Prelúdio II

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***Esteban

- Esteban, acorda!...

Uma voz, bastante familiar, ecoava por meu subconsciente. Eu ainda não sabia o real limite entre a realidade e a terra dos sonhos.

- Esteban! - Ouvi a voz me chamar um pouco mais alto. Da segunda vez, a mesma veio acompanhada de um solavanco.

Um pouco assustado, abri os meus olhos com certa urgência. A luz forte e  branca daquele ambiente, fez com que eu voltasse a fechá-los imediatamente.

Apertei as pálpebras com bastante força. Logo em seguida, as abri lentamente.

De pé, à minha frente, consegui enxergar uma silhueta. Minha visão ainda estava embaçada, demorou um pouco até que eu conseguisse focar naquela imagem.

- Ralph! - Exclamei dando um pulo da poltrona, e avançando sobre ele.

Meus braços envolveram o magro corpo do meu namorado com urgência. Ele retribuiu ao gesto, envolvendo os seus ao redor da minha cintura.

- Nossa! O que foi isso?! - Perguntou ele, logo que dei um passo para trás.

Antes de respondê-lo, dei uma olhada ao redor. Percebi que ele estava acompanhado de Félix, meus amigos não estavam mais no local. Apenas dona Vallentina permanecia no mesmo lugar.

A mulher nos fitava com um semblante cansado, porém, era visível que ela não tinha mais aquele olhar angustiado.

Virei-me em direção à ela, e perguntei:

- Onde estão os outros?

- Ah! Seus amigos já se foram. - Respondeu ela. - Pediram que eu lhe avisasse... Como você estava muito cansado, preferiram não acordá-lo para se despedir.

- Ah! - Franzi a testa. - Dormi por muito tempo?

- Um pouco... - Respondeu. - Já é bastante tarde.

- Nossa! - Exclamei. - Eu não deveria ter dormido tanto!

- Você precisava, querido... - Ela deu um meio sorriso. - Têm passado por tantas coisas. Foi ótimo que tenha conseguido dormir profundamente, pelo menos por poucas horas.

Depois de tirar aquelas dúvidas com dona Vallentina, voltei a encarar meu namorado e seu irmão mais velho.

- Tudo bem com você, Félix? - Cumprimentei o rapaz mais alto.

- A gente vai levando! - Respondeu ele, passando uma das mãos atrás do pescoço.

- Passamos pra te dar uma carona. Acho bom dormir lá em casa essa noite... - Comunicou Ralph. - Amanhã podemos ir juntos para a faculdade.

- Agradeço. - Contorci os lábios. - Mas acho melhor eu voltar para o campus, não quero mais incomodar vocês! Sinto que já dei trabalho demais.

- Que isso, cunhadinho! - Exclamou Félix. - Nem vem com essa! Fazemos questão! Não é trabalho nenhum... Acho ótimo que vá dormir lá em casa, Bia também vai passar essa noite lá... Bora com a gente! É bom que conversamos um pouco, e você relaxa. Está precisando se distrair.

Eu fiquei em silêncio por um instante. A gentileza do irmão de meu namorado com relação a mim, me deixava um tanto encabulado. Eu ainda não conseguia agir normalmente quando ele dirigia-se à mim daquela forma.

- Vá com eles, Esteban! - Dona Vallentina tomou frente da conversa. - Vai ser bom pra você aliviar um pouco a tenção de tudo que têm passado. É sempre bom estar em boas companhias nesses momentos.

- E quanto a senhora? Não vai para casa? - Perguntei olhando-a preocupado.

- Só saio daqui acompanhada do meu filho! Mal posso esperar para poder levá-lo para casa. - Respondeu ela. - Pode demorar o tempo que for... Mas só saio daqui, com o meu Bryan!

B and E [Livro 3]Where stories live. Discover now