21 ● Violet: Fly Away

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Vincenzo insistiu em me buscar no apartamento e me levou até o aeroporto, em completo silêncio, apenas tinha uma mão em minha perna e outra no volante do carro automático

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Vincenzo insistiu em me buscar no apartamento e me levou até o aeroporto, em completo silêncio, apenas tinha uma mão em minha perna e outra no volante do carro automático. Disse poucas palavras ao se despedir de mim, beijando minha testa com estranho cuidado sem considerar as pessoas a nossa volta que poderiam reconhecê-lo.

Não sei exatamente o que dizer da atitude e nem sei se deveria pensar algo a respeito dela. 

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Meu vôo dura cerca de três horas.

E todas essas horas tento não lembrar de meu passado com Marcos.

Não sei exatamente porque achei que seria uma boa idéia ter ido á Igreja. Especialmente aquela.

Padre Ernesto me manda e-mails para manter contato, crente de que assim me manterei num indesviável bom caminho. E quando respondi em um desses e-mails sem querer que me mudaria para o centro da cidade, ele ofereceu uma visita da qual faço tudo que posso para evitar.

Ele me enviara um rosário benzido pelo correio, provavelmente entendendo que eu não queria vê-lo. Ao receber o presente, me senti mal por ignorá-lo tanto. Numa nota escrita a mão, contava que o rosário pertenceu a minha mãe.

O pendurei no espelho de minha penteadeira, e me pego ás vezes olhando para o objeto, tentando imaginar se aquele era o melhor lugar para deixá-lo, já que ficava paralelo a minha cama, me assistindo exorcisar todos meu demônios das formas mais pecaminosas possíveis por cima e por baixo do corpo de Vincenzo Santoro.

Mesmo me conhecendo desde meu nascimento, Padre Ernesto não sabe quem sou. Tenho quase certeza de que também não sabe o que fiz. Ao menos, não sabe a extensão de meus atos, especialmente do que fui capaz de fazer dentro da casa que construíra para adorar seu santo criador.

Sujei-a com minha impureza. Naquela época, eu já era assim. Tinha um toque definhador, indelicado, imundo. E mãos sedentas para tocar o que não devia.

E foi com esse toque que me aproximei de Marcos. 

Nos conheciamos desde jovens, quando eramos apenas dois adolescentes que frequentavam a igreja. Não pude evitar a paixonite boba que sentia. Porém, ele declarara sua fé e sua intenção de seguí-la assim que lhe declarei meus sentimentos. Meu mundo desabou quando isso aconteceu. Senti que perdia algo importante demais para deixá-lo ir. Fui negada algo pela primeira vez e isso machucou. Eu não era o primeiro amor de sua vida e para mim, isso não podia ficar assim.

Não me deixei desistir dele. Aos poucos, resultado de minha insistência, eu o tinha aonde eu o queria ter.

Insistente, incansável. 

Eu fiz Padre Marcos me querer.

Eu me confessava a ele. No privado de nossa juventude, me colocava de joelhos a sua frente.
Pra contar-lhe meus pecados.
Para cometer outros.

HUNGER 🔞Where stories live. Discover now