Capítulo 11

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Acordei com a Arleyde me ligando. Não era possível, ainda eram 11h da manhã. Deveria ser algo muito importante para ela me ligar em dia de folga.

- Alô Lelê. - respondi bocejando.
- Eita menino, desculpa te acordar. Mas amanhã você viaja por duas semanas tá sabendo né?
- Tô sim.
- Então, para adiantar o trabalho marquei para as 18 horas uma reunião para a gente conhecer a bailarina e definir alguns pontos para o clipe. Será que você pode informar a menina já que a gente ainda não a conhece?
- No escritório?
- É, há algum problema?
- Não Lelê, só espero que não demore muito, tenho um jantar marcado para as 20h.
- Não deve demorar nada, o Dudu e a Joana já foram avisados, só preciso de saber se a menina pode vir.
- Pode sim. Até mais.
- Até, volta a dormir. - me disse meiga e desliguei.

Tentei pegar de novo no sono mas não consegui. Me levantei e vesti uma roupa pra ficar em casa mesmo. Desci pra comer e vi Bruna e Rubia na mesa da sala estudando. Rubia me deu um sorriso e lhe retribuí outro sem graça, tive de despachar ela ontem para falar com a Clara. Minha mãe preparava o almoço e comi apenas uma salada de fruta para não ficar sem fome na hora do almoço.

- Tenho reunião mais logo mamusca, ás 18h e depois vou jantar fora. Só pra avisar.
- Jantar com quem?
- Uma pessoa aí. - pisquei o olho e ela me encarou desconfiada com um sorriso de canto.
- Onde eu já vi esse sorriso. - zoou e revirei os olhos rindo.

Subi para ligar para Clara e ela não atendia. Liguei várias vezes e nada. Me preocupei na hora. A menina ficou em casa sozinha durante a noite e se algo tivesse acontecido? Mandei mensagem para o Hugo perguntando se ele já tinha chegado em casa mas ele ainda estava em Goiás e só voltaria ao final do dia. Liguei novamente para Maria Clara e foi parar à caixa postal. Saí do quarto para ir a casa dela e Rubia subia as escadas.

- Oi Lu, a gente vai poder terminar aquilo de ontem num outro momento?
- Me desculpa, mas não. - a deixei ali com cara de parva me olhando - Mamusca? - gritei da sala - Vou sair e já volto rapidinho.
- Vai onde meu filho? - veio da cozinha limpando as mãos na toalha.
- Já volto mamusca.

Nunca tinha chegado tão rápido em casa de Hugo, e em menos de 15 minutos lá estava. Toquei à campainha imensas vezes e como não obtive resposta fui aos fundos da casa ver se havia alguma janela aberta. Ao invés da janela estava a porta da garagem desencostada. Abri devagar e com o nervosismo se apoderando. Se algo tivesse acontecido com ela eu me culparia por a ter deixado sozinha. Caminhei em silêncio e ao passar na porta da sua academia decidi abri-la me aliviando por a ver deitada num puff adormecida. Me sentei perto dela e a fiquei olhando dormir. Acariciei seu rosto e não havia forma dela acordar, com certeza se cansou demais treinando durante a noite. Como já conhecia a casa e tinha à vontade, fui na cozinha preparar algo para ela comer,claro que coisas simples e saborosas, porque no fogão eu nem me arriscaria. Arrumei tudo numa bandeja e levei para a academia mas ao chegar lá a vi de pé mexendo no celular.

- Bom dia. - disse e ela se assustou colocando a mão no peito.
- Nossa, não me faça mais isso que eu morro de susto.
- Me desculpa, não tive intenção. - pousei a bandeja no chão perto do puff e acenei para que ela se sentasse.
- O que você está fazendo aqui e me servindo café da manhã?
- Eu te liguei várias vezes, você deve ter visto já, e como não atendeu fiquei preocupado, decidi vir aqui ver se algo tinha acontecido. - ela disfarçou um sorriso e pegou no copo de suco bebericando.
- Apenas fiquei até tarde dançando e quando me sentei pra descansar adormeci, me desculpa te preocupar.
- Não tem problema.
- Mas porque me ligou a primeira vez?
- A Arleyde marcou reunião para as 18h no escritório. Estava pensando em te pegar a essa hora e depois de lá irmos para o nosso jantar.
- Tudo bem. - respondeu sem muita demora. - Meu irmão vai chegar e a sua irmã quer fazer uma surpresa pra ele, bom mesmo eu estar fora de casa.
- Opa, que surpresa?
- Um jantar romântico.
- Seus pais voltam quando?
- Amanhã... - me olhou desconfiada - Está com medo que a sua irmã durma cá com o meu irmão é? - riu me zoando.
- Claro que não, confio na Bruna... só espero que se protejam.
- Depois diz que não tem ciúme. - riu comendo a sua fruta.
- Preocupação. - dei de ombros e lhe roubei uma uva.
- Hey... - resmungou e ri - Folgado.

Parece que ela estava de bom humor, ainda não me xingou e não se irritou comigo. Que continuasse assim sempre.

- Já que você está bem, vou indo. - me levantei e ela veio atrás.
- Não quer almoçar aqui? - brincou com os dedos envergonhada.
- Minha mãe está me esperando, você que poderia vir comigo, que me diz?
- Deixa para uma próxima, eu lembrei que tenho de arrumar umas coisas. Antes das 18h você me pega né? - falou rápido me deixando atordoado.
- Cla-claro. Vou indo então. - ela assentiu e voltei pra casa.

Minha mãe arrumava minha mala para viajar no dia seguinte. Estava chegando a hora e me arrumei partindo em seguida para casa da Clara.



Cheguei em casa dela faltando cinco minutos para a hora da reunião, chegaríamos atrasados, mas estava pouco me importando. Buzinei e saí do carro para a esperar, eu quando queria era cavalheiro, ri com meu pensamento e me distraí, sendo despertado com o barulho da porta batendo. Quando levantei minha cabeça vi Maria Clara toda linda, me fazendo imaginar mil e uma coisas com ela. Ai papai.



- Está atrasado. - me repreendeu rindo e sorri me desculpando e abrir a porta do carro para que ela entrasse.
- Eu sou o patrão, posso chegar atrasado. - dei de ombros e ela riu negando. Íamos em silêncio e ela ligou o rádio. - Agora a folgada foi você. - segurei o riso e ela arqueou a sobrancelha.
- Idiota.
- Tava estranhando não me ter xingado ainda.
- Não vivo te xingando ué, e decidi te dar uma trégua.
- Nossa, melhor notícia. - ri brincando com ela - Obrigado senhorita Maria Clara.
- De nada seu metido. - zoou e a olhei feio rindo em seguida.

Chegámos no escritório e ajudei-a a sair do carro. Fomos subindo e ela parecia meio tensa.

- Está nervosa?
- Um pouco, mas que seja o que Deus quiser.
- Não precisa. - peguei em sua mão e a apertei transmitindo confiança. -  A galera é gente boa.

Ao contrário do que pensei ela não soltou e foi só fazer isso quando estávamos na porta da sala de reuniões. Abri devagar e logo vi o olhar de Arleyde me matando pelo atraso.

- Oi gente. - cumprimentei todos - Não me olha assim Lelê. - beijei seu rosto.
- Se atrasou arrumando esse cabelo né? E pelo cheiro, tomou banho de perfume. - negou rindo.
- Tenho de estar apresentável sempre né? Galera, me deixem apresentar a bailarina do meu clipe, Maria Clara. - peguei novamente em sua mão e a puxei para perto de mim.
- Oi, prazer conhecer vocês. - falou tímida e nos sentámos dando início à reunião.
- Luan você agora vai ficar fora por duas semanas e o legal é a Maria Clara ensaiar bastante nesse período, vou te passar as ideias do clipe e você faz alguns passos de acordo com o desejado.
- Pode deixar. - falou de um jeito profissional.
- Depois de voltar de viagem Luan você terá cinco dias de folga o que seria legal para gravar o clipe.
- É, mas eu não quero gravar aqui em SP não.
- Ué, a gente tinha combinado ser no estúdio Quanta, onde será o seu DVD. - disse o Dudu.
- Mas eu não quero, estive pesquisando e acho que se fosse em Las Vegas seria mais incrível ainda, porque estaríamos dentro do contexto dos anos 50/60.
- Na verdade, também gosto mais dessa ideia Luan. - Joana me apoiou.
- Então fica combinado, vou marcar viagem para esses dias. - Fábio falou saindo para falar com a agência de viagem que a gente sempre usava.
- Maria Clara você tem algo a dizer? - Arleyde lhe perguntou.
- Não. - falou tensa e sabia que algo não estava totalmente bem.
- Ainda bem.

Juliana entrou na sala e partilhou as suas ideias acerca da divulgação me informando dos progressos da divulgação do DVD que estavam correndo às mil maravilhas. Terminámos a reunião pelas 19h45 e foi o tempo de chegar no restaurante na hora certa.

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