Prelúdio IV

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***Bryan

Eu ouvia ao longe o som de um chiado e de um bip. Eu estava imerso em uma total escuridão. Não sabia o que estava acontecendo ao certo, não tinha idéia de onde eu estava. Não me lembrava qual foi a última coisa que havia me acontecido... A única coisa que eu tinha total certeza naquele momento, era que, naquela escuridão, não era onde eu queria continuar... Eu precisava me libertar dela.

Minha respiração começou a ficar mais pesada, senti meu coração acelerar. A medida que meu órgão vital batia mais forte, o barulho do bip naquele lugar se intensificava.

Eu sentia como se uma mão estivesse tocando levemente sobre o meu peito... Bem ao centro, para ser mais exato.

Uma sensação como se todo o sangue do meu corpo estivesse fervendo, tomou total conta de mim. Lentamente, comecei a abrir minhas pálpebras.

A luz branca, parecia refletir-se nas paredes daquele quarto alvo, se intensificando ainda mais. Era inevitável manter os meus olhos estreitados.

Minha visão estava embaçada, mas eu consegui ver, mesmo que como um borrão, o vulto de uma moça alta, magra, de cabelos longos e ondulados se afastando lentamente. Logo em seguida, aquela silhueta simplesmente desapareceu, bem diante dos meus olhos. Eu estava sonhando? Eu não sabia bem diferenciar a realidade do que era delírio.

Engoli em seco. Eu estava sentindo muita sede, um amargor inexplicável invadia a minha boca... Eu queria despertar totalmente e pedir ajuda, queria um copo d'água, pelo menos, mas um cansaço enorme parecia pesar minhas pálpebras, impedindo que eu conseguisse mantê-las abertas.

Depois de muito lutar, mais uma vez, eu me entregava a aquele sono inexplicável e insistente... Apaguei.

***

Eu sentia uma mão quente segurando a minha direita. Meu corpo estava um pouco dolorido, o amargor na minha boca permanecia presente.

Agora eu já sentia minha respiração mais controlada, porém, o chiado e o bip seguiam me incomodando. Eu nunca me dei bem com barulhos irritantes.

Lentamente, comecei a abrir os meus olhos, a escuridão que me envolvia ia se dissipando conforme eu ia abrindo as minhas pálpebras. A luz do ambiente, já não estava mais incomodando tanto quanto antes.

Demorei um pouco para me dar conta do que estava acontecendo ao meu redor. Haviam alguns fios presos ao meu peitoral seminu. Enfim, acabei me ligando de onde estava... Em um hospital.

Ainda olhando para o meu peitoral, notei um tipo de costura que começava a alguns centímetros acima do meu umbigo e se extendia até minha caixa torácica. Minha ficha caiu. Só havia uma explicação para aquilo... Será que eu estava imaginando coisas?

Desviei meu olhar para a minha mão que estava sendo segurada... Foi quando, pela primeira vez, notei a presença de minha mãe.

Encontrei uma Vallentina muito diferente da qual eu estava habituado. Minha mãe parecia aspirar cuidados, estava abatida, pálida... Eu jamais na minha vida imaginei que a veria em estado tão lamentável alguma vez.

Franzi o cenho e, mesmo sentindo minha boca bastante ressecada, soltei:

- Mulher???!!!

- Oi, filho! - Ela abriu um largo sorriso. Aquele sorriso iluminado, eu o conhecia bem.

- O que foi que aconteceu contigo? Por que raios tá acabada assim???!!!

Não obtive resposta. A única coisa que dona Vallentina fez, foi não controlar suas risadas. Mesmo com aquela aparência sofrida, ela parecia estar de bastante bom humor.

B and E [Livro 3]Where stories live. Discover now