Bryan, o Imprevisível II

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  ***Esteban

Eu e Ralph chegamos à clínica pouco antes das doze horas, me aproximei do balcão da recepção, e não fiz muitos rodeios quando fiquei frente a frente com Vivian:

- Eu vim para ver a dona Vallentina!

- Bom dia pra você também, queridinho! - Disse a moça revirando os olhos.

- Ah!... Perdão... Desculpe o mau jeito... - Meio que gaguejei. - Bom dia!

- Agora sim! - Ela deu um meio sorriso.

- E então?... Como andam as coisas? - Perguntei logo em seguida.

- Se é sobre seu amigo que quer saber, ele ainda não saiu da cirurgia... - Respondeu Vivian, enquanto voltava a digitar algo no teclado do computador. - Você já sabe o caminho. Acho melhor você tirar suas dúvidas com uma pessoa mais informada sobre o estado dele... A mãe do garoto.

- Okay! Eu vou subir então... - Disse, já me afastando do balcão.

Aproximei-me do meu namorado, mordi o lábio inferior, e o olhei nos olhos dizendo:

- Vamos, amor... A gente pode subir.

Apoiei a minha mão direita no ombro esquerdo de Ralph, então, seguimos em direção ao elevador.

Quando chegamos ao terceiro andar, seguimos pelo mesmo corredor do dia anterior. Não demorou muito até avisarmos dona Vallentina, sentada em uma das poltronas perto do bebedouro.

A mulher estava um pouco inclinada para a frente. Parecia estar com o olhar perdido, sem dúvida alguma, sua cabeça estava enfrentando seus piores pensamentos... Tentando derrotar seus mais perigosos e assustadores demônios.

Lembrei-me da primeira vez que a vi... Tão elegante, confiante, com um rosto que iluminava tanto quanto o sol. Mas ali... Olhando-a ali, naquele estado de causar dor na alma de qualquer um que a visse, aquela mulher de antes, parecia nunca ter existido.

Eu e meu parceiro nos aproximamos silenciosamente. Assim que percebeu a nossa presença, a mãe de Bryan ergueu seu olhar para a nossa direção. Seus olhos estavam um pouco inchados, suas olheiras estavam ainda mais evidentes. Seus cabelos, ainda mais bagunçados do que no dia anterior, cobriam parcialmente um lado do rosto.

Dona Vallentina levantou-se de onde estava, demonstrando pouca energia, lançou-me um olhar triste e falou:

- Esteban, eu disse que não precisava vir...

Eu dei um passo em sua direção, dei um profundo suspiro e disse, com toda a minha sinceridade:

- Eu disse que viria... Eu precisava vir.

- Já que estão aqui... Senten-se. - Convidou-nos, apontando para as poltronas, a seguir, voltou a se sentar.

Depois que a mulher já estava acomodada, eu tomei um lugar à sua direita e Ralph sentou-se ao meu lado.

Eu fitei a porta dupla branca no final do corredor, depois voltei a encarar dona Vallentina ao meu lado, e perguntei:

- E então? Alguma novidade? Já deram algum parecer sobre o andamento da cirurgia?

- Não sei muito mais do que sabia algumas horas atrás. - Respondeu ela, deixando transparecer toda a sua angústia. - Um dos especialistas que está auxiliando na operação, veio falar comigo...

- E o que ele disse? - Eu quase sussurrava.

- Ele disse que houve uma complicação durante essa madrugada, e o Bryan acabou tendo uma parada cardíaca... Mas graças a Deus, eles conseguiram reanimá-lo e prosseguir com o procedimento.

B and E [Livro 3]Where stories live. Discover now