Conta Própria II

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***Esteban

Aquela visita à delegacia foi como um balde de água fria.

As esperanças que eu tinha de conseguir qualquer explicação para o misterioso assassinato de minha mãe, haviam ido por água abaixo.

Eu nunca antes em minha vida, havia sentido sensação de impotência maior. Eu queria tanto esclarecer aquele mistério do passado, mas não imaginava que começaria minha busca por respostas com o pé esquerdo. Tudo havia se esvaído!

Depois de Bryan comentar que o investigador responsável pelo caso de Cris, havia sido o mesmo que investigou a trágica morte de minha mãe, eu acompanhei o rapaz até o estacionamento totalmente em silêncio.

Em minha mente, que estava perturbada com aquela má notícia sobre o arquivamento do caso, eu tentava maquinar algo que pudesse ser feito... Algo que me ajudasse a esclarecer aquelas perguntas, mesmo que fosse por conta própria.

Assim que nos aproximamos do carro de Bryan, o rapaz debruçou-se sobre o teto do mesmo e ficou me encarando do outro lado. Ele, assim como eu, parecia não conseguir se conformar com aquela situação frustrante.

Eu me aproximei mais do lado oposto do veículo, encarei o garoto e disse:

- Bem... Então é isso, não é mesmo?! Parece que nunca vamos conseguir descobrir o que realmente aconteceu com a minha mãe na estrada naquela noite.

O rapaz ficou em silêncio por algum tempo. Antes de demonstrar qualquer reação, ele coçou levemente a ponta do nariz com seu polegar... A seguir, ele meio que contorceu os lábios e soltou:

- Eu não diria isso se fosse você!

- Hã?! - Eu nem imaginava o que poderia estar se passando pela cabeça dele.

- Sério, Rosinha?! Tu vai desistir das coisas fácil assim?! - Ele perguntou. - Não pensei que tu fosse desse jeito!!!

- Eu não quero e não posso desistir, Bryan!... - Respondi um tanto revoltado. - Eu preciso encontrar uma maneira de achar as respostas que procuro, sozinho... Mas eu nem sei por onde começar!!!

Dizendo isso, eu o dei as costas e apoiei-me na lateral do carro e fitei o chão, que estava coberto por uma fina camada de neve e marcas de pneus.

Ouvi o rapaz suspirar. Ele parecia estar meio tenso. Depois daquela reação, ele tornou a falar:

- Vamos começar pelo óbvio.

- O quer quer dizer com isso?! - Perguntei.

- Você disse que não sabe por onde começar, não é?... - Ele começou a explicar. - Mas é óbvio que tem alguém nessa história que sabe de muita coisa! E a gente precisa fazê-lo falar. Se quisermos realmente respostas, sinto que só ele pode nos ajudar.

- Ele?! Quem?! - Questionei, sem mesmo me dar o trabalho de pensar antes.

- Fala sério, Esteban!!!... - Exclamou Bryan, que a seguir deu a volta no carro e se acomodou ao meu lado. - Jura que vai dar uma de tonto logo agora?! Sei que tu é mais esperto que isso... Não ferra!!! É óbvio que tô falando do teu pai!

Quando ele terminou de dizer aquilo, imediatamente eu o encarei já com os olhos arregalados.

Engoli em seco. Eu sabia que o rapaz tinha toda a razão. Com certeza meu pai estava escondendo muita coisa a respeito da morte de minha mãe... Mas eu tinha certeza que seria praticamente impossível fazê-lo falar.

- Bryan... - Comecei, meio hesitante. - Eu sei que você está com a melhor das intenções em me ajudar. Sei que esse caso desperta seu interesse. Mas é óbvio que meu pai não vai abrir o bico sobre isso... Eu tenho certeza! Por um acaso já se esqueceu do escândalo que ele fez da última vez que fomos lá em casa? Ele ameaçou nos matar!!! Por que acha que agora seria diferente?

B and E [Livro 3]Where stories live. Discover now