Introdução

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***Esteban

- Eu vou te arrebentar, seu moleque! Vou te bater até você aprender a ser homem!!! - Gritava meu pai.

- Para! Por favor, tá me machucando!!! - Eu implorava para que ele tivesse piedade. Mas minhas súplicas eram em vão.

- Essa é a idéia! Eu não criei filho pra me dar desgosto! Você é uma vergonha pra mim! - Ele cuspia as palavras com ódio. Eu conseguia enxergar a fúria em seus olhos.

- Pai, por favor!!! - Entre os soluços do meu choro eu continuava a pedir por clemência.

Deitado naquele chão, eu sentia a ardência do contato do cinto daquele homem com a minha pele, por várias partes do meu corpo. Braços, pernas, rosto, pescoço... Os golpes me acertavam por todos os lados.

Não satisfeito, meu pai ajoelhou-se no chão e começou a me acertar com golpes por seu punho fechado. Eu desisti de lutar, para mim, o ódio despejado por aquele homem me mataria ali.

Eu sentia todo o meu corpo doer, já não tinha mais condições de tentar me proteger, nem tampouco tinha forças. O gosto de sangue na minha boca já era possível ser sentindo. Um de meus olhos já estava quase se fechado por conta inchaço. Pela última vez, o homem gritou enfurecido:

- Isso é o que viados como você merecem! Escória imunda da humanidade!!! - Ele parou de me bater e se levantou bruscamente.

Meu rosto estava molhado pelas lágrimas e pelo suor. Olhando aquele homem de baixo, eu me sentia pior do que um lixo. Ele, agora me encarava com repulsa enquanto voltava a colocar o seu cinto ao redor cintura.

Antes de se afastar, senti um forte impacto que me fez quase que perder totalmente o ar. Ele havia me golpeado com um chute nas costelas. Me contorci. Meu pai apenas me olhou com desprezo e falou:

- Sua mãe teria vergonha de ter um filho viado como você! Ainda bem que ela não está mais aqui pra sofrer esse desgosto!!! Enquanto você estiver sob meu teto, você terá de ser um homem, e se comportar como tal, tá me ouvindo?!

Ele enfiou uma das mãos no bolso da calça, tirou um maço de cigarros, apanhou um levou um até a boca, acendeu, e em seguida se afastou.

Eu continuei ali no chão, me sentindo o pior dos merdas. Eu me encolhi e chorei em silêncio, tinha medo que se ele ouvisse meu choro, se irritasse ainda mais, se é que isso era possível, e voltasse para uma nova seção de socos e pontapés.

Lembrei-me de minha mãe... Ela faleceu quando eu tinha sete anos de idade, meu pai sempre me dizia que ela havia sido atropelada.

Eu, sabia que as palavras ditas pelo meu pai sobre ela, não passavam de mentiras. Eu tinha certeza que se ela fosse viva, minha vida não seria aquele inferno. Eu sabia que se ela ainda estivesse viva, me apoiaria. Minha mãe me amava, eu ainda me lembrava de como ela tinha um imenso carinho por mim.

Me lembrava das nossas manhãs de seus dias de folga brincando no jardim... Me lembrava de ajudá-la nos canteiros de flores que ela tanto amava, me lembrava de cuidar do gramado verde junto com ela... Agora, o jardim externo da casa não passava de um cemitério de plantas. Estava sem vida, sem qualquer cuidado.

Meus problemas e desentendimentos com meu pai se iniciaram há muito tempo atrás. Na ocasião, estávamos na casa de uns amigos dele, eu tinha treze anos de idade na época. Era aniversário do filho mais velho desse casal de amigos do meu pai. O garoto estava completando a mesma idade que a minha.

Em um determinado momento da festa, esse garoto que eu não me lembro mais o nome, pois naquela vez foi o nosso primeiro e último contato, estávamos em um canto mais afastado do jardim, já no início da noite. Acabamos nos beijando, aquele tinha sido meu primeiro beijo. Para nossa total falta de sorte, meu pai acabou nos flagrando.

B and E [Livro 3]Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum