Capítulo 49

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- Você tá bem? - Marcos me perguntou após descansar ao seu lado.
- Acho que sim.
- Se você não quiser eu compreendo.
- Eu preciso, eu tenho de esquecer. Mas, não te quero usar pra isso. - o olhei.
- Eu não me importo.
- Eu posso te fazer sofrer.
- E eu posso te fazer sorrir. - acariciou meu rosto e sorri literalmente. - Um ponto pra mim já.
- Você é demais. - selei nossos lábios - Obrigado por me entender. Por onde você andou este tempo todo hein?
- Queria ter me encontrado antes? - brincou.
- Por um lado sim.
- Cada coisa no seu tempo. Agora vamos fazer o jantar que interrompemos para ficar no bem bom né?
- Mãos á obra chefe.

Marcos podia não ser o homem que sonhei ter algum dia, mas sem dúvida ele sabia me agradar e me fazer um pouco feliz. Não me cobrava nada e era um companheiro maravilhoso. As aulas começaram e conheci imensa galera. Estudava na parte da manhã e nos intervalos me encontrava com Marcos já que ele estudava na mesma faculdade. A tarde era dedicada á dança, minha eterna paixão. Estava andando com Marcos pelas ruas de Áustria num domingo até ver algo que mereceu minha atenção.

- Vem comigo?
- Onde Maria? - Só ele me chamava desse jeito.
- Naquela loja ali.
- Quer fazer uma tatuagem?
- Quero, marcar uma nova fase da minha vida.
- Então o que está esperando, vamos logo senão você perde a vontade. - rimos.

Tinha em mente o que queria e apenas precisei de mostrar o colar que era das poucas coisas que não me consegui desfazer. Demorou um pouco e doeu bastante, mas no final valeu a pena ficou linda. Pedi que Marcos registrasse o momento e postei no insta.

"Há coisas na vida que não nos machucam, há amores que são para sempre. E a dança é o meu grande amor ♥"

- Ficou incrível. O que você acha da gente almoçar aqui no centro?
- Ótimo. - entrelacei nossas mãos e saímos.

Me sentia diferente, talvez ter dado uma hipótese pra minha vida, mesmo que rápido demais, tenha sido das melhores coisas que fiz. Se não conseguisse esquecer totalmente, pelo menos manteria o sentimento adormecido.

Luan On:

Cheguei a casa de uma noite regada a farra e muita pegação. Mamusca vinha da cozinha e me deu um sorriso doce.

- Eu posso falar com você depois filho?
- Não precisa pedir xumba, claro que pode. - lhe dei um beijo no rosto.
- Vem comer alguma coisa antes de descansar.
- Posso ser o pior filho do mundo que você continuará me cuidando.
- Pode não tomar as melhores atitudes mas será pra sempre meu filho. - me corrigiu e a abracei de lado indo pra cozinha.
- Que a senhora quer conversar comigo?
- É sobre você. - respirei fundo prevendo o que aí vinha - Já se passaram dois meses Luan e o que você faz é andar nessa vida, que não é vida nenhuma pra você. Nem no Natal mês passado você quis fazer o que sempre fez, cantar, pescar, se divertir, estava pensativo demais.
- Mamusca eu entendo que a senhora se preocupe mas é a vida que eu quero ter agora.
- Não se engana meu amor, você só está desse jeito porque quer esquecer à força, mas no que toca ao amor não é bem assim.
- Então é como? Ficar na fossa, me lembrando do quanto estou magoado? Não mamusca, tenho que seguir com a minha vida.
- Mas assim você só está camuflando a dor, você tem de enfrentar isso de frente, mesmo que doa, aos poucos você vai se acostumando com essa dor e ultrapassar deixando no passado o que não te faz bem.
- Eu sei xumba. Mas custa tanto. - dei parte fraca e meus olhos lacrimejaram - Mesmo que eu queira odiá-la, parece que a amo cada vez mais. - minha mãe limpou uma lágrima teimosa que caiu.
- Porque você no fundo não a consegue odiar. E quer saber a minha opinião? - assenti - Você foi precipitado e frio demais quando falou tudo aquilo para ela.
- Mãe eu perdi meu filho porque ela não parou com a dança.
- Você não está sendo racional, ela perderia de qualquer forma, foi espontâneo, ela dançando ou não estava sujeita, o organismo dela não estava conseguindo segurar, meu filho.
- Mas mamusca ela poderia ter evitado.
- Poderia, mas mais tarde ou mais cedo poderia existir complicações.
- Isso me faz sentir arrependido e com raiva de mim .
- Não sinta nada disso, você agiu com o seu coração, não se culpe. Acredite em Deus que ele sabe de todas as coisas.
- Quero acreditar que sim. - a abracei forte sentindo seus carinhos.
- Agora termina de comer e vai dormir, quero te levar num lugar hoje.
- Que lugar?
- É surpresa, mas te fará bem. - beijou meu rosto e saiu para os seus afazeres.

Opostos, completos || LSWhere stories live. Discover now