Pedestal

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***Esteban

Addora estava de pé em frente à porta de saída daquele lugar. Ela mantinha sua atenção voltada para o lado externo, permanecia de costas para mim em silêncio absoluto.

A arma, que ela havia trazido consigo, brilhava em sua mão direita. Eu tentava imaginar o que aquele mulher tinha em mente... Qual seria seu próximo passo?

Os sons noturnos invadiam o local. Eu sabia que do outro lado daquela porta, que eu precisava cruzar para alcançar a minha liberdade, haviam mais pessoas. Mas não fazia a menor idéia de quem poderia estar dando-a cobertura em seu plano louco.

Depois de bastante tempo de silêncio, ela enfim resolver se manifestar:

- Sabe de uma coisa?... - Addora permanecia parada sem olhar para trás. - Para um ninguém, você até que me parece ser um garoto bastante corajoso... Ou burro!

- Por que diz isso? - Perguntei com a minha respiração pesada.

- Desde o momento em que cheguei aqui, não demonstrou ter medo. Acha que eu não sou capaz de te matar?... Acha que estou apenas blefando?

- De modo algum. - Neguei. - Sei que consegue ser cruel o suficiente, ao ponto de me matar sem pensar duas vezes. Afinal, já tirou a vida de tanta gente, não é mesmo? O que seria o sangue de apenas mais um inocente em suas mãos já tão sujas?

- Inocente?! - Ela deu uma risadinha. - Poupe-me de seu vitimismo barato, meu rapaz... Você pode ser qualquer coisa, menos inocente. Sabia muito bem das consequências se continuasse a meter o seu maldito nariz onde não era chamado! No entanto, mesmo assim, preferiu pagar para ver... E aqui estamos nós! O que devo fazer com você agora?

- Faça o que tiver de ser feito. - Eu não podia demonstrar minha insegurança nas minhas palavras. - Sei que você é inteligente o suficiente para tomar suas próprias decisões. Só não pense que sairá ilesa... Pois como eu já disse antes, você já está acabada! A polícia está atrás de você, com toda a certeza. Um mínimo deslizei seu, e eles colocam as mãos em você!

- Tonto! - Agora ela virava-se para me olhar. - A polícia não pode fazer nada contra mim. São todos meus fantoches!

- A polícia de WorldHidden?... - Dei um meio sorriso maldoso. - Disso eu já sabia... Fui avisado quanto a isso. Acha mesmo que eu colocaria uma investigação tão importante nas mãos de uma jurisdição totalmente comprada por você? Está enganada, Addora! Todos vocês irão cair! Você, seus policiais comprados, e seja lá mais quem for que estiver sustentando suas loucuras.

- O que quer dizer com isso?! - Ela arregalou os olhos.

Era a primeira vez, desde que a mulher havia entrado naquele quarto, que eu conseguia enxergar insegurança em seu rosto. Até então, ela estava tão segura de si... Se sentia imune, em um pedestal de onde ninguém poderia arrancá-la.

Eu apenas revirei os olhos, fiz uma cara de tédio em seguida, e respondi calmamente:

- As investigações sobre todos os crimes ligados a mim, não estão mais sobre a responsabilidade da delegacia de WorldHidden, Addora!

- E acha que outra jurisdição pode intervir nos casos que acontecem aqui?! Você é mais ingênuo do que eu imaginava! - Ela riu.

- Seus crimes são bárbaros e não são poucos. Com certeza a polícia internacional entrará nessa história, sua louca. - Soltei.

- Louca?! Eu não sou louca! Sou mais inteligente do que possa imaginar, seu fedelho! - Ela ergueu um pouco o tom da voz.

- Eu não me gabaria tanto se fosse você... - Resolvi cutucá-la ainda mais. - Vive sempre tão cheia de si, se achando a inabalável e intocável... Mas isso tudo vai acabar. Tenho certeza de que se não for pelos meios legais, será de outra forma.

B and E [Livro 3]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora