56 ● Violet: The Last Drop

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Bato a porta de meu quarto de hotél com força, trancando-a atrás de mim e escorando minhas costas contra ela

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Bato a porta de meu quarto de hotél com força, trancando-a atrás de mim e escorando minhas costas contra ela. Inclino minha cabeça e arquejo, numa mistura de alívio por finalmente estar sozinha, com indignação por me sentir enganada e nem entender por quê diabos fui, ou o que fiz para merecer isso. 

Mas o pior é... eu não estou brava ou irada. Indignada sim. Mas... a verdade é que quero rir. De nervoso, de sarcasmo, eu acho irônica graça da "desgraça". 

Eu não estou surpresa com o que Alec me contou mas eu queria estar.

Queria estar surpresa pois pelo menos eu poderia culpar paranóias diversas de minha mente por tudo. Poderia me culpar por ser cega por escolha. A grande verdade é que eu me enganei propositalmente para viver em paz. Eu só queria viver em paz. 

Mas já aprendi que paz é para quem não vive. 

Quando Alec me deixou com a ominosa promessa de que me cobrará pelo favor que não pedi, fiquei olhando para o Salão Solara sem saber exatamente o que fazer. Ou melhor dizendo, sem saber exatamente onde encontrar a coragem para fazer o que eu queria fazer. 

A bifurcação da via está a minha frente. Direções, escolhas. Eu quero fazer algumas por mim mesma mas eu não sou um ser impulsivo. Prefiro implosões controladas a explosões acidentais. Desespero não combina com as minhas roupas e eu admito que jogar essa caça sempre como a presa já estava me cansando. 

Estou rodeada de predadores obcecados com uma coisa. A mesma coisa. Pessoas que não medem esforços para conseguirem o que querem. Me usarem para o que querem.

Está na hora de me dar o luxo de conseguir algo que quero também.

Ainda contra a porta, chuto meus sapatos de salto alto para longe e regozijo no alivio de pisar no chão gelado. Pego meu celular da pequena bolsa de mão que levei comigo hoje e sorrio para a tela enquanto procuro por um número específico. 

"Violet?" A voz é quase inaudível contra o barulho alto de música e vozes. 

"O convite que me fez mais cedo ainda está de pé?" 

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Em vinte minutos eu estava dentro do menor pedaço de tecido que eu pude encontrar em minha mala. Um vestido simples e florido de alça, uma inocente mas perigosa mistura entre justo e solto, bainha se esforçando para cobrir meus quadris, mal chegando as coxas. Para misturar bem aos jovens de vinte e poucos anos, coloquei um par de all star brancos. Perfeito para a ocasião e o clima. 

Confesso estar cansada de me vestir para senhoras e senhores que dependem de minha elegancia e corpo coberto para me levarem a sério, me tratarem com alguém respeitável. Ter a idade que tenho me dá a flexibilidade de me camuflar bem entre os mais velhos ou os mais novos e eu me aproveito bem disso enquanto posso.

HUNGER 🔞Where stories live. Discover now