio corpo. E de repente, ela transformou seu complexo de inferioridade em raiva e a despejara sobre Gilbert sem ele o merecer, porque toda vez que olhava para ele, Anne se lembrava do que sentira no instante que aquela mulher cheia de malícia jogara na sua cara com um único olhar o quão pouco atraente estava, e saber que Gilbert estivera lá, presenciando sua vergonha enquanto a outra ria na sua cara ao mesmo tempo em que se esfregava em seu marido, mesmo que ele não tivesse tido participação ativa no ato.

Anne não sabia bem o que sentia. Talvez visse coisas demais onde deveria apenas enxergar o obvio, mas, ela não conseguia fazer aquela cólera que queimava dentro dela ir embora. Ela amava tanto Gilbert, mas se sentia magoada pela situação a qual fora submetida, ela não merecia ter sua insegurança jogada na sua cara daquele jeito, e lá no fundo ela sabia que não o culpava por Denise tê-lo agarrado em seu consultório, pois Anne conhecia o tipo e sabia o quão baixa ela poderia ser para conseguir o que queria, e Denise desejara Gilbert desde aquela festa na casa o Dr. Phillips. Qualquer um poderia dizer que fora ciúmes dela puro e simples, mas Anne diria que era instinto de uma mulher que sabia bem quando o seu homem era alvo de outra mulher, e era exatamente nesse ponto que sua ira se encontrava.

Gilbert não era cego, e Anne tinha certeza que ele soubera do interesse daquela mulher desde o princípio, então por que não dera um basta antes que tudo chegasse ao ponto de comprometer o relacionamento dos dois? Enquanto Gilbert dizia estar sofrendo por ela não o perdoar, ele sequer podia imaginar como ela se sentia por dentro tão pequenina, solitária e sozinha. Era difícil lidar com aquela dor de não se sentir suficiente para alguém, e ela passara boa parte a própria vida tentando ser melhor em tudo, porque assim compensaria aquele sentimento de baixa estima que carregava dentro de si por ter sido abandonada por sua mãe.

Anne nunca contara para Gilbert sobre aquilo, e talvez se tivesse lhe dito alguma vez sobre como ter sido deixada no orfanato pela pessoa que mais devia amá-la a afetava imensamente, ele poderia entender porque ela tinha um medo absurdo de perdê-lo, de ser trocada por outra mulher, mesmo sabendo dos sentimentos dele por ela. E o que piorara tudo foi quando decidira procurar por sua progenitora a alguns anos antes, e descobrira que ela se casara e tivera outros filhos destruindo qualquer ilusão de Anne de que um dia tivesse sido importante para sua mãe que só não voltara para buscá-la porque não tivera condições financeiras para fazê-lo. Mas, vendo a casa elegante onde ela vivia com sua família, a ruivinha entendeu que sua mãe realmente não a quisera por perto, talvez porque a fizesse se lembrar de um passado que queria esquecer.

E assim, Anne tentara deixar aquilo tudo para trás, e de certa forma conseguira camuflar sua inconstância interior. Quem a via naquelas fotos onde era considerada uma das modelos mais bonitas do mundo, sequer podia imaginar que em seu coração havia uma garotinha carente, que desejava acima se tudo ser amada por suas qualidades e não por sua beleza que ela considerava passageira, e ela era bem mais que um rosto bonito.

Tudo aquilo ela encontrara em Gilbert, pois ele sempre a tratara como alguém precioso para ele, e a amara como ela nunca pensara que alguém poderia amar, e pensar que podia perder aquele sentimento maravilhoso a fazia tremer em agonia, mas, era também orgulhosa demais para deixar que seu marido soubesse sobre isso, pois ela não queria que ele visse esse seu lado frágil, não porque não confiava nele, mas sim, porque odiava que alguém chegasse tão fundo assim de sua alma onde poderia ser facilmente atingida, e Anne não sabia se teria forças para se levantar depois.

A campainha tocou, e Anne suspirou desanimada. Ela estava sentada no mesmo lugar a mais de uma hora, e não tinha vontade de se levantar dali. Seu estado de espírito era sombrio, e ela não queria e não precisava da companhia de ninguém a não ser que fosse Cole, e somente por essa possibilidade foi que se arrastou até a porta e a abriu, dando de cara com Gabriela que se preparava para apertar a campainha novamente.

- Oi. - Anne disse com um sorriso tristonho que fez a médica examinar seu rosto por um longo minuto e dizer:

- Será que posso entrar?

- Claro. - Anne respondeu, levando-a até a sala onde ambas se sentaram uma de frente para a outra.

- Você continua pálida, Anne. Tem feito a dieta que te passei direito? - Anne baixou a cabeça um tanto envergonhada. Não era falta de vontade e nem desleixo, mas, na maioria as vezes o enjoo não permitia que ela se alimentasse direito, por mais esforço que fizesse, e sem Gilbert por ali, ela acabava comendo menos do que devia.

- Eu juro que tento, mas, passo mais tempo enjoada do que em meu estado normal. - Ela disse desanimada.

- Anne, você sabe que tentar não é o bastante. Precisa ter como regra que se alimentar é importante. Está grávida de gêmeos e anêmica pela segunda vez, e querida, isso é perigoso demais para os bebês e para você mesma.

- Eu sei, e sinto muito por não conseguir ser mais forte do que tenho sido, porém, tanta coisa aconteceu nesses últimos dias que quase não tenho cabeça para mais nada.- ela estava triste e tão sozinha, e a única coisa na qual conseguia pensar era que Gilbert não estava ali, e lhe fazia tanta falta a presença dele todos os dias dentro daquele apartamento.

- Você está falando do Gilbert?

- Sim. Ele saiu de casa, e está morando em um hotel. Eu pedi para ele voltar, mas, ele disse que só volta se eu realmente o perdoar pelo que aconteceu.

- Por que não o perdoa, Anne? Eu posso ver em seu rosto o tanto que está infeliz, e posso te garantir que Gilbert não está muito melhor que você. - Gabriela disse, rezando para que Anne a ouvisse, já que Daniel tentava por um pouco de juízo na cabeça de Gilbert a dias. Como eram teimosos! Estava na cara que se amavam com loucura e sentiam falta um do outro, mas, ficavam fazendo um jogo que só causava sofrimento aos dois, se aquilo não era masoquismo, Gabriela não sabia como chamar esse comportamento irascível.

- Eu não o perdoo porque não há nada a perdoar. - Anne respondeu simplesmente e Gabriela a olhou confusa antes de dizer:

- Eu não sei se entendi.

- É isso mesmo que ouviu. Eu sei que ele não teve culpa naquele incidente com Denise.

- Mas, então, me explica por que estão separados? - Gabriela perguntou, se ajeitando melhor no sofá para ouvir o que Anne tinha a lhe dizer sobre aquele assunto.

- É um problema particular, e não sei se conseguiria falar sobre isso com você. É complicado. - Anne respondeu, pois não estava com vontade e relembrar o passado. Já o tinha feito demais para um único dia.

-- Eu entendo, mas se envolve o Gilbert, você deveria falar com ele, não acha? - Anne não respondeu, mas, depois de quase dois minutos de silêncio, ela disse com sua voz na mesma vibração de seus sentimentos:

- Eu quero o meu marido de volta, Gabriela. Eu não consigo me ver nesse apartamento sem ele. Tudo o que eu coloquei aqui dentro foi pensando em nós dois, e agora, ele não está aqui, e eu não sei como vou suportar meus dias se ele não voltar.- ela chorava livremente, e não se importou, pois estava cansada de olhar para aquelas paredes e derramar suas lágrimas sozinha. Ela e Gabriela eram amigas, portanto, suas emoções não precisavam e nem deviam ficar trancadas dentro de si.

- Anne, você e Gilbert precisam conversar, pois estou tremendamente preocupada em vê-la nesse estado. Isso tudo apenas está te deixando mais debilitada do que deveria estar. Como sua médica eu devo te alertar mais uma vez que o caminho que tudo isso está tomando, coloca ainda mais sua saúde e a dos bebês em risco. Precisa urgentemente pensar no que vale a pena e o que não vale em toda essa situação.

- Eu sei. Vou tentar falar com Gilbert novamente. - Anne disse, sentindo-se cansada. Tanta tensão a estava deixando esgotada junto com todos os hormônios da gravidez.

- Bem, eu vim aqui por um outro motivo. - Gabriela disse sorrindo. - Daniel me pediu em casamento.

- É mesmo? Fico muito feliz por vocês. - Anne disse abraçando a amiga com carinho.

- Obrigada. Eu queria te perguntar se aceitaria ser minha madrinha junto com Gilbert.

- É claro que sim. Vou me sentir muito honrada. Para quando é o casamento? - Anne perguntou cheia de curiosidade.

- Vai ser no próximo fim de semana. Eu sei que está em cima da hora, mas, não queremos nada de especial. Eu já fui casada na igreja, e não faço questão de uma segunda vez. Vamos nos casar no civil, em um salão que alugamos para este fim, e teremos no máximo trinta convidados. - Gabriela contou cheia de entusiasmo, fazendo Anne se lembrar do próprio casamento.

- Acho perfeito. Adoro cerimônias íntimas. - Anne disse feliz pela amiga.

- Então posso contar com você? - Gabriela perguntou um tanto ansiosa.

- É claro que sim.

- Que bom. Fiquei preocupada de você não aceitar por causa do Gilbert.

- Gabriela, ele ainda é meu marido, e você sabe que eu o amo, é lógico que não me importo de estar com ele. Além do mais, ele é o pai dos meus bebês, e teremos que nos encontrar de uma forma ou de outra.

- Fico muito feliz em ouvir isso. Agora preciso ir, pois tenho um milhão de coisas para resolver. - Gabriela disse se levantando, e Anne a acompanhou até a porta de onde se despediram.

- Se cuida meu amor, pois quero esses bebezinhos saudáveis.

- Pode deixar. - Anne respondeu abraçando e beijando a amiga no rosto.

Logo que Gabriela se foi, Anne fechou a porta, e olhando para o imenso apartamento ela suspirou, ao pensar que teria ainda muitas horas de solidão pela frente.

ANNE E GILBERT

A semana passou tão rápida que mesmo não tendo muito o que fazer, Anne conseguiu se entreter com livros e filmes que a tiravam de sua realidade caótica, e assim, ela ia levando seus dias, tentando não entrar em um ciclo vicioso de lembranças e crises depressivas.

Gilbert vinha vê-la todas as manhãs, e embora ainda não tivessem resolvido nada, ele nunca deixava de cuidar dela e de seus bebês. Ele sempre preparava toda a comida que ela teria que consumir na semana, com o pretexto de que não confiava nela par se cuidar sozinha, levando-se em conta seu histórico de alimentação precária do passado. Além disso, ele nunca se esquecia de trazer um croissant de chocolate, uma trufa de menta, ou sorvete de morango, todas as guloseimas que Anne amava desde criança, e isso a fazia amá-lo mais, porque esses pequenos mimos por mais simples que pudessem ser, aqueciam seu coração sofredor e solitário.

No meio daquilo tudo, Gilbert perguntou se ela gostaria que ele viesse buscá-la para irem ao casamento juntos, ou se ela preferia encontrá-lo no local da cerimônia. Anne escolheu a primeira opção, pois por nada no mundo ela oportunidade de passar mais tempo com Gilbert, o que vinha acontecendo de maneira escassa naqueles dais. Eles não haviam conversado mais sobre as coisas que o vinham separando, como se tivessem feito um acordo silencioso de que só tornariam a conversar , depois de terem colocado todos os pingos nos iis, pois entre discutirem até se cansarem e terem uma convivência civilizada, a segunda escolha ainda era melhor, por mais que fosse bem menos do que seus corações desejavam.

O dia do casamento chegou finalmente, e Anne tinha encontrado um vestido perfeito para a ocasião em uma boutique do centro das cidades. Ele era em um tom de azul claro, justo no busto, tomara que caia, e depois caía até os pés em um tecido leve e macio. Como as temperaturas estavam começando a esquentar, ela apenas colocou um bolero por cima quase no mesmo tom do vestido, e nos pés calçou sapatilhas de cetim, pois na altura em que estava sua gravidez sapatos de saltos deveriam ser completamente evitados.

Ela mesma fez a maquiagem em tons leves, pintando apenas os lábios de um tom e cobre escuro. Os cabelos foram deixados soltos e duas tranças finas foram feitas em cada lateral da cabeça e presas atrás por uma pequena presilha de prata, e as únicas joias que usava era sua aliança e casamento, e o colar de diamante que ganhara de Gilbert no ano anterior. Duas borrifadas do seu perfume Chanel favorito, e assim estava pronta para a cerimônia de casamento.

No momento em que ela surgiu na sala de visitas, sua campainha tocou, e ao abri-la deu de cara com seu marido completamente irresistível em um terno cinza e gravata azul clara. Embora, tentasse não olhar muito para ele para não dar bandeira e como ela estava mais uma vez fascinada por todo aquele charme, assim como também não pudera deixar de notar a expressão maravilhada de Gilbert ao olhá-la das cabeças aos pés, mas não fez nenhum comentário sobre sua aparência, porém, nem precisava, pois ele deixara bem claro com seu queixo levemente caído o quanto lhe agradara vê-la com aquele vestido.

Eles pouco conversaram até chegarem no local da cerimônia, mas, o silêncio que pairava sobre eles não era desagradável, pelo contrário, parecia que havia uma certa magia ali na maneira como às vezes se olhavam, e depois desviavam o olhar com um sorriso indisfarçável nos lábios.

Assim que entraram no salão, eles formam encaminhados até o lugar onde serviria de altar para o noivo e noiva que entraram juntos para a cerimônia. A noiva estava linda em um conjunto de saia e blusa creme rendado, e o noivo se encontrava extremamente elegante em seu terno azul marinho. A cerimônia foi breve, mas, emocionante, principalmente na hora dos votos que fizeram Anne derramar algumas lágrimas, e Gilbert apertar sua mão fazendo-a se lembrar de seus próprios votos no dia de seu casamento. Aquelas palavras foram tão sinceras, e cada uma delas tinham saído de seu coração quando as escrevera, pena que pareciam ter se perdido em algum ponto daquele relacionamento abalado por questões mal resolvidas.

No momento final todos aplaudiram os noivos, e assim como os outros convidados, Anne e Gilbert foram cumprimenta-los, e depois se misturaram a outras pessoas na festa. Em um momento em que se viu sozinha, pois Gilbert estava conversando com alguns colegas de trabalho, Anne foi até a mesa onde as comidas e bebidas estavam sendo servidas em busca de um copo de água, pois o ambiente estava um pouco abafado apesar do ar condicionado ligado por todos os lugares.

Um toque suave em seu braço a fez se virar e viu que era Gabriela que lhe disse:

- Anne, você está maravilhosa essa noite, e aposto que se vestiu assim para matar seu marido do coração. Foi uma boa jogada, pois ele não para de olhar para cá.

- Eu na verdade não pensei nisso, mas, espero mesmo que ele não tenha olhos para nenhuma outra mulher nessa festa. - Ela disse olhando disfarçadamente para Gilbert que naquele momento conversava com Daniel.

- Ele nunca tem olhos para outras mulheres, você estando ou não por perto. Esse homem é todo seu, Anne. Por que não aproveita e o agarra de vez esta noite? - Gabriela disse com malícia.

- Não é tão fácil assim, - Anne disse olhando novamente para Gilbert e dessa vez seus olhos se cruzaram, e ela sentiu um frio no estômago ao encarar o dourado daqueles olhos que ela amava.

-É fácil sim, vocês é que complicam tudo. Se eu fosse você aproveitava o momento e o arrastava para o salão de dança. Nada como uma música romântica, e corpos agarradinhos para que as pazes sejam feitas em um relâmpago. - Gabriela disse, antes de deixar Anne sozinha e ir em direção ao fotógrafo que a chamava para mais uma sessão de fotos junto a Daniel.

O ar abafado continuou a incomodar Anne, que resolveu sair um pouco para o jardim, e respirar o ar fresco da noite que àquela hora estava extremamente agradável. Para sua sorte, ela encontrou um banco perto de uma fonte minúscula que deixava aquele local ainda mais encantador, além de rosas vermelhas e orquídeas espalhadas por toda parte.

Anne estava tão absorta em seus pensamentos, que não percebeu que não estava mais sozinha. Somente quando uma rosa foi colocada atrás de sua orelha, foi que ela viu Gilbert sentar-se ao seu lado no banco.

- Por que veio ficar aqui fora sozinha, Anne? A festa não está te agradando? - ele perguntou colocando o braço ao redor o ombro dela, e Anne notou que até esse pequeno contato casual lhe fazia falta.

- Estava muito quente lá dentro, e pensei em vir até aqui fora tomar um pouco de ar.

- Está se sentindo mal? - ele perguntou com seu rosto todo voltado para ela, e suas mãos foram parar nos cabelos dela, brincando com sus mechas macias, fazendo-a se perguntar mentalmente, por que ele fazia aquilo com ela.

- Não, acho que é só calor mesmo. - Ela respondeu sem olhar para ele, pois se o fizesse estaria perdida. Porém, o que ele disse a seguir a fez olhá-lo mesmo querendo a todo custo evitar isso:

- Como você está linda. Por que me atormenta desse jeito, Anne?

- O que? – ela perguntou sem entender os sentidos daquelas palavras.

- Então, não se vestiu assim para mim? - ele perguntou com um sorriso nos lábios.

- Seu ego continua gigantesco, Dr. Blythe. Eu sinto desapontá-lo, mas me vesti assim para mim mesma. - Ele sorriu mais ainda ao dizer:

- Não tem importância. O efeito é o mesmo. Simplesmente não consigo tirar meus olhos de você. - Anne engoliu em seco ao sentir a mão dele acariciando seu ombro nu, e sentindo o efeito desse gesto em sua pele, ela perguntou olhando-o de lado.

- Acho que agora é minha vez de perguntar o que você quer? - Gilbert subiu o polegar para as bochechas dela, tocou-as com cuidado e respondeu:

- Nada em especial. Só queria ficar um pouco com você. Eu estava com saudades. - A ternura da voz dele a fez estremecer e ela respondeu:

- Eu também sinto saudades. - Gilbert a puxou para seus braços, roçou a testa dela com os lábios, e depois a fez deitar a cabeça em seu ombro enquanto Anne perguntava:

- O que estamos fazendo com nossas vidas, Gilbert?

- Eu não sei, mas seja o que for vamos descobrir juntos. - Anne sorriu ao se lembrar que aquelas palavras eram as mesmas que ele lhe dizia quando eram crianças, e se ela sentia confusa sobre alguma coisa:

- Você sempre me dizia isso quando eu tinha nove anos.

- Eu sei. Nós erámos uma boa dupla. - Ele disse continuando a acariciar o ombro dela.

- Éramos sim. - Anne concordou sentindo o cheiro da deliciosa colônia dele.

- Ainda somos. - Gilbert disse em tom baixo, ao que Anne apenas balançou a cabeça concordando com ele mais uma vez.

- Sinto falta daquela época. Ela disse.

- Eu também, mas, gosto mais do que temos agora, pois naquela época eu já queria tanto te beijar, mas não podia, porque éramos amigos e eu tinha medo de estragar tudo. Porém, agora eu posso. - Ele disse em um tom tão descontraído que Anne quis entrar naquela vibração boa também e respondeu:

- Quem disse que pode me beijar quando quiser?

- Essa aliança no seu dedo que prova que sou seu marido- Anne se aconchegou mais ainda ao corpo dele, e disse:

- E se eu não deixar?

- É lógico que vai deixar. - Ele disse com a voz tão confiante que incentivou Anne a continuar naquele jogo ~tão estimulante entre os dois.

- O que o faz pensar que eu o deixaria me beijar?

- O fato de que me ama tanto quanto eu amo você. - Ela o encarou sem discordar, pois não conseguiria esconder aquela verdade mesmo que desejasse. – Seus lábios se aproximaram, e se tocaram de leve, foi mais um selinho do que propriamente um beijo de verdade, mas, que bastou para desencadear uma saudade imensa por aquele contato. Porém, nenhum dos dois se atreveu a aprofundar o beijo, pois aquele hiato entre os dois ainda os impedia de dar vazão aos seus sentimentos como sempre fizeram quando estavam juntos.

- Quer voltar lá para dentro? - ele perguntou depois de cinco minutos de silêncio entre eles, somente ouvindo o barulho de suas respirações.

- Não sei, você quer?

- Sim, estou louco para dançar com você. – A resposta a surpreendeu, e então, Anne concordou dizendo:

- Está bem. - E quase sem que esperasse, Gilbert segurou em sua mão e a puxou com ele para dentro da festa, onde ambos se misturaram com outros casais que como eles dançavam uma música extremamente romântica.

Estar nos braços de Gilbert em um momento como aquele, era como estar em meio a um sonho bom. Anne pensou sorrindo para si mesma. Quantas noites ela sonhara em sentir aqueles braços ao seu redor de novo? E agora que estava ali não queria mais sair, no entanto, como tudo que era bom acabava rápido, logo a música acabou, e tiveram que se separar, pois outros ritmos começaram a tocar, o que tornou impossível continuarem dançando juntos.

Desta forma, eles voltaram para o meio de seus amigos, e Gilbert não permitiu que ela se afastasse mais ele. Quando não estava a seu lado, os olhos dele não a abandonavam, e se estavam muito próximos, ele dava um jeito de suas mãos tocá-la de alguma maneira tais como, um leve afago em sua mão, uma carícia em seus cabelos, um beijo no rosto, fazendo Anne apreciar cada segundo, pois sua carência de Gilbert Blythe lhe exigia isso.

Muito mais tarde, o cansaço começou a dominar seu corpo, e por mais que não quisesse interromper aquela noite feliz, Anne percebeu que era hora de ir. Ela se voltou para Gilbert que conversava animadamente com outro médico do hospital, e disse:

- Preciso ir, Gilbert. Estou exausta. – Ele olhou para ela novamente, observando-lhe o rosto pálido, e disse:

- Vamos, eu te levo.

- Não precisa, eu posso pegar um táxi. - Ela disse não desejando estragar a noite de Gilbert.

- De jeito nenhum. Nós viemos juntos e vamos voltar juntos. - Assim eles se despediram de todos os seus conhecidos, inclusive dos noivos, e voltaram para o apartamento.

Gilbert acompanhou Anne até o andar onde ela morava, ajudou-a a abrir a porta, entrou por cinco minutos apenas para verificar se ela ficaria bem e depois disse:

- Está entregue. Vê se descansa, pois você passou muito tempo em pé hoje. - Ele disse com sua preocupação natural com ela. Em seguida, beijou-a na testa e se virou para sair, mas, Anne segurou no pulso dele e disse:

- Por favor, não vá.

- Querida, já conversamos sobre isso. - Gilbert disse suspirando ao ver o olhar triste dela que sempre lhe tocava no íntimo de alguma forma.

- Eu não me importo sobre o que já conversamos. Eu quero que você fique. Nossos bebês precisam do pai deles, e eu preciso do homem que eu amo a meu lado.- aquela declaração o deixou sem jeito, e Gilbert se viu dividido entre o desejo imenso de ficar, e a necessidade de ir antes que fizesse algo de que se arrependeria depois.

- Vocês me têm, Anne. Eu só não estou morando na mesma casa que vocês, mas, pode me ligar a hora que for que estarei aqui toda vez que precisar.- o olhar dela continuava sobre e ele, e Gilbert começou a se sentir desconfortável.

- Eu não quero ter que falar com meu marido por telefone. Eu o quero aqui comigo. - Ela disse teimosamente, se aproximando dele, e rodeando a cintura masculina com os braços.

- Então, o que sugere que eu faça, Anne? – ele perguntou impaciente.

- Apenas fique não só esta noite, mas todas a outras enquanto estivermos vivos. E também não o quero no quarto de hóspedes, eu o quero no nosso quarto como era antes.

- Anne. - Ele disse como se protestasse. Ela não estava facilitando as coisas, e o coração dele já começava a se derreter por aquele olhar azul que era capaz de levá-lo a loucura quando insistiam em mostrar-lhe seus desejos mais profundos. Mas, ela não ia desistir de ter o que queria naquela noite, e por isso, ela começou a falar:

- O que mais preciso fazer para provar que te amo? Que seu lugar sempre foi do meu lado? Eu sei que quer o meu perdão, mas como das outras vezes tenho que te dizer que não posso perdoá-lo.- Gilbert sentiu sua tola esperança sendo arrasada de vez, por isso, ele precisava ir, pois não estavam chegando a lugar nenhum com aquela conversa. Mais uma vez, ele se virou para ir embora, porém Anne o impediu ao dizer:

- Não posso te perdoar porque não há nada a ser perdoado. Eu sei de sua inocência no caso de Denise ,e nunca foi por isso que eu me afastei de você.- Gilbert a olhou incrédulo, e Anne continuou, pois queria terminar com toda aquela confusão.- A minha insegurança ao vê-lo ao lado de outra mulher bonita foi a causa de nossa separação, e de minha raiva por você não ter feito nada para impedir aquela situação de acontecer. Então, é assim que me sinto, insegura com meu corpo, insegura com a minha aparência, e morrendo de medo de perder você. - Os olhos dela começaram a se encher de lágrimas, e vendo aquilo, Gilbert a abraçou e respondeu:

- Anne, você é linda. Eu já te disse isso milhares de vezes, e não entendo como não consegue enxergar isso. Denise não chega aos seus pés em questão de beleza, inteligência e caráter.

- Você não entende. Não é no lado de fora que está o meu problema, e sim a maneira como me sinto aqui dentro.

- Está falando de sua mãe? - ele perguntou de supetão, e ela o olhou surpresa antes de perguntar:

- Como sabe sobre minha mãe?

- Cole me contou. – Ela o abraçou apertado e tornou a dizer:

- Não vá embora, eu não quero perder você.

- Você não vai me perder nunca. Eu também te amo demais.:- ele confessou beijando o topo da cabeça dela.

- Isso quer dizer que vai ficar? - Gilbert ponderou por um instante e percebeu que também não queria mais aquilo. Estava cansado de sentir falta de Anne e dos bebês, de chegar em seu quarto de hotel, e não encontrá-la a sua espera como desejava, por isso, chegou a grande conclusão de que estava perdendo um tempo precioso com ela por algo tão insignificante diante do amor que sentia. Por isso, ele segurou o rosto dela com ambas as mãos e respondeu:

- Sim, eu vou ficar. Sou todo seu se ainda me quiser. - Anne sorriu, e logo sentiu os lábios e Gilbert sobre o seus explorando-o devagar como se quisesse se lembrar de que gosto eles tinham. Ela aprofundou o beijo, e com um suspiro afundou suas mãos nos cabelos dele, colando seu corpo no dele, e logo obtendo a resposta que queria.

Gilbert podia sentir Anne vibrar em seus braços, e tudo o que desejava era poder provar mais e mais dela, pois todos aqueles dias sem o toque dela o fizeram se sentir oco por dentro. Ele precisava dela e sabia que naquele instante nada o impediria de matar sua saudade dolorida daquela mulher por quem faria tudo sem pestanejar.

Logo estavam no sofá, e cada beijo que trocavam era mais um quilômetro que percorriam de volta um para o outro. Suas carícias eram intensas e seus corpos se encaixavam tão perfeitamente bem que parecia que tinham sido feitos exatamente assim para se pertencerem em todos os sentidos. Anne se sentou no colo de Gilbert e começou a se movimentar de um jeito totalmente sensual enquanto as mãos dele tinham acabado de encontrar a pele nua das coxas dela. Ele sabia exatamente para onde estavam indo, e queria aquilo tanto quanto ela. Porém, quando ele encaixou o seu olhar no rosto dela, Gilbert viu-lhe o cansaço em suas feições e se sentiu tão egoísta por desejar algo que não deveria ser consumado naquele instante. Assim, ele interrompeu as carícias sob os protestos de Anne e disse:

- Amor, eu sei o que quer, e pode ter certeza que é o que mais quero também, porém, você está cansada e precisa ir para a cama e dormir, pelo seu bem e pelo bem dos bebês. Temos todo o tempo o mundo para isso. - Apesar de Anne se sentir frustrada, ela sabia que Gilbert estava certo. Ela estava mesmo cansada, e a gravidez de gêmeos estava lhe cobrando energia demais, por isso, ela disse:

- Você vai voltar para o nosso quarto?

- Sim, e é para lá que vamos agora antes que você durma em pé.- Gilbert disse, e assim caminhou com ela até lá, onde se despiram, fizeram suas higienes pessoais, e se deitaram lado a lado com seus corpos entrelaçados, esperando que o sono viesse e pudessem enfim descansar.

Anne estava demorando para pegar no sono, por isso. ela resolveu abrir os olhos e deu de cara com Gilbert observando seu rosto com atenção:

- Por que ainda não está dormindo? - ela perguntou.

- Porque eu queria ficar te olhando. Sabia que amo cada linha desse seu rosto incrível?

- Eu também amo cada parte sua. Será que também posso ficar te olhando? - ele assentiu, e assim passaram mais de dez minutos se encarando, e se amando através de seus olhos, pois palavras nunca foram necessárias em momentos assim. Eles se entendiam por uma telepatia exclusivamente emocional, onde apenas o amor que se agitava em seus corações era o principal ingrediente para que se comunicassem da maneira como desejavam.

- Se lembra dos nossos votos de casamento? - Gilbert perguntou.

- Sim. Como eu poderia esquecer o dia mais feliz de minha vida? - ela disse, fechando os olhos ao mesmo tempo que em que os dedos de Gilbert desenhavam cada traço de seu rosto.

- Pois eu quero reafirmá-los agora como se fosse nosso primeiro dia de casados. - Ela assentiu, e então, Gilbert disse baixinho, deixando que seus lábios deslizassem devagarinho pelo rosto dela:

". Eu te prometo que vou amá-la para sempre com todo o meu coração, e vou cuidar de você e de nossos dois bebês lindos que estão a caminho e que serão em breve parte dessa família maravilhosa que se inicia hoje. Quero que saiba que que de todas as minhas conquistas na vida chamá-la de minha esposa é da qual, mas me orgulho, e espero que nunca se esqueça que você sempre será minha Anne com e. Te amo."

E foi com as últimas palavras de Gilbert em seu ouvido que Anne adormeceu, sabendo que dali para sempre, por mais obstáculos que tivessem que enfrentar, eles o fariam com mais consciência e determinação, pois não havia nada que não pudessem vencer ou alcançar se estivessem juntos.


Continue Reading

You'll Also Like

27.3K 2.4K 60
SINOPSE COM SPOILER! NÃO LEIA SEM LER OS OUTROS LIVROS! Livros 1 e 2 - Concluídos Trinta anos se passaram desde a morte de Morgana. O corpo de Arane...
329K 18.1K 92
Imagines House Of The Dragon. Apenas fique sabendo que nenhum capítulo é revisado, ele só é corrigido quando eu vou ler, então pode haver alguns err...
9.7K 911 33
Ela sempre o observou, sempre esteve com os olhos nele e ele fugia até que algo chamou a sua atenção e agora ambos estão na batalha para ver quem dom...
123K 8.4K 42
Depois de todos os acontecimentos entre a família Malfoy, tudo estava bem. Mas nosso querido casal está passando por dificuldades em sua relação. Amb...