Capítulo 39

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- O que é isso?
- Senta que eu vou te contar.
- Estou bem de pé. - cruzou os braços me encarando.
- Encontrei aqui no prédio o Joel, ele é sobrinho do porteiro e é lá de Campo Grande, fiquei sabendo que foi ele que arrumou as pastilhas para o Guilherme na outra vez.
- E resolveu experimentar de novo? Eu não acredito nisto Maria Clara. - me olhou incrédulo.
- Claro que não acredita, porque não é verdade. - me alterei.
- Por isso você dançou daquele jeito, estava sob os efeitos dessa merda que você segura agora na mão, como pode me contar aquela historinha? Você sempre quis isso. Senão essa merda não chegaria até você.
- Pára de falar essas coisas. - gritei chorando já. - Você não sabe de nada pra me julgar desse jeito. Eu não uso isto, ele que me enviou pra me tentar mas eu não quero.
- Não quer? Pára de se enganar. Não acha coincidência demais encontrar o mesmo cara que vendeu ao outro canalha essa merda? - Me assustei com a reação dele - Quer saber? - me olhou com raiva e mágoa na voz e no olhar - Eu perdi todo o orgulho que tinha em você, foi uma desilusão ter acreditado que você realmente poderia dar muito ao mundo da dança.
- Luan, não fala isso. - neguei e ele riu fraco. - Acredita em mim.
- Depois do que vi é complicado acreditar Maria Clara. - se virou.
- Onde você vai?
- Embora, não consigo estar perto de você sabendo que anda consumindo isso.
- Mas eu já disse que não consumo nem quero. - falei firme.
- Me dá um tempo.
- Um tempo? - indaguei com a voz embargada.
- Quanto for preciso.
- Não vai embora, por favor? Acredita em mim Luan, eu não uso isto, acredita Luan. - ele me olhou por alguns segundos e sem nada dizer saiu batendo a porta.

Como ele foi acreditar nisto? Não era possível. Me doeu ver a mágoa e desilusão nele, me doeu saber que ele não acreditava no que eu disse. Eu no fundo entendo, eu estava segurando aquilo e a imagem que ele viu lhe deu essa impressão errada. Me sentei no sofá e chorei. Já nem quis jantar, apenas me troquei e adormeci entre um choro incessante. Bia me acordou no dia seguinte aparecendo lá em casa.

- Que cara é essa?
- Cara de quem dormiu chorando.
- Chorando? Brigou com o Luan? - assenti. - Me conta tudo.
- Vou contar, tá vendo esse envelope aí? - apontei para a mesa de centro da sala.
- Que tem?
- Abre.
- Não acredito, você está consumindo isto de novo?
- Não, acha mesmo? - indague incrédulo e lhe contei toda a história.
- Eu percebo que o Luan tenha ficado com o pé atrás mas ao mesmo tempo foi bem criança e egoísta, pois não te deixou explicar tudo.
- Eu sei, ele quis logo dar um tempo. Poderíamos apenas brigar mas ele quis um tempo Bia. Logo agora que eu estou de malas prontas para viajar.
- Não pensa em desistir. - me olhou e dei de ombros sentindo meus olhos lacrimejarem. - Ah não Maria Clara, se você desiste eu te dou uma surra. - me ameaçou.
- Que graça tem eu ir embora sem me resolver com o Luan? Não vou conseguir me focar em nada.
- Claro que vai, é da maneira que foca ainda mais para tentar amenizar. Você quer que fale com ele?
- Não. - falei imediatamente. - Não Bia, ele tem de perceber as coisas por ele.
- Tá bom, me desculpa. - me abraçou reconfortante.

Luan On:

Estava puto da vida, achei que teríamos uma noite regada a muito amor e a imagem que vi foi algo que nunca imaginei. Não queria acreditar, no fundo não acreditava mas aquela imagem não saía da minha cabeça. Era coincidência demais um amigo aparecer e ser justamente o cara que arrumou a merda da droga da última vez para o filho da mãe do Guilherme. Me doeu vê-la segurando aquilo. Acordei super tarde pela noite mal dormida e assim que desci para comer alguma coisa Bruna chegava da faculdade.

- Morreu alguém pra você estar com essa cara de bunda?
- Não enche. - falei rude e segui pra cozinha.
- Que foi Pi? - veio atrás, sempre curiosa.
- Nada. - me encarou e semicerrou o olhar - Brigou com a Maria Clara?
- Não te interessa.
- Já vi que foi feio.
- Bruna sério, não insiste.
- Não insiste, mas está aí guardando isso pra você sem se abrir com ninguém que te possa dar um conselho.
- Não preciso.
- Pára Luan Rafael.  -falou firme. - Me conta agora o que aconteceu, senão terei de perguntar á Clara.
- Me deixa comer e eu já subo pra gente conversar.
- Vou ficar te esperando.

Opostos, completos || LSWhere stories live. Discover now