179° Capítulo

8.3K 675 9
                                    

DOMINGO

Hoje eu não estou me sentindo muito bem não, um mal está bem chatinho. Por sorte o pai das criança vem busca-los para sair. Vou poder dormir o dia todinho, eu até recebi um convite de churrasco lá no Amor mas nem disposição pra isso eu tenho.
Sandro mandou mgs e eu tratei logo de levar as crianças até o portão, fui me arrastando.
Hellen: Vão com Deus, respeita seu pai viu?!
Esperei até eles entrarem no carro. Ficaram dias sem ver o pai, ainda bem que ele teve o senso...

Voltei direto pra cama, eu sentia uns calafrios mandado. Grávida eu não estou, certeza disso eu tinha, só pode ser alguma virose que veio pra me derrubar.
Semana mandada do caralho aonde tudo de ruim me aconteceu, puta que pariu. Azarrr!
(...)

Abri os olhos com dificuldade minhas pálpebras estavam com um certo peso, e muita preguiça até disso, dando de cara com o Sandro.
Tinem: Já trouxe as crianças e eles jantaram também. -Avisou.
Hellen: Tudo bem, só deixa eles aqui no quarto por favor.
Tinem: Está tudo bem contigo cara?
Hellen: Não, mas eu vou ficar.
Tinem: Qual foi, está passando mal? Quer que eu fique aqui contigo?

Não era todo dia que eu tinha em mãos uma proposta dessa e eu posso contar nos dedos quantas vezes eu ouvi isso dele. Eu juro, foram menos de cinco. Para muitos pode parecer bobagem mas pra mim que sempre convivi com isso, não é. A presença da pessoa é TUDO, não adianta ele estar na minha vida e não ser presente nela, tentar suprir tudo isso com noites de sexo, presentes -e quando dá- e dinheiro...
É claro que eu quero. Eu não tenho condições de ficar sozinha com duas crianças elétricas e nesse estado.
Hellen: Só cuida das crianças por favor.

Fiquei deitada ainda estática, querendo levantar mas eu não tinha ânimo.
Antonella: Ah mamãe, tá dodoi?! Papai faô... -Disse num tom piedoso; seguidamente desferiu beijos em meu rosto.
Hellen: Já estou melhorando amor, cadê o seu irmão?
Antonella: Foi a banho.
Hellen: Tá bom, fica aqui com a mamãe.
Minha preciosa ficou comigo mas eu nem me agarrei muito nela eu estava bem quente.
Tinem: Levanta dessa cama Hellen, vai tomar um banho, já tomou algum remédio?
A voz dele adentrava na minha mente e ecoava lá fazendo doer tudo. A minha vontade é de mandar ele calar a porra boca.
Tinem: Bora Antonella dormir, teu irmão já até foi.
Antonella: Ah não pai...
Hellen: Vai mimi meu amor, amanhã você fica aqui comigo.
Mesmo não gostando muito ela foi e eu aproveitei para tomar um banho, antes de morrer. Assim que saí do banheiro encontrei à cama esticadinha e, confesso que sorri satisfeita disso, o meu coração sorriu. Após me vestir ele apareceu fechando a porta e em seguida me entregando um remédio.
Tinem: E aí, está melhor?
Hellen: Nem sei... As crianças dormiram né?
Tinem: Tão cansado pra caralho, bateria acabou já.
Hellen: Ah sim, obrigado! Agora você pode ir aproveitar o seu finzinho de domingo.
Tinem: Claro que não pô, tenho nada pra curtir mais não; vou ficar contigo, tá maluca?!
Dei nem muita liberdade que eu conheço bem a peça e ele seria bem capaz de se aproveitar da minha fragilidade para tentar voltar pra casa. Conheço meu povo!
Tinem: Tu já comeu alguma coisa hoje?
Hellen: Tenho fome não.
Tinem: Está de sacanagem né Hellen? Tem que comer cara... Pior que a Antonella mané.

Ele fez vir uma janta deliciosa, mesmo sem fome eu comi quase ela toda. Ele conversava comigo sobre algumas coisas que envolvia as crianças mas me deu um sono fora do normal.
Domingo velho, e pesado.

Abri os olhos as pressas na hora em que iam atirar, pra completar eu pude ouvir o tiro, acabando com meu tímpano. Despertei desesperada, arfando e ao olhar para o lado ele estava aqui agarrado comigo, graças a Deus. Entre um desparo e outro, lá fora a coisa não estava boa. Faltam poucos dias para o natal e o intuito deles entrar na favela nesta época é para fazer famílias chorarem.
Eu me ajuntei ainda mais a ele, envolvendo meus braços em sua barriga. Deus me livre algo de ruim acontecer com esse homem, eu não sei nem o que pensar...imagine o que fazer? Nem sei. Ele é intocável! É um fodido, vacilão dos infernos mas é ele que com todos os defeitos eu amo e é o pai dos meus filhos.
Eu detesto ter esse tipo de sonho, eu fico assim quando a preocupação fica muito aguçado.

Eu já me sentia bem melhor que ontem, e se não fosse o Sandro eu nem sei... Ele me deu suporte a noite toda ligando e desligando o ar condicionado, ouvindo minhas reclamações e gemidos. Noite longa... Ficar doente é o fim.
Senti um beijo na minha cabeça e um aperto maior de conforto em meu corpo.
Tinem: Melhorou?
Hellen: Estou bem melhor sim.
Tinem: Tem que se cuidar, tem as crianças aí que são dependente de você, e eu também. -Disse na maior cara dura, cara de madeira nato.
Hellen: Você dependente de mim? Sei... -Desdesnho.
Tinem: Claro que eu sou pô, você tem dúvidas?
Me calei; quem cala consente!
Hellen: Sonhei contigo...e não foi legal, se cuida Sandro sabe que eles vêm aí pra destruir mesmo.
Tinem: Tô ligado! Eu estou protegido pelo quarto homem da fornalha!!! -Dizia com convicção- Fica tranquila, vou morrer agora não.
Pude sentir um arrepio na espinha, um calafrio... Eu não quis nem remoer esse assunto.

Segunda chuvosa, agarrada no meu ex, tinha como melhorar? Sim. Nossos filhos vieram para junto de nós e ficamos os quatro debaixo da coberta. Um amor só.

Amada Amante🔥❥ CONCLUÍDAWhere stories live. Discover now