Querido Amigo

297 45 9
                                    

***Esteban

Eu continuava a segurar o choro sem conseguir falar. Pelo pequeno retrovisor, o motorista olhava confuso para Bryan e eu no banco de trás. Minha cabeça dava voltas e voltas... Eu parecia estar preso em um loop infinito, pensando em toda aquela situação bizarra que acabava de acontecer em minha casa.

Quando olhei para o rapaz sentado ao meu lado, ele apenas mantinha seus olhos fixos na paisagem coberta por neve através do vidro da janela. Ele parecia estar tão pensativo quanto eu. Preferi manter-me em silêncio, não queria acabar ativando acidentalmente o detonador da bomba viva que era Bryan Greggio Lancaster.

***

Depois de uns minutos, o motorista estava estacionado o carro no portão principal do campus. Eu soltei o cinto de segurança, e abri a porta com certa urgência... Queria chegar logo ao meu alojamento, talvez para chorar sem a presença de ninguém por perto.

Quando saí do veículo e já ia fechar a porta, Bryan me chamou:

- Esteban, tu vai ficar bem?!

- Vou sim! - Respondi com bastante desânimo.

- Tem certeza?! - Ele insistiu em perguntar. - Não quer voltar lá pra casa? Tô meio grilado de deixar tu aqui sozinho, cara!

- Vejam só... Quem diria o grande Bryan se preocupando comigo... Vivi para ver este momento! - Mesmo estando bastante triste, não consegui deixar a oportunidade de sacaneá-lo passar.

- Sonha, seu cuzão! Só tô te chamando porque sei que minha mãe vai me encher de perguntas... - Ele franziu a testa e cruzou os braços. - E nada mais justo do que você mesmo estrar presente para respondê-las!

- Sei... - Encarei-o apertando os olhos. - Mas sério... Eu preciso ficar um tempo sozinho agora, okay? Preciso colocar minhas idéias em ordem... Pensar nessa loucura toda que aconteceu, e o mais importante: ver o que é que eu posso fazer para descobrir a verdade por trás da morte da minha mãe!

- Já que é assim... - Ele contorceu os lábios. - Vou te deixar em paz então. Mas na boa... Qualquer coisa dá um jeito de me ligar, estamos entendidos?!

- Obrigado! - Agradeci com sinceridade. Reparei que o garoto estava mesmo me oferecendo um ombro amigo... Aquela ação me parecia muito sincera.

- Não agradeça! Só quero te ajudar a descobrir o que aconteceu com a tua mãe... Eu sinto que tem muita coisa nessa história que não cheira bem. - Explicou ele. - E tu merece saber a verdade... Eu tenho certeza que se fosse comigo, eu iria revirar essa história a fundo. E sei também que tu me ajudaria, independentemente de nossas diferenças.

- Você pode ter certeza disso. - Confirmei.

- Então eu vou indo nessa! Nos vemos na segunda então.

- Até segunda. - Respondi.

O garoto então fechou a porta e o carro deu a partida. Fiquei parado olhando, até que o veículo virasse a esquina.

  ***

Cheguei na porta do dormitório e a destranquei rapidamente. Quando girei a maçaneta e empurrei, me veio a surpresa:

- Ben?!!! O que faz aqui???!!! Não foi passar o fim de semana com os seus pais desta vez?!

  O rapaz que estava deitado na cama mechendo em seu smartphone, levantou-se ao me ver e, veio até mim. Ele passou um de seus braços ao redor de meu pescoço, e começou a me arrastar para dentro do quarto dizendo:

- Eu até ia... Mas preferi ficar desta vez. Minha curiosidade de saber como foi o seu dia na casa do Bryan, não deixou que eu fosse pra casa. - Respondeu ele com bom humor.

B and E [Livro 3]Where stories live. Discover now