Anne with an e- Corações em j...

By RosanaAparecidaMande

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Anne Shirley Cuthbert foi abandonada ao nascer em um orfanato por sua mãe biológica, mas ela nunca deixou de... More

capítulo 1- Lembranças
capítulo 2- amores do passado
Capítulo 3- sentimentos escondidos
Capítulo 4- Duas almas e um destino
Capítulo 5- Lado a lado com o amor
Capítulo 6- Nestes olhos teus.
Capítulo 7 - Emoções em conflito
Capítulo 8- O amor entre nós
Capítulo 9- Chamas de uma paixão
Capítulo 10- Apenas você
Capítulo 11- Corações apaixonados
Capítulo 12- Esse sonho de amor
Capítulo 13- Quando o coração se apaixona
Capítulo 14- O sentimento que vive em mim
Capítulo 15- Combinação perfeita
Capítulo 16- O que nos separa
Capítulo 17- Revelações
Capítulo 18- Expectativas
Capítulo 19- O que nos une
Capítulo 20- Tudo o que eu quis
Capítulo 21- Tudo o que sonhei
Capítulo 22- Tudo o que somos
Capítulo 23- O que me pertence
Capítulo 24- O tempo é algo relativo
Capítulo 25- O amor que te ofereço
Capítulo 26- Pensamentos proibidos
Capítulo 27- Pensamentos e desejos
Part 28- Provando do pecado
Part 29- O Jogo do amor
Part 30- Caprichos do coração
Part 31- Segredos e Desejos
Capítulo 32- Flertando com o perigo
Capítulo 33- O inesperado
Capítulo 34- Revelando um segredo
Capítulo 35- O incêndio
Capítulo 36- Uma esperança
Capítulo 37- O incêndio parte 2
Capítulo 38- Paraíso particular
Capítulo 39- As duas faces do amor
Capítulo 40- Idas e Vindas
Part 41- O retorno
Capítulo 42- Tudo o que existe entre nós
Capítulo 43- Como no princípio
Capítulo 44- Feliz Aniversário
Capítulo 45- Uma grande surpresa
Capítulo 46- O perigo mora ao lado
Capítulo 47- O inimigo nas sombras
Part 48- Amor e dor
Capítulo 49- As verdades do coração
Capítulo 50- Almas divididas
Capítulo 51- Palavras não ditas.
Part 52- O jardim do Éden
Capítulo 53- Ps: Eu te amo.
Capítulo 54- Eterno amor
Capítulo 55- Sua força em mim
Capítulo 56- Um só coração
Capítulo 57- Sem Regras
Capítulo 58- Sussurros e juras de amor
Capítulo 59- Entre o céu e o inferno
Capítulo 60- Lar
Capítulo 61- A promessa de uma vida
Capítulo 62- Entre as estrelas
Capítulo 63- De corpo e alma
Capítulo 64- Desejo e castigo
Capítulo 65- Ao cair da tarde
Capítulo 66- Vidas entrelaçadas
Capítulo 67- Amor imenso
Capítulo 68- Fogo
Comunicado
Capítulo 70- Sonhos perfeitos
Capítulo 72- Xeque Mate
Capítulo 73- Anjo Ruivo
Capítulo 74- Amor de diamante
Capítulo 75- Para sempre
Capítulo 76- Um Natal para relembrar
Capítulo 77- Tudo o que importa
Capítulo 78- Um grande novo ano
História Nova
Capítulo 79- A segurança dos seus braços
Capítulo 80- Can't take my eyes off you
Capítulo 81- Inesquecível amor
Capítulo 82- O casamento do ano
Capítulo 83- Lua de Mel Havaiana
Capítulo 84- Uma nova vida juntos
Capítulo 85- Inseguranças e Fragilidades
Capítulo 86- Ao nascer do sol
Capítulo 87- O caminho de volta
Capítulo 88- O ingrediente principal
Capítulo 90- O benefício da dúvida
Capítulo 91- Amor e mágoa
Capítulo 92- Impasse
Capítulo 93- Uma longa noite
Capítulo 94- Sob o mesmo céu
Capítulo 95- Juntos
Capítulo 96- A razão da minha felicidade
Capítulo 97- Alcançando as estrelas
Capítulo 98- Acerto de contas
Capítulo 99- A vida por um fio
Capítulo 100- Garota Extraordinária
Capítulo 101- Na dor
Capítulo 102- A beleza de Vênus
Capítulo 103- The way I love you
Capítulo 104- Reconstruindo sonhos
Capítulo 105- Amor de mãe
Capítulo 106- Um novo tempo
Capítulo 107- Entre a mágoa e o perdão
Capítulo 108- Redescobrindo o passado
Capítulo 109 - Universo particular
Capítulo 110 - Esposa perfeita
Capítulo 111- Paraíso na terra
Capítulo 112- Um futuro cheio de promessas
Capítulo 113- O perdão é a cura da alma
Capítulo 114 - Lucy
Epílogo
Agradecimentos
Prêmios

Capítulo 89- Na alegria ou na tristeza.

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By RosanaAparecidaMande


Olá, pessoal. Aqui está mais um capitulo especial, e conto com seus comentários como sempre, pois a opinião de vocês é imprescindível para mim. Muito obrigada por todos os favoritos . Vocês realmente são demais .Vou fazer a correção depois. Beijos.

GILBERT

Faltavam apenas quatrocentos metros para Gilbert completar sua corrida. Apesar do frio e de ter nevado sem parar durante a noite, ele transpirava por baixo de seu moletom azul, mas a temperatura congelante do lado de fora o impedia de arrancá-lo de seu corpo, e fazer o restante do trajeto com seu dorso completamente nu, como faria nos dias quentes de verão ou primavera. Anne detestava esse seu hábito, e ele sabia bem o porquê. Ela odiava que seu marido se exibisse pela vizinhança onde havia muitas mulheres solteiras, e até mesmo casadas que não se furtariam de dar uma bela secada no lindo Dr. Blythe.

Graças as fotos que fizera com Anne para a revista das noivas, Gilbert se tornara bem conhecido em todas as redes sociais, e até naquele momento, depois de um bom tempo já ter se passado, ele ainda não se acostumara com os olhares sugestivos em sua direção, as cantadas que às vezes recebia e que aprendera a ignorar com um belo sorriso, mesmo que por dentro ele não suportasse tanto interesse escancarado . Não queria dar motivo para que os holofotes se virassem ainda mais em sua direção se caso arrumasse uma discussão por conta de algum comentário indecente a respeito de seu corpo.

E tinha um outro motivo para que ele deixasse essas situações embaraçosas passarem. Gilbert não queria aborrecer Anne que com a gravidez se tornara ainda mais possessiva e ciumenta. A Insegurança dela a cada mês que sua barriga crescia se tornava maior, e as crises de choro começaram a ser frequentes também, pois ela não estava na sua melhor forma emocional , o que não deixava de ser normal àquela altura, pois Gabriela lhe explicara que a carga psicológica de Anne por estar gerando gêmeos era maior, aliada à alguns problemas de ansiedade que ela já possuía antes de engravidar. Por isso, Gilbert teria que redobrar os cuidados, não deixar que ela se estressasse, ser paciente e compreensivo com suas crises depressivas, falta de ânimo e cansaço excessivo.

Por esta razão, a cada manhã, ele sempre se preocupava em observá-la com atenção, e tentar descobrir conforme as reações dela iam se apresentando em que estado de humor ela se encontrava. Gilbert não se importava de cuidar dela, na verdade, ele amava mimá-la, comprar-lhe guloseimas que ela tanto gostava de vez em quando, pois até ele que era fã de comida saudável sabia que um pouco de açúcar de tempos em tempos não faria mal a ninguém. Sua paciência com ela era infinita, e mesmo naqueles dias em que Anne parecia odiar tê-lo por perto, o jovem doutor estava ao lado dela, ajudando-a com seus enjoos matinais, a encorajando a se alimentar quando sua esposa lhe dizia que não conseguia engolir uma uva que fosse, e abraçá-la quando Anne acordava soluçando por medo que algo de ruim acontecesse aos bebês.

Ela vinha tendo sentimentos estranhos em relação aos gêmeos, e Gilbert estava tentando encontrar uma forma de lidar com esses momentos angustiantes pelos quais ela passava, aliviando-lhe a tensão em seu corpo miúdo e frágil. Isso tinha começado a mais ou menos uma semana quando ela tivera um pesadelo sobre estar perdendo seus filhos em um labirinto, e não conseguia mais encontrá-los. Gilbert sabia que nos espaços que haviam na mente de Anne entre o racional e a fantasia, Peter Bells a assombrava, e desde o seu sequestro, ela nunca mais conseguira esquecer aqueles dias de medo e terror. O jovem doutor tentara dizer a ela que fora apenas um sonho ruim, e que nunca mais ninguém se aproximaria dela para fazer-lhe mal, porque ele não permitiria, e embora ela balançasse a cabeça e concordasse com o que ele dissera, Gilbert não tinha certeza se ela acreditava nele.

Como fazer uma mãe se preocupar menos com seus filhos, quando por instinto, ela os defenderia com a própria vida? Ele não sabia se tinham fundamentos aquelas preocupações de Anne, mas, por via das dúvidas, e para tentar fazê-la se sentir mais tranquila, ele falara com o delegado que cuidava do caso, e ele prometera que manteria seus homens de olho em qualquer possível aproximação do rapaz. Eles ainda não sabiam onde ele se escondia, mas, não perdiam sua pista e estavam sempre procurando uma forma de surpreendê-lo e levá-lo finalmente preso para cumprir sua pena judicial. Assim como Gilbert também prometera não a deixar sair sozinha em hipótese alguma, e cuidaria para que Peter Bells jamais tocasse em um fio de cabelo de sua esposa de novo.

Ao chegar ao Central Park, Gilbert cumprira os quilômetros de corrida usuais, e caminhou até uma cafetaria mais próxima, pois pretendia comprar cappuccino para si mesmo, e chocolate meio amargo para Anne. Ela adorava o sabor menos adocicado que os chocolates usuais, e podia comer barras inteiras se Gilbert não chamasse a sua atenção para o fato de que poderia se sentir mais enjoada ainda se as comesse todas de uma vez, por isso, ela se controlava ao máximo, mas, muitas vezes , ele a pegava no meio da madrugada se deliciando com elas na cozinha do apartamento, e Gilbert ao invés de ficar bravo, acabava rindo da cara de culpada que ela fazia nesses momentos. Sua Anne ainda era uma menininha de nove anos no corpo estonteante de uma mulher adulta de vinte e dois anos.

O local estava quase vazio àquela hora, e assim que entrara lá, Gilbert foi prontamente atendido. Apenas pequenos burburinhos se faziam ouvir em mesas um pouco distantes de onde ele estava esperando seu embrulho para viagem, e assim que pagou por ele, Gilbert estava quase na porta quando um toque em seu braço o fez se virar, e como em um sonho nada agradável, ele viu Denise Williams lhe sorrir enquanto ele se perguntava que diabos ela estava fazendo ali. Sua boa educação não permitiu que ele fosse rude, por isso, ele disse de forma passiva:

- Bom dia, Denise, o que faz por aqui?

- Vim experimentar o cappuccino dessa cafeteria que você elogiou tanto para mim no outro dia.- Gilbert a olhou com o cenho franzido, pois não se lembrava de ter conversado com ela sobre aquilo, mas então, ele se lembrou que falou daquela cafeteria para Daniel, e com certeza, curiosa como era, Denise prestara atenção em suas palavras, como também devia ter ouvido que ele passava por ali todos os dias após suas corridas diárias. E assim, ela vira aquilo como uma oportunidade para ficar ainda mais próxima dele, e aparecera por ali. Gilbert não gostou nem um pouco daquela novidade, pois lhe mostrava claramente que aquela garota não desistira de suas intenções em relação a ele. No entanto, aquele lugar era público, e Gilbert não podia proibi-la de vir tomar seu café ali por mais tentado que estivesse em fazê-lo.

- Espero que não tenha se decepcionado, já que mora do outro lado da cidade. - Ele disse observando-a rir daquele seu jeito irônico e malicioso ao mesmo tempo, e isso o deixou incomodado.

- De forma nenhuma. Eu fiquei plenamente satisfeita. - O olhar dela o percorreu por inteiro, e Gilbert preferiu ignorar a clara insinuação no rosto dela. Não valia a pena se estressar por uma pessoa tão sem noção como Denise Williams. O que ela tinha de competente em sua área de trabalho não se aplicava ao ser humano que ela era. Como podia uma mulher ser tão inteligente e tão superficial ao mesmo tempo? Será que ela não percebia que com seu jeito explicitamente vulgar causava aversão e não admiração?

- Bem, tenho que ir. Até logo. - Ele se despediu com uma pressa absurda de sair dali e estar com Anne.

- Sempre fugindo de mim, Dr. Blythe. - As palavras de Denise o irritaram, mas do que Gilbert queria admitir, por isso, ele respondeu:

- Eu não estou fugindo de você, porque não tenho motivos para isso. Quando vai se convencer de que não quero nada de você? Eu amo minha esposa, Denise. Ela é tudo para mim, e nada do que você diga ou faça vai me convencer a olhar para você como deseja. Anne é tudo o que eu quero, ela é a mulher da minha vida, e vou amá-la exatamente assim para sempre.

- Não acha que para sempre é um tempo muito longo para concluir que vai viver com alguém?

- Não para um homem que ama a mesma pessoa desde os seus onze anos de idade. Portanto, me esqueça, não existe espaço em meu coração para uma mulher como você. - Ele deu as costas para ela, e foi para casa, tomando o cuidado de caminhar vagarosamente, pois queria que quando chegasse em casa, seu aborrecimento já tivesse passado.

Assim, ele levou mais de vinte minutos para chegar em seu apartamento, e quando pisou lá dentro, ele encontrou Anne da mesma maneira que a havia deixado. Ela não estava em um bom dia, pois acordara reclamando de dores nas costas, e completamente exausta, por isso ,ela desistira de sua caminhada que fazia com Gilbert depois de suas corridas, como aconselhada por Gabriela, e ficara deitada no sofá, onde Gilbert a ajudara a apoiar seu corpo em duas grandes almofadas, que normalmente a auxiliariam a diminuir a pressão dolorida que Anne sentia em sua lombar.

O rapaz colocou o pacote que trazia em cima da mesinha da sala, e se aproximou de Anne, que o olhou de maneira entristecida. Ele sabia que sua esposa odiava se sentir assim tão frágil e dolorida, mas, também, aceitava sua condição por amor aos seus bebês para os quais nenhum sacrifício era difícil demais.

- Amor, se sente melhor? - ele alisou os cabelos dela na testa, e Anne tentou sorrir, mas, falhou quando um espasmo de dor atingiu suas costelas.

- Não muito. Eu sinto como se tivesse uma agulha enfiada nas minhas costas.

- Eu sinto muito que esteja se sentindo assim.- ele queria tanto aliviar aquele desconforto dela, mas, não podia fazer muito além das massagens e de suas palavras de conforto.

- Não importa, meu amor. Tudo vale a pena pelos nossos bebês. - Ela tocou o rosto dele, e depois sorriu. Gilbert quase chorou de alivio ao ver que ela ainda conseguia ver o lado positivo da situação, mesmo em meio àquela dor terrível em suas costas.

- O que tem no saquinho? - ela perguntou ao ver o papel pardo sobre a mesa.

- Eu trouxe chocolate. Quer uma barra?

- Agora não. Estou enjoada demais para comer. - Ela disse franzindo o nariz ao pensar em comida.

- Acho que agora seria uma boa hora para fazermos seus exercícios de pilates. Lembre-se que sua professora nos ensinou várias sequências, e tenho certeza que podem te ajudar com seu desconforto.

- Ah, Gil, eu não quero. Não posso apenas ficar deitada hoje? - ela estava desanimada e isso não era um bom sinal, mas, ele não a deixaria naquele estado, sabendo que alguns estímulos poderiam fazer Anne sentir menos dor.

- De forma nenhuma. Você sabre que precisa se exercitar. Gabriela disse que quanto mais exercícios fizer, maiores as chances de um melhor fortalecimento de sua região pélvica. - Anne o fitou com seus olhos angustiados e disse:

- Estou com muita dor, Gilbert. Não consigo me levantar.

- Eu sei, meu amor, mas, eu vou te ajudar. - Assim, ele a pegou no colo com cuidado e a colocou sentada no chão. Depois, ele foi até a área de serviço, pegou a bola de Pilates, e auxiliou Anne em vários exercícios e posições como recomendado pela professora, vendo com o coração apertado as expressões de desconforto que ela fazia quando tinha que forçar um pouco mais as costas. Essa era a região mais frágil de Anne, e por conta do peso extra que estava carregando em seu ventre, ela acabava sofrendo dores maiores nessa área.

Após uma hora de exercícios bem aproveitados, Gilbert declarou que já era suficiente. Assim, ele a colocou de volta no sofá, percebendo aliviado que o aspecto do rosto dela parecia bem melhor.

- As dores ainda estão incomodando? - ele perguntou preocupado.

- Não, elas passaram quase que totalmente. - Apesar da palidez, Anne tinha um ar tranquilo e quase risonho. Gilbert segurou na mão dela e beijou-a antes de dizer:

- Que bom. Eu estava preocupado. - Anne o puxou pela nuca e disse;

- Obrigada por ser tão paciente comigo. Sei que não tenho sido fácil.

- Amo cuidar de você e dos nossos bebês, por isso, não tem sido trabalho nenhum. - Ele riu bagunçando os longos cabelos ruivos.

- Como pode ser tão maravilhoso comigo assim? - ela perguntou, deixando que sua cabeça pendesse para frente até que encostasse na testa de Gilbert.

- Eu te amo. Essa é a razão. - Ele trocou com ela um beijo suave, e logo após esse momento, Gilbert disse:

- Que tal um chá quente para acalmar seu estômago? Depois podemos assistir um filme. O que acha?

- Acho uma excelente ideia. - Anne concordou e Gilbert se encaminhou para cozinha.

Quando ele voltou, um tempo depois com o chá que prometera e algumas rosquinhas, Anne estava completamente adormecida com as mãos entrelaçadas em sua barriga.

ANNE

A imagem que Anne via no espelho naquele dia não lhe era muito satisfatória, Os cabelos iam até a sua cintura em ondas totalmente desalinhadas, os olhos e o nariz estavam vermelhos como se ela tivesse chorado por horas, os lábios estavam ressecados e o rosto bastante pálido por conta dos enjoos sucessivos daquela semana.

Ela pegou uma escova e começou a desembaraçar os cabelos completamente desanimada naquele dia. Sentia-se exausta e sem vontade de fazer suas atividades habituais, permanecendo a maior parte do tempo deitada, pois suas pernas a estavam incomodando demais e suas costas estavam com problemas também. Ela colocou a escova de volta na penteadeira do quarto, e foi até a cozinha preparar o seu almoço, porém, quando abriu a geladeira, Anne quase chorou ao ver que Gilbert tinha deixado tudo pronto para ela antes de sair para o trabalho. Ele até fizera sua sobremesa favorita, o suco natural que ela adorava e inclusive deixara alguns sanduiches naturais embalados em papel alumínio caso ela sentisse fome mais tarde.

Suspirando alto, ela enxugou uma lágrima teimosa que escorreu por sua bochecha, pegou o pote de sopa e o levou ao microondas para aquecer, enquanto pensava na paciência imensa de seu marido com ela durante aqueles dias em que seu humor estava péssimo, e ela mal falava com Gilbert da maneira carinhosa que ele merecia.

Anne sabia que não era sua culpa, pois Gabriela conversara com ela e Gilbert naquela semana sobre esse seu comportamento atípico, e a médica lhe explicara que por conta da gravidez ser dupla, sua taxa de hormônio estava em níveis mais altos, causando todo aquele desastre emocional do qual ela estava sendo vítima, mas, ainda assim, a ruivinha se sentia mal por não tratar seu marido de maneira mais civilizada. Às vezes, ela chorava demais, outras vezes apenas respondia por monossílabos tudo o que ele lhe perguntava, ou simplesmente não respondia quando sentia que estava incomodada demais pelas perguntas dele.

E mesmo assim, lá estava seu homem maravilhoso, suportando cada fase bipolar dela com bravura e resignação, o que era realmente uma qualidade admirável na personalidade de Gilbert. Ele nunca revidava suas provocações, quando percebia que ela estava nervosa demais e despejava sobre ele toda a sua ira, enxugava suas lágrimas de desespero depois daqueles pesadelos terríveis que ainda tinha com Peter Bells, só que agora também envolviam os seus bebês , o que era ainda pior, a carregava para o banheiro quando ela estava enjoada demais para caminhar até lá de manhã, e sem contar que não comentava uma virgula de sua aparência naquela semana, pois Anne sabia que não estava em sua melhor forma. Embora sempre se preocupasse com a própria imagem, e nunca deixasse de usar pelo menos um batom no seu dia a dia, naquela semana ela relaxara um pouco. Não tinha vontade de se arrumar, pois passava a maior parte do tempo deitada, então, pensou que seria inútil gastar seu tempo fazendo maquiagem ou passando creme hidratante, porém, ela pensava em dar um jeito nisso assim que se sentisse bem o suficiente para sair daquele apartamento.

Talvez, se ela continuasse sem dores na sua lombar, ela pudesse se animar o bastante para visitar algumas concessionárias de carro naquela tarde, e comprar finalmente o veículo que estava desejando. Gilbert lhe dissera que se ela estivesse se sentindo mais forte, ele pessoalmente a levaria até lá, bastava que ela lhe desse apenas um telefonema e ele viria para casa imediatamente.

Anne sorriu de leve ao pensar em toda aquela boa vontade que ele vinha demonstrando com ela. Gilbert estava preocupado, e por conhecer como funcionava aquele cérebro com um QI elevado além da média, ela sabia que isso tudo tinha a ver com o medo dele que Anne tivesse um colapso nervoso em plena gravidez. Ela não sentia que estava tão mal assim, mesmo quando acordava chorando por mais uma vez ter entrado no labirinto de seus pesadelos, e sair e lá de mão vazias após ter perdido os próprios filhos, ela entendia que era seu subconsciente cobrando seus maus pensamentos durante o dia, mas, enquanto Peter Bells estivesse solto, ela não conseguiria sossegar, pois agora tinha mais dois cristaizinhos com o que se preocupar, e nada lhe tirava da cabeça que aquele ser nefasto a atingiria exatamente por meio de seus filhos se tivesse a chance.

Seu instinto lhe dizia para tomar cuidado, e seu coração lhe cobrava serenidade, mas por mais que não quisesse se estressar com suas premonições imaginárias, sua cabeça não a deixava descansar. Felizmente, seu estado emocional inconstante não afetava Gilbert negativamente. Ele lidava com tudo de maneira extremamente calma, e a animava todo o tempo mesmo quando seus dias pareciam extremamente ruins, e além de tudo isso, ele nunca a deixava esquecer do quanto era adorada por ele, e não importava em que grau de irritação ela estivesse, ele estaria ao lado dela a cada segundo fazendo o impossível para que ela se sentisse melhor.

Anne não sabia o que mais admirava em seu marido, se era aquela calmaria e coerência que ele trazia para a vida dela antes tão cheia de altos e baixos ou se a forma como ele a fazia amá-lo ainda mais por ser o homem incrível que era. Ela mal podia esperar para ver Gilbert em seu papel de pai, pois tinha certeza que encontraria ali sua melhor versão. Ele tinha valores sólidos como John Blythe que fora quem o ensinara a ser a pessoa integra e forte que era, e educaria seus filhos da mesma maneira. John e Sarah eram as coisas mais importantes da vida de Gilbert naquele momento, e o rapaz faria tudo o que pudesse para vê-los felizes, e apenas por isso, Anne se sentia tão sortuda por ter encontrado nele todas as qualidades que julgava imprescindíveis em um homem. Saber que estariam sempre juntos a deixava extasiada, e até pensava em um futuro não tão distante em terem pelo menos mais um filho, porém isso, era algo que nunca dissera a Gilbert por medo de que surtasse com a ideia. Contudo, era o sonho dela ter uma família grande, e tinham condições para isso economicamente, isso não era um ponto com o qual precisariam se preocupar, no entanto, ela esperava que Gilbert não saísse traumatizado demais da gravidez de gêmeos dela, e assim, não fosse contrário a uma futura terceira gestação.

Anne terminou a sopa, e comeu com prazer a sobremesa de gelatina que Gilbert lhe preparou. Ele sabia todos os seus gostos, todas as suas preferências e as coisas que detestava também. Além de Cole, Gilbert era a única pessoa em todo o mundo que a conhecia em todas as suas nuances, e diante dele, ela se sentia tão confortável, pois nunca teria que fingir ser algo que nunca fora, e era tão bom saber que existia alguém que sabia tudo dela, pois em seus momentos mais difíceis, ele a compreendia com um olhar sem que Anne tivesse que dizer o que estava sentindo.

Uma vida inteira ao lado de Gilbert Blythe não seria suficiente para Anne amá-lo como desejava. Ela carregava aquele sentimento dentro dela desde a infância, e agora com os bebês dele crescendo dentro dela, Anne sentia um amor colossal agitar-lhe todas as entranhas como se estivesse em meio a uma tempestade de sentimentos sem igual. E ela não queria que parasse ou que terminasse, porque era assim que Anne se sentia viva, era assim que ela conseguia manter intacta a mulher que ela era por dentro e deixá-la sair para fora diariamente, porque era assim que Gilbert a fazia se sentir, completamente à vontade para se mostrar ao mundo, mesmo que não fosse tão perfeita quanto desejaria ser, e por isso, ela apenas rezava para que fosse uma mãe tão boa quanto Gilbert seria como pai.

Às duas da tarde. Anne ligou para Gilbert, pois ela decidiu que compraria o carro naquele dia, já que queria ser uma mãe exemplar, ela começaria providenciando um meio mais fácil e confortável de se locomover com seus filhos, e para isso estava disposta a começar a treinar desde aquele instante. Assim, ela discou o número tão conhecido de seu marido, e precisou esperar apenas alguns segundo para ouvir a voz forte dele do outro lado da linha. Ela fechou os olhos por um segundo antes de falar, pois queria absorver todas as sensações que tomavam conta dela toda vez que ouvia Gilbert falar com ela. Era algo tão poderoso que ela não saberia explicar, porque um fato tão simples assim vindo de alguém que ela conhecia por toda a vida mexia com ela de uma forma quase desconcertante, deixando-lhe bem claro que Gilbert era e sempre seria seu ponto mais fraco.

- Querida, você está bem? - o tom preocupado de Gilbert fez Anne voltar a realidade, e disfarçando seu embaraço por não conseguir controlar seu encantamento por ele a ruivinha respondeu:

- Eu estou bem. Somente te liguei para perguntar se poderia sair mais cedo hoje, pois resolvi que quero comprar o carro.

- Ah, meu amor. Eu sei que te disse que iria com você no momento em que decidisse isso, mas, estou atolado de trabalho até a noite. Se tivesse me ligado mais cedo, talvez eu tivesse conseguido alguém para me substituir por algumas horas. - A voz dele era tão pesarosa quanto a decepção de Anne por não o ter para ela naquela tarde. Somente naquele momento ela percebera que queria demais vê-lo, porém, ela tinha que entender que Gilbert não podia abandonar seu posto quando desejava, e no final das contas, ela estava ligando para ele de última hora.

- Não tem importância, querido. Pode deixar que vou resolver isso. - Anne garantiu, mas, essas palavras não evitavam que ela sentisse seu coração se afundar um pouquinho dentro do peito. Sua dependência emocional de Gilbert chegava a ser irritante.

- Eu não quero que vá sozinha, Anne. Não tem mais ninguém que posa te acompanhar até a concessionária?

- Vou ligar para o Cole. Eu tenho certeza de que ele irá comigo. - Anne respondeu, tentando ser convincente, pois ela sabia pelas mensagens que o amigo lhe enviara naquela semana que ele estava fora da cidade.

- Eu fico mais tranquilo assim.- Gilbert disse audivelmente aliviado. - As dores em sua lombar ainda te incomodam? - ela sorriu de leve ao ouvir-lhe o tom preocupado, pois adorava quando Gilbert afastava um pouco a mente do trabalho para perguntar como ela se sentia. Era algo incrivelmente reconfortante saber que estava nos pensamentos dele, mesmo quando seu marido estava claramente ocupado com outras coisas.

- Não, acordei sem dor, e obrigada pelo almoço. Estava delicioso. Eu prometo retribuir com o jantar hoje à noite.

- Não precisa se preocupar com isso. Só quero que descanse e fique bem. O meu único desejo é que seja feliz, meu amor.

- Eu sou feliz, tenha certeza disso. Essas crises vão passar. Gabriela nos disse isso. - Anne disse desejando mais do que nunca estar com ele.

- Eu sei, mas, às vezes eu gostaria de poder fazer mais por você. - A voz de Gilbert era triste, e Anne não suportava quando ele ficava assim por causa dela.

- Não diga bobagens. Você já faz coisas demais por mim. Tudo o que quero é que nunca deixe de me amar.

- Isso seria impossível, pois vou te amar para sempre. – Anne sabia que Gilbert estava sendo sincero, e ele realmente não precisaria reafirmar seus sentimentos por ela, mas, ela adorava ouvi-lo falar disso mesmo assim.

- Eu também vou te amar para sempre. Agora vou deixar você trabalhar. Te vejo mais tarde. - Ela se despediu.

- Sim, e você sabe que se precisar de mim estou aqui.

- Eu sei. – Ela respondeu e desligou o telefone.

Em poucos segundos Anne discou outro número chamando um táxi, e em menos de dez minutos já estava a caminho da concessionária onde finalmente compraria o carro tão desejado.

GILBERT E ANNE

Gilbert desligou o telefone e já se sentia inquieto. Não queria ter decepcionado Anne logo naquela semana em que ela estava em seu momento mais frágil, mas, não havia nada que pudesse fazer. Sua agenda essa lotada, e a maioria dos casos exigiam sua presença, e não poderia passar para qualquer residente assim de última hora. Eram casos complicados, os quais ele vinha acompanhando a meses, e não poiam dispensar seu diagnóstico naquele momento. No entanto, isso não diminuía sua culpa de não estar com sua mulher em qualquer hora que fosse importante para ela, e nessas ocasiões era que ele percebia o quanto sua profissão cobrava dele em termos de vida pessoal.

Ele nunca se arrependera de ter escolhido a medicina como sua meta de carreira, pois amava o que fazia, principalmente as vidas que salvava, porém, havia dias como esse que ele se lembrava de um amiga na faculdade cujo namorado era cirurgião, dizer que "a medicina era uma amante ciumenta", e ele não podia deixar de concordar. Ser médico demandava tantas coisas, e às vezes sacrifícios injustos, pois ali estava ele trabalhando feito louco para ajudar tantas pessoas quando Anne, que também exigia sua ajuda e atenção, era deixada de lado por conta de sua obrigação moral e profissional, e Gilbert não desejava que fosse assim.

Havia certos momentos que ele pensava se não seria melhor deixar tudo para trás, pegar Anne e o que lhe era mais precioso e voltar para a fazenda, trabalhando lado a lado com Bash nas terras de seu pai, vendo seus filhos crescerem em um ambiente sadio onde teriam uma qualidade de vida maravilhosa, mas, depois ele se perguntava, seria feliz em uma vida de fazendeiro, abdicando horas de estudo para conseguir um diploma, e anos de dedicação e pesquisa para chegar até onde tinha chegado? Ele sentiu uma pontada no coração pelo que estava pensando, mas, conscientemente ele sabia que não estava sendo egoísta, era apenas uma constatação realista de tudo o vivera até ali.

Ainda se sentindo ansioso, ele se dirigiu até a sala dos médicos onde se serviu de sua costumeira xícara de café, e foi se sentar perto da janela, pois precisava olhar para outros tons de cores além do branco que via ali por toda parte. Não ficou muito tempo sozinho, pois logo Daniel se juntou a ele, e ao vê-lo tão pensativo o rapaz perguntou:

- O que foi, Blythe? Parece preocupado. - Gilbert deu um longo suspiro antes de se virar para o amigo e dizer:

- Não, na verdade estava pensando se fiz certo em me tornar médico. - Daniel arregalou os olhos ante as palavras do amigo e disse;

- O que isso, Blythe? Eu nunca conheci uma pessoa com tanto talento para uma profissão quanto você para medicina. O que aconteceu para fazê-lo questionar sua profissão desse jeito?

- Estou preocupado com a Anne. Ela não está passando por um bom momento na gravidez, e eu não tenho tempo para dar toda a atenção que ela precisa. Eu sei que vai parecer bobo o que vou dizer, mas, hoje por exemplo, ela me pediu para ir com ela comprar um carro, porque ela quer voltar a dirigir, mas, tive que dizer que não poderia ir por conta da minha agenda apertada, quando eu prometi a ela que iria no momento que ela quisesse. E eu nunca me senti tão mal por quebrar uma promessa. E o pior de tudo é que ela entende e não me cobra nada, o que torna tudo ainda mais pesado para mim. - Ele encheu uma segunda xícara de café, e ficou olhando para fora da janela, embora não prestasse atenção no que estava vendo realmente.

- Gil, você se cobra demais. Eu vejo o quanto você se desdobra para dar conta de seu trabalho e de sua vida doméstica. Ninguém faria mais por Anne do que você, e se ela não te cobra é porque sua esposa sabe do seu esforço. Não devia se sentir assim tão infeliz por conta disso. - Daniel aconselhou.

- Eu queria ter mais tempo para ela. Essa semana tem sido muito difícil. Anne anda deprimida, ansiosa e cheia de dores. Não tem dormido direito, e nem se alimentado como devia, e tudo isso em uma gravidez de gêmeos que tem sido dura para ela em certos momentos.

- O que Gabriela falou sobre isso? - Daniel perguntou tomando o café de sua xícara.

- Ela disse que é normal que em certos momentos Anne fique nesse estado, pois ela sente tudo em dobro por conta da gravidez de gêmeos, e também me pediu para ter paciência com as mudanças de humor dela. Isso não é problema para mim, pois desde que conheço Anne ela é geniosa, então, exercitei minha paciência com ela por anos. O que me preocupa é não ser tudo o que ela precisa. - Essa era a verdade. Não ser o suficiente para Anne o assustava, era esse o velho fantasma do passado que o assombrava. Ele a amava mais do que conseguia pensar, e se apavorava com a ideia de não dar a ela o bastante para fazê-la eternamente feliz.

- Você é tão complicado, Blythe. Eu nunca vi duas pessoas que se amam tanto se auto sabotarem dessa maneira. Vocês foram feitos um para o outro, e isso para mim é o bastante para duas pessoas serem felizes. Pare de exigir demais de si mesmo. Gil, pois você sabe que é o bastante para ela, pois se não fosse assim Anne não o teria escolhido para ser o pai dos filhos dela. Ela se casou com você, aceitou os desafios da sua profissão, e como você mesmo disse, ela não te cobra por isso, quer prova de amor maior que essa?

Gilbert ainda pensava sobre isso quando horas mais tarde ele estava em seu consultório e uma batida na porta o fez mudar a linha de seus pensamentos. Ao dar permissão para a pessoa entrar, Gilbert ficou surpreso ao ver o irmão de Sarah ali no hospital.

- Como vai Dr. Blythe? - o rapaz disse apertando-lhe a mão.

- Estou bem, e você, Jack?

- Estou ótimo também. Eu soube que se casou. - O rapaz disse de maneira simpática.

- Sim, minha esposa está grávida de gêmeos.

- Sarah ficaria orgulhosa. - Ele disse fazendo Gilbert sentir a velha tristeza tocar seu coração. Ele nunca se conformaria de ter perdido Sarah daquele jeito. Esse era um dos fracassos de sua profissão que ele jamais esqueceria.

- Pena eu não ter podido fazer mais por ela. - Gilbert disse olhando para o rapaz com os olhos tristes que o fez dizer;

- Não diga isso, Dr. Blythe. Todos nós sabemos o quanto lutou pela minha irmã, mas, não foi possível salvá-la. O senhor é o melhor médico que já conheci, não só pela sua competência, mas, porque se importa. - Gilbert sorriu das palavras do rapaz porque eram as mesmas que Anne vivia lhe dizendo, e se sentiu intimamente grato por aquilo.

- Obrigado, Jack, eu amava sua irmã como a grande amiga que ela sempre foi para mim, e nunca vou esquecê-la.

- Sarah também te amava muito e queria que você fosse imensamente feliz. Eu vim até aqui para agradecer pela ala que criou com o nome dela. - O rapaz disse apertando a mão de Gilbert novamente.

- Isso não foi nada. Ela merecia ter o nome dela em algo assim, depois de dedicar tanto tempo de sua vida ao hospital.

-Sarah amava ser enfermeira. Ela foi muito feliz pelo tempo que pôde exercer a profissão. - Gilbert assentiu e o rapaz continuou:- Bem, Dr. Blythe, preciso ir. Quando estiver nos arredores de Charlotte Town leve sua esposa para nos visitar. Meus pais vão ficar muito felizes em recebê-los.

- Muito obrigado pelo convite. Iremos visitáa-los assim que pudermos. - Gilbert disse respondeu sorrindo.

Assim, o rapaz se foi e Gilbert voltou ao trabalho, pois sua tarde estava extremamente ocupada.

Enquanto isso, Anne olhava para os modelos de carros que o vendedor lhe mostrava um tanto indecisa. Talvez não tivesse mesmo sido uma boa ideia ter vindo até ali sozinha, pois agora estava em frente a vários tipos de carro sem ter ideia nenhuma de qual seria o mais apropriado para uma mãe de gêmeos. Por fim, se decidiu por um Audi Sedan vermelho que parecia ser espaçoso o bastante para carregar duas crianças pequenas e todos os seus apetrechos.

Feliz com sua compra, Anne assinou toda a papelada que lhe foi apresentada, e por fim, deixou a concessionária ao volante de seu novo carro. No início se sentiu um pouco temerosa por conduzir o veículo pelas ruas movimentadas de Nova Iorque, mas, depois de certo tempo, ela foi adquirindo confiança, e em pouco tempo já estava dirigindo com certa propriedade, e até cantarolou algumas canções que tocavam no rádio bem baixinho. Foi então que olhou no retrovisor e viu que um carro a seguia a uma certa distância, fazendo seu coração acelerar as batidas. Anne fez vários caminhos alternativos para ter certeza de suas suspeitas, e o outro motorista continuou atrás dela sem desistir.

Louca para fugir daquela perseguição que logo intuiu que poderia ser Peter Bells, ela começou a acelerar e dirigir cada vez mais rápido, sem pensar no perigo que estava correndo junto com seus bebês. Tudo o que desejava era fugir, pois não cairia de novo nas mãos daquele homem. Ela morreria se tivesse que passar por todo o trauma que lhe causava pesadelos até naqueles dias. Assim, ela continuou a dirigir cada vez mais rápido enquanto tentava enxergar quem poderia estar por trás daquele volante. O pânico cresceu e Anne viu sua calma indo embora em poucos segundos, e por conta de seu nervosismo, ela acabou dando de cara com uma curva mais sinuosa e se perdeu nela, indo parar de frente com um muro que ela evitou de bater quando conseguiu pisar no freio a tempo.

Porém, isso não evitou que batesse a cabeça no para-brisas, apesar de estar usando o cinto de segurança. Ela começou a chorar assim que passou a mão sobre sua testa, e notou sangue na ponta de seus dedos., mas, o que a deixou mais desesperada foi que os bebês não se mexiam, e ela se lembrou dos sonhos ruins que tivera durante toda a semana. Angustiada, Anne ligou para Gilbert, errando varias vezes o número por conta do nervosismo. Quando por fim ouviu a voz vibrante do marido, ela começou a chorar mais ainda deixando Gilbert desesperado do outro lado da linha, que pediu:

- Anne, fale devagar para que eu entenda o que aconteceu. - Ela controlou a tensão o máximo que pôde e então respondeu:

- Gil, eu sofri....um acidente...de carro.

- O que? Me passa o telefone para o Cole que eu quero falar com ele.

- Cole não...está aqui. Eu....vim sozinha.

- Anne, eu te pedi para não sair sozinha. - Anne nem ouviu a reclamação do marido. Tudo no que conseguia pensar era nos bebês que não se mexiam na sua barriga, e ela se recusava a acreditar no que aquilo poderia significar.

- Gil...os bebês não se mexem. Por favor, me ajuda. - Ela começou a soluçar e Gilbert ficou nervoso demais por não estar lá para auxiliá-la. Sem pensar em nada, ele disse:

- Me diz onde você está que vou buscar você. - Com muita dificuldade, Anne deu sua localização para Gilbert que antes de desligar o telefone, disse:

- Querida, fique calma. Eu já estou chegando.

O coração de Gilbert pareceu diminuir de tamanho enquanto guardava o telefone no bolso. Sem perder tempo, ele pegou sua maleta médica, e caminhou apressadamente até o consultório de Daniel. Quando chegou lá, ele contou o ocorrido ao amigo que disse;

- Vá atrás dela, Gil. Eu cubro você por aqui e explico ao Dr. Phillips o que aconteceu.

- Obrigado, meu amigo. - Gilbert agradeceu ao rapaz com um abraço.

- Por favor, quando puder me mande notícias.

Deste modo, Gilbert deixou o consultório de Daniel. e quando estava caminhando pelo corredor, ele encontrou Gabriela que tinha terminado o seu turno e estava indo para casa.

- Gilbert, o que aconteceu? - ela perguntou assim que percebeu o quanto o rapaz estava nervoso.

- Anne sofreu um acidente de carro. - E com um olhar desesperado, ele falou em um tom mais baixo:- Ela disse que os bebês não se mexem.

- Meu Deus, Gilbert. Eu vou com você. - Ela disse decidida, e agradecendo a amiga com um aperto em suas mãos, eles seguiram juntos até o estacionamento.

Durante a viagem até o local do acidente, eles permaneceram em silêncio, pois nenhum dos dois parecia estar disposto a falar. Quando encontraram o carro onde Anne estava. Gilbert desceu correndo e foi até ela com sua maleta em mãos, e chamando-a desesperadamente. A ruivinha estava com a cabeça apoiada no volante e a levantou no momento em que ouviu Gilbert gritar seu nome, se atirando nos braços dele assim que ele se aproximou dela.

- Amor, está sentindo alguma dor? – ele perguntou preocupado ao ver o corte na testa dela.

- Não, mas, os bebês não se mexem. - Ela disse apertando o braço dele com força.

- Calma, Gabriela veio junto e vai te examinar.

- Oi, Anne. - Gabriela disse assim que a ruivinha notou sua presença. - Fique tranquila, meu amor. Vamos ver o que está acontecendo com esses anjinhos. - Assim com a ajuda de Gilbert, eles colocaram Anne deitada no banco de trás, e Gabriela fez todos os exames possíveis dentro da situação. Quando terminou, a médica disse:

- Está tudo normal com eles, querida. Você também está bem.

- Mas, por que eles não se mexem? - Anne sofria com a ideia de perder seus bebezinhos.

- Você passou por uma situação estressante. Eles vão voltar a se mexer, fique calma.

Gilbert sentou no banco com Anne, a abraçou, e pousou sua mão no ventre dela com carinho, e foi naquele instante que a garota sentiu um leve estremecimento e chorou aliviada por perceber que seus cristaizinhos estavam vivos dentro dela.

- Eu não disse? Acho que estavam esperando só o papai chegar para darem sinal de vida. - Gabriela disse em tom de brincadeira, e tanto Anne como Gilbert riram aliviados.

- Acha que é necessário levá-la até o hospital? - Gilbert perguntou enquanto examinava o corte na testa de Anne.

- Não. Pode levá-la para casa. Se por acaso, Anne sentir alguma coisa diferente, não hesite em me ligar.

- Obrigado, Gabriela. Aqui está a chave do meu carro. Poder ir para sua casa com ele, que eu e Anne vamos para o apartamento no carro novo dela. - Gilbert disse estendendo-lhe as chaves.

- Obrigada. Se cuidem, por favor. - A moça disse antes de ir embora. Gilbert se virou para Anne e disse:

- Vamos para casa?- ela apenas assentiu, pois estava tão cansada emocionalmente que até falar a deixava exausta, porém, enquanto estavam a caminho do apartamento, ela contou a Gilbert o que tinha sido a causa do acidente, o que fez o rapaz ligar para a polícia no mesmo instante e exigir uma ação imediata.

Após chegarem em casa, Gilbert ajudou Anne a tomar um banho de banheira para relaxar. Depois a fez comer uma refeição leve, e ambos foram para o quarto com a intenção de dormirem cedo, mas, após uma hora insone, Anne se sentou na cama seguida de seu marido que também não tinha conseguido pregar o olho até aquele instante. Gilbert pegou a mão dela entre as suas, beijou-a com carinho e disse:

- Nunca mais faça algo assim de novo comigo, Anne. Eu sinto até um calafrio ao pensar no que poderia ter acontecido com você e os bebês.

- Desculpe-me. Gilbert. Eu não pensei que algo assim poderia acontecer. - Ela estava envergonhada por ter mentido para ele e se colocado em uma situação de perigo desnecessariamente.

- A culpa foi minha por não ter estado lá quando prometi que estaria. - Gilbert respondeu atraindo-a para si.

- Não diga isso. A culpa não foi sua. Não podia adivinhar que eu sofreria um acidente. - Ele balançou a cabeça inconformado e disse:

- Às vezes penso que não sou o bastante para você. Toda vez que precisa de mim parece que estou preso em alguma coisa relacionada ao trabalho. - Anne segurou o rosto dele entre as mãos e falou:

- Você é um médico, meu amor, e precisa estar perto de seus pacientes. Eu preciso de você, mas, eles precisam mais.

- Mas, eu preciso cuidar melhor dos bebês e de você. - Gilbert disse acariciando as bochechas de Anne.

- Você cuida, meu amor. E está aqui agora, e isso é o que basta para mim. - Ela então o puxou para um beijo, que Gilbert retribuiu com todo o seu amor e desejo.

Acariciando-a por inteiro, ele tirou a camisola dela devagar, observando maravilhado as formas arredondadas da gravidez brilhando a meia luz, fazendo de Anne a mulher mais linda que ele já havia visto. Ele também se despiu com rapidez, e logo ambos estavam completamente loucos um pelo outro. Gilbert distribuía beijos quentes pelo pescoço de Anne, indo até os seios dela, onde se demorou com suas carícias fazendo-a arfar, e pedir que ele não parasse de tocá-la daquela maneira.

Os lábios dela também fizeram Gilbert ofegar, pois ela o tocou em lugares tão sensíveis que o desejo que sentia por aquela jovem mulher maravilhosa parecia inextinguível. Ela o fazia chegar o mais alto que conseguia alcançar com sua imaginação, fazendo-o perceber que a realidade daquele momento superava qualquer sonho que tivesse tido anteriormente. Eles tinham feito amor tantas vezes, mas, Gilbert nunca conseguia se fartar daqueles instantes, pois se sentia sempre faminto por aquele corpo e aquele coração que desejava completamente para si.

Os dedos dele escorregaram por cada curva sedutora que parecia um paraíso onde Gilbert sempre poderia se deliciar, matando mesmo que temporariamente sua vontade de ser perder ali totalmente. A boca dela traçou um caminho molhado do peito musculoso até a intimidade masculina, onde suas mãos macias o tocaram até vê-lo quase se desmanchar entre seus dedos, mas, não deixou que acontecesse, pois ela o queria quente e pulsante dentro dela, e foi o que aconteceu quando Gilbert a penetrou fazendo Anne gemer com o prazer que a alcançou ao sentir toda a masculinidade de seu marido possui-la com a mesma avidez que queria ser possuída. E assim uma dança sensual começou, com seus quadris se movendo no mesmo ritmo, suas mãos se prendendo uma na outra, e seus lábios que não se desgrudavam nem quando gemidos altos e ferozes escapavam a cada nova investida, ou quando as palavras "eu te amo' eram pronunciadas entre uma respiração e outra. E então, Anne sentiu seu corpo estremecer, como se uma grande carga de eletricidade passasse por ela e atingisse Gilbert na mesma intensidade, e assim, um último movimento de seus corpos os levou para até onde queriam chegar juntos, o prazer final, intenso e ardente.

Naquela noite eles adormeceram exaustos quase que imediatamente, mas estavam felizes e ainda mais conectados, porque o amor que nascera no passado, crescera no presente e se alastraria pelo futuro era a única certeza que tinham de que suas vidas jamais seguiriam separadas, porque era assim que o sentimento os unia e os fortalecia para suportar o que viesse.

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