Fúria

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***Esteban

Aquela noite chegou ainda mais fria. Eu tinha acabado de tomar um banho quente e de vestir meu pijama.

Depois do jantar, voltei imediatamente para o dormitório e cuidei das minhas higienes pessoais, tinha planos de dormir cedo pois sabia que minha semana seria longa. Tendo que trabalhar na clínica, me sobraria pouco tempo para fazer qualquer coisa.

Eu me encarava no espelho do banheiro enquanto passava um medicamento no pequeno corte sobre o nariz. Ainda estava meio dolorido, porém, o inchaço já havia melhorado significativamente.

Restavam apenas os hematomas que me causavam preocupação. Eu tinha medo que maquiagem não fosse o suficiente para cobrir aquelas manchas.

Temia que quando a chefe da clínica visse aquelas marcas, me mandasse dar meia-volta imediatamente. Ninguém quer ter a imagem de sua empresa vinculada à qualquer tipo de violência.

Assim que saí do banheiro, imediatamente apaguei as luzes e fui direto para a cama. Me deitei, me cobri totalmente e fiquei pensando em uma maneira de explicar a doutora Suzana o que havia me acontecido.

A mulher tinha sido tão simpática comigo, uma boa explicação era o mínimo que ela merecia. Mas naquele momento, eu não conseguia pensar em nenhuma que me fizesse parecer menos um saco de pancadas.

Dei um suspiro. Minha vontade era de ser mais forte naquele momento... Se eu não fosse tão banana, não teria deixado Bryan fazer aquilo comigo.

Aquele ódio que o garoto sentia por mim e por meus amigos, claramente estava começando a me prejudicar, e muito! Se eu perdesse aquele emprego por causa daquela agressão, eu jamais o perdoaria.

Virei para um lado e comecei a sentir o sono chegar, com certeza eu apagaria logo. Minhas pálpebras começaram a ficar mais pesadas, senti meu corpo entrar em um certo estágio de relaxamento, foi quando ouvi um barulho de chaves na porta do quarto.

Assim que ouvi a porta se fechar novamente, passos quase que silenciosos andaram pelo quarto escuro. A voz de Benjamin me chamou quase que sussurrando:

- Esteban... Está dormindo?

Eu estava com a cabeça totalmente coberta pelo edredom, o frio daquela noite realmente estava de incomodar. Sem mesmo me mexer, respondi a pergunta do meu amigo:

- Estou quase.

- Foi mal te incomodar. - Ele se desculpou. - Eu estava planejando voltar mais cedo, mas meus pais insistiram pra que eu ficasse mais. Aos quarenta e cinco do segundo tempo que meu pai resolveu me trazer.

- Não liga pra isso, Ben... O quarto também é seu. Eu não me incomodo com nada.

- É... Eu sei. - Pelo tom da voz dele, eu deduzi que ele estava sorrindo.

- E como foi o fim de semana com seus pais? - Mudei de assunto.

- É sério isso?! - Ouvi Ben caminhar pelo quarto novamente, logo em seguida escutei o click do interruptor anunciando que o mesmo havia acendido as luzes.

- O que foi? - Perguntei ainda mantendo a minha cabeça coberta pelo edredom.

- Eu cheguei cheio de coisas pra te contar e você nem sequer olhou para mim. Vai ficar se escondendo aí debaixo desse edredom até quando? Também quero saber suas novidades! Creio que tenha uma notícia para dar ao seu amigo aqui.

- Como?! - Me fiz de desentendido por um instante.

- Ora! E a entrevista? Como foi?! - Ele foi bem direto.

B and E [Livro 3]Where stories live. Discover now