Capítulo 55

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- Não é nada Marcos. - disfarcei e ele me largou.
- Nada? Quem te fez isso? Fui eu que te magoei sem querer?
- Claro que não. - fui para o espelho ver a grande mancha vermelha que estava. - Talvez foi algum bicho, não sei.
- Você não mentiria pra mim né? - neguei - Foi alguém que te fez isso?
- Quem poderia ser? Eu estive sempre com você.
- Não sei, mas isso aí não me parece ser uma picada de um bicho qualquer.
- Talvez foi a bolsa que arranhou, ou outra coisa, não lembro mesmo. - falei parecendo convincente. -Vamos voltar para onde estávamos.
- Não tem mais clima, eu vou tomar um banho.
- Você vai ficar irritado por uma mancha que eu não sei onde fiz? - falei impaciente.
- Talvez você saiba.
- Já disse que não.
- Nunca te cobrei nada, só não me faça passar por papel de ridículo.
- Marcos vamos esquecer isso, não foi nada.
- Não quero ouvir mais nada. - se virou entrando no banheiro.
- Vou dar uma volta pelo hotel então. - avisei e ele assentiu fechando a porta. Vesti meu vestido de volta e saí.



Que raiva de Luan, ele fez de propósito. Sempre pedi que Marcos nunca me marcasse, porque me lembrava Luan. Ele é que sempre teve essa mania e quando me fez isso eu só fui dar conta de que era ele no final. Ódio de mim por não ter cortado antes, mas ao mesmo tempo eu acho que sabia que era ele, mesmo sendo coincidência demais. Minha barriga roncou e lembrei que na cobertura do hotel tinha um bar e uma área de lazer. Eram umas 3h da manhã mas talvez estivesse aberto 24horas. Subi e como imaginei estava, pedi um lanche natural e um suco de laranja. Comi pensando em tudo e decidi ir na sacada ver a cidade de noite. A vista era linda.

- Oi meu amor. - ouvi uma voz atrás de mim e fechei os olhos respirando fundo para não voar na cara dele. - Tenho certeza que Deus nos quer juntos, até o hotel é o mesmo.
- Você conseguiu o que queria. - falei entre dentes sem o olhar ainda, sentindo o seu corpo ao lado do meu.
- Consegui?
- Não se faça de desentendido, você sabia que me dando um chupão no pescoço o Marcos poderia ver.
- Eu sabia, mas ele não faz o mesmo? Poderia pensar que tivesse sido ele.
- Ele não faz o mesmo não.
- Ué, o cara não sabe marcar território?
- Eu que não quero que ele me marque, não quero lembrar de você. - Luan riu convencido.
- Brigaram?
- Estava esperando o quê? - o encarei brava. - Já te falei que você não me terá de novo, me esquece.
- Isso é o que veremos.
- Custa muito seguir a sua vida e me deixar viver a minha? - supliquei.
- Custa, porque não consigo seguir em frente sem você. - me encarou sincero.
- Você me abandonou quando mais precisei. - senti meu olhos arderem por recordar tudo.
- Eu sei, a gente tinha de se apoiar. E eu fui infantil em te largar.
- Foi, foi tudo aquilo que eu não esperava que você fosse capaz.
- Eu me culpo todos os dias. E vou lutar pelo seu perdão, mesmo não o merecendo.
- Não espere que seja fácil.
- Posso ter esperança?
- Não sei. - fui sincera. - Só tenta cumprir aquilo que você me disse no hospital, esquecer que eu existo e que me amou.
- Acha que não tenho tentado? Não dá, passaram inúmeras mulheres na minha cama este tempo e em todas elas eu procurava um pouco de você e não encontrei nem um simples detalhe. Sei que você não me esqueceu também.
- Não importa se esqueci ou não, eu estou com o Marcos e adoro ficar com ele. Magoá-lo é a última coisa que eu quero, ele não merece e mesmo não sabendo do meu passado me compreende e respeita ao invés de tirar conclusões sem me deixar explicar. - lhe atirei á cara.
- Eu tô ficando doido sem você.
- Não tenho pena nenhuma, você é dono dos seus próprios atos. - falei seca observando o céu estrelado sentindo algumas pingas de chuva caírem.
- Só quero que você saiba que estou arrependido de tudo e que faço qualquer coisa pra te ter de volta. Eu te amo mais do que a mim mesmo, nunca imaginei que amaria nesta proporção absurda, mas é a certeza que tenho de que você é a mulher da minha vida. A gente vai ficar junto, mais cedo ou mais tarde, a gente não vai conseguir suportar a ausência um do outro.
- E eu só quero que você nesse tempo em que sonha com a nossa volta sofra o dobro do que eu sofri quando te vi batendo aquela porta me deixando desolada naquela cama de hospital chorando a perda do nosso filho.
- Eu trouxe a pior parte de você ao de cima né?
- E não imagina como. - o encarei com ódio - Você me magoou muito mais do que o Guilherme.
- Imagino.
- Não, não imagina. Você me fez voltar a ser a Maria Clara antes dele, conheceu o melhor de mim, eu me entreguei totalmente a você, perdi meus medos e te amei como nunca amei ninguém. Para no final você acabar com tudo que a gente tinha por algo sem sentido. Você acha mesmo que eu seria capaz de colocar a vida do nosso bebé em risco pela dança? Eu nem estava me esforçando nada e só queria relaxar um pouco. Mas você foi logo me acusando injustamente.
- Eu sei que você não seria capaz. - falou choramingando - Agora com a Cecília eu entendo melhor esse amor inexplicável, a gente quer apenas o melhor. Eu não vi o seu lado. - soluçou de chorar e segurei as lágrimas que ameaçavam cair a qualquer momento. - Me desculpa.
- Não me peças isso por favor. Eu não consigo te perdoar.
- Eu te amo tanto. - se virou pra mim e a chuva começou caindo com mais intensidade nos molhando.- Não deixa esse amor morrer dentro de você. - me suplicou e o olhei deixando que as lágrimas se misturassem á chuva.
- Eu tento guardar apenas as coisas boas mas o ódio que sinto de você não deixa. - desviei a cara e ele segurou meu queixo me virando de novo para ele.
- Se pra te ter de novo eu preciso te deixar ir por um tempo então que seja. Só não esquece de voltar. - acariciou meu rosto e colou nossos lábios numa sincronia perfeita que só ele tinha enquanto a chuva caía entre nós.
- Bonito. - ouvimos alguém falando e batendo palmas, quando olhámos vimos Marcos nos fuzilando.
- Marcos. - engoli em seco.
- Como você foi capaz de me esconder isso?
- Eu não escondi nada, não é nada do que está pensando.
- Eu ouvi o suficiente para saber o que aconteceu.
- Cara, não faz o mesmo erro que eu fiz e escuta ela. - Luan falou autoritário.
- Você cala a sua boca antes ...
- Antes o quê? Vai me bater? Vem então, não tenho medo de você seu babaca, esta mulher maravilhosa que eu perdi por culpa minha me ama assim como eu amo ela, e ela só está com você para me esquecer.
- Isso não é verdade.
- Claro que é, fala pra ele Maria Clara. Se você não a marca como eu a marquei esta noite é porque ela não quer lembrar de mim.
- Luan melhor você sair, já conversamos o que havia pra ser conversado, agora me deixa em paz de uma vez por todas. - pedi chorando.
- Eu deixo, mas espero a sua volta. - saiu esbarrando no ombro de Marcos o deixando com mais ira ainda.
- Me deixa explicar
- No quarto. - me deu as costas e saiu.

Opostos, completos || LSWhere stories live. Discover now