A Queda da Dama de Ferro

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***Esteban

Lentamente, fui abrindo meus olhos... Tudo que eu queria era estar acordando de um pesadelo. Mas a dor, quase que insuportável, que eu estava sentindo no meu dedo mínimo da mão direita, me fez reviver todos os pensamentos atormentadores da madrugada anterior.

Eu estava fraco, aos poucos minha visão embaçada começou a focar nas imagens à minha frente.

Me dei conta de que eu continuava preso naquela velha cadeira de madeira, dentro daquele quarto pouco iluminado que cheirava a mofo. Tudo que eu queria, era sair dali.

Mirei a minha mão direita... Notei que nela havia uma bandagem, mal enrolada, encharcada de sangue que parecia ter começado a ficar seco.

Lembrei-me daquela madrugada de tortura... Das coisas terríveis que Addora havia me dito e feito comigo.

Sem qualquer remorso, e com total satisfação nos olhos, aquela mulher amputou uma pequena parte do meu dedo. Não satisfeita, ela me bateu durante bastante tempo com uma corrente enferrujada enrolada em seu punho.

Ela descarregou tanto ódio e tanta indignação sobre mim, que eu estava surpreso por ainda estar vivo... Mas eu sabia que aquilo não duraria por muito tempo. Eu sabia que a vontade final dela, era me matar. Toda a dor que ela me fez sentir, só me revelou o quanto ela era uma pessoa doentia e desequilibrada.

Perdi totalmente a noção do tempo, não sabia que dia ou que horas eram. Minha boca estava seca... Eu sentia um amargor que era difícil de explicar. Tempo... Acho que era algo que eu não tinha mais. Meu fim, finalmente parecia estar próximo.

Será que todos os meus esforços, e toda a minha luta para viver haviam sido em vão? Será que aquela mulher tão fria e calculista, obteria sucesso no seu último plano homicida?

Eu realmente não sabia mais o que esperar dela. E confesso que estava com muito medo de descobrir... Enfim, ela havia conseguido despertar o meu pânico.

Tentei colocar o meu corpo em uma posição mais confortável, porém, senti uma dor muito intensa por todo ele. Onde meu dedo havia sido cortado, senti uma ardência incontrolável. Lembrei-me que logo após Addora ter decepado parte do meu dedo mínimo, com aquele alicate, ela pediu para que Tobias enrolasse aquela bandagem com sal grosso. Ela era realmente cruel.

- Socorrr... - Sussurrei. Mas minha voz estava fraca demais para eu completar uma única palavra.

Fiquei parado, em silêncio. Eu não sabia se era dia ou noite lá fora. Também não sabia se algum dia voltaria ver a luz do dia, ou o brilho das estrelas.

Ouvi a tranca da porta sendo forçada, anunciando que eu já não estava mais sozinho. Com um ranger, a mesma foi aberta. Do outro lado, estavam Addora e Tobias. Ambos me olhavam com semblantes vazios.

O barulho dos saltos da mulher, inundaram o local. Ela se aproximou lentamente e ficou de pé à minha frente. Ela estava usando um salto vermelho cravejado de cristais. Na parte de baixo, ela vestia uma saia justa preta, na parte de cima, um casaco que combinava com seus sapatos. Na mão esquerda, ela segurava uma grande carteira preta, também cravejada de cristais.

Realmente é verdade o que sempre ouvi dizerem... O diabo gosta de luxo.

- Está tudo bem, meu querido? - Perguntou ela cinicamente, quase que cantarolando.

- Veio continuar o que começou? - Eu sussurrei ofegante. Estava quase sem forças para falar.

- Não, não. - Negou. - Vim acabar com o seu sofrimento. Nossa madrugada de diversão já foi o suficiente pra mim... Me sinto muito satisfeita e de alma lavada.

B and E [Livro 3]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora