3 ● Violet: Symphony

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Soltando meu cabelo em frente ao espelho, observo os fios negros naturais enquadrarem meu rosto perfeitamente

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Soltando meu cabelo em frente ao espelho, observo os fios negros naturais enquadrarem meu rosto perfeitamente. A lentidão no qual o mantenho agora faz-me sentir um pouco mais sofisticada. Exatamente como quero me sentir ao aproximar os trinta anos de idade, oferecendo um elegante banquete a dissipação da minha juventude.

Deprimente, porém sábio.

Não tenho medo do envelhecer, apenas tenho medo de envelhecer mal, e alguns pequenos esforços como malhar, usar protetor solar diariamente, comer bem, beber menos, aqui e ali me farão muito bem a longo prazo.

Lembrando do longo dia à minha frente, preparo café. Eu preciso terminar de desempacotar a mudança e decorar os cômodos praticamente vazios. Dei muitos de meus antigos pertences antes de me mudar para cá, mas algumas das minhas coisas ainda estão em grandes caixas de papelão no canto da sala de estar.

Eu sempre quis morar num apartamento no centro da cidade, mas meu antigo salário não me permitia. Aliás, meu antigo salário mal me permitia pagar contas básicas para manter a casa que me fora deixada por meus pais. tive que vendê-la para pagar as muitas contas que ficaram após a morte deles. 

O que sobrou me ajudou por um tempo.

Quando o pagamento por fazer meu trabalho de contadora não era suficiente, transformei meu hobby em um trabalho de meio período: me tornei uma pianista de pequenos eventos.

Toco piano desde os quatro anos, encorajada pela minha mãe, Flora Sanspree, que fora pianista antes de fugir do regime totalitarista de seu país. Ela me ensinou tudo o que sei, embora uma das coisas que fazia melhor, cantar, não seja um de meus fortes.

Eu amava sua voz.

Ela costumava me encorajar a cantar, mas eu sempre me senti envergonhada de minha voz. Não me considero uma boa cantora, então eu guardo essa parte do show só para mim. As vezes me pego cantando suas velhas melodias numa vã esperança de que onde quer que esteja, possa me ouvir. 

Deus, como eu sinto falta dela.

Soprando meu café na esperança de esfriá-lo rapidamente, ouço o interfone. Minha prima chegou para me ajudar arrumar a mudança.

Abro a porta com um sorriso.

Em poucos segundos a loira também está sorrindo de volta para mim. Braços abertos a porta esperam por um abraço. Abraço dado com requintes de aperto, ela entra já olhando a pilha de caixas.

"Vejo que o dia vai ser longo! Ainda bem que tomei café suficiente."

Ela pega uma sacola de papél que trouxe e me dá: me comprou pães de queijo para café da manhã. Sou gratíssima, pois minha cozinha ainda não está completa e preparar qualquer coisa aqui seria difícil.

Laura Sanspree é minha prima por parte de pai. Não é parecida comigo, e além da diferença em nossa cor de pele -eu tenho pele morena- poucos traços são similares.

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