Capítulo 120

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- Papai porque você deixou ela entrar?
- Eu quero saber o que ela quer. - deu de ombros.
- Só espero que não traga problemas. - mamãe falou suspirando.
- Cecília melhor você subir.
- Porquê papai? - ele me olhou sério - O senhor não está pensando que eu ainda quero algum tipo de relação com ela né? Esquece isso papai, eu aprendi a lição. - garanti e Cida trouxe o meu chá com leite, é estranho, eu sei, mas na Inglaterra é assim que se bebe.
- Tudo bem, você fica. Isso não te vai fazer mal não? Água com leite. - olhou estranho para o meu chá e ri.
- Não pai, pelos vistos isso é mito.
- Porque motivo a Carolina quer tanto falar com você Luan?
- Eu que vou saber Clarinha.
- Nunca percebi o que você viu nela para terem ficado no passado.
- Ela era diferente, quer dizer... - fez uma cara de desagrado - Ela não era ela, ela fingia ser alguém melhor e eu gostava da companhia dela. Além do mais, eu andei com ela por sua causa.
- Minha causa? - mamãe indagou indignada.
- Você foi embora. eu tinha que me virar.
- Aff, me poupe Luan, eu fui embora por sua causa, então a culpa é somente sua. - papai riu, sabia que mamãe estava certa.
- Eu sei marrentinha.
- Por falarem nisso, o que aconteceu para vocês terem terminado? - questionei.
- Depois a gente te conta. - mamãe garantiu e papai a olhou com receio.

Lucas estava brincando no quarto e os gémeos dormindo, estava sendo um dia legal, mas com a visita de Carolina poderia mudar. Eu não pensei mais nela quando estive fora, e percebi que não preciso dela, tenho meus pais que me amam incondicionalmente e não preciso de ter qualquer relação com a mulher que me abandonou sem escrúpulos. Finalmente a campainha tocou e Cida a abriu. Carolina entrou meio receosa e assim que nos viu na sala ficou tensa.

- Cecília, você já voltou?
- Parece que sim. - respondi normal e ela sorriu de canto.
- Está melhor?
- Ótima. - beberiquei o chá e olhei papai que a esta hora já estava de pé de braços cruzados.
- Boa tarde Luan, Clara. Eu não queria estar incomodando mas eu realmente preciso de falar com vocês, principalmente com você Cecília. - a olhei confusa.
- Senta Carolina. - papai sugeriu. - Pode ser direta, como deve imaginar você não é bem recebida aqui.
- Eu sei Luan, eu serei rápida. É o seguinte, O Juan...
- Quem é o Juan? - mamãe interrompeu.
- Meu filho, ele tem dois anos. Como estava dizendo, a gente estava brincando no parque e ele saiu correndo, vocês sabem como são as crianças, eu fui atrás mas foi tarde demais, ele atravessou a estrada e ... - soluçou chorando - Ele foi atropelado e está em estado grave.
- Cida traz uma água. - mamãe gritou e eu fiquei estática sem saber o que dizer de tudo aquilo.
- E porque você nos contou isso? - papai que estava sério indagou.
- Ele precisa de transfusões de sangue, mas eu e o Leandro não somos compatíveis, no hospital também não têm o tipo certo. - me olhou por fim - A minha única esperança é a Cecília. - senti o clima pesar na sala. - Eles são irmãos, vocês querendo ou não. - minha mãe me olhou assustada e meu pai nos olhava.
- Vocês já tentaram recorrer a outros hospitais?
- Já Luan, mas é difícil, eu não sei o que será de mim se perder mais um filho. Deus me deu uma segunda chance com o Juan e ao mesmo tempo me obrigou a aproveitá-la. Eu não posso ter mais filhos e não posso perder o único que me resta. - vi quando mamãe desviou o olhar emocionada, sempre ouvi dizer que mulheres se entendem e percebem o que a outra sente, talvez por mamãe já ter quatro filhos entenda Carolina.
- Mas a Cecília é menor. - papai se mostrou reticente.
- Mas se for a única hipótese Luan. - aquele foi o momento em que todos da sala me olharam.

Eu nunca vi em Juan um irmão, mas isso porque estava com raiva e mágoa de Carolina e Leandro. Agora sabendo de tudo isso eu não estava indiferente, eu estava triste por ele estar no hospital entre a vida e a morte, e só eu o poderia salvar, provavelmente. Kauan foi um idiota comigo mas a coisa mais acertada que ele já em disse foi que eu querendo ou não o Juan era meu irmão, e não merecia que eu o rejeitasse. Foi tomada por isso e por algo que não entendia que decidi aceitar.

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