34 ● Violet: Arsonist's Lullaby

3.8K 196 210
                                    

Incrivelmente desconfortável físicamente

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Incrivelmente desconfortável físicamente.

É como me sinto agora.

Sei que caí no sono e que mal recobrei a consciência, mas a posição na qual me encontro neste momento é uma daquelas que não sei dizer ao certo como foi que se deu...

Estou no sofá do apartamento de Mateus, no qual acabo de recordar passei a noite. Droga. Estou deitada de costas e sobre um dos braços de Mateus, com minhas pernas sobre as dele, que estão flexionadas sob as minhas. Ele deita de lado, abraçado a mim como se eu fosse sua almofada. 

Viro meu rosto um pouco ficando face a face com ele, certeza que temos menos de um centímetro de distância entre nossos lábios. Eu o observo. Seu rosto é calmo, inexpressivo. Olhos fechados, belos traços que reconheço de outro rosto. 

E dormimos assim. Bêbados, cansados e vestidos, logo após ele desabar em choro comigo. Foi estranho. Foi familiar. Foi tudo que no momento não sei explicar. Pude entendê-lo em sua dor e ofereci algum comforto para atênuá-la. Ele aceitou. 

Sei lá. As vezes estamos tão sozinhos que qualquer forma de consolo e aproximação com qualquer estranho é bem vinda. Ou até mesmo, só a aceitamos de certas pessoas. Certas pessoas das quais não precisamos confiar nem conhecer. Certas pessoas que nos verão no pior de nossos dias, e não há problemas quanto a isso pois levarão com elas essas sensações e cenas horríveis e não mais voltarão. 

Eu não sou e não vou ser parte da vida de Mateus Santoro. 

Talvez por isso ele se sentiu livre para ser, falar e fazer o que queria comigo ontem a noite. Isso explicaria muito, inclusive se adicionarmos o alcool ingerido á fração. Eu me sinto assim. Me dou melhor e mais honestamente com certos estranhos que pessoas que conheço, por medo de julgarem meu momento de fraqueza em possíveis futuras interações. 

Sem relação, sem julgamento. Simples assim.

Eu só não sei porque estou racionalizando tudo isso. Apenas dormimos no mesmo lugar, e não juntos. Não há absolutamente nada demais aqui.

Acho que meus pequenos movimentos acabam acordando Mateus, pois ele se move lentamente, deixando nossos narizes colados. Decido afastar meu rosto e olhar para cima.

"Bom dia." Múrmura para mim ainda de olhos fechados. 

"Dormiu bem?" Pergunto.

"Aham. Você é mais confortável que meu travesseiro." Sua voz baixa e rouca invade meu ouvido.

"Tá me chamando de gorda?" Brinco.

Mateus ri suavemente contra meu pescoço causando uma sensação de cócegas que me faz tremer levemente.

"Que foi isso?"

"Cócegas."

"Aqui chamamos isso de outra coisa."

HUNGER 🔞Where stories live. Discover now