Máscara

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***Bryan

Eu corria totalmente atordoado por aquele escurecer frio. O vento gelado parecia me castigar cada vez mais.

Logo que entrei em casa, me livrei do grosso casaco que vestia e pendurei-o em um cabide no hall de entrada.

Caminhei a passos largos até chegar na sala de estar. Para piorar ainda mais o meu estado, minha mãe já me aguardava para mais uma seção de broncas.

Assim que se deu conta da minha presença, a mulher levantou-se do sofá e colocou as mãos na cintura dizendo:

- Saiu sozinho de carro de novo, meu filho?! O que eu vou fazer com você?!

- Mulher, agora não! - Pedi. Minha cabeça estava fervilhando. Eu não queria acabar descontando meu nervosismo nela.

- Agora não?! Sabe que não pode sair por aí dirigindo sozinho e ainda quer que eu finja que nada aconteceu? Francamente, Bryan!!!

- Mãe! Eu estou uma pilha de nervos, podemos falar sobre isso depois?! - Quase implorei para que ela aliviasse a barra.

- Nada de depois! - Ela caminhou até mim e estendeu uma de suas mãos à minha frente.

- O quê?! - Perguntei sem entender nada.

- A chave do seu carro, me dá!

- Mas, mãeeee!!!

- Nada de mas... Passa logo pra cá, anda logo! - A mulher estava irredutível.

Como eu não queria estender ainda mais aquela situação bastante irritante, enfiei a mão no bolso da calça, peguei a chave e entreguei a ela.

- O que mais você vai tirar de mim? Já tirou a chave do meu quarto, agora do carro... Daqui a pouco vai querer a chave da casa também??? Vai querer que eu vire um prisioneiro neste lugar?! - Questionei revoltado.

- Não me teste, Bryan! Se for para a sua segurança, pode ter certeza que te prendo dentro desta casa! Sabe muito bem que seu estado de saúde é delicado! Não pode ficar facilitando não! Até que tudo esteja arranjado para a sua cirurgia, eu vou ficar de olho no senhor, isso você pode ter certeza! - Ela aumentou um pouco o tom de voz. Naquele momento, eu percebi que ela realmente havia perdido a paciência comigo. Era raro ela me erguer o tom de voz... Mesmo que eu fizesse tanta burrada.

- Mas que droga!

- Olha a boca, rapazinho! Não me faça perder a paciência! - Disse ela. - Agora ande logo... Suba e vá tomar um banho para o jantar!

- Não estou com fome. - Falei começando a caminhar em direção à escada.

- Mas vai descer para o jantar, sim! - Gritou ela. - Sua tia vem comer conosco! Não vai fazer essa desfeita!

Pronto! Ouvir aquilo fez com que eu perdesse ainda mais o apetite que eu já não tinha.

Sem dizer nada e também sem olhar para trás, subi as escadas de dois em dois degraus e fui em direção ao meu quarto para fazer o que minha mãe havia me pedido... Ou melhor, me obrigado a fazer.

Eu me arriscaria a dizer, que nunca tinha visto dona Vallentina tão contrariada com algo que eu tinha feito. Mas para mim, ela estava apenas fazendo uma tempestade em um copo d'água. Eu ainda estava me sentindo bem, podia muito bem dirigir meu carro e ir nos lugares sem precisar depender de ninguém.

Entrei no meu quarto e bati a porta. Fui até o closet, peguei qualquer roupa para vestir e não enrolei muito para ir para o banheiro.

Liguei a ducha quente e comecei a me despir enquanto a água atingia a temperatura desejada.

B and E [Livro 3]Where stories live. Discover now