Capítulo 102

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Porque você fez isso? - perguntei com a mão no rosto tentando amenizar o ardor que exalava.
- Jura que não sabe? - falou com certo desdém com os olhos vermelhos de raiva.
- Clara o que eu fiz pra você reagir assim?
- Me mentiu. - falou entre dentes.
- Como assim?
- Você pode me fazer de burra mas de corna você não faz. - me atirou o celular e assim que vi o que ela estava vendo antes percebi tudo. Tatiana me mandou no whats uma mensagem agradecendo pela conversa da tarde e me mandou algumas fotos dela experimentando roupa me pedindo opinião, não percebo porque ela fez aquilo, mas não posso tirar a razão á Maria Clara. - Que eu saiba essa Tatiana era sua colega de composição, você não é nenhum psicólogo e muito menos um consultor de imagem. Eu te falei que ela não prestava, mas você não me deu ouvidos e foi ter com ela na mesma, me pergunto quantas vezes isso aconteceu para terem essa intimidade toda. - esbracejou visivelmente irritada e com as lágrimas descendo incessantemente pelo rosto.
- Não aconteceu mais vez nenhuma, eu ia te falar. - tentei me explicar - Não aconteceu nada do que você está pensando, eu apenas fui conversar com ela mas estava decidido na minha cabeça que seria a última vez, nunca aconteceu nada e não iria acontecer, é você que eu amo.
- Ama mas me mentiu, cadê a sinceridade que a gente sempre teve, cadê a confiança? Sempre resolvemos tudo conversando de forma direta, sempre nos respeitamos e agora você faz isso? Que miúda abusada, eu juro que se a vejo ela não me escapa, eu juro. - falou ameaçadora e até eu tive medo. Meus olhos ardiam e o medo dela não me entender aumentava.
- Clarinha, eu não fiz nada, ela só queria desabafar...
- Você não é psicólogo. Ela não tinha o direito de te mandar essas fotos em roupas curtas, o que ela estava querendo hein? Te tentar? Daqui a nada está mandando nudes.
- Não fala isso, eu nem percebo porque ela fez isso.
- Luan apenas me faz um favor, vai embora, vai embora e me deixa sozinha. - pediu de costas pra mim com as mãos entre os cabelos.
- Não vou embora coisa nenhuma, você não pode estar pensando que eu seria capaz de te trair né? - me levantei e caminhei até ela.
- Vai embora. - falou mais firme e se virou em prantos.



- Já disse que não vou, também moro aqui e a gente é adulto para isso, vamos conversar feito tal.
- Tudo bem. - pensei que ela tivesse acordado com o que eu falei mas ao invés disso a vi andando em direção ao closet.
- Onde você vai? - indaguei.
- Se não sai você, saio eu. - fechou a porta atrás de si me deixando impotente e desesperado.

Ela tinha de perceber que eu não fiz por mal, apenas quis ajudar uma pessoa, eu ia contar tudo para ela, mas nem tempo para isso tive. Ela saiu poucos minutos depois segurando uma mala. Arrumou as suas coisas na sua bolsa e eu apenas fiquei observando enquanto as lágrimas molhavam meu rosto.

- Não vai Clara, sua casa é esta, sua família está aqui.
- Eu sei, por sair agora não significa que não me lembre que tenho os meus filhos, apenas preciso estar longe de você, já que você fez o favor de não ir pra longe de mim.
- Vamos conversar, me deixa explicar.
- Explicar? Eu vi Luan, respeito era o que eu queria. Não que você me escondesse esses encontros com essa vagabunda de quinta.
- Não tem encontros nenhuns, foi só hoje e eu juro que ia te falar mas você estava dormindo assim que cheguei.
- Cuida dos nossos filhos esta noite. - foi a última coisa que falou antes de cruzar a porta disparada.

Coloquei as mãos na cabeça e me sentei na ponta da cama, não seria boa ideia correr atrás dela, pois a raiva aumentaria.

CECÍLIA ON:

A vó Mari insistiu pra gente jantar em sua casa mas o papai estava este dias de folga e quanto mais a gente estivesse junto melhor, tinha de aproveitar todo o tempo livre com ele. O vô Amarildo se dispôs a nos levar, fomos andando mesmo, era perto e aproveitávamos para conversar um pouco mais. Assim que o avô abriu a porta com a chave extra que ele tinha ouvi uns gritos no andar de cima. Mamãe e papai pareciam discutir. Era estranho, eles nunca discutiam e agora estavam gritando um com o outro. Senti Lucas estremecer uma vez que segurava a sua mão e o olhei vendo a sua cara de assustado.

Opostos, completos || LSWhere stories live. Discover now