HUNGER 🔞

66 ● Violet: Somebody's Daughter

"E você quer que eu volte em uma hora?" Mateus para o carro em frente ao Hotél. 

"Exato. Minha mala está mais ou menos pronta. Creio que posso fazer o check out pelo telefone do quarto. Não vou demorar."

"Não quer que eu espere?" 

"Odeio deixar pessoas esperando. Uma hora é mais que o suficiente." Desato meu cinto de segurança e dou-lhe um beijo de despedida. Descendo do carro, fecho a porta com cuidado, colocando minha cabeça na janela. "Te vejo em uma hora." 

Quando o carro se vai, eu observo a pequeno movimento já na entrada do hotel e imagino que hoje domingo, receba e se despede de muitos de seus clientes. Após passar pelo vallet que me comprimenta e comprimentá-lo de volta, distribuo sorrisos e acenos de cabeça pelo caminho que faço até meu andar e quarto para disfarçar o fato que eu usava roupas de Mateus, masculinas e grandes demais para mim. Quando finalmente chego na minha suíte, me jogo na cama na qual não durmo há dois dias. 

Comfortável, fria, vazia. Como sempre foi. Como sempre achei que deveria ser.

Deixei a cortina do quarto aberta e o sól invade o quarto deliciosamente. Ainda na cama, pego meu celular e encaro a tela. A ligação de Linda queimando branda em meu subconsciente, especialmente após tentar retornar algumas vezes e não receber nenhuma resposta. 

Bem na verdade recebi algo antes dela me ligar do qual não tinha visto, mas é tão sleatório que considero que isso fora apenas um engano. Uma mensagem de texto com uma sequência númerica e nada mais. 

2784477.

Imaginando ter sido algum erro, de qualquer forma, deixei mensagens das quais imagino que ela vá retornar quando o sinal de onde estiver melhorar. Eu preciso comunicá-la da minha mudança de planos. 

Aceitei o convite que minha tia me fez antes de nos despedirmos: de passar alguns dias com ela ao invés de ficar no hotél. Imaginei o quão sozinha ela estava agora que Laura decidira ignorá-la por conta dela ajudar a Tio Bruno manter o segredo sobre sua verdadeira mãe. 

Seja lá quem essa mulher fosse, imagino que Laura deve ter ficado fora de si ao descobrir tal coisa sobre si tão tarde em sua vida e ainda por cima, acidentalmente. Tudo muda com um tipo de informação dessas. Você basica e simplesmente não é mais quem achava ser. Seu alicerce e paredes que eram de puro concreto, agora são de vidro. 

E se quebram com a primeira pedra lançada contra elas. 

Laura escolheu manter esse segredo para si e só me sobrava respeitá-la. E ajudá-la. Por enquanto, posso colocar nossas pequenas desavenças de lado e tentar alinhar nossa amizade, ignorar até mesmo o que recentemente descobri para podê-la ajudar quanto a isso. É basicamente a única família consanguínia que me resta. E também, creio que é exatamente isso que minha mãe gostaria que eu fizesse.